Soneto da Mulher Perfeita
SONETO DOS FINADOS
Dia dos mortos, túmulos... Finados!
Dois de novembro, fé, um ritual.
Almas no céu? Inferno? Funeral.
Cemitérios, os corpos enterrados.
Covas, ossadas, pó... desencarnados!
Orações, rezas... Um tempo no umbral.
Lamentações, espírito imortal...
Mortes, óbitos, ciclos acabados.
Desafinados, só boas lembranças?
Ó sumida pessoa falecida,
Aos teus filhos deixaste uma herança?
Fecha caixão, velório, despedida.
Anos se vão... A única esperança:
Reencontrá-los no além, fim da vida.
PARIÇÃO DUM SONETO
Como um vaso de cristal, vazio e de aporte
Ideias vem, pois bem, tal lampejo em rama
Se arranja, desarranja num sublime porte
Inspirando formas, que da alma derrama
É uma sensação num sentimento forte
Enredando entre os dedos, e ali clama
Poética obra, cheias de encantada sorte
Dum verso em rima que a estima chama
E entre clarões dispersos, assim, venha
O que vibre, que enlouqueça o secreto
Em um rebento da imaginação prenha
E, no somo apogeu do destinto alfabeto
Da quimera, passa a ter ideada ordenha
Dos devaneios, para se parir um soneto
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
04/11/2020, 18’42” - Araguari, MG
Um Soneto para Rodeio
Todos os dias dedico
um soneto para Rodeio
que tem uma Natureza
que com amor cortês
torna os nossos dias
inspiradores e serenos,
Fazendo com que da vida
não queiramos menos,
e por tudo agradecemos.
Soneto Petrarchan para Rodeio
Um Soneto Petrarchan
para fugir da vida vã,
Se sentir satisfeita
com o canteiro de Hortelã,
Agradecer ao tempo
pelo seu amor eterno
a todo momento
e pelas flores azuis
celestiais sobre Rodeio.
Soneto das Recordações Imaginárias
Nas festas só de memórias imaginadas,
Vivo eu, limitado em existencialismo.
Caprichos meus, fantasias aladas,
Loucura e ingenuidade em abismo.
Serpente sou, em harpas melódicas tocadas,
Nobiliárquico em desgraças, sem otimismo.
Das sensações humanas, já fatigadas,
Nas veredas antigas, encontro o cinismo.
Meus deuses, iníquos, tecem a fábula da vida,
Onde cada ato é farsa, cada dor é conhecida,
E a verdade se esconde, velada e esquecida.
Em minha alma, ecoam vozes, perdidas,
Nesse palco de sonhos, onde a fé é partida,
Sou espectro vagando, em jornadas extintas.
Soneto da Redenção
No derradeiro ato do nosso drama,
Dissolvem-se os laços, a dor se acama.
Palavras singulares, raras no intento,
Decifram o fim, o triste desprendimento.
Desfeito o enlace, risos desbotados,
Recomeço ansioso, corações alados.
Vagam pelo espaço, sem fardos antigos,Palavras raras, como raios abrigos.
Entre lágrimas, versos raros traço,
Escrevo no peito, sem medo do cansaço.
Relevo o passado, cinzas derramadas.
No palco da vida, uma nova cena,
Com palavras pouco usadas, serena,
A esperança brota, renasce renovada.
Soneto de encontros desafortunados
Dois corações que se encontram,
Mas não podem se unir.
Uma conexão forte,
Que só pode ser vivida em silêncio.
Um sentimento de perda,
E de saudade.
Um desejo de estar juntos,
Que nunca poderá ser realizado.
Sinto muito pelo nosso desencontro,
Pois gostaria de estar pronto para gente se encontrar.
Mas, continuo me recuperando,
Há muito ainda a superar.
Não seria justo com a gente,
Mergulhar nesse novo amor,
Sem estar maduro para amar de novo.
Um Soneto de Amor
Para você, Jaci, um soneto de estrelas e mar,
Nas linhas da poesia, seu encanto a declarar.
Seu nome que dança no vento,
Em cada letra, um toque de encantamento.
Sua presença, um farol na imensidão,
Em seu sorriso, a pura expressão da emoção.
Nos olhos de Jaci, brilha a luz da sabedoria,
Como estrelas que guiam na noite fria.
Sua voz, melodia que serena o coração,
Em cada palavra, uma doce canção.
Passos que desenham caminhos de luz,
Em quem a esperança traduz.
Com a força suave de um amor sincero,
Transforma o cotidiano em um céu aberto.
Em teu ser, um universo a explorar,
No teu amor, um constante aprender e ensinar.
Em cada verso, tua essência tento capturar,
Jaci, eterna musa a inspirar.
SONETO #5
SONETO DO SER AMADO
Do perfume das rosas, comigo
Sinto no Olimpo dos cuidados
Do zelo prazeroso imediato
Do amor entre íntimo e amigo.
O ato de doar tem o seu destino
Debaixo dos lençóis e na rua
Quem contigo não falava, vira sua.
Admirador secreto vira predestino.
Ser acariciado, minha alma suscita
Sente a vontade de beijos carnais
De longe, a distância não aguenta.
Quem sabe, de paixão um pouco mais
A atividade amorosa sustenta,
O que o sofrer não se conquista.
SONETO #4
DIAMANTE NEGRO o amor que acabou Maysa
Amar é sentir bruta dor também, é partir
Saber a hora certa de ficar e corresponder
Amar, é sentir medo sem mesmo saber
Que o breve amor das pessoas não vai vir.
Ter medo do amor como nota falsa ser
Infiltrado no coração, dado a persuadir
O diamante negro que é levado à sorrir
Mesmo quando se ferir, sairá à crescer.
E é nessa boa vantagem de saber amar
Que nos deliciaremos com o terno bem
Que cura, desincha e mata o desatinar
Que se desmancha mas açoita também
Sem dó o que nem sempre é, no que dá
Procurar amor em caras erradas desdém.
SONETO #3
ESTETICISTA FACIAL
Moça bela, secretária me atendendo
Na sua mesa, logo de manhã bem cedo
Antes de tudo, maquiagem completa
Seu nome é Marcela bela, lábios violeta.
Ninfa das plumas rosas e sutis regalias
Me inspirei olhando a ti que me avalias
Meus documentos, minha três por quatro
Tua singularidade feito lua deixa rastro.
Marcela, esmeralda desejada por Brás
Cubas, luxuosa no brilho e com batom.
Modelo da estética artística, que trás
A arte como um soneto agudo semitom
Nos azulejos da moda, fugaz nas letras
Feita escansão para se admirar o bom.
Soneto do "Acaso Eterno"
Mais do que beleza em virtudes
Quando, mais que a doce fala,
O olhar forte que abala,
Vem com sutileza em atitudes
E se são tantos predicados
Aos quais estamos nós sujeitos,
Só se entende, então, defeitos,
Os sujeitos, próprios mal dedicados.
Se ouvimos um brado de independência
Numa voz quente e retumbante,
Lembremos logo as tais virtudes
Pois são tão belas quanto inconstantes.
São um brilho intenso de consciência
Das suas belas inquietudes!
Soneto de amor
Amei-te tanto, de tantas maneiras
Amei-te tanto, de tantos conceitos
Amei teus modos, teus gostos, teus jeitos
Amei teus olhos, teus lábios, tuas brincadeiras
Teus beijos molhados, pra mim são cachoeiras
Teus sonhos me encantam, me fazem te amar
Teus lábios me cantam, me fazem sonhar
Eles são perfeitos, países sem fronteiras
Mas o que me separa de estar junto a ti
É a coisa que mais faz-me sofrer
Pois nada na vida me faria sorrir
Nada na vida me faria viver
Não terei coragem para prosseguir
Se não estiver contigo a conviver
Soneto : Amo-te
Amo-te tanto quanto o alfabeto em linha
Vou de letra em letra buscar teu sentido
Mesmo que de ti nunca tenha ouvido
Que o amor que te tenho, tu também me tinha
Amo-te mais do que uma simples fala
E um dicionário cheio não me bastaria
Pois o amor que sinto não se explicaria
Então na tua presença minha boca se cala
Amo-te no hoje e no amanhã infinito
Como amo a vida e também a morte
Vejo teu sorriso tão meigo e bonito
Ter você comigo seria ter muita sorte
Mas a mim mesmo, tenho tanto dito
Que talvez o que eu sinta, a ti não importe
Soneto : Fúnebres Atos
Meu corpo empalado à forma exangue
Nos rubros altares que oram em meu nome
Saciai tua sede com uma gota do meu sangue
E com a minha carne saciai tua fome
Faleço aos conceitos carnais que me atrevo
Meu corpo, de minha alma desune
Minhas últimas palavras aqui escrevo
Pois da morte, nunca fui imune
E aguardo a chegada do oportuno martírio
Ao assinar com sangue no finado contrato
À minha sepultura adorna o lírio
E parto desta vida onde os dias foram ingratos
Deixo meus versos de puro delírio
E despeço-me deste mundo em fúnebres atos
Soneto : Calor
Calor que agride esta terra amada
Que racha o solo em tamanho braseiro
Calor ardente em torrão brasileiro
Calor que ferve a pólvora armada
Calor que parte, obra natural da vida
Mas também calor que tanto produzimos
Calor das queimadas, do que consumimos
Calor da poluição, dos dejetos da lida
Calor do sulcro ao núcleo terrestre
Calor da terra, calor da fenda
Talvez um dia a humanidade aprenda
Que o calor que mata o campestre
Também pode matar a nossa gente
E talvez neste dia não seja mais quente
Soneto : Odores Mortais
Flores pelos campos vastos coloridos
Dum florescer tão lindo que mostra vaidade
Relembra dos adornos que trazem saudade
Naqueles campos tão vastos floridos
Seu perfume exala tantas emoções
Rosas rubras que sangram sentidos
De odores vastos, todos tão sortidos
Que fazem alogia e comparações
Comparando à vida que é bela e única
Servindo de adorno às mais raras túnicas
Que vestem os membros dos meios reais
Mas aqueles campos tão vastos floridos
Murcham com o ar que aqui é poluído
E os seus odores se tornam mortais
Soneto : Asas Da Morte
Sigo em ritual fúnebre queimando em brasas
No fogo ardente que me queima vivo
Meu coração sustenta seu lado abrasivo
Enquanto meu corpo mergulha em águas rasas
Afogando-me aos poucos, num rio sangrento
Um mar de ódio que dos meus olhos vaza
Neste mar talvez que minha alma jaza
E segue em seu íntimo sem sentimento
Talvez por um tempo eu mesmo me conforte
Com a dor que enfrento em minha consciência
Ou somente viva crendo na ciência
Que talvez um dia eu possa voar distante
Enquanto meu lamento segue tão constante
Voarei nas asas desta nefasta morte
Soneto : Linda
Linda, teus paladares são meigos
Eles tanto me falam
Mas os meus sendo leigos
Em sua presença se calam
Teus olhos são claros
Os meus são escuros
E teus lábios são muros
Eu quero cruzá-los
Tua boca é tão doce
Tem gosto de mel
Tu és a mais linda rosa
E tua aparência é como se fosse
A mais radiante estrela formosa
Que habita o mais profundo do céu
Sonatina (soneto II)
Não pode ser sempre inquieta poesia
Está morna poética, cheio de torpeza
Os versos tão enevoados de lerdeza
Há de isentar-se desta sensação fria
Num vendaval de solidão e de agonia
O choro apodera da rima em tristeza
Quando a inspiração só quer alegria
E numa sonata vê-se sons da utopia
Hei de subir ao tope da imaginação
Vencer procelas e alaridos, emoção
Ali, triunfante, cheio de doce louvor
Em poema, aclamante, e com intento
O sol da glória há de ornar o momento
E eu, hei de toar: - em versos de amor!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
16 janeiro, 2024, 20’38” – Araguari, MG
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