Sobra Covardia e falta Coragem

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somewhere i have never travelled,gladly beyond
any experience,your eyes have their silence:
in your most frail gesture are things which enclose me,
or which i cannot touch because they are too near

your slightest look easily will unclose me
though i have closed myself as fingers,
you open always petal by petal myself as Spring opens
(touching skilfully,mysteriously)her first rose

or if your wish be to close me, i and
my life will shut very beautifully ,suddenly,
as when the heart of this flower imagines
the snow carefully everywhere descending;

nothing which we are to perceive in this world equals
the power of your intense fragility:whose texture
compels me with the color of its countries,
rendering death and forever with each breathing

(i do not know what it is about you that closes
and opens;only something in me understands
the voice of your eyes is deeper than all roses)
nobody,not even the rain,has such small hands

i ( abe ) mó
v
e ( lha ) l
você ( n
a ) está ( ú
nica )
dorm ( rosa ) indo

Na janela em frente
uma criança sorri -
falta-lhe um dente

Quando se apela ao talento, é porque falta a imaginação.

Em matéria de revolta, antepassados é coisa que não falta a ninguém.

Vir a morte e levar-nos. E não fazermos falta a ninguém. Nem a nós. Que outra vida mais perfeita?.

Vergílio Ferreira
FERREIRA, V., Pensar, 1992

O tempo apenas falta a quem não sabe aproveitá-lo.

Quando temos muita luz, admiramo-nos pouco; mas, quando ela nos falta, acontece o mesmo.

Quem ama a áurea moderação, / seguramente não sente falta da desolação do vil abrigo, / nem do esplendor frugal do palácio invejado.

À falta da virtude, a fealdade é já meio caminho andado.

Aquele que não precisa de nada, tudo lhe falta.

Aquele a quem falta demasiado o pão de todos os dias deixa de apreciar o pão eterno.

E virá um dia em que nos falta uma única coisa e não é o objecto do nosso desejo, mas o desejo.

Tenho, mas não é meu.

Às vezes, na vida, a gente experimenta
Tão forte desejar alguma coisa,
Que parece que na nossa alma,
Este Desejo tem sabor de Saudade.
Como se quiséssemos algo que,
Na verdade, sempre foi nosso.

O nome disto é Propósito.
A necessidade de um certo fazer
Que bate no nosso peito
Antes mesmo de termos o coração formado.

Com a palavra,
Alice Coragem.

Inserida por alicecoragem

Propósito

Eu vou usar tudo que tenho em mim,
todas as minhas ferramentas de comunicação,
toda minha arte,
só pra você se ouvir.

O meu propósito não é falar.
O meu propósito é você se ouvir:
Existe, para além dessa nossa existência tacanha,
uma perfeita Poesia invisível,
orquestrando essa melodia chamada Vida
e convidando, insistentemente, nossa Alma para dançar.

Há neste meu propósito uma certeza ardente
de que a vida merece ser experienciada por completo,
afinal, viver é a nossa maior dádiva.
E nessa certeza mora uma Esperança viva
de que, enquanto tivermos uma alma
Deus poderá ser sentido.

Este é justamente o ‘Sentido’ da vida,
não esse monte de compromissos que você marca
só para fugir de ir pra casa se encarar.
E nem esses textos bíblicos que você posta
mas não entendeu que fé é sobre descansar.
Tampouco essa culpa que você insiste em se punir
por não ser perfeito ou apenas por errar.

Isso não é vida.
Vida é esse instante sagrado
onde sua alma encontra o Eterno.

E o meu propósito é te fazer lembrar disso.
Volta pra casa.

Com a palavra,
Alice Coragem.

Inserida por alicecoragem

⁠Não Seja Um Artista

Ei, me escute: não seja um artista.
Ser artista é como ser alma num mundo de pedras quadradas.
Como ser cor num mundo que se tinge
com uma pálida gradação de cinza.
É como ser uma pintura infinita para molduras pré-fabricadas,
padronizadas, quadradas e duras.

Ser artista é cantar para surdos, pintar para cegos
e escrever poesias num idioma já extinto.
É como se manter dançando de olhos fechados
em meio a um desfile militar organizado em filas perfeitas
ao compasso frio e forte das botas que marcham.

Ser artista é se negar a seguir a receita para ser aceito,
não pela aceitação em si,
mas por ver o Sagrado através das suas próprias medidas.

Ser artista é resistir à tentação de ser medíocre.
É ter a Coragem de viver sem nenhum tipo de anestésico.
É suportar a dor para saber onde dói.
Suportar até transformá-la em Arte.
É escolher sentir o que se tem
na tentativa de um dia se ter flores.

Ser artista é ter esperança
num mundo que só tem certezas.
Então não seja um artista.

A não ser que sua alma não aceite outra coisa
que não a Arte.
Não seja um artista,
a não ser que seu coração bata acreditando que
um dia o surdo vai conseguir ouvir o seu canto,
que o cego poderá perceber as nuances das suas pinceladas
e que o idioma das poesias será novamente celebrado.

Não seja um artista,
a não ser que sua música soe mais alto
que o barulho de mil botas batendo
e que em suas formas tão singulares
o Sagrado se manifeste.

Definitivamente não seja um artista,
a não ser que as únicas flores que você espera na vida
sejam suas próprias dores transformadas.

Com a palavra,
Alice Coragem.

Inserida por alicecoragem

⁠Saindo da Coxia

Estrear em algo é como nascer de novo
mas num lugar já conhecido.
É que a novidade não está no mundo.
Este segue sendo o mesmo
perpetuando o Medo de mudança.
O que estreia hoje é a artista
gerada no silêncio e na solidão do Ser.

A poesia é da Alice,
mas a alma
virou Coragem.

Com a palavra,
Alice Coragem.

Inserida por alicecoragem

⁠Compromisso

Era um dia comum, eu estava em casa sentada na mesa da sala, escrevendo.
Igual hoje.
Igual todo dia.
E aí aconteceu.
Algo entrou aqui.
Senti um vento... vento não, sopro.
Senti um sopro, como quem respira por perto.
Não era medo o que eu senti, mas sabe-se lá o que era.
Passou um vulto do meu lado.
Pisquei e sentou à minha frente.
Muito parecida comigo, mas completamente diferente.
Me olhou por inteira, por de dentro da minha alma, como se me rasgasse.

Eu?
Eu nem reagi.
Estava hip-no-ti-za-da.
Por fora, imóvel.
Por dentro, uma bateria de escola de samba saindo do recuo.
Ficamos nos ouvindo em silêncio como quem pinta uma cena na cabeça.
Para não esquecer, sabe?
E eu não esqueci: os olhos brilhantes, o cheiro de horizonte e a voz de silêncio, de quem se cala porque sabe de algo.

Toda minha atenção estava naquela figura.
Tentando eternizar na memória a sensação daquela presença.
Ela, muito decidida, estendeu a mão pra mim.
Eu aceitei, claro.
Quando minha mão encostou na dela senti um frio.
Não dela, de mim!
Minha espinha veio congelando lá de baixo até chegar na cabeça.
Como se eu tivesse bebido um milk-shake muito rápido, sabe?
Parecia que tudo na minha vida tinha me preparado para aquele exato momento.
Eu, de mãos (geladas) dadas com uma estranha (conhecida),
sentada na mesa da sala da minha própria casa,
sentindo o coração derreter feito vitamina C na água.

Ela, segurando a minha mão que segurava a mão dela, me puxou pra dançar.
Ali mesmo na sala, em frente ao sofá, em plena tarde de quarta-feira.
E como duas pessoas que não têm mais nada de importante pra fazer,
mas não podem perder nenhum minuto sequer,
dançamos na sala ao som de uma música própria.
(Como se tivéssemos uma).
Eu gosto de imaginar que era algo como 'Travessia' do Milton com 'Beija eu' da Marisa.

Tão linda ela.
Os cabelos como fogo, olhos de enverdecer sertões e um sorriso,
que só quem já chorou suas águas consegue sustentar.
E giramos.
Giramos como quem já se entendeu livre para poder girar.
E no meio do giro que ela girava, me abraçou.
Assim, de surpresa.
Ainda girando.
Eu chorei.
Eu não queria, mas as lágrimas simplesmente escorriam.
Até o mundo parou seu giro para nos olhar.
Como quem torceu a vida toda por este abraço:
eu e ela.
Um abraço apertado, mas só o suficiente.
Abraçou não como quem se despedia,
mas como quem ama recebe o ser amado depois de longa ausência.

Foi aí que ela sussurrou no meu ouvido:
— Vai!
Desnorteada, respondi:
— Pra onde?
Ela sorriu com olhos gentis e disse com voz firme:
— Não importa pra onde. Vai sem saber. Vai com medo. Eu vou contigo!
Então, fizemos um compromisso.
Ela iria pra onde eu fosse, bastava eu ir.
Eu só não poderia parar outra vez.
— Vai, volta, vai de novo. Se não souber o caminho, dança, gira, passeia, só não fica parada.

Ali eu entendi.
Ela só existe no verbo.
Aparece no passo iniciado mas some antes que ele finalize.
É preciso iniciar outro para ela voltar.
Mas é na caminhada que ela se muda e mora de vez.

Jurei de pé junto (mas ainda em movimento) que seguiria em frente porque ela estaria comigo.
E como garantia desse acordo entre nós, agora assinamos um só nome.
Eu e ela.
Alice e Coragem.
Juntas.
Numa só alma.
Alma presente chamada poesia.

Com a palavra,
Alice Coragem.

Inserida por alicecoragem

⁠ Resistência

Como vai você?
Eu?
Eu estou.
Me perdendo e me achando.
Mas estou.
Sobrevivendo e resistindo.
...
Talvez este seja o problema:
Resistir.
Melhor seria eu me render.
...
Hein?
Quando foi que nos ensinaram a resistir?
Você lembra?
Quando que entendemos isso como uma qualidade?
...
"Seja resistente na vida" diz o mundo.
Mas, por definição, resistência
'refere-se à capacidade de oposição à algo, de ser firme, de suportar as dificuldades e,’
Atenção:
'refere-se à recusa em ceder'.
...
Que lição estranha recebemos.
Pois ter a 'qualidade' de ser resistente na vida
Significa ter a capacidade de ser oposição à ela,
De não deixar que ela nos atinja.
De não deixar que ela nos toque.
...
Eu não quero ser firme.
Eu quero ser fluida.
Quero que, ao ser tocada pela vida,
Eu me molde.
Quero ser senhor das formas,
Não escravo delas.
...
Já as dificuldades não servem para serem suportadas.
Servem para serem superadas.
Suportar é passar por elas e sair ilesa.
Superar é passar por elas até sair mais forte.
Suportar é aguentar.
Superar é vencer.
...
E a recusa em ceder, da última parte?
Deus me livre não ceder.
Deus me livre ficar lutando com o coração endurecido,
E não me render ao aprendizado,
Ao crescimento.
...
A vida não foi feita para ser resistida.
Ela foi feita para ser experimentada, experienciada.
Não gaste vida sendo resistência ao que te toca.
Quem resiste, sobrevive.
Quem se rende, flui no voo da vida.
E se resistência é ser oposição à vida,
Resistência, na verdade, é morte.

Com a palavra,
Alice Coragem.

Inserida por alicecoragem

Espelho

A vida é sobre refletir.
E refletir é sobre se ver.
Sobre olhar seu reflexo e refletir de volta refletindo sobre sua reflexão.
Quem largar esse ciclo primeiro, morre.
E morte em vida é a pior que há.
Mas o morto não sabe disso...

Ele não reflete.

Com a palavra,
Alice Coragem.

Inserida por alicecoragem