Soneto da Espera
Soneto das Lágrimas e Feridas
Quando busquei afeto, em dia tão cruel,
Recebi palavras duras, frias, sem alento,
Críticas cortantes, frias como o vento,
Ferindo a alma, amargando o papel.
Coração magoado, lágrimas quentes, mãos frias,
Boa noite num visor, gelado e distante,
Em prantos queimei velas, num clamor constante,
Soluçando à lua, em noites vazias.
Calei-me para dar-te voz, cedi aos teus caprichos,
Quis fazer parte, mas só encontrei distância,
Fechei os olhos aos teus deslizes, em relutância.
Perdi-me, murchei-me, dividi-me em fragmentos,
Deixei de lado meus desejos, apaguei-me no escuro,
Enquanto eu era um vulcão, eras apenas um fósforo
Soneto do Coração Ferido
Em meio às sombras, meu coração se parte,
Ecoam os gritos de um amor desfeito,
Cada lembrança crava, em mim, seu jeito,
E a dor se espalha, como fria arte.
Cicatrizes profundas, marcas que não somem,
Vozes do passado sussurram meu tormento,
Em lágrimas que vertem, meu desalento,
Revelam o silêncio que os sonhos consomem.
O peito dilacerado clama por paz,
Enquanto a saudade aperta, sem compaixão,
Sinto-me perdido, sem rumo, sem cais.
No abismo da dor, sigo a rastejar,
Sem saber se um dia haverá salvação,
Neste mar de tristeza, aprendo a lidar.
Soneto da Dor e Superação
Cansado de chorar, vago por migalhas de afeto,
Ajoelhado ao destino, em prantos e rezas, eu clamei,
Queimei velas aos deuses, por teu amor implorei,
Desfiei a lua em lágrimas, num gesto incerto.
Nas estrelas lancei a dor, por teu amor,
Desfiz-me em vários eus, para teu bem-estar,
Machucado em mil, pra te engrandecer, te elevar,
Feri-me, para poupar-te, ocultando meu temor.
Sorrisos camuflando tristezas, dei-te aos montes,
Desfiz-me para ganhar teus elogios e carinho,
Deixei de ser eu, tentando ser nós, montes.
Tantas vezes oprimindo a dor, busquei ser amado,
Encontrei desprezo onde esperava abrigo,
Das cinzas renasço, em mim mesmo, reencontrado.
PROCLAMAÇÃO
Vai, soneto atento, vai, poesia alada
verso de desejo, afetuoso e desperto
vai, que tu mesmo, num tom referto
há de difundir está alma apaixonada
Cumpre o pacto da atração sagrada
anunciando o poético compasso certo
criando rimas de sentimento coberto
dando ao cântico cadência iluminada
Diz-lhe que, velado de paixão, existo
um intenso ardor, pleno de sensação
deixando intenso sentimento previsto
Ó soneto, se o afiançar desta paixão
vive, e no significar se possa ter visto
então, proclame o amor em comunhão.
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
30 julho 2024, 16’09” – Araguari, MG
Soneto 3
Amor que queima em chama incandescente,
Que traz alegria, cuidado e tanto zelo,
Adrenalina intensa e um doce apelo,
Mas falta paz no peito, permanente.
És tudo o que desejo, fogo ardente,
Carinho que me envolve em terno selo,
Porém, não tenho paz no nosso enredo,
E a alma se debate, descontente.
Parto, pois preciso do sossego,
Embora meu amor por ti me inflame,
Sem paz, não há futuro que prospere.
Que o tempo cure a dor deste desapego,
E, em memórias, reste só o que é sublime,
Pois o amor, sem paz, não se profere.
Soneto da Eternidade
No manto azul da noite, o sonho invade,
Trazendo a paz de estrela cintilante,
O tempo se dissolve em eterno instante,
E o coração se acalma no leito da saudade.
Na voz do vento, ouço a eternidade,
Que sussurra segredo, calmante.
Enquanto o céu desenha, radiante,
A essência pura da imortalidade.
Na vastidão do ser profundo,
Mergulho em pensamentos infinitos,
Buscando a verdade além do mundo.
Pois sei que no silêncio dos aflitos,
Há um eco de luz que nos inunda,
E torna eternos nossos gritos.
Soneto da Vida Plena
Morre lentamente quem não viaja,
quem não lê, não ouve a música do ar,
quem não encontra graça em si, se apaga,
e ao amor-próprio, deixa de amar.
Morre lentamente quem se deixa escravo
do hábito, dos mesmos trajetos, fiel,
quem não muda a marca, não arrisca o novo,
ou não conversa com um estranho, cruel.
Morre lentamente quem faz da TV um guia,
quem evita a paixão e o mundo inteiro,
e prefere a certeza, a sombra fria.
Morre lentamente quem evita o mistério,
quem se queixa do destino, o tempo é traiçoeiro,
e abandona o sonho, antes de vê-lo inteiro.
UM AMOR MAIOR (soneto)
Depois que te beijei, depois, nada mais importou
notei que senti uma sensação que não tem preço
um sentimento, o melhor, que ainda não passou
e, palpita na emoção, se tem tanto, não conheço
Ternura intensa, viva, velada no abraço espesso
em um tom maior, que depois do súbito brotou
na fascinação do coração, no mais doce apreço
e nesta ventura és o versar poético que te dou
Depois que te beijei, depois, tudo é satisfação
sem você é saudade, que aperta, tão estreito
sentir, que invade a alma em uma louca paixão
de te querer, de estar junto a ti, é tão melhor
enredado assim, e com tão ardente candura
só depois que te beijei, senti um amor maior.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
13 abril, 2025, 14’34” – Araguari, MG
FRAQUEZA (soneto)
Se de novo à minha porta bater a ilusão
sorrateira, repetitiva, para o meu amor
hei de dizer-lhe toda a minha decepção
e o meu furor, como um gládio vingador
Já não instiga o fascínio da imaginação
cândida, pois outrora, sagaz foi a dor
dilacerante, fatiando a minha emoção
agora letarga, tal uma desfalecida flor
Mas, ai! há sussurro leve pela janela
d’alma, suspirando que nunca é tarde
pávido, enfrento-a, isto tudo é balela!
Oscilo... Vacilo... E sôfrego... perdido,
afrouxo ao coração como um covarde.
Pois amor pro amar nunca é esquecido.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
19 abril, 2025, 17’34” – Araguari, MG
REZA (soneto)
Eu vi a solidão... Escura e fria
Que no sentimento a sós ficara
E qual o motivo a sorte ignara
Não sei, sei que dói na poesia
Se mais sentia, mais dor escorria
Nos versos com desditosa cara
Cheio de sofrer, poetando para
Cada pesar, que a saudade trazia
O verso fluía e o choro chorava
Pudera neste folhetim literário
Ter prazer que a dita ignorava
Ah! como pudera! Sou sem sentido
Nem mesmo as súplicas no rosário
Me deu zelo pra que fosse querido.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
21 abril, 2025, 17’26” – Araguari, MG
*dia da morte do Papa Francisco
Soneto a Railene
Renova-se minh’alma em vosso vulto,
Ó luz formosa, olhar de doce alento,
Que, sendo simples, torna-se absoluto
E em mim derrama amor e encantamento.
Vossa morena tez, qual ouro oculto,
É chama que consome o pensamento;
Vosso corpo gentil, tão livre e culto,
É meu desejo e meu contentamento.
Se é vedado o amor que vos dedico,
Não há, porém, poder que o desfaleça,
Pois nele encontro o lume e o perigo.
Railene, vós sois minha fortaleza,
E ainda que me falte o bem mais rico,
Basta-me a vossa voz por natureza.
"Soneto breve à força"
Não te rendas à dor, amor meu,
nem ao peso sombrio das horas vazias.
Dentro de ti, arde um coração de fogo,
e nenhum inverno será capaz de extingui-lo.
Mesmo que a noite se feche sobre teus olhos,
e as pedras sangrem os teus pés cansados,
sê rio, sê raiz, sê espada, sê flor:
não te rendas, amor, não te rendas.
"Soneto do Amor Sem Medidas"
Amo-te assim, sem tempo e sem medida,
como a maré que se entrega à lua cheia.
Em teu silêncio, minha voz vagueia,
e, em teu olhar, vejo a luz da minha vida.
Sou teu no vento, na manhã erguida,
na rosa que, do inverno, ainda semeia.
És minha sede, a fonte que clareia
os becos escuros dessa alma ferida.
Não te amo como quem deseja posse ou nome,
mas como quem respira, sente e some
nas mãos daquilo que não se explica.
Amor que arde sem queimar o peito,
mas faz do mundo um verso mais perfeito,
onde o teu ser, no meu amor, habita.
Quis faróis, tens que visam Salvador,
Vai-se soneto branco chamuscado;
Falais aos caranguejos e saguis,
Imitantes atores às marés, areias,
Num traquear desolado Atlântico:
Vens lufada abrangente e Carioca;
Branda a lufar — se nós lufássemos
— que sejais samba, roda de pagode.
Baianos cativados contemplam
As areias, caranguejos na ciranda,
Até saguis em marés. A elite levanta
E sai do Monte Pascoal a ver samba:
— Que fazeis esses? Longe; aqui na Bahia?
—Esses, acampar-se-ão no Farol da Barra.
SONETO DE AMOR
E, foi assim, de repente, aconteceu
Com a alma alumiada, doce sentido
Aquela esperança, o olhar revestido
De poética, então, o amor apareceu
Pois, o sentimento já não era só meu
Fui de sensação e agrado aspergido
Em um lirismo de outrora perdido
E agora, tão apaixonado, e tão seu
Não me envergonha ser acometido
De sentimental coração, enamorado
Cheio de ardor, que por ti, enchido
Um relicário que no peito faz suspirar
Tão intenso, vibrante e compassado...
Bom. Como é tocante poder te amar!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
14 setembro, 2022, 21’04” – Araguari, MG
Soneto à Morte do Conde Orgaz -
Lá longe, mais além, onde não vejo ninguém,
existe um préstito funéreo
a que minh'Alma se prende, porque contém,
um profundo olhar etéreo ...
Vão muitos a sepultar, entre lúgubres caminhos,
D. Gonzallo de Tolledo, Senhor da Vila de Orgaz.
"Óh morte, quando é que também me vestes...?" Assim diz, o Poeta-Conde, Senhor da vila de Monsaraz!
E em hora derradeira ouve-se uma voz sem Paz:
Não há ninguém que me conforte,
oiço ainda o Vento chorar trágico e forte!
E tanta gente se vê nos funebres chorões do seu caminho
a abrir com lágrimas de morte, um qualquer destino,
para aquele que foi outrora o Conde de Orgaz!
(Soneto que nasce da belissima Tela do Pintor El Greco em que o tema principal é a morte e enterro do Conde Orgaz.)
Soneto, “fim de aventura”
— Repentinamente a alegria transformou em entristecimento
— O riso converteu em lamento,
— Surgiram lágrimas e abatimento
— Momentaneamente, o que era paz, se transformou em tormento
— Inesperadamente;
— Na expressão extinguiu a luminosidade
— O afeto converteu em incerteza, não havia mais tanta clareza
— Os encontros converteram em preocupações, já não faziam diferença!
— inusitadamente;
— A solidão se fez presente,
— habitou o coração
— A vida, perdeu o sentido, naquela aventura que estava vivendo.
— Aquela fantasia, perdeu a razão, senti estar sofrendo.
— Imprevistamente, o vento levou, terminou!
Rosely Meirelles
SONETO PLATÔNICO
Por eu saber que nunca serei teu tema
permita que te diga algo, poeticamente
por tímido ser, deixo no acaso reticente
suceder cândidas juras, través do poema
Não me queira mal, neste frouxo dilema
pois, não sabes que te amo loucamente
e que de teu doce olhar sou confidente
e servo, com o coração eivado de selema
O meu verso está cheio de ti, adorativo
Imagina-te, vive com fascínio pensativo
Em cada cântico uma ode a lhe compor
E, se sorris olhando-me inteiramente
Parece-me que estás a ris unicamente
Por supor que nunca serei de ti, amor...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
18 setembro, 2022, 15’41” – Araguari, MG
“Soneto despedida, sem adeus”
— À momentos que julgo minh’alma despovoada
— No instante que a saudade aperta
— Sinto-me desprotegida, a vagar
— Não é um lugar que eu gostaria de estar
— Me vejo caminhando sozinha num deserto, sem ter você por perto
— Na escassez de tuas carícias
— O frio me visita, as noites parecem contraditórias
— Não sei como bloquear você de minha memória
— Espero que o tempo venha acomodar esse louco sentimento.
— Alinhar essa história, trazer sossego e alento, paz e contento
— Necessito dessa ordenança, não ter a mente vagando nessa contradança
— Você chegou radiante, feito o amanhecer.
— Brilhou…me amou, e partiu!
— Se foi, como um melancólico entardecer e nem se despediu!
Rosely Meirelles
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