Soneto de Contrição
SONETO DE CONTRIÇÃO
Eu te amo, Maria, eu te amo tanto
Que o meu peito me dói como em doença
E quanto mais me seja a dor intensa
Mais cresce na minha alma teu encanto.
Como a criança que vagueia o canto
Ante o mistério da amplidão suspensa
Meu coração é um vago de acalanto
Berçando versos de saudade imensa.
Não é maior o coração que a alma
Nem melhor a presença que a saudade
Só te amar é divino, e sentir calma...
E é uma calma tão feita de humildade
Que tão mais te soubesse pertencida
Menos seria eterno em tua vida.
CONTRIÇÃO (soneto)
Às vezes, uma saudade me silencia
Nesta solidão e um vazio que ando.
Sofro e cismo, no cerrado, quando
As lembranças do mar são teimosia
Dores e saudades sufoquei calando
Desespera!... uma explosão, todavia
Ah! Como eu quisera, uma outra via
Porém, sorte, é fator não um mando
Percebo que naufraguei na solitude
Revolto, neste princípio de velhice
Choro e rio, brado, farsa ou atitude
As venturas que não tive por asnice
Meu remorso, o que viver não pude
E os amores, o amor que não disse!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, novembro
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
PERDÃO...
Ó sorte, eu sei. Eu sei, essa valia
Essa direção que dás pra emoção
A solidão é exata no que merecia
Pois, do amor, cisquei a ilusão
O coração habituara a tirania
Da ficção, de ficar na tensão
No vitimismo, e na melodia
Criei e musiquei a sensação
Então, no ter o que existisse
Me segurei na burra tolice
Do sonho desfrutável a mão
Ó sorte! me deste o caminho
O amparo dum doce carinho
Eu quis outro rumo. Perdão!...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28/01/2021, 14’50” – Triângulo Mineiro