Soneto da Falsidade de Vinicius de Moraes
Quisera que toda vida humana fosse pura e transparente liberdade.
[É preciso] desinventar os objetos. O pente, por exemplo. É preciso dar ao pente funções de não pentear. Até que ele fique à disposição de ser uma begônia. Ou uma gravanha. Usar algumas palavras que ainda não tenham idioma.
É inútil tentar convencer quem acha que já sabe. Sem a humilhação preliminar que quebra a autoconfiança postiça e cria o desejo de saber, nada é possível.
Nunca é tarde demais para mudar a direção da sua vida. Sempre haverá um nova rota ou uma nova chance de recomeço.
Estamos tão acostumados a nos disfarçar para os outros, que, no fim, ficamos disfarçados para nós mesmos.
A partir do momento que eu saio do limite, eu caio no pecado. O primeiro pecado da humanidade foi justamente sair do limite. O paraíso é um lugar que foi cercado para que ninguém se perdesse, pois Deus estava ali, o lugar do encontro, não é prisão. O primeiro pecado, a queda original, aconteceu porque alguém não compreendeu o conceito de limite, não compreendeu o espaço delimitado e se perdeu. O conceito de limite está cada vez mais claro dentro de nós e por isso seremos mais exigidos, como Deus nos diz: “quanto mais for dado, muito mais será exigido”. Jesus nos diz que é impossível viver servindo a dois senhores. Não é possível viver duas realidades que naturalmente não se conciliam. Seus limites precisam ser aclarados, nós precisamos cada vez mais saber sobre o que nós podemos e o que não podemos.
Amores não se encomendam como vestidos; sobretudo não se fingem, ou não se devem fingir nunca.
Se você odeia o domingo porque amanhã é segunda e "começa tudo de novo", sinal que o que faz durante a semana não é realmente o que gosta!
Não é preciso uma verdade nova, uma aventura, para encontrar nas luzes que se acendem um brilho eterno.
O que há de mais belo, nobre e elevado no ser humano é justamente o processo no qual, por transmutações sucessivas, o mais egoísta dos instintos se transfigura em bondade, generosidade, perdão e auto-sacrifício.
Os sentimentos são só sentimentos, estão na superfície; Mas as emoções são profundas, primitivas, se prolongam.
