Sonetos de Mário Quintana
Proletário
Sujeito explorado financeiramente pelos patrões e literariamente pelos poetas engajados.
A memória é um sótão atravancado de objetos inúteis, onde tanto desejaríamos encontrar aquelas coisas perdidas que – de tão perdidas – já nem sabemos mais.
O que sejam...
Pensamento para o teu aniversário
Nem todos podem estar na flor da idade, é claro! Mas cada um está na flor da sua idade.
Aula de filosofia
Eu só te poderia dar uma noção do nada se não tivéssemos nascido. Agora é tarde, é muito tarde, minha filha... Ah, deliciosamente tarde!
O poema é um objeto súbito:
Os outros objetos já existiam.
Meditação para o dia de Natal
Ah! Aquela confiança que tem uma criança rezando... Inocente confiança. Alegria. Quem é de nós que reza com alegria? Parece que só existe mesmo o Deus das crianças... Deus é impróprio para adultos.
Diálogo inútil
– Mas por que tu não fazes um poema de amor?
– Todos os poemas são de amor.
Bebê
Coisinha deficiente, inconsciente, inerme, inválida, trabalhosa, querida.
É preciso a saudade para eu te sentir
como sinto – em mim – a presença misteriosa da vida...
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te!
Se tu me amas...ama-me baixinho.
Nota: Versão adaptada de trecho de Link
Não pretendo que a poesia seja um antídoto para a tecnocracia atual. Mas sim um alívio. Como quem se livra de vez em quando de um sapato apertado e passeia descalço sobre a relva, ficando assim mais próximo da natureza, mais por dentro da vida. Porque as máquinas um dia viram sucata. A poesia, nunca.
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