Soneto 18
DESENCANTO (soneto)
Muitas vezes trovei os amores idos
Chorando o desalento e desventura
No engano, numa lira feroz e impura
De infelicidade, o vazio dos sentidos
E nesses instantes sofridos, convertidos
Cada lágrima escrita era de amargura
Com rimas sem resolução e tão escura
Soando a alma com cânticos gemidos
E se tentava acalmar com justificação
Mais saudoso ficava o árduo coração
Que se enganava querendo encanto
E, sussurrando, num afiado suspiro
Os versos que feriam, tal um tiro
O amor, eclodiam do desencanto
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30/07/2020 – Triângulo Mineiro
Mal secreto (soneto)
Se o vazio que sente, na saudade que mora
No peito, e sufoca cada gesto recordado
Cada olhar do passado, que a dor devora
Pouco será a imensidão do vasto cerrado
Pra que se possa ecoar tal tristura sonora
A sensação que chora, e a lágrima da face
Que escorre, e que chameja a toda hora
Na recordação, sem que haja desenlace
Se se pudesse, do ser a ventura recrear
Da alma só felicidade então aí dimanar
Tudo seria melhor neste amor inquieto
Mas, está cólera que espuma, e jorra
Da ausência, e a solidão que desforra
Nos cala, e estampa um mal secreto...
(2020, 01 de agosto)
A MORTE DAS VIOLETAS (soneto)
No vaso floreado de variada cor
De suave frescor e delicada trama
Cheias de viço e aveludada rama
Desabrocham as violetas em flor
Pouco estar, e de fugaz esplendor
No seu breve e infortunado drama
Enlanguescida, ela, curva e acama
Tal aos pés da sofrência a fatal dor
E vai perdendo o regalo a violeta
Aos amuos do tempo, ali funesto
Num despojo final, e última reta
E, desbotada e então tombada
Épica, em um derradeiro gesto
Mortal, a violeta se vê imolada
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
02 de agosto, 2016 – Triângulo Mineiro
SONETO SEM SONO
Tarde da noite. Ao meu leito me abrigo
Meu Deus! E está insônia! Que conversa
Morde-me o pensamento, e tão perversa
Numa flameja que acorda, tal um castigo
Meia noite. E o silêncio também versa
Tento fechar o ferrolho, e não consigo
Da espertina. E assim impaciente sigo
Olho pro teto, numa quietude inversa
Esforços faço, remexo, me envieso
Disperso, nada! O sono se concreta
E o meu fastio já se encontra farto
Pego no devaneio, e o olhar ali reteso
Arregalado, e nesta apertura secreta
Fico ancorado neste túrbido quarto
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
05/08/2020 – Triângulo Mineiro
copyright © Todos os direitos reservados.
Se copiar citar a autoria – Luciano Spagnol
A ESCULTURA (soneto)
Idealizada, em traços no pó de mármor
Num luzidio de inspiração e de talento
Nas minúcias de fêmea em movimento
Fixas em forma rara, de delicado primor
Transpirando volúpia, vida e portento
Do pó de pedra forjada com tenro amor
Surge a forma e, prostrada em fomento
Abrigo imortal, num cendal esplendor
Do albor da imaginação, dos desejos
Surge assim esquia e férteis latejos
Ante a estátua feita, minha ovação
E o espanto avido do meu espreitar
Põe a beleza e delicadeza no olhar
Dela, a escultura amoldada a mão
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
06/08/2020, 11’41” – Triângulo Mineiro
Inspirada na escultura de Eliete Cunha Costa
Chega de saudade
Ame em paz, conjugue o verbo no infinitivo...
Chegue, fale o soneto do amor maior.
Veja você, a ternura do amor que quer voltar (tomara)
E, pela luz dos olhos teus, cante o amor, que chegou.
Não ame sozinho
Chega de saudade.
SONETO DE LEMBRANÇAS
Descrevendo o passado
De tudo que foi vivido
Que nada seja esquecido
Tudo será lembrado.
Talvez numa simples poesia
Deixando tudo guardado
Quem sabe se algum dia
Conheçam o meu passado.
Cada canto tinha sabor
Trazia aquele cheiro
Como se fosse flor.
Tudo está tão ausente
Mas nada será esquecido
Fica guardado na mente.
Irá Rodrigues
Santo Estevão-BA
SONETO DA PAZ
Bendita seja a oração
Palavras que nos traz
Ouvindo com o coração
Trazendo a nossa paz.
Esse nobre sentimento
Embevecido na canção
Eleva a alma e o coração
Ao Senhor pedimos proteção.
Queremos paz e harmonia
Em nosso interior
Com fé em Nosso Senhor.
Esse amor que traz energia
Enviado por Jesus
Nosso guia e nossa luz...
Irá Rodrigues
Santo Estevão-BA
SONETO DE AMOR
Quero-te comigo, desde o primeiro olhar
E te quero, simples assim, desde a primeira canção
Quero-te comigo, onde conjuga o verbo amar
Desde que invadiu meu coração.
Quero-te comigo, com o sorriso de sempre
Nas noites de lua cheia, das loucuras eternas
Pela vida inteira, nos sonhos da gente
Pois quero-te comigo, nas noites sinceras.
Quero-te amor, nos versos da canção
Que perpetuarão para sempre
Em meu mais puro coração.
Quero-te amor, mesmo se pensar em fracassar
Pois desde o primeiro dia
É com você que eu quero ficar.
LIBERTINA (soneto)
Recordo, ao ler-te, as épocas sombrias
Ó escura poesia, de outrora, tão torta
À inspiração, lasciva, e da alegria morta
E em tuas trovas, as vis sensações frias...
Simetria e rimas, nas fantasias vadias
Enroupadas, pária de Suburra à porta
E a impudicícia em tuas linhas, absorta
Acabrunhando o decoro nas ousadias
Ó nuvioso e tristonho cântico em ruína
Na esquina pesada, tendo a fonte impura
Do lampejo, na qual se traje de Messalina
Tu, prosa descarada, sem amável ternura
Sem o amor, traindo a mão na sua rotina
Libertina, que ao poético só traz amargura
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
14/03/2020, 04’59” - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
SONETO PLENO
Amando, soando o coração, mão nervosa
Suspira. A emoção sai da poesia, excitada
E toma-lhe, a palpitar, a prosa apaixonada
Em uma inspiração com estrofe carinhosa
Tenta a ideia romântica: verseja com rosa
Inspira. E a rima, assim, do amor é retirada
Com afeto em que o desejo brota do nada
Seduzindo a trova numa louvação gloriosa
Pega o pensamento, doma a ode em cena
De satisfação, liberta as palavras apertadas
Na solidão, e as busca da sensação secreta
E, assim, tão profundo, no delírio do poeta
Em gritos de triunfo, e clausulas douradas
Ao pé do mundo, confessa a sua obra plena...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
15/03/2020, 06’36”- Cerrado goiano
Olavobilaquiando
Soneto
A saudade
É a sala da solidão;
É uma lembrança de quem partiu para a eternidade;
É lembrar de alguém que passou pela sua vida;
É a dor da despedida;
É uma vontade de rever quem não está perto;
É como um grito no deserto;
É lembrar de tudo que passou;
É um aperto no coração;
É peso da cruz;
É o momento de conversar com Jesus;
É chorar em silêncio;
É acordar e não dormir;
É um vazio cheio de emoção;
É transbordar pelos olhos o que encheu o coração;
poeta Adailton
ÁGUAS DE MARÇO (soneto)
Na tarde do cerrado, tarde de chuvarada
A vida, arfa das quaresmeiras o perfume
Lilás, exalando aroma em um tal volume
Espalhando pelo chão nuance desbotada
Na tarde tropical, de quaresma, o lume
Do dia, é embaçado, e a ventania riçada
O ar, a criação, e a flora toda ela calada
A hera faz que os pingos d’água espume
O silêncio é partido pelo grito da seriema
Num guincho alto de estalo e esto triste
Melando o peito com melancolia extrema
A tarde vai, num entardecer onde insiste
A chuva, quase em pranto, sem dilema
Pois, nas águas de março, poética existe!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
17/03/2026, 17'15" - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
APARTE (soneto)
Amo.... Vejo elevado o coração que ama
Todo o êxito, fé, que tem a relação boa
Alberga-o a glória, e a imaginação voa
Todo o afeto que na sensação chama
Amar.... É o princípio que não atraiçoa
Do ramalhete, a rosa, da rosa sua rama
Se tem os espinhos, suplante o drama
Pois no afeto, sabe bem quem perdoa
E o que fazer para ser como um amado?
Ame! assim feliz estará com o seu amor
Seu o senso! o outro somente agregado
Então, não se preocupe com seu dispor
Disponha! Terá sempre o tal apropriado
Que com os olhos do agrado, dará valor!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
18/03/2026, 14'53" - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
EMOÇÃO VAZIA (soneto)
Solitária, no silêncio do cerrado, um dia
A inspiração, acorda em um aflito apelo
Sente o falto e o logro num só pesadelo
E sua trova no nada suspirava e restrugia
Torvo o sentimento, tal qual um novelo
Sentiu, que palavras ali não mais havia
E que a sua devoção estava despida e fria
A paz e o acaso sem voz, o senso um gelo
Era o vão, a eversão do caos no ceticismo
Do amor, em um desapego tão profundo
A sensação estava largada em um abismo
E no talvez de um poetar com harmonia
Teve poema trapilho, pobre e moribundo
E o revés em maldição da emoção vazia!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
19/03/2026, 06'56" - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
NARRATIVA (soneto)
Ah! quem nos dera diferente ser, porvir
Inda nos perdoasse! Ah! quem nos dera
Que inda juntos pudéssemos mais sorrir
Ver o pôr do sol e o florir da primavera
Vivíamos com a leveza do simples sentir
E os dias eram longos e felizes cada era
Narrávamos as horas no prazer de existir:
- os beijos, os olhares, restam na quimera
E, no coração, a lembrança que implora
E em cada suspiro a saudade que palpita
E de visita o teu cheiro na difícil memória
Ah! tão sem glória ver tudo isso ir embora
O querer chora, e o amor não mais acredita
Outrora contíguo... e agora, nossa história!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
22/03/2020, 04’49” - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
SEM JURA (soneto)
Nesse poetar sofrido e atado
Refúgio da minha desventura
Usando o trovar como mísula
Nada consola ou é consolado
A dor doída é sem o agrado
E o coração sem ter ternura
É um verso com amargura
E que no peito é mastigado
A voz da falta, nele falando
Reluz com sofrer em gritos
E que na saudade murmura
E, porque ficar blasfemando
Então, com os versos aflitos
Se já não mais existe, jura!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
22/03/2020, 12’23” - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
SONETO EM SILÊNCIO
Este é o azarado malfeito no amor
Que os sonhos afoga na garganta
E, solitariamente, vive no dissabor
Aos olhares outros nunca encanta
Deixado, no escuro e sem assessor
Vaga. E, ao cabo de solidão tanta
No desejo pouco coexistiu amador
E com o tempo o vazio só agiganta
Coração deserto, lágrimas e pranto
O silêncio no peito é um pesar tonto
E aos lábios frios a carência acaricia
Num beijo sem calor e sem manto
Onde está sensação é sem pesponto
E a emoção sem apaixonada poesia
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
23/03/2020, 06’45” - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
SINO DOS PASSOS (soneto)
No sertão do cerrado um sino canta
15 horas, um sino num dobre triste
Canta... evocando os Passos aluíste
Do Senhor. Reclinai-vos é hora santa
Um sino canta... A alma no crer levanta
E ao vento soando em um dobre insiste
O canto solitário, que no tempo resiste
Em prece e o testemunho que encanta
Ao longe, num ar sombrio, arde o sino
Chora, e agradece com seus compassos
E o céu se cobre com o repicar em hino
E nesta hora de fé, ao chão os fracassos
Nossos, e o perdão ao nosso Pai Divino
No campanário, soa o sino dos Passos!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
23/03/2020, 15’20” - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
O AMADOR (soneto)
Ser-se amante é ser-se abundante
(- ou mais do que generoso talvez)
É doar-se em lealdade tão gigante
E pôr-se ao total dispor na validez
É olhar com um afeto importante
Ciente de ser mais que uma vez
Ao qual cada beijo é sussurrante
E o amor, então, cheio de vividez
É saber que o ardor nos consome
A sede, do querer, saciada no bem
Rir, cantar, e ter o escolhido nome
É acertar no que não nos faz refém
Que nos detém! e ter do outro fome
Porque a gente ama, e quer ir além...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
24/03/2020, 14’01” - Cerrado goiano
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