Soneto 12

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Cantemos pois (fragmento dos Três Contos)

Trôpego à esmo em labirínticas vielas.
Corpo em espasmos devido à frialdade.
Pensamentos inconsistentes à realidade,
São lindas pinturas de feias aquarelas.

São olhos que vêem qual anjo o algoz.
O qual tece a arte tão bem aceita,
"se há o plantio tem de haver a colheita ",
E deixam aos deuses a vergonha por nós.

E choram um brado de ignota agonia.
Se sofrem é de uma mental patologia.
Prefiro a poesia que há no caixão.

Deita ao lixo tua bela sinfonia.
Guarda teu canto, amante da hipocrisia.
Chegada é a hora de cantarmos podridão.

Versos Podres - fragmento dos Três Contos

Quão podres são estes meus versos,
Que quando os recito me vêm ânsias de vômito.
Após o término revivo atônito,
Outrora felizes, momentos perversos.

Me vêm à tona pensamentos submersos,
Estando desperto ou num sonho cômico,
Peço mais um litro de meu forte tônico.
Nos meios que busco tenho resultados inversos.

E o quanto peço, e à quem peço nem sei mais.
Vejo-me abandonado em labirintos desconexos.
Não sou ator e nem participo de meios teatrais.

E me acho nestes sonhos não-complexos,
Pesaroso pelos sonhos não serem reais.
E constato quão podres são estes meus versos.

VISÃO

No cerrado vi um peão a toda brida
Pelos cascalhados da árida estrada
Do meu sonho não entendia nada
Se eu estava na morte ou na vida

Entre folhas ressequidas, adormecida
Uma caliandra, sendo colhida por fada
Em cachos, no beiral da lua prateada
Numa tal tenra pálida beleza já vencida

E nesta ilusão a ele fiz uma chamada
Vós estás de chegada ou de partida?
O tal peão, O Tempo, de sua cruzada

Respondeu: não tenho alguma parada
Levo comigo o podão de toda a vida
A caliandra colhida, é tua infância perdida.

DIA DOS AVÓS

Vovô e vovó, seu dia

Hoje o dia é de amor dobrado
É colo de infinita sabedoria
Nos nossos dengos parceria
Vovô e vovó, aqui destacado

Eles, pelo amor tudo renuncia
Ao inteiro dispor do neto amado
Queridos de um afeto açucarado
Em nossas vidas, acolhedora alegria

Como pode ter tanto amor guardado
Neste duplo coração, uno, de magia
Que levamos na lembrança amainado

Vovós, na proteção duplicada, folia
No seu reino o netinho faz reinado
Deste amor geminado com garantia

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

CONFISSÃO

Perdoa, pelos tantos erros perpetrado
Pela omissão que em mim acaso calei
A confissão que na falta não confessei
Num tal medo do ser réu no ser culpado

Perdão, se dos enganos eu pouco falei
Quando o silêncio tinha de ser quebrado
E a confidência na confiança ter selado
Mas, na insegurança a coragem hesitei

Na utopia do outro que era equivocado
Levei a ilusão de que ser manhoso é rei
E que num novo dia novo renascia o fado

Se, cedo ou tarde, confesso que errei
Às tantas palavras, se foram desagrado
Perdoa, a nímia mácula que eu causei

Luciano Spagnol
Julho, final, 2016
Cerrado goiano

ALVORADA NO CERRADO (outono)

O vento árido contorna o cerrado
Entre tortos galhos e a seca folha
Cascalhado, assim, o chão assolha
No horizonte o sol nasce alvorado

Corado o céu põe a treva na encolha
Os buritis se retorcem de lado a lado
Qual aceno no talo por eles ofertado
Em reverência a estação da desfolha

Canta o João de barro no seu telhado
É o amanhecer pelo sertão anunciado
Em um bordão de gratidão ao outono

A noite desmaia no dia despertado
Acorda a vida do leito consagrado
É a alvorada do cerrado no seu trono

Luciano Spagnol
Agosto/ 2016
Cerrado goiano

AMOR PERFEITO

Vai majestade,
Amor. Busca o sentimento
O tempo é velocidade
E o querer argumento.

Como quiseres
o prazer,
Mas que seja pra teres
pra valer.
E,
Se cansares
Não venhas com lembranças subverter.

Se acaso não se acertar
Volte!
Vário é o lugar
Da saudade se solte
Pois tu amor, foi feito pra amar...

E a dor, chore!
Tudo passa, passará...
Não é preciso que implore
O que está escrito, estará
Amado perfeito... Folclore.
Viva e verá!

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, abril, 25
Cerrado goiano

DE POESIA EU PRECISO

De poesia é o que eu preciso
Da tua quimera e mais nada
Galgar a rota de sua escada
Sem vestir-se do ser narciso

A poesia é muito mais amada
Prazer d'alma, pouco ao juízo
Volteios de ilusão no paraíso
Da ficção, com lira misturada

Só preciso de poesia, teu guizo
Inspiração, silêncio, a tua pitada
Cheios de acordes e improviso

Poesia é tal qual uma estrada
Do fado vendado e impreciso
Que nasce da faúlha inspirada
(de poesia eu preciso!...)

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano

CHEIRO DE CERRADO

Quando a alvorada chegou, eu fui a janela
Sentei-me. O horizonte abriu, a vida arfava
Eu, ao vento, atraído, a essa hora admirava
E estaquei, vendo-a esplendorosa e bela

Era o cerrado, era a diversidade em fava
Céu róseo um mimo! A arder como vela
De pureza singela tal qual uma donzela
Que hipnotizava a alma, eu, observava

Então me perdi no perfume que exalava
O olhar velava com pasmo e com tutela
Aí, hauri toda a essência que fulgurava

E agora, fugaz, lembrando ainda dela
Sinto o cheiro, que na memória trava
Da alvorada do cerrado vista da janela

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano

Aos pais ausentes.
Feliz Dia dos Pais, aos presentes.

A voz do meu pai.

A voz do meu pai, hoje é em tons de recordação
Aglutinadas na falta do eco de tua presença
Em suspiros de tua toada rija, suave fustão
Que acariciaram e fremiram em defensa

O quanto lidaram, e dos justos a tua razão
Velho pai, a tua voz jaze na lástima intensa
Nas lembranças agonia acridoce no coração
E, no entardecer do cerrado, a renascença

Pois havia na tua voz sim e também não
Que agora na vida nos dá a recompensa
Do teu jeito forte e para sempre lição

Tal contra o vento árido, a nostalgia prensa
A tua voz, levada como folhas da estação
E na saudade, uma eterna saudade imensa.

AMADOR SEM COISA AMADA

Ando no cerrado sem coisa amada
No coração um eco de um amador
Que atroa pela emoção tão atada
A solidão, que se dissolve em dor

Se me quiser, não me traga cilada
Ou então me deixe imoto por favor
De tédio a alma já se acha calada
E o olhar, no chão, cheio de travor

Quando a ventura fica embaciada
A sorte se enche de um tal pavor
E a sensação fica toda prostrada

E no amador sem a coisa amada
Sou um apaixonado aonde eu for
Aprendiz, buscando está jornada

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Setembro, 2017
Cerrado goiano

PAIXÕES

Amores, latejo em ti, nas saudades, por onde
Estive! e sou estórias, e rasto, e madrugadas
E, em recordações, o meu coração responde
Num clamor tal ao vendaval e folhas levadas

Daqui do cerrado, e teus cipós, e tua fronde
Gorjeiam as melodias, e desenham estradas
Na memória, onde, além, o passado esconde
Da pressa, e as doces perfumadas alvoradas

Recordo, choro em pranto, eram dias felizes
No prazer, tal uma flor, de ti, pimpo e exulto
E eu, suspirando, poeto loas com cicatrizes

Tu golpeada e finda, - e eu fremirei sepulto:
E o meu silêncio cravado, em vão, tal raízes
Se estorcerão em dor, penando sem indulto.

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

novembro

a nuvem de chuva está prenha
a lua na noite longa enche de luz
novembro, aos ventos, ordenha
amareladas folhas que nos seduz

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
novembro de 2016
Cerrado goiano

⁠ESPERAR

Não mais te darei o canto do amor tanto
E nem tão pouco a sensação por te amar
Siga-te no teu canto, quieto, e, portanto,
Permita-me idear na poética, e devanear...

Não mais te darei aquele desejo, encanto
Nem acalanto. Pois, a mim torou-se pesar
Fique aí, por aí... no teu qualquer recanto
Onde os versos não possam te encontrar...

Desejo-te mais e mais, e estar, bem mais
Pois cá, o meu coração tá cheio de canção
Esperar? Minh’alma saiu da beira do cais...

Largais o tempo, se foi, agora outra razão
As rosas marcadas de paixão, aquelas tais
Não mais. Te amar, somente na inspiração...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
04/09/2021, 19’45” – Araguari, MG

⁠Já ouvi do amor mil promessas
e compartilhei minhas esperanças
entre as penas de duras andanças
e as desgraças de vis remessas.
Promessas de fidedigna pureza,
tenros dias, cálidas madrugadas
Dores remotas, ledices abafadas,
toda mofina e nenhuma riqueza!
Hei vingar-me desse tal amor,
amando sem amor e sem glória.
Hei vingar-me de todo estupor
que é fruto da impoluta vitória
da esperança vazia de rancor,
amando sempre a cada história.

Inserida por Prijivus

⁠DESENCONTRO
"É tão triste
A alma poetisa
encontrar
um coração analfabeto!
A rima treme nos lábios
Engasga poema no peito
Agoniza quadra discreta
Morre e vira soneto.
Num livro. "

(O sepulcro predileto.)

Inserida por LoriDamm


Amor que arde no peito
Na madrugada clama desejo
Em amar e querer um beijo
Uma paixão e fantasia do ímpeto

Da plenitude excessiva do amor
Provocada intensa explosão
Implora à súplica ao coração
Num despertar sem pudor

Na loucura da alma
Aprisionada pela paixão
No jogo da sedução

Com impulso desenfreado
Que ansia o vigor
Do amor Com ardor
@zeni .poeta

Inserida por zeni_maria

⁠A fé que temos

A fé que temos nos conforta
E é isso que a nós importa
Ela esta entre todos os povos
Entre os seres velhos e novos

O mistério da fé que cada um tem
Independem do símbolo que usa
Independem da imagem também
Porque todos têm a sua causa

Não há nicho de fé superior ao outro
Pois, cada cultura tem sua crença
Há quem vê a fé até um no outro...

Mas, nem tudo se é como se pensa
Porque cada ser em si lapida seu ouro
E é nisso que a fé faz a diferença!

Inserida por marialu_t_snishimura

ODE AOS APAIXONADOS


a paixão é tudo aquilo que você desejou e não aconteceu

é o sonho interrompido
a conquista que não cedeu
o beijo não ocorrido
tudo que nasceu e não sobreviveu
é feito droga nociva que satisfaz um momento
é o medo
a adrenalinaem pequenos fragmentos
é o prazer pela dor
todos os sete pecados com uma pitada de sofrimento
a versão da história que gostaria de contar
a palavra não dita numa discussão
a pergunta sem resposta
o que sempre quis dizer
o não que quis dizer sim
o que faltou acontecer
o que sequer deixou ser

é o clímax
é o suspense
é o mistério
aquilo que não se sabe
aquilo que não se abre

é a criança perdida numa loja de brinquedos
egoísta feito um segredo

é o sorvete que derramou
o gol que não marcou
é tudo que não houve
é tudo que não coube
é o que deixou subentendido
o que deixou sua essência

e por não ter havido ponto final
se fará para sempre reticências

Inserida por FelipeAzevedo942

⁠A ESQUINA

sobre o vislumbre noturno, o anoitecer enobrece ao terno luar,
e as estrelas fazem um espetáculo para atrair o teu encanto.
o pincel que corre sobre tuas curvas
perpetram tuas cores abrolhando de teu manto,
e na fortuita esquina que se descobrira,
o brilho era volvido apenas para que tua figura fosse ressalvada.
foi então por teu imo minha coadjuvante,
esmero pela natureza, esta soturna melodia que lhe coubera
poderia ser ouvida até nos firmamentos.
esta beleza dissonante virou canção até para os desalentos ,
para cada olhar, uma penitência, cada beijo, um desejo,
cada tato, um pecado.
umvoz que aprecio bem, não porque era bela,
mas porque era tua.
diante daquele velho asfalto cinzento da rua que vivi,
logo passou a ser reluzir ,
porque quando chamava meu nome,
já me pegava a sorrir,
não porque era meu,
mas porque já passou a ser teu .

Inserida por FelipeAzevedo942

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