Solidão
Se você consegue viver bem alguns dias sozinho, é porque provavelmente, em outros momentos, no meio disso, você vive em intervalos de companhias.
Palco
Para R. R. F.
Sob a luz dos refletores sinto-me
como um ator ciente do papel,
faço tagarelices, apronto um escarcéu,
vou falando verdades enquanto minto.
A roupa larga, o sapato arrebitado,
o nariz vermelho como um tomate maduro,
esqueço o palco e mergulho no escuro,
dou cambalhotas e piruetas de palhaço.
Transpiro tinta por todos os poros,
faço da máscara a triste realidade
e a criançada numa explosão palpita. . .
E eu, que faço chorar de alegria
na ilusão do brilho de um palco,
choro sozinho no camarim da vida!
in : "Momentos"
O mar já falou com você?
...
Hoje ele falou comigo
Sussurros como cânticos
Ele me chamava a cada onda
Era tão aconchegante
Me puxava sutilmente
Me convencendo a ir mais fundo
Quase me deixei levar
Ele cantava baixinho, só para eu ouvir
“ vem... vem.
Mais perto... mais fundo.
Sinta-me... mais... mais.
Não vai doer... eu prometo.”
Quase cedi.
Eu quis tanto, tanto ceder.
Só aquele que tem depressão sabe como é difícil na inação, matar um leão com as próprias mãos, com medo e na solidão.
Sr. Sorriso
Vou te mostrar o melhor de mim e embora você possa presenciar o meu pior, eu nunca vou deixar de sorrir para você.
Você nunca vai me ver chorar e você nunca vai saber que estive ou que estou triste.
Pode me magoar, você não vai me machucar e eu vou deixar você saber porque, eu vou sorrir para você.
SONETO INDIGENTE
Na entranha dos poemas tenebrosos
O silêncio parece ter palpitante vida
E a solidão, sobre a poética refletida
Traz ocos e sentimentos impetuosos
Pela sofrência, em salmos lamuriosos
Sussurra a prosa em uma rima sentida
E a versificação senti tão enternecida
Os cânticos rumorejantes e vultuosos
Em odes sombrias, a privação, o pesar
Ah! soneto indigente, deixai-me livrar
Da situação importuna que tempestua
Priva-me do verso esfolado, crucificado
A aflição, as matinadas, de um passado
Que suspiram na poesia sibilante e nua!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
Maio, 16/2022, 18’16” – Araguari, MG
Pensar é premeditar fantasias e realizar energias.
A prisão não são as grades,
as vezes você pode ser livre e preso dentro de você mesmo.
Talvez eu pediria você de volta para a estrela cadente, ou para o gênio da lâmpada, ou para a fada madrinha, ou para a feiticeira, enfim, para todas as superstições que existem. Mas eu já pedi muitas vezes e elas não trazem de volta ou que nunca existiu. Se você viessem me amando seria novidade e não retorno. Posso mudar o pedido: "Que ele me ame de verdade". Porém, mendigar amor já é vergonhoso, imagina usar forças sobrenaturais para tal feito - vergonha sobrenatural -.
CHORAR BAIXINHO...
Morreu. Vestiu-se de negro o sentimento
entre as lembranças as muitas, as penosas
dando um aperto do que foi um dia alento
hoje só tristuras nas recordações dolorosas
Má sorte! Como dói o afeto que foi ao vento
ao relento, o olhar afligi agonias silenciosas
ó ilusão, então, me tira deste tal sofrimento
balsama minh’alma com perfumes de rosas
Aliviando, assim, essa fúnebre infelicidade
pense na sensação de ferir-se com espinho
desolado pelos pensamentos de saudade...
Se este amor está morto, sem um carinho
um abraço, o laço, e não mais restou nada
então, deixe meu coração chorar baixinho! ...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
15/03/2021, 14’07” – Araguari, MG
Rumo
Ando sem rumo
Triste e sozinho
Sem ninguém para contar
Ninguém para chamar de amigo
Esses dias estão sendo difíceis
Escondo-me debaixo de uma máscara
Para que ninguém saiba o quão triste estou.
Sou tão ingrata. Egoísta.
Tenho tanto mas não tenho nada.
Sou pobre de alma e espírito.
Sou um vasto nada em meio a um completo desespero de tudo.
Solitude não é um estado de quem está só, porque não tem ninguém. Solitude não é um sentimento de carência, isso se chama solidão. A solitude é algo completamente diferente, é espiritual, é cósmia. A solitude a conexão direta com a Inteligência Suprema. É o silêncio da alma pra ouvir seu Criador. Solitude é quando a alma quer falar, de alma pra alma, de coração pra coração, e não apenas da boca pra fora.
Decidir me afastar de tudo e todos que não me faziam mais bem, aprendi que no final sempre vai ser eu por mim, e que nem sempre amizade é essencial para se viver a vida.
E que a vida é constituída primeiro pelo amor próprio antes de qualquer coisa.
Nem sempre amigo, família e conhecidos vai te trazer felicidades, por isso aprenda a curtir sua jornada sozinho daí você verá o quanto é bom ser feliz sem depender de alguém.
Muitas vezes na caminhada
já em passos bem cansados
segue o viajante que divaga
sobre o que lá atrás há deixado
Seu coração pede aconchego
está quase desistindo de lutar
mas a vida manda- lhe um adrego
encontra sempre um jeito de se adaptar
Adapta-se à lágrima e à dor
consegue até dar algum sorriso
sem saber que foi Deus, o Criador,
que lhe mandou tudo que foi preciso
Segue então de novo seu caminho
muitas vezes sem ter mais a solidão
pois encontrou quem lhe dê carinho
seja um amor ou um abraço de irmão
***Adrego : acaso ou casualidade
Abrindo Caminho
O estrada tem uma pedra
E um pouco de espinho
Um esforço que se arreda
Abriras o caminho
Não tem humidade no chão!
A solidão é obscura!
Tristeza que não tem cura?
E a rosa do sertão?
Como fugir do tormenta
Sem nenhuma ferramenta
Enxergar uma tramela
Sente-se e reze uma prece
A escuridão desaparece
Sem que haja vela.
Ademir Missias fev/21
