Sonetos
REPOUSAR DO CERRADO
Em redor do cerrado brinca o encantado
Alegre, vário, lindo, folgazão, divertido
Aguardando o ir do sol no céu abrasado
No entardecer, no horizonte escondido
No cenário rubro, do belo arrebanhado
Murmura o fascínio poesias ao ouvido
Prosando o sentimento tão acalentado
Em um mistério, sem qualquer ruído...
Obriga então o planalto altivo e airoso
A desfazer-se em penumbra caprichosa
Pra as estrelas surgirem em convulsões
E no cerrado o fulgor esvai melancólico
Escorrendo na imensidão tão anabólico
Em sensação, também, cheio de ilusões
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
20 maio, 2021, 06'10" – Araguari, MG
RECORDAÇÃO (soneto)
Não eras, pra ser, um amor oriundo
Do amor. Foi segundo intransigente
Lia-se-te no sentimento, claramente
O vagar distante, vazio e moribundo
Tinhas nos olhos, algo de profundo
Perturbador. Coisa que pouco sente
Em uma sede da alma tão diferente
Errando, e errante, e pouco fundo...
E nessa tristura, escura, fria, covarde
Na saudade aninaste, tão segregado
Reclinado na penúria dum mendigo
Porém, junto da poesia, ainda arde
Tua recordação. Cantar do passado
Que sinto há de ser teimosa comigo!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
21 maio, 2021, 07'53" – Araguari, MG
MADUREIRA
Minha Madureira, além cerrado, lamento
Tê-la deixado, no passado, saudade havia
Em cada ideia, indo mais longe a cada dia
Silêncio, falta do agito, penoso detrimento
Para ti, então, voltar não mais alimento
Nem nos sonhos, nem na ávida fantasia
Certo de contar é envelhecer na agonia
Que há de trovar memória e sofrimento
De toda a dor, pudera eu em ti caminhar
Olhar, estar e sentir o movimento, enfim
Esperar é navegar na ilusão, eu bem sei
Porque por não te ver é que vivo a poetar
E nem a poesia é um conforto para mim
Pois, por tuas ruas, julgo, não mais andarei...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
21 maio, 2021, 15'15" – Araguari, MG
DE SAUDADES MORRO
Eu senti uma saudade que renderam
sutis recordações ao coração, coitado
e que, doído, assim, se viu assustado
contra mim sofreguidão arremeteram
Me vi na solidão do que prometeram
um prosar do meu destino já cansado
e que, aqui pelas bandas do cerrado
pesar nos versos que um dia elevaram
Remédio ao mal que sofro, sem pista
cresce a dor, no engano então presente
no rendido suspiro: que pede socorro...
Assim, vejo que não há como resista
toda lembrança na saudade presente
E, de lembrar-te, de saudades morro!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
2021 maio, 22, 11'09" – Araguari, MG
CERIMÔNIA
Do contente fado na felicidade, quando
meiga sensação vem ao coração da gente
eu vou minha ventura, assim, tão vivente
aos sentimentos à satisfação numerando
Quando o querer agrado vem mostrando
dentre olhares, aquele, auriesplendente
com suspiros, sedução e o ardor fervente
vou os encantadores encantos renovando
Se doira ao desejo em áureo sacramento
do amor, ah! como é doce e bela a poesia
dobra-me a valia numa poética inspiração
Vem o júbilo, então, na sede, alimento
que a alma necessita, de noite e de dia!
E para vida a comemoração e a gratidão...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
2021 maio, 23, 08'55" – Araguari, MG
MALFEITO
Que eu tramasse um soneto quis o fado
Logo ao comando da sorte me submeto
Aí, tramei versos românticos no soneto
Em cada verso, estórias, e haver amado
Jamais pensei num poetar compassado
Tudo é fugaz. Cá estou noutro quarteto
E caminhando adiante para um terceto
Tu, amador, ainda não saiu do passado
No primeiro terceto busco mais glória
E me parece que ainda não está feito
Nada espanta, é mesmice na memória
Assim vou, e assim me torno suspeito
Nenhum beijo, o olhar, sequer vitória
De um amor, neste soneto sem jeito!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
2021 maio, 23, 16'28" – Araguari, MG
CERRADO, da sua maneira
O belo dentro do cerrado perfumado
Canta o vento andante, canta, alheio
Entre tortos galhos, lá, bem no meio
Do sertão duro, ressequido e areado
E de encanto teus arbustos é armado
Gorjeia a vida, pulsa, do vário cheio
De uma imensidão o planalto adveio
É diversidade no cenário cascalhado
Da mesma beleza a variação do prado
Floresce o ipê, quaresmeira e lobeira
Desenhando as fronteiras do cerrado
Chove, seca, trovoa, a brenha inteira
É o agreste no seu santo apostolado
Encantado, imenso, da sua maneira...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
2021 maio, 24, 05'55" – Araguari, MG
MANIFESTO
Do instante que vos escrevi, soneto
Fiquei cativo de uma predestinação
E nas entranhas dessa piegas criação
Do amor, me vi um desditoso repleto
Piedade! Pois neste versar inquieto
Do coração, eu só desejei inspiração
De afeto, os versos de jura e paixão
E, só criaram saudades por completo
Então, caridade! Quis apenas carinho
Que a tua estrofe a tenha, compaixão!
Tal uma luz que guiei o meu caminho
É a minha perdição sonetar pra amar
Pois, se amar cheguei, tive intensão!
Certo, soneto, hei de apenas sonhar...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
24 maio, 2021, 07'05" – Araguari, MG
SONETO SENTIMENTAL
Eu poeto e poetarei sempre como poeto
Uma poesia de amor é o bem que se tem
Cheio de encanto, e da poética vai além
Onde nos há de ser aquele sentir secreto
Porta da sensação, que se abre no soneto
Sentimento de poesia e paixão, também
Nos acolhe, e pro viver, nós faz tão bem
Porém, tem de afazer do medo discreto
Um amor! que bravo, que bom que belo
Ali está a emoção, o ter, vamos facilitá-lo
A estimar-nos em galardão de estimá-lo
Assim, não se pode versar sem conhecê-lo
Pois, é singular querer haver, e ganhá-lo!
E, és sentimental até na ilusão ao perdê-lo
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
25/05/2021, 13’02” – Araguari, MG
UM OUTRO DIA
Que hei de fazer, ó fado, sem ser amado
quando a solidão chegar com o seu vão?
Já não terei as mãos, a achada inspiração
de um amor, dum sentimento imaculado
Porém, desta poética do afeto banhado
nas trovas duma prosa cheia de sensação
restará saudade, e entre linhas, a paixão
pouca, dum querer no tempo silenciado
E quando lembrares, do que isto era...
E que na recordação não mais sentir
o perfume, a emoção, aquela poesia
Eu lhe lembrarei que fui a primavera
os suspiros do abraço, olhar, o sorrir
e que hoje, na emoção, um outro dia!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
26/maio/2021, 09’27” – Araguari, MG
AZARADO
Como um azarado, nascido para o luto
e a tristura, na má sorte, estou marcado
por um peso colossal em meu duro fado
o do amor no acaso, de um ardor bruto
Como o do apreço, fica diminuto
todo o meu sentimento desanimado
e, do desejo ainda, sim, enamorado
eu, como um azarado, ao querer reluto
Avulto, tal um teimoso, ante o castigo
na sensação, na alma, na dor estacada
tentando e tentando a sorte ao dispor
Como um incessante, ao amor persigo
deixando a minha direção desfolhada
e eu, solitário, agonizo, de ser amador!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
27/maio/2021, 08’27” – Araguari, MG
GUIÃO DO AMOR
Fado! Leva essa sorte, outra que venha
maior, que dessa dita o destino exceda
leve-a, e traze outra já, seja uma vereda
de sonho, e que toda sensação contenha
Acaso o coração a sofrência desgrenha
no pranto e lamento a poesia enreda...
Anda! Venha e me colhe dessa queda
se é desejo, deixe então que se tenha!
Deixe que devaneie, cada verso afora
deixe, então, criar meu próprio alinho
ao coração. E, que eu seja feliz agora!
E que com o amor seja tal, o caminho
eu quero carinho, dá-mo sem demora
pois, não há guião só de azar e espinho.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
27/maio/2021, 19’27” – Araguari, MG
QUESITO
Ao ver-te, saudade, na dor em glória
Altiva, tristonha, dando à vida pesar
Eu lacrimejei todo o meu festo olhar
... também sou parte nesta memória
Engasgada e atada toda essa estória
Tão frios breus, guardado a me sugar
Quem sabe donde saltar desse lugar
Se já ido cada tom, cada dedicatória
Agora sós, e a vaguear por lembrança
Ao léu, somos passados sem o porvir
Trovados na ilusão sem ter esperança
Então, fico detido sempre a refulgir
O olhar, a nossa promessa, a aliança
Por que então tivemos que partir?
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
29/maio/2021, 13’34” – Araguari, MG
LIVRAI-NOS...
Oh paixão fumeante, no sentimento imerso
Dai suspiros ao coração e conceitos serenos
Mostra de ti sensações e o benigno anverso
Da afeição. Aos amadores que creem menos
Aquele que só conta com o que é previsível
Sem importar com o olhar que já é indefeso
O abraço carente, e a fúria do beijo incrível
Disfarçados de monotonia, dando desprezo
Piores dores é o desdém da ardilosa dolência
Sem perdão, sem expiração e, nos atrai nus
Na alma, na emoção sem qualquer essência
Molda o querer, ó ilusão, olhai a nós, Jesus!
Que apenas deseja o afeto, sem aparência
Pra só então, amar e ser amado. Livrai-nos!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
02, junho, 2021, 10”29” – Araguari, MG
MEU AMOR NÃO TEM AMARRAS
Meu amor não é só nem solidão nenhuma
É olhar sem sujeição, sem leito de abrigo
Um navegante eterno, talvez um castigo
Não sei, só sei que é leve tal uma pluma
Por isso amador constante, sem um leme
No desejo, são gemidos e delírios d’amor
Vasto na liberdade, e tão cheio de ardor
Da saudade, o que o coração mais teme
Assim vou, assim, por aí me encontrarás
Entre carinhos, os beijos, então me verás
solto, e tão farto de propósitos e garras
Tristezas não trago, trago o afeto pra dar
Deixando sensação, que me dou ao chegar
Pois, sou, e o meu amor não tem amarras
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
10, junho, 2021, 18’18” – Araguari, MG
SUSPIROS DE AMOR
(dia dos namorados)
Quando à saudade amorável no poetar
A sensação é sempre aquele palavroso
Carinhoso, que a recordação vai buscar
No rastro daquele suspiro tão gostoso
Da paixão, do coração, ó emoção rara
Do ardor que n’alma então aconteceu
E que rompeu cada sentido, e amara
Cada momento que o afeto anoiteceu
Posso então exaltar o nada esquecido
O tudo a palpitar e cheio das histórias
Do desejo, da quimera, jamais perdido
Tornando ao destino doces memórias
Prazer, glória e nostálgico pensamento
Vai o dia e fica o consorte sentimento!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
12, junho, 2021, 12’26” – Araguari, MG
SONETO DE AMOR VIVENTE
Todo amor vivente em mim foi afeito
Tudo em mim dum amor vivo foi dito
Emanou do espírito e me fez infinito
Ser, pois, todo amor tem divino jeito
Tão muito de amor trovou meu peito
Suspirei, fui fácil em amar e fui aflito
E, em cada voto o meu poético grito
Tenho defeito e, também o conceito:
Sou amor, ao ser amador, - o ofereço!
Amor mais que coubesse tenho dado
Esse devoto amor que não tem preço
E se por tanto dar não me fiz amado
Fui querido a quem sobe ter apreço
Assim, vário, me restei enrabichado...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
2021, 15 de junho, 17’42” – Araguari, MG
SABER DE AMOR
De afeto avassalante a união com quimera
Nada há que vete, paixão é paixão, e amor
Intenções sinceras e uma sensação sincera
Amor com amor dissolve qualquer temor...
Amor é de uma poética eterna, dominante
É o desejo e a determinação com bravura
É um olhar terminante e o coração amante
É aquele sentimento que vive com ternura
O amor não teme o outro, muito embora
Brade e chora, mas, vive na sua santidade
Não é carrilhão que toca de hora em hora
É voto que se sustenta para a eternidade
Dá a alma ardor. Feliz aquele que provou
Pois, amor só sabe quem um dia já amou
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
16, junho, 2021, 08’42” – Araguari, MG
CONTENTAMENTO
Amor, lembra-me, ao ver-te contente
Do tal dia primeiro de emoção sentida
Aquele que transformou a nossa vida
Num só acordo, na jornada da gente
Revela-te no olhar, nós, inteiramente
O amor na sua mais gostosa acolhida
Tu e eu, que vamos, de alma erguida
De mãos dadas, no ter que se sente
Ah! para qual gratidão da sorte devo?
Se o coração está a não mais aguentar
De tanta sensação a todo o momento
Basta o teu beijo, este ardente enlevo
De doce sentido, pro juízo hipnotizar
Regendo o agrado no contentamento
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
16/06/2021, 13’03” – Araguari, MG
AMOR DEBUTO
Trova o teu olhar esplendida cantata
E há, no teu beijo, desejos encantados
Como que o terno tilintar em serenata
D’almas em suspiros tão compassados...
Bendito o amor assim que se desata
Toada suave dos ditos enrabichados
Coração sonorizado dos apaixonados
Pulsando sempre em poética volata...
Alvor amado dos dias meus sonhados
Despertando os sonhos em ressábios
Ó doces lábios, de sabores molhados...
Que me invade numa ventura furiosa
Vai-se a minha paixão em um cortejo
Repleto de sensação e sede amorosa!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
18/06/2021, 09’10” – Araguari, MG
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