Soneto da Mulher Perfeita
Soneto da Dor Doída
Nas asas da saudade partiste
Fostes como brisa ao vento
Minha alma ao relento triste
Poeta uma porção de lamento
Na solidão um quarto vazio
Que ainda caminha teu cheiro
Nas lembranças apenas frio
De um chamado ainda inteiro
Contigo levaste parte de mim
Em mim um todo de vós ficaste
Levarei impregnado até o fim
E neste teu momento de partida
Suspiros, foste ao coração engaste
Agora choro eu, por esta dor doída.
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
19 de Julho 2015
Cerrado goiano
ao meu pai.
Soneto do meu eu
Em busca do meu eu, muito errei
Noite a dentro, adentrava em prece
Tolo fui eu, pois a vida acontece
E por muito querer, muito eu andei
Neste dilema o silêncio foi solitário
Achei areia e cascalho sob os pés
E nas procuras tive prazer e revés
Mas sempre nostálgico no itinerário
Fechei os olhos, e ao amor poetei
Pois a poesia tornou-me alicerce
E nos vários temores me encontrei
Tive fala de saudade no meu diário
A cada por do sol tentei ir através
Mas fui operário no meu eu arbitrário
Luciano Spagnol
01/06/2016, 03'16"
Cerrado goiano
Soneto do inverno no cerrado
O cerrado amanhece no inverno
Dias mais frios, frio árido e tardio
A sequidão no seu ápice bravio
E as manhãs num vento galerno
Em enigmática bruma sobre o casario
Com o sol dessemelhante e alterno
E a sensação de frescor sempiterno
O cerrado se faz em mistério e fastio
O verde transfigura em cinza superno
O céu se enroupa tremulante e alvadio
E as temporãs flores finta o quaterno
As folhas hibernam num cerrado vazio
Tão ébrio, gélido e de um poetar interno
Numa canção de chuva qualquer e estio
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
01 de maio de 2016
Soneto da Vaidade
Não finjas dentre os espelhos alegria
Nem clame realce em seu andar,
Pois enxergo seu andarilhar e sua sina,
Então deixe-se verdadeiramente vagar.
Ou siga pelo real jeito andante,
Palpavel, pois não se prega a suas crenças,
Por isso espero que tais rimas alcance,
A quem rima o real e as diferenças.
Vaidade, eu, ego; nos alimentam,
Vaidade, eu, ego; diz que existo,
Talvez por viver daquilo que aparenta,
Vaidade se faz tudo que exprimo.
Por "ser" futuro, passado, eu, outrora;
Por vez deveria viver o agora.
"Soneto da saudade"
Ha esse meu coração tão tosco, tão pobre, não sabe os caminhos do coração , que em devaneios, suspira, ó doce agonia de não saber, ó nostalgia do que não existe e faz tanta falta, néscio sou, e tanto desconheço, no ímpeto de minha vontade procuro e não acho, arcaicos são meus desejos tão pequenos, eles são, você os vê ? Dúvida cruel é ? Então me esqueço, pra que um dia mi lembres, de que se amei, amei, naquele tempo, amei hoje, amarei sempre aquele desejo de ser feliz......
SONETO.
Sentado num tôco de árvore serrada
Lembrando de coisas que o tempo levou
Da vida vivida,toda estabanada
Saudade saudosa foi o que restou
Com um cesto cheio de amores colhidos
Em nada arrependo do tudo que fiz
Criatura de sonho,criatura amada
Na procura e no achado fui muito feliz
Com o sol esquentando a fria alvorada
O alarido dos pássaros já posso ouvir
Neste dia que passa e vai prá memoria
Virando lembrança,virando história
Que fica na mente e no pensamento
No tôco serrado da beira da estrada.
SONETO TRISTE II
Eu estou assim: da tristura cativo
Intrusivo num túnel dum calvário
Rodeado de sentimento solitário
Mesmo entre olhares como vivo!
Do peito rezam vozes num rosário
Da casa um silêncio tão opressivo
Frio, sem graça e, sem incentivo
Que lá fora fracasso no itinerário
Olho-me num soluço pensativo
E vejo sonhos perdidos no diário
Desfolhado num jardim subjetivo
E me pergunto: por que o cenário?
Quando é meu tempo? Respectivo!
Pois, se o tempo no tempo é vário!
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
05/02/2017
Cerrado goiano
Soneto do eterno pranto...
Teu desamor fez-se em mim eterno pranto
E a dor na alma fez morada em minha vida
De minha boca emudeceu de vez o canto
E a tristeza fez-se dor em minha lida
A dor que sinto, dói de mais forte em meu peito
Machuca a alma me abre fundo uma ferida
O mal presságio agora é o meu preceito
O teu sorriso foi um dia minha guarida
O teu carinho era a coisa mais perfeita
Mas se desfez e deixou triste o meu viver
Logo você que fora minha flor eleita
Fez a minh'alma e o meu peito em mim doer
Não sei porque tu me fizeste tal desfeita
Negou-me o amor fez minha vida padecer.
Nunca compreendi seu soneto incompleto,
entre tantas fontes no universo sois intensa.
entre as lagrimas mortas na imensidão.
Soneto do dia 7
Hora canta
Hora dança
Hora chora
Hora brinca
A hora passa
O tempo passa
Um tempo termina
Outro tempo inicia
A cada intervalo uma era inicia
A cada era espera alegria
Um desejo de felicidade que não termina
Pensa que a canseira é tristeza
Logo percebe que não é uma menina
Suas alegrias se iniciaram e que se lembre nesse dia
Soneto de um Segredo
Eu tenho alguma coisa aqui guardada,
Mas não há verbo que a diga. (ainda)
Algumas palavras pela voz entoada
Solfejando canções de uma voz bendita.
Tem coisa que nem a poesia revela,
Coisa que até o diabo duvida e Deus não espera...
Tem coisa que se diz e outras que nem deveríamos pensar.
Algumas verdades até machucam o coração de quem para, para escutar.
Mais este efusivo verso para ela aqui dito,
É dotado de um segredo muito quisto e bonito.
Só um toque poético suspirado para o ar!
O segredo que aqui guardado,
Em meu peito entalado
Uma hora fugirá pela boca a ecoar!
Igor Improtta Figueredo
Soneto de um poeta adormecido
Dentro da minha alma, escondido,
Dorme um "eu" que não conheço ao certo,
Um poeta que sonha, adormecido,
Que vaga pela noite a céu aberto.
Coração de menino perdido
Que em sonhos atravessou o deserto,
Que, sem rumo, procura um sentido
Buscando tão longe o que está perto.
Quer escrever no livro da vida
Páginas da dura ilusão sentida
Na sua pobre alma sonhadora.
Mas enquanto sonha, não escreve.
Passa o momento, afinal, tão breve...
Terei de acordá-lo, sem demora!
SONETO II
Tens pele macia
Como pétala de flor.
Em teu rosto,
Tens alegria e amor.
Parei um pouco a pensar,
Se algum dia,
Novamente,
Irei por ai lhe encontrar
Até agora,
Estou sem resposta
Nem sei o que dizer...
Em algum dia,
No futuro,
O mundo vai nos responder...
SONETO III
Pergunto-me;
Se no mundo,
Existe alguém,
Com carisma
Que tu tens...
Os teus lábios,
Lindos, encarnados,
Queria um dia
Ter beijado...
A vida, disto tem me privado...
Tens sutileza no olhar,
Delicadeza ao falar,
Elegância no andar...
Um abraço teu,
Bem forte
Quero ainda ganhar...
MEUS VERSOS (soneto)
Meus versos, o vento no cerrado ganindo
A angústia da alma vozeando melancolia
O silêncio fraguando rimas na monotonia
Duma solidão, da saudade indo e vindo
São a trilha do fado escrevendo romaria
Desatinadas, o meu próprio eu saindo
Das palavras de ansiedade, intervindo
Com minha voz sufocada, do dia a dia
Meus versos são a migalha cá luzindo
Na sequidão do vazio que me angustia
Que há entre a quimera e o real infindo
Meus versos são colisão com a ironia
Do choro e da alegria no peito latindo
Meus versos, minha voz, minha valia
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano
SONETO PERDIDO
Eis-me aqui no silêncio do cerrado
Longe de mim mesmo, na dúvida
Extraviado na incerteza da partida
Sem amparo, com o olhar calado
A solidão me assiste, tão doída
Pouco me ouve, pouco civilizado
Tão tumultuado, vazio, nublado
São rostos sem nenhuma torcida
Dá-me clareza de que não existo
Numa transparência de ser misto
No amor e dor no mesmo coração
Como um roteiro no imprevisto
Sem saber como se livrar disto
Velo por aqui sentado no chão...
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano
Soneto Adrielense.
Digas quem tu és?
Tu que andas displicente!
Olhos famintos, lábios sedentos...
Com ar de inocente.
Que almejas da vida moça? Diga-me!
De onde tu vens?
Sabes o que este reles mortal resta saber?
É para onde tu vais.
Fotografia em preto – branco
A pele clara, lábios atros apetecíveis.
Cabelos castanhos...
– E que este encanto se encerre!
A Deus peço vendo estes – Olhos ávidos...
Quem és a Dona destes? Adriele.
SONETO DA SAUDADE
Sinto saudade do beijo
Mas, jamais beijei
Sinto saudade do abraço
Mas, jamais abracei
Sinto saudade do olhar
Ah! Esse sim eu olhei
Muitos abraços e beijos
Naqueles olhos eu encontrei
O beijo é doce, como o mel da cana
O abraço é quente, como o sol de verão
A saudade é fria, como a solidão
O olhar possui a imensidão do oceano
Abraços e beijos são o meu desejo
E a saudade? Continua fria, como a solidão.
Soneto de cassação
Teje cassado, Cunha
Não és mais deputado
Não é mais tu que acunha
Acabou-se teu reinado
O que outrora propunha
Tudo bem articulado
Te traz uma nova alcunha
De deputado cassado
Sei que não pressupunha
Junto com o bloco aliado
Que a política que impunha
Naquela trama que propunha
Ia acabar esmagado
Como um piolho na unha
BORBOLETA (soneto)
À flor de lobeira do cerrado, azulada
Voa a borboleta erradia lentamente
De asas tal multicor do sol poente
Num dueto de um balé na estrada
É tão imponente e é tão refulgente
No horizonte rubro, em uma toada
Que hipnotiza o ver e mais nada
Doidejando o encanto da gente
Só a flor, o que importa, a ela atada
Somente! E ao seu redor indiferente
Onde ali, a vida se faz multiplicada
Neste valsar vaporoso e inocente
Do diverso do cerrado camarada
Borboleta em voo, é o belo ingente!
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano
