Soneto da Paixao
Descrição
Eu pus no quarteto a rima
Coloquei no terceto um não
No dueto não havia a razão
Apaguei tudo: debaixo, acima!
Recomecei em mim, outra vez
Quatorze verso é difícil acertar
Nem sempre decassílabos, talvez!
Deixo - os livres sem pestanejar!
Às vezes as tônicas nem soa
Outras vezes leio - as e arrumo,
Os parcos vocábulos que destoa!
Subjugada a desajeitada atenção
Por ventura, arrisco a perder o rumo,
Sem contudo, descrever meu coração!
DE MANSINHO
Por Paulo e Delaine Siuves
A felicidade vem brincar comigo,
vem chegando de mansinho trazendo paz,
me fazendo sorrir, me fazendo sonhar,
me fazendo acreditar que serei feliz.
A felicidade vem brincar comigo
ela foge das minhas mãos
vai embora como uma brisa,
e se transforma em tempestade.
A felicidade riu de mim,
E foi embora de mansinho.
indo morar em outro lugar,
a felicidade foi embora
e deixou o som das risadas no ar...
hoje a risada me tormenta.
O titereiro
Aqui e ali no movimento
manipula o titereiro ávido!
O boneco ora sem tormento
segue no comando calado...
Se o titereiro for ventríloquo
o fantoche pode até falar,
como nisso não há equívoco
a marionete faz o que lhe mandar!
Aí que, se de repente há enfado
e o titereiro quer mudar o cenário,
O boneco se torna um magistrado...
De repente pode ser um canário,
ou uma atriz de grande agrado,
e outras vezes coveiro de cemitério!
RAZÕES DO AMOR
O amor ama aquele a quem se ama
Nas razões de o amante saber sê-lo
Ama porque se ama. O peito chama
Que arde, o verdadeiro calor e zelo
O amor é dado, é graça, de graça, apelo
Do coração... é odor que d’alma derrama
Um intricado e emaranhado longo novelo
Que tem a doçura na sua adocicada trama
Eu amo porque amo, assim, poder tê-lo
Perto de mim, e nunca demais pra mim
Então, nos sonhos sonha-lo sempre belo
O amador foge a regulamentos vários
Nos dicionários sai da explicação, enfim,
Sem amor, os amantes são solitários. (sem fim...)
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28/02/2020, 11´54” - Cerrado goiano
Saga Do Herói
Quando nos agarramos às saudades,
sem dúvida, é porque nosso presente
está uma daquelas... bem fedidas...
Mas que fazer, Glorinha, que fazer
nesta hora tão sem pétalas, sem cores?...
.................................................
Talvez fosse melhor não ter nascido!...
Se bem que... como iríamos saber
que nossos males, nossas dores, penas
não valiam o heroísmo de sofrê-las?
...................................................
Por isso, minha amiga, vamos rir!...
Sim, — se possível — rir e gargalhar...
E agradecer a Deus que ao ser humano
lhe permite a bravura de lutar —
lutar heroicamente... e se enganar.
LA
Madrugadas
Era bom despertar carente e falto
Em meio à noite, Nina, e procurar...
Buscar suave e tenso: cabisalto,
Por entre a samambaia ciliar...
Os dedos orvalhados no cobalto
De sonhos celestiais sempre a buscar
O instante de passar, de dar o salto
Da relva pra ribeira: mergulhar...
Entrar-lhe pela vinha devagar
A lhe apalpar os cachos com ardor —
Seu corpo todo-inteiro vindimar...
Com os lábios a roçar-lhe a boca e a face
Eu ia lhe servindo o bom licor
Até que sua taça transbordasse...
LA
Aeróbia Musa
Ah, Musa, se te pego! Espera só!
Tu andas inspirando o meu vizinho, —
deixas-me só: jogado aqui sozinho
e levas a outro o teu borogodó!
Quase um mês de securas... não tens dó...
Tu me negas, safada, o teu carinho
e cantarolas desde bem cedinho
como a dizer que sou teu zé-coió...
Se bem que, ciúme à parte, fazes bem
em servir dois ou mais de cada vez...
Diz o adágio: Tem um o que dois tem.
Sim, fazes muito bem, aeróbia Musa,
saber de português, economês
e do quadrado da hipotenusa.
LA
Somos Uma Só Carne...
Somos uma só carne, um corpo só,
uma só alegria, um só lamento,
uma baixeza, um alto pensamento —
a grandeza divina em nosso pó.
Somos Judas e a luta de Jacó,
o Balaão safado em seu jumento,
a Canaã de angústia e sonhamento,
tédio de Salomão, sofrer de Jó.
Somos Ana abençoada por Eli,
somos Tomé e aquele centurião...
e a bravura e a baixeza de Davi.
Somos a confiança de Abraão
no silêncio de Sara que sorri...
e as águas do Jaboque e do Jordão.
LA
Tu És Um Homem...
Tu és um homem, não um pobre rato —
tu vieste do sonho para a vida,
da vida com o dom de renascida,
da vida que é um poema e não relato.
Tu és um homem, não um coelho ou pato —
tu vieste da Mão que te convida
ao retorno genial da mais subida
estirpe do nascido: além do fato.
Tu és um homem, esse vasto sonho —
o sopro constelado (sonho inconho)
na argila pelo próprio Criador.
Tu és um homem, cujo dom descansa
na luz eterna de perene amor —
brilhas mais que a mais plácida esperança.
LA
A Noite Inteira, Nega...
A noite inteira, nega, revirei
que revirei você em minha mente
tentando despejá-la inutilmente,
mandá-la para o quinto e mais nem sei,
nem sei pra que país nem tribo ou grei,
contanto me deixasse bem urgente
em paz e a sós comigo eternamente,
eternamente sem ninguém nem lei
E fizeram-se eternos os segundos:
me reentrava de lado e pelos fundos
de toda a mente, sem nenhum chiquê
Aí (que alívio!) o telefone toca,
fui atender (que alívio: me desfoca...),
fui correndo atender: era você.
LA
Há Um Medo Gostoso
Há um medo gostoso, se te espero.
O amor é sempre aquela porcelana
tão frágil sempre, sempre tão humana —
o amor é e não é: tal como um zero.
Sim, um medo gostoso, mas severo
como o olhar que protege, mas esgana...
como a alma que sonha, mas se engana...
pedra rara incrustada sem esmero.
Sempre um medo gostoso na esperança
de se alcançar a flor que ao vento dança...
Sempre um suor a rorejar a espera.
Sim, um suor gostoso, mas medroso
a ponto de tirar da espera o gozo...
O amor é sempre aquilo que não era.
LA
Alforria
Não me peças pra calar-me à tua fera
Nem que sejas para ti contentamento
Meu amor é felino, tu bem sabes
Na tua vida não serei aditamento
Áurea flava zombeteira me sequelas
Afrodite, Psiquê e tantas outras
Em silêncio veleidoso me revelas
Mais que beijos matinais de outra boca
Como bicho que sou, e tu já sabes
Meu ciúme não terás um só momento
Se estou preso a ti é por vontade
Da tua pele, do teu toque e teu alento
CREPÚSCULO
Vê-se no silêncio, e vê, pela janela
O cerrado, eclodindo pra vespertina
Melancólico, perece o sol, e mofina
Outro fim de tarde, e a noite vela...
E ai! termina mais um dia, e revela
As horas, que a viveza se amotina
De sua rapidez, pérfida e assassina
Tão sem troco... - um atributo dela!
A melancolia no horizonte, é saudade
As sobras das lembranças, é desgosto
E o que se resta agora é outra idade...
Olhos rasos d’água narram o sol posto
Lúrido, duma emoção em calamidade
- de o crepúsculo do tempo no rosto!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
17/03/2026, 17'00" - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
Abraça - me simplesmente
Não me abraces, se ser só preferes
Nesta vida viverei eu descontente
Já que amor por mim não sentes
Serei nesta vida plenamente triste.
Se um dia eu seu coração partistes
Memória de mim não te consentes,
Esquecestes do meu amor ardente,
Que um dia ainda eu amor encontre.
Possa eu neste amor merecer - te
Se algum amor por mim em ti restou
Esqueça eu e tu sofrer plenamente.
Porque se o amor no tempo ficou
Permita Deus tão logo abraçar - te
E deste abraço viver eternamente!
O que afeta é a ditadura
Há à inércia apática da felicidade, a crença
Há à emoção da sensação, à paz felicidade
Há à isso regras ou leis e ditos espirituais
que seguem, insistentemente no desapego!
O que desapegar flutuará e será de quem?
De certo que ficará liberto no firmamento,
aberto feito a redoma limitada da sombrinha,
que desapegada de suas mãos irão em vão!
A inércia de seu reflexo te emoldura em ato,
em fato, em quadro quadrado ou bola redonda,
mas o triângulo é que tem ponta e aponta Deus!
Deus é o sol na ponta, o sangue na direita...
e o petróleo à esquerda, está aí trinidade
e a ditadura seguirá sobre o que afeta!
INEFÁVEL
Você, oh oliveira florescente
Bonita, oh mais bela
Te enfeitaste
De frutos lindos
Te amei desde a noite com sol
Os teus cabelos são cheios de gavinhas
Tua pele sensível
A dormideira sensitiva
Brilho do luar
Teu colar é feito de estrelas
A terra namora o teu satélite
O galo invocará o teu sol
Ele se regozijará até de tarde com cantos
Tantos cantos em vários cantos
DATA: 31/08/2021
CIDADE: PARAÍBA DO SUL - RJ
A RAINHA
Eu não vou mais tirar
A minha coroa da minha cabeça
Nem do meu dedo o anel
O sinete
O meu colar de ouro
Não sairá mais da minha garganta
E as minhas roupas nobres...
Estarão impecáveis
Porque o seu trono está do meu lado
Você é o brilho das minhas jóias
Diamantes, rubis, esmeraldas
Teus olhos são opalas
Que miram os meus de ágata de fogo
Minha espada é forjada no teu fogo
DATA: 31/08/2021
CIDADE: PARAÍBA DO SUL - RJ
TUDO PRA MIM
Você não é igual as outras
Que me faziam se sentir
Incompleto
Você me completa
Quanto mais eu tinha delas,
Mais eu queria
Mas você mudou isso
Agora eu me sinto satisfeito
Você preenche os espaços
E a minha mente
O meu coração
Você completa a minha vida
Com você ela sempre estará
Antes eu estava ao deus dará
DATA: 04/09/2021
CIDADE: NOVA IGUAÇU - RJ
CORRESPONDENTES
Você meu amor,
Me fez louco o bastante
Para querer ser bonito para sempre
É uma questão para o entendimento
Tudo o que eu quero
É deitar pertinho de você
Ser o seu cobertor
E dividir o travesseiro
Alguns dizem que sempre é muito tempo
Mas tempo temos de sobra
A eternidade cabe dentro de um coração
A lucidez é tanta
Que faço uma prece na escuridão
E a luz me traz toda amplidão
DATA: 05/09/2021
CIDADE: PARAÍBA DO SUL - RJ
DEPRESSÃO
Se alguém pudesse ler o teu olhar
enxergaria uma neblina densa,
ventos, tornados e a tormenta imensa
que o teu sorriso insiste em disfarçar...
Se alguém tivesse o dom de mergulhar
no que tu calas, e a cabeça pensa,
descobriria a correnteza intensa
do mais revolto e perigoso mar!
E, sob o véu desta aparente calma,
veria monstros te assombrando a alma
soprando escuras nuvens do desgosto...
E entenderia todos os momentos
nos quais a chuva dos teus sentimentos
transborda o peito e escorre no teu rosto...
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