Sonetos
SONETO DE OUTONO 3
Quanto aperto em meu peito
Quanta agonia em versos presos,
Quanta lacuna entre meus desejos
Quantos sonhos fulgurados perfeitos.
Outrora saudade envelhecida
Em gotas de versos rabiscados,
Hoje tormento de outono malgrado
Entre doces primaveras entristecidas.
Lembranças de incensos amargos
Exalam sobre os versos
D’um soneto de perdição,
D’uma alma triste e abatida
Como pétalas doces feridas,
D’um amor que arde no coração.
NICOLLAS
És verso perfeito
Cântico de felicidade,
Do céu foste enviado
Doce anjo abençoado.
És perola de Deus
Diamante celestial,
Entrego-te em versos meus
Esse amor eternal.
És vida minha
Doce amor
És do céu a poesia,
Filho amado divinal
És anjo menino
Meu amor incondicional.
AO FINDAR DOS DIAS...
Que tantos fossem os meus pecados
Dentro de mim ao rogar os céus...
Que tantos fossem, imaculados
Nos olhares puros dos santos meus!
Que tantos fossem de bens amados
Dentre a alma do querer, meu Deus!
Que tantos fossem, os seus rogados
Sob a imensa luz dos olhos teus...
Que imortais seriam quaisquer bens...
E no vagar da noite, sem ninguém,
Seriam os meus olhos de imenso amor!
Que os dias imprecados de morte,
No meu rogar de alegria, de imensa sorte
Seriam ao findar, sem imensa dor!
SONETO ANTES DE TU
Antes de amar, amor, era amador
Não tinha nome, rua ou endereço
Nada importava ou queria apreço
Expresso era o suspiro de amor
Eu sonhava sonhos pelo avesso
Nas fases da lua um devaneador
Em silêncio cochichava a tal dor
Num desprazer plácido, impresso
Tudo era um vazio, morto, clamor
Caído em um horizonte espesso
Onde escorria olhar tão sofredor
Antes de tu, não existia começo
Até que vieste com o teu amor
E pude no soneto ter ele impresso...
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro, 21 de 2017
Cerrado goiano
SONETO SUPLICANTE
Amor, o meu plangor rasga o céu
Como lavradores no chão inviolado
Querendo arar o peito aqui calado
Com o teu olhar, e no teu amor, réu
Neste universo dum amor imolado
Escrevo sentimento neste cordel
Triunfante e tão cheio de tropel
Que faz o pensamento enevoado
Venha ver as emoções deste anel
De luz, quantidades e, de agrado
Num vento de virtude, nunca infiel
E entre muitos, o meu a ti destinado
É fulgor transparente, sem ser cruel
Apenas a sorte de amar e ser amado
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Cerrado goiano
16'00", janeiro de 2016
PERDA DE TEMPO (soneto)
A quem me viu além tempo, além vidraça
Da vida, cara a cara, assim, de pertinho
Verás que no tempo e na vida caminho
Graças! E que o tempo no tempo passa!
E por mais que queira, que tudo faça
Implacável é o rumo e tão torvelinho
Aromatizado como o curtido vinho
Se fazendo veloz, como, tal fumaça
Já velho, eu, não busco burburinho
De perda de tempo, ou de chalaça
Se estou jovem ou se sou velhinho
Vivo o tempo, sem tempo de negaça
Mais vale amor no tempo com carinho
Que o valor do tempo que esvoaça...
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro, 2017, 05'55"
Cerrado goiano
LOMBEIRA (soneto)
Tardes do cerrado goiano, lombeira
Tão ressequidas, de tão árida vida
Tardes com a sua lentidão parida
De melancolia à sombra da lobeira
Horas benditas, de demora dormida
Que nas horas se faz hora terceira
Tardes de silêncio, tarde feiticeira
Languidez na languidez desmedida
Olhos serrados, sonho sem fronteira
Tarde muda, do tempo, hora vencida
Na imensidão bem além da porteira
E nesta doce pureza a tarde caída
Que poisa hora serena, por inteira
As tardes, tecendo hora perdida...
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro de 2017
Cerrado goiano
ALVORECE DE NOVO NO CERRADO
Alvorece de novo o alvorecer no cerrado
Em cada manhã nasce um novo amanhecer
Num novo dia, outra vez de novo, a haver
De um renovo do velho pro novo, airado
E nesse amanhecer de um novo romper
Quero ser o novo, e do velho desanuviado
Dos gestos gastos deixá-los no passado
Desabrochando o ser prum novo querer
Assim, nesta festa do novo engrinaldado
Deste cada novo amanhecer... o reviver
Em botão, florescendo, amor engalanado
Então, quero crer, no novo, ao amanhecer
Metamorfoseando a vida no novo denodado
Onde amanhece o novo a nos surpreender
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro de 2017
Cerrado goiano
SONETO TRISTE II
Eu estou assim: da tristura cativo
Intrusivo num túnel dum calvário
Rodeado de sentimento solitário
Mesmo entre olhares como vivo!
Do peito rezam vozes num rosário
Da casa um silêncio tão opressivo
Frio, sem graça e, sem incentivo
Que lá fora fracasso no itinerário
Olho-me num soluço pensativo
E vejo sonhos perdidos no diário
Desfolhado num jardim subjetivo
E me pergunto: por que o cenário?
Quando é meu tempo? Respectivo!
Pois, se o tempo no tempo é vário!
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
05/02/2017
Cerrado goiano
DESATINO (soneto)
Ó melancolia do cerrado, a paz me tragas
Solidão em convulsão, aflição em rebeldia
Dum silêncio em desespero, e irosa agonia
Ressecando o coração de incautas pragas
Incrédula convicção, escareadas chagas
De ocasos destinos, e emoção tão fria
Do horizonte de colossal tristura sombria
Que rasga o choro em lacrimosas sagas
Ó amargor do peito engasgado na tirania
Duma má sorte, e fatiadas pelas adagas
D'alma ao léu, tal seca folha na ventania
Pra onde vou, nestas brutas azinhagas
Onde caminha a saudade na periferia
Do fatal desatino em pícaras pressagas?
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Fevereiro de 2017
Cerrado goiano
SONETO DO AMOR PERFEITO
O amor perfeito, só há a quem amar
Nele sentir a paixão de ser amado
Amando sempre e, o tendo do lado
Onde cada segundo não pode parar
Não há nada na vida melhor que jurar
Lealdades, deixando o coração atado
No olhar, assim apaixonados, fundado
Então, sem qualquer ilusão a perturbar
O amor é presente no destino fadado
É sentir prazer e por ele querer esperar
Sem a incerteza do certo ou do errado
E nesta tal magia a quimera de sonhar
Que agrega, há entrega, e é imaculado
Amor não tem fórmula, se faz anunciar!
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Fevereiro de 2017
Cerrado goiano
SONETO DE SIGNIFICAÇÃO
Amor é apogeu do intangível
É maior que a Terra, é constelação
É o infinito no coração
Inalcançável pelo insensível
É livre de qualquer tradução
Que tenha um nome é compreensível
Mas o sentimento é indizível
O que está no dicionário é enganação
Essa busca pela significação
É coisa de poeta e escritor
Embora saibam que não se define o amor
O escritor perde a coesão,
A noção de sujeito e predicado
O poeta, a métrica e a rima.
NA LUZ DOS ALTOS
No dia em que eu nasci à imensidão,
Um notado azul feito o do mar
Fulgiu em meu peito: cor de coração
Não é vermelho se não é amar.
Rugiu em mim, o fantasma escuro,
O qual eu encontrei às trevas-além:
Dos meus céus, sou um servo-zen,
Como um santo real e de verso puro.
Vagueando notas, avejão prisioneiro,
Na escuridão sem voltar à cor:
Da voz da estrada o luar mais cheio.
Dos meus ais, sou inseguro e triste,
Mas desse notado o que existe,
No buscar da vida o meu cerne-amor.
PARA SEMPRE...
Em mim, não há amor maior que o seu!
Que, portanto, o que eu sinto vou cantando
Nas promessas que te vou debulhando
Aos desencantos do que nunca me viveu...
Em mim, tudo o que se passa vou amando
Sem engano ao teu querer, que se ergueu
Dentre o meu peito, que antes, ao teu
Nada era de amor, nada era me encantando.
Pecados maiores eu não haverei de amar,
Pois, contudo, orgias que em mim vive,
Encontra-se no que em ti se põe a edenizar.
Amor maior que o meu não haverás de viver,
Pois, de mim, há em ti o que nunca tive;
Não há amor no mundo que nos possa ser!...
SONETO DE SEMPRE
Vai, mas antes, dê-me um beijo, meu amor,
P’ra que’u não esqueça do seu rosto
Mesmo que me seja a tanta dor,
Lembrarei por todo sempre do seu gosto...
Por tanto o nosso amor fora composto
Aos jardins, imenso feito flor
Tanto fora de amplidão e esplendor,
Sem mágoas, sem mistério, sem desgosto.
Não entendo te acabar tão cedo assim
Esse tão forte sentimento, dentro de mim
Não haverá d’outro ardor o mesmo ar...
Vai, mas antes, dê-me um beijo, oh, querida,
Que um amor forte assim em sua vida
Não haverá quando velhinha de lembrar...
VERSO OCULTO
Que humana, então, fosses de amor?
Adverso à tua paz e à tua glória
Vem-me teus sorrisos a memória,
Vem-me tua saudade à minha dor!
Que de imenso fosse seu esplendor
Aos meus versos plenos de história,
Que de paixão imensa e notória
Fosse-me a mais imensa de ardor!
Então, contudo, compulsiva e triste
Fosse a mim o que de hoje existe
Nesse meu honrado coração perdido!
Que desejo, então, fosses de arder?
Que de palavras se põe a perder,
Amor, dentre um verso nunca lido!...
Estou partindo...
Eu fui o teu amigo,
eu fui o teu professor,
eu fui um aliado contra seus inimigos,
mas mesmo assim você não me deu valor!
Sempre foi eu quem lhe ajudou,
sempre foi eu quem "carregava sua bateria"
e quando tudo mudou...
era eu quem lhe dava alegria!
Estou lentamente partindo,
mas você é muito cego para perceber,
da sua vida estou saindo!
Eu fui o teu amigo,
eu fui o teu professor,
mas agora só lhe digo: Adeus meu ex amor!
BARCOS DE PAPEL (soneto)
Na chuva da temporada, pela calçada
A enxurrada era um rio, e o meio fio
O teu leito, com barragem e desafio
Na ingênua diversão da meninada
Bons tempos felizes, farra, mais nada
Ah! Os barcos de papel, inventivo feitio
Cada qual com um sonho e um tal brio
Navegando sem destino, a sua armada
Chuva e vento, aventura e os barquinhos
Tal qual a fado nos mostra os caminhos
E a traçada quimera no destino velejada
Barcos de papel, ah ideais, são poesias
Que nos conduzem nas cheias dos dias
No vem e vai, no balanço, da jornada...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
27/06/2020, 11’05” – Triângulo Mineiro
FASCÍNIO (soneto)
Beija-me! O teu beijo ardente e brando
Entra-me o sentimento, intenso e forte
De arrepios e de suspiros, vivo, entrando
No afeto, e assim, acontecendo a sorte
Olha-me! O teu olhar, na alma radiando
Felicidade, luz, em um cálido passaporte
De ter-te aqui, e no querer ter-te amando
Onde a poesia e o poeta têm o seu Norte
Fala-me de sonho, de um límpido recanto
Onde o trovar conversa com a lua cheia
E o teu fascínio adentra em meu verso
Beija-me! Olha-me! Fale-me! Ó encanto:
- de amor... de paixão. Prenda-me na teia
Do teu magnético e tão delicioso universo
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
07/07/2020, 05’45” – Triângulo Mineiro
Olavobilaquiando
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