Soneto da Espera
ESTADO DE SATISFAÇÃO (soneto)
Deixo a inquietude do versar na medida
Em cata duma beleza e de um esplendor
E, assim, de inspiração liberta, pela vida
Vou. Cheio de matiz em uma variada cor
É tom de ventura, o sentimento na lida
Desabrochado tal qual uma poética flor
Daquele especioso verso que dá guarida:
O doce beijo, olhar trocado, terno amor
A poesia nunca deixa a gente esquecer
Faz querer mais, faz o coração sorrindo
É o cântico em que a alma se põe a dizer
E, trovando, escorre pelas mãos, que diz
Um contentamento sempre bem-vindo...
Animando, o poeta, ser o menos infeliz.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
18 junho, 2025, 18’23” – Araguari, MG
PRISÃO (soneto)
Ó meu verso, meu falto verso que choras
As lágrimas tão sentidas de uma saudade
Na qual as estrofes que amargam as horas
E, deixam o suspirar cheio de profanidade
Não quero sentido que o desejo imploras
O suave amparo de uma cáustica vaidade
Quero o perfume suave das ternas auroras
De outrora: o beijo, o olhar... e a vontade
Ó prisão, ah infortúnio, ah cântico pobre
Que tira o tom do coração poético e nobre
Inspirando as lembranças só com rancor
Ó solidão, junta ao enredo nostálgica cena
Sussurrando versos com sensação pequena
Onde um tempo grassou o manifesto amor!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
22 junho, 2025, 14’49” – Araguari, MG
NOVO ALENTO (soneto)
Encontrei-te nas nuances do meu verso
Por suave direção, assim, me levaram
Pelos caminhos da paixão, e tão imerso
Que os meus devaneios estranharam
Em cada estrofe um sentimento diverso
Ritmos afáveis de cada tom brotaram
Sou, de novo, feliz, ó destino controverso
Pois, ímpar amor, aos versos inspiraram
Antes, na poesia, conduzida a esmo
Quinhoando solidão de mim mesmo
Era pesar, inquietude, tudo dava dó
Agora, alojado pelo teu terno carinho
Os versos descrevem o nosso cantinho
Em uma poética onde não me sinto só.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
23 junho, 2025, 19’17” – Araguari, MG
ESTE...
Este, o soneto dum amador obstinado
Em que, viveu cada situação da paixão
Tal diz a prosa do coração aprazerado:
Se havia afeto, ele fiel a sua adoração
Este, o verso com sentimento ritmado
Dentre tantos sonhos, rimas de ilusão
Onde d’alma escoa o tom apaixonado
Enchendo o canto de fluida sensação
Este, o tinido sentimentalista profundo
Em que a nota poética, é um fecundo
Apreço, de encontros e de puro ardor
Este, o sentido dum cântico contente
Deste que no amor existe realmente
O qual sabes que és o singular Amor!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
29/09/2024, 12’55” – Araguari, MG
TUDO TEM JEITO
Soneto, tens nos versos desventuras
Que dói n’alma, ao sentido imploras
Que tudo sente e que tudo ignoras
Deixando a prosa com duras agruras
Assim, obscura e extraviada as horas
Vão as rimas com infinitas amarguras
Num poetizar com tristonhas leituras
Ditas com lágrimas que dá dor choras
Das coisas mais avarentas, as preces
Falsificando o sentimento desafinado
Que escava, trava, intriga, aborreces
Ó inquietude de impiedoso inverno
Não faça de meu versejar saturado
Não há bem que dure e mal eterno.
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
30/09/2024, 15’05” – Araguari, MG
SONETO DE LEMBRANÇAS
Poetando depois daquela hora sofrida
meu versar resignado e quase sem dor
recorda a paixão daquele grande amor
aquele, profundo amor da minha vida
Nos versetos, quanta sensação querida
escoam da saudade, agora, sem rancor
se há lágrima perdida, é em tom menor
pois, o furor já sem aquela sanha doída
O sentido, o que resta agora, guardado
na memória, com cheiro e significado
remindo as juras desleais, sem fianças
E, que foi eu, afinal, neste sentimento?
Sei, que fui mais que apenas momento
a suspirar neste soneto de lembranças.
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
09/10/2024, 15’20” – cerrado goiano
Soneto da Imaginação
A imaginação
Origina a força para o voo
O cansaço faz dela
Seu repouso
Na estreita calada da noite
A espreitar o passar
De um tempo
Ali se passa o vento
Aqui se passa o tempo
Minha mente vai a lugares
Que você não iria
Nem com segurança
Armado
Meu desespero
É covarde
É que apesar de sombria
Caminha na escuridão
Escuta como dispara
De medo o meu coração.
CERRADO GOIANO (soneto)
Como acho encantado o cerrado goiano
tricotado de fascínio, fico espantado!
Dum chão e dum horizonte arregalado
Em um plural enredo - anelado e plano
De diversidade, se veste, aparato insano
tem tempero, cheiro, tom, um arestado
sentimento no considerar, tão elevado
também, um estio impiedoso e tirano
Alegórico! Magnetiza tudo e tudo entoa
seus arbustos tortos cheios de sedução
e teus cantos, tantos, na vastidão ecoa
Os elogios são vãos, a tanta relevância
sua atração alicia, ó poesia e canção...
Tu cerrado goiano é fecunda estância!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
21/10/2024, 16’20” – cerrado goiano
AS LENTES DO OLHAR.
(Soneto)
Duas vezes que aprende-se a olhar:
A primeira é quando se fala e o mundo
Vai criando forma bem devagar
E Deus diz "haja luz" e vemos tudo.
Na segunda vez é que se define:
Vê-se o contraste entre o real e o mito.
Esperamos que o caos se desatine...
Não ficamos só a espreitar o Espírito
Que sobre a face do mistério adeja
- A abismada face da inocência -
Num assalto mergulhamos mais fundo.
Aprimorando as lentes do olhar, veja
O Espírito que agora adorna o mundo
Amalgama o novo na consciência
SONETO COM DOÇURA
Doce poética, doce verso, doce doçura
doce tom, doce soneto que hei escrito
doce rima tão docemente do amor dito
e que tem paixão, duma doce candura
Sentimento, a doce palavra que figura
no profundo d’alma, em um doce grito
ecoado inteiro e docemente do espírito
criando versetos tão cheios de ventura
A métrica terá que com doçura se diga
sussurros ao ouvido onde afeto impera
dando ao versar doce sentido a trama
Ó sorte com doçura em uma doce liga
tão docemente com a emoção sincera
que torna doce o verso quando se ama.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30/10/2024, 20’34” – Araguari, MG
MAIS (soneto)
Estes versos que eu trovo ardentemente
No ritmo e poética que no afeto preciso
Da paixão arranquei-os, num improviso
Para os ter no soneto, aqui contundente
É estimar com sentimento, unicamente
Num contentar, que faz poetizar sorriso
Assim, concernente, e que não o diviso
Nem veto, poeto-os, então, plenamente
Os trago sentimentalmente. Os apanho
Do coração, num pulsar frenético, tanto
tanto... tanto... em um prazer tamanho
E, portanto, cada vez mais, cá no canto
Mais sensação. Onde mais desejo ganho
Mais ardor. Concertando mais encanto.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
10/11/2024, 14’52” – Araguari, MG
Soneto do Mar
Profundo e vasto, o mar guarda em segredo,
Mistérios calmos sob as ondas frias,
Resplandecentes sob o azul, sem medo,
Murmúrios que ao vento o céu confia.
As ondas dançam com gentil cuidado,
Se curvam, se erguem, vão ao infinito,
Como um amante ao toque encantado,
Num doce e eterno abraço restrito.
Oh, mar bravio, fiel e sereno,
Guardião do céu e do vento errante,
Tu és o palco e a cena do eterno.
Nas noites calmas ou na fúria distante,
Ecoa em mim, sem voz e sem retorno,
O teu chamado profundo e terno.
Soneto ÁGUA NO SERTÃO
Quem foi que disse que não existe
Abundância d'água aqui no sertão
A seca braba aqui até que persiste
Com este sol arretado de quentão
Mas a água com toda força resiste
E se espalhando nesta imensidão
De céu azul e de gente que insiste
Luta, labuta e ama ver esse verdão
Que é verdade dura só alguns dias
Mas é sinal que há água no Sertão
De chuvas que ainda que erradias
Caíram no sertão formando bacias
Aguando a terra que alivia apertão
Trazendo esperança e vidas sadias
CONTENTAMENTO (soneto)
Enfim, posso aquietar! Já te poetei
o teu olhar sagaz, sedutor e quente
regeu uma poesia divinal, fremente
onde nos seus versos me entreguei
Em cada poema, sentir-te, bem sei
se foi bem, foi mal, a alma ardente
furou o meu peito, profundamente
tatuando teu nome, marcado serei
É assim, o meu amor: demasiado
poemas tão maciços de confissão
em cada rima o rimar apaixonado
Por este sentir, vivo em comunhão
na crença deste amor encantado
inspirado do enamorado coração!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
04 março, 2025, 16’30” – Araguari, MG
Sóneto.
És meu primeiro amor, e único
Em cada gesto, um abraço sincero
Teus olhos guardam um universo
De sonhos que guardo,em verso doce e terno.
Te encontro nas tardes de sol radiante,
No perfume das flores, no canto dos pássaros,
Teus gestos, um abraço e abrigo constante,
Meu coração canta, em nossos doces momentos.
Lembro das tardes de domingo, na igrejinha,
A simplicidade de um olhar que diz tudo,
Numa história que vive em cada sentimento,
Um amor que floresce, no mútuo respeito.
E mesmo que as estações passem vorazes,
Que o mundo lá fora insista em mudar,
Nosso laço é forte, não é feito de fases,
És meu primeiro amor, vou sempre te amar.
Agora e sempre, no caminho que traçamos
Teu nome gravado em cada batida
Este amor é eterno, em versos e planos
Meu único amor, és minha poesia querida.
Soneto da Gratidão Cósmica
Se ao alvorecer me rendo em reverência,
O dia abre-se em véus de ardente brisa.
No vasto etéreo, em mística cadência,
O tempo canta em cor que se improvisa.
Se à tarde, a vida em júbilo saúda,
Os ventos bordam versos no horizonte.
O instante flui, despido de amargura,
E ecoa um cântico em secreto monte.
Se à noite a gratidão me adormece,
O céu se estende em sombras ondulantes.
O medo jaz, disperso na quimera,
E o firmamento, em tons ressoantes,
Me sussurra um enigma que enaltece:
Sou parte viva da órbita eterna.
Soneto da Eternidade
Em cada passo, escrevo a minha história,
Gravando marcas pelo chão da vida,
Se o tempo apaga rastros na memória,
Meu nome fica, voz jamais contida.
Não busco glórias vãs que o vento leva,
Mas sim legado feito em chama ardente,
Quebrando as sombras, rasgo a noite em treva,
Pois sou farol em mar de alma descrente.
Se a morte um dia vier me desafiar,
Que leve o corpo, nunca o que forjei,
Pois quem constrói com fé há de ficar.
E assim, quando outros lerem o que eu sei,
Serei eterno em tudo o que criar,
E em cada mente livre, viverei.
Consulta Poética.
Bom, pelos seus relatos…
receito um soneto aos amores solitários
dipirona não resolveria o caso
então comecemos pelo dicionário
Vejamos… perdido? não, está aqui.
Quem sabe… Isolado? talvez, está só, também.
E se… Sim, esse! Poesia, a melhor definição
chama o médico que acabou o plantão.
E atrás da receita tem meu cartão
me chame se precisar… quem sabe
de instruções para sua nova criação
até mais, assinado: Paixão.
Soneto da Mulher Fácil
Quando estive disponível
era sobre não permanecer,
somente você não entendeu
que mulher fácil não existe.
Aquilo que nem começou
e nem nunca existiu era mais
sobre você do que sobre mim,
continuar não era o plano.
O teu ego te jogou no poço
do engano e quando você
se deu conta não estava mais ali.
Com quem só queria brincar
apenas permaneci orgulhosamente
no tempo da brincadeira terminar.
DISSONETO – SONETO DISSONANTE
Estou ouvindo o som da voz interior,
Eco silencioso quase mudo,
Notas tentando escapar ao exterior,
Luto para esconde-las do mundo.
Desafinadas encontram passagem,
Em altos trovões de gritos surdos,
Buscam em folhas calma paragem,
Entoar os segredos mais profundos.
E despertam da inércia a coragem,
Em sentimentos que não se medem,
No recitar da poesia mais louca,
Os versos dessa rima imperfeita,
Na musicalidade em voz rouca,
Dissonante a métrica perfeita!
Claudio Broliani
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