Soneto da Saudade

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DEMÊNCIA SENIL (soneto)

Nos fios brancos do silêncio, a quietude
Nubladas recordações, escura solidão
Horas lentas no tempo, e vazia emoção
Que tateiam o que outrora foi plenitude

E nesta distância do devaneio e o são
O mesmo mutando numa outra atitude
Tremulando o olhar numa lacuna rude
Sorrindo sem riso e andando sem chão

E no papel sem margem, a negrutude
Que esgaça a ilusão sem dar demão
Onde tudo é vagar e pouca amplitude

Assim, neste empuxo sem ter tração
Se não reconheço, sabes do que pude
Então, assiste este sóbrio senil coração

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, julho
Cerrado goiano
À meu velho pai

soneto: a coragem dela me deu um beijo

E eu encontrei minha pomba branca
Ornada como um lírio do campo, esplêndida
A minha carne conheceu a perfeição
Com o brilho do sol é a sua feição

O lado delicado dela recebeu a minha afeição
E eu só quero agora olhar sua feição
E a minha face quer o afeto dela

Outra parte de mim quer esquecer e casar com ela
Se os dois mundos nos derem uma chance, oh bela
Como um conto de Cinderela
Me dê a calma no abraço dela

Fiz um perfume de toda reminiscência
E espalhei pela minha casa a sua essência
Ungi minha cabeça com o perfume das reminiscências

(edson cerqueira felix)

soneto: a pérola do mexilhão

A sua beleza é como uma pérola de grande valor
Dentro dela é que eu encontro a pureza do amor
O verão no paraíso é ameno de calor
Eis a terra onde a verdade não causa dor

Oh pérola de grande valor, deixa eu ser a sua ostra
Nessa vida, não há outra
Ou o seu mexilhão, não me deixe vazio não

Eu te protejo bem fundo no coração no fundo do mar
Lá mesmo onde nascem as bolhas de ar
Onde não é frio no extravasar de magma
Bem no coração do seu mexilhão no coração do mar

No abrigo das estrelas do mar à nos guardar
Longe dos interesses mesquinhos dessa gente que só quer roubar
Roubar a pérola e a ostra degustar

(edson cerqueira felix)

SONETO VELOZ

Da varanda vi a meninada jogando bola
No vizinho a moda de viola ia distante
Tornando o meu pensamento pensante
Que a vida é levada numa veloz padiola

Ao sentir que o tempo na hora é dante
E um ilusionista estradeiro e sem sola
E que não nos espera em sua charola
Me vi diante duma saudade palpitante

Lembrei o primeiro amor, a juventude
As fotos amareladas, agora no ataúde
Dum passado, tão forasteiro de heróis

Fiquei com a recordação ali amiúde
Com os argumentos tão sem atitude
E que tanta coisa ficou para depois...

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Cerrado goiano
Mineiro do cerrado

Soneto 3

BOLINHOS GOSTOSOS

O Lobo Mau e o rabo-de-cavalo da
Chapeuzinho em suas mãos
A pleno luar descontraído estar
Lobo mau tão bem, nada mal

E a Chapeuzinho chorando de alegria
E emoção que inebria e estazia
O coração na temperatura do calor
Ainda que na mdrugada que refrigéra

Dois bons amigos a chapeu e o lobo
Tão corajosa a chapéu com boas
Intenções de atravessar tarde e sozinha

Uma floresta, que coragem e cheia
De coisinhas gostosas naquela linda cesta
Um puxão-de-cabelo e ela chorando

EDINHO FELIZ

SONETO DE 16 VERSOS – N. 09

Nas asas de umas borboletas vou eu, voei
Até o norte e o sul vou eu, voei
Encontrei música para o meu bailar nas asas delas, vou eu, voei
E adquirí umas asas de querubim, ou serafim, vou eu, voei

E na canção, é na canção que a gente viaja e a gente se acha,
Vou eu, voei
Peguei carona em umas estação, vou eu, voei
Carona, de carona mais uma vez e carinha

Vou eu, voei!
Tá bom demais com a demais, nunca demenos, vou eu, voei
Vou te dar uma ideia, quer..., então pede
Já dei a ideia sem Sono, então pede, vou eu

Voei
Vou daqui continuando e na leva levando, na levada do
Berimbau eu vou, lá vou, vou eu – voei!
Não queira voar a força comigo eu vou pedir a punição, vou eu, voei

(EDSON CERQUEIRA FELIX)

CERRADO SECO (soneto)

Ah! plangente cerrado, quente, sequioso
Ventos abafados, denodados, e ao vento
Dormente melancolia, e tão portentoso
Murmurejante e, navegante de lamento

Sol queimoso, unguinoso, tal moroso
Que no seu firmamento vagar é lento
Inventando no tempo variegado iroso
Parindo nuvens dum cinzento natento

Securas secas, e que secam ardoroso
Veludos galhos, veludosos e poeirento
Que racham sedentos num ardor ditoso

Ah! cerrado seco, de ávido encantamento
De um luar num esplendor esplendoroso
Da lua de contornos, no céu monumento

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano

Soneto da descoberta

Descobrir é brincar de se esconder
Para espiar vendo as coisas de longe
De repente surgir não se sabe de onde
Trovejar feito nuvem para chover,

Sem pressa os momentos desnudar
Ao pé da letra, como criança sem jeito,
Não parar diante de seu maior feito
Revirar-se feito terra para plantar,

A espreita nas entrelinhas se ajeitar.
Ler ao contrario, mudar seu olhar,
Enxergar feito criança de ponta cabeça

Espernear até a resposta encontrar
Pelo avesso se necessário virar
Crescer feito raiz para se sustentar

VIVO VIVENDO (soneto)

Vivo por viver vivendo a vida somente
Agradecido, sempre, sou eu por ela
Que me dá mais que posso ter dela
Agraciado com dádiva tão presente

E nesta deste amor tão diversamente
Faz dos dias sorrisos, e a alma bela
Em cada passo o bem em sentinela
Onde no peito este ato não é ausente

E a vida vivida na vida, vida me traz
Mutuando o pranto pela felicidade
Quem dela prova, ventura é capaz

De, com alegria, ter a fraternidade
Viver vivamente tudo conseguirás
Levando no ser paz pra eternidade...

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano
Sexta feira da paixão

SONETO ANTIFASCISTA

A barbárie caminha a passos largos
E as hienas aplaudem sem pudor,
Sem pensar nos embargos. E os embargos,
No seu bojo, trarão tristeza e dor.

Se os canalhas ocupam altos cargos,
E se o tempo se mostra aterrador,
Colheremos os frutos mais amargos
Vendo o sangue que jorra e mancha a flor.

Depois disso, não mais as primaveras,
Só a luta que brota das esperas,
Ante a fome que mora nas calçadas.

Depois disso, a revolta dos descalços
Sufocada na paz dos cadafalsos
E abafada nas frias madrugadas.

BALADA DO TEMPO (soneto)

... e o tempo passa, indiferente
apático, indo embora sem saber
poente na saudade, o alvorecer
mais um, outro, apressadamente

... dono dos gestos e do prazer
tristemente, tal uma flor dolente
que traga o frescor vorazmente
no ato da ação do envelhecer

e o tempo passa, inteiramente
sem que escolhamos perceber
e na lembrança, assim, assente

passa o tempo, e é para valer
sem que nada dele ausente...
Presente! Pois vale a pena viver!

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano

A JANELA E A LUA (soneto)

Já de ti - dizia a lua - me despeço
Pra janela, no cerrado com sorriso
Deixo-te com os sonhos. Preciso
ir... O sol já está no seu ingresso

No horizonte me embaço no paraíso
De tua fresta vê-me no meu avesso
Diz a lua no clarão no céu disperso
E eu, noturna, indecisa, me diviso

E, escancarada, alegre, a ti expresso
Até mais logo! Vá com lotado juízo
Diz a janela pra lua, breve regresso!

E está, que já dormia, de sobreaviso
Inteirou a janela deste seu recesso
Até a noite, quando volta no improviso

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano

SONETO DO AMOR PERDIDO

Desejo-te toda a felicidade dos meus dias,
Para que enfeites a tua vida com amores...
Só não te desejo as minhas loucas utopias
Que são quentes, às vezes vãs, e sem cores!

Por onde andar espalhe as minhas alegrias
Porque são divinas, sem regras e sem dores...
Mas não se esqueça, amor, das melancolias,
Que a dor me fere, em fragrância de flores...

A minha alma se despede do teu mundo
Alegre, mas com um sentimento profundo
Porque já não sou, amor, a sua realidade...

Eu tremo, estou em prantos, mas sou forte
Para enfrentar o momento triste da morte,
De um amor, que em mim jurou eternidade!

SONETO DO DESEJO

Ao tempo em que me viu amor
Depois de tão sentido passar
Em fremente paixão com tão primor
Esquece ao mundo por encontrar...

Não tem mais sentimento nem ardor
Qual este cumprido a inflamar
Com tão sorriso e com tão fulgor
Em outro corpo por ti provar...

Deste colo quente com tão desejo
Que o viveu momento igual ao meu
Em conforto será por um só beijo

Se ao seu corpo por tão profundo
O sentir igual ao mesmo seu
Tremente aos lábios por um segundo.

Soneto Da Solidão

Me sinto só e prisioneira.
Ergui muros de ilusões.
Das minhas dores e decepções.
E recusei levantar a bandeira.

Quem me dera voltar atrás.
E erguer a bandeira da paz.
Ignorei a sua doce compreensão.
Fui jogada às traças na minha desilusão.

Hoje corpo seco de saudade.
Dos tempos da minha mocidade.
Quem me dera, quem me dera.

Sair dessa triste solidão.
Povoar seu doce coração.
E viver nova primavera.

SONETO DO DESLUMBRAMENTO

Como é bom namorar minha princesa
O coração bate mais palpitante
Meu sorriso nasce mais cintilante
E o mundo parece ter mais beleza

Até a libido tem mais pureza
Pois o amor, em nós, é uma constante
Tudo e tanto em apenas um instante
O teu querer é a minha certeza

Não quero acordar deste lindo sonho
Que mudou a minha realidade
E uma vida perfeita lhe proponho

Meu coração é só serenidade
E esse sentimento sem tamanho
Nos unirá por toda eternidade.

SONETO EM A

Ah! Paixão volátil que se dissimúla
Ao sabor dos ecos do vento da emoção
Agindo nas veias o sangue coagúla
A furtar-me o tênue fio da razão.

Atônito ante seus olhos reluzentes
Almejo ver seus sonhos seus segredos
Acordo encarcerado em correntes
Atado e impedido então me vejo.

Ao menos no olhar minha te tenho
Assim grilhões não me podem conter
Amando-te no silêncio, me contenho

Aline, que a um olhar aprisiona
Aos mortais que em tua órbita passeiam e
A cada instante por ti se apaixonam.

SONETO DO DESEJO

Queria ter-lhe em braços afetuosos
despir-te em versos de malicias,
cobrir-te com plumas de anjos
beijar-te com poesias (caricias).

Queria ter-lhe em céus de primavera
em noites calmas silentes,
um amor que inda pudera
ser puro...inocente.

Queria ser-te sorriso
beijo apaixonado,
paixão no inicio

poeta enamorado,
queria estar no paraíso
para sempre ao seu lado.

SONETO DO MEU POETAR

Basta-me apenas um verso
Onde seu gesto fale de amor
E comigo venhas sem dor
E nele eu me torne imerso

Pra sempre, sem nenhum pudor
Sem palavras caídas do universo
Do dissabor, e que seja inverso
A trovas desbotadas e sem cor

É só ter um deslize no disperso
Pra que ele fale o que é perverso
Em linhas omissas e sem frescor

E nem por isto deixo de ser diverso
Num poetar que gosta de ter odor
Aos olhos do doce amoroso leitor

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Junho de 2016
Cerrado goiano

VELHA OPINIÃO (soneto)

Só o tempo é que faz poetar a vida
Harmoniza a esperança e dá ação
Põe o antídoto do amor na questão
E no fado faz estória de vinda e ida

O ser depende do grau da emoção
Em nada se pode ter dor resumida
Ou tão pouco ter ânsia embevecida
E ou descrença sem fé no coração

O eterno desejar uma sorte ungida
Faz da trilha um trilhar na contramão
Pois sempre se tem algo de partida

E no perde e ganha, a voz é da razão
Não se tem a felicidade assim parida
Vem com dose de ventura e aptidão

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
16/06/2016
Cerrado goiano