Soneto da Falsidade de Vinicius de Moraes
A felicidade é a pretensão ilusória de converter um instante de alegria em eternidade.
As pessoas acham muita coisa sexy. Dançar, ter músculos, ser loiro, sotaque francês. Sabe o que eu acho sexy? Inteligência.
O mais escandaloso dos escândalos é que nos habituamos a eles.
Para mim viver é Cristo e exerço a cidadania de maneira digna de seu Evangelho.
Abri a boca e quase disse algo. Quase. O resto da minha vida poderia ter sido diferente se eu tivesse dito alguma coisa naquela hora. Mas, não disse. Só fiquei olhando. Paralisado
Olha devagar para cada coisa. Aceita o desafio de ver o que a multidão não viu. Em cascalhos disformes, estranhos diamantes sobrevivem solitários.
E o seu abraço será a moldura do meu corpo. E a minha boca o pretexto para o seu mais demorado beijo…
Deus perdoa os adúlteros, os mentirosos, os ladrões e até os assassinos, mas não perdoa quem não perdoa. Posso estar enganado, mas suspeito que no inferno há menos adúlteros do que cônjuges virtuosos que lhes negaram o perdão.
Ser inteligente é, nesse sentido, como já lembrava Lionel Trilling, a primeira das obrigações morais. Sem inteligência, até as virtudes mais excelsas se tornam apenas caricaturas de si mesmas.
Heróis genuínos fazem-se desde dentro, na luta da alma pela verdade da existência. Antes de brilhar em ações espetaculares têm de vencer a mentira interior e pagar, com a solidão moral extrema, o preço da sinceridade.
Aprendi que o artista não vê apenas. Ele tem visões. A visão vem acompanhada de loucuras, de coisinhas à toa, de fantasias, de peraltagens. Eu vejo pouco. Uso mais ter visões. Nas visões vêm as imagens, todas as transfigurações. O poeta humaniza as coisas, o tempo, o vento. As coisas, como estão no mundo, de tanto vê-las nos dão tédio. Temos que arrumar novos comportamentos para as coisas. E a visão nos socorre desse mesmal.
Eu jamais chegaria aonde cheguei se só andasse em linha reta. Tive que voltar atrás, andar em círculos, perder dias, perder o rumo…
