So Enquanto eu Respirar Vou me Lembrar de Voce

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A história universal é a de um só homem.

Fazer batota ao jogo e não ganhar, só de um tolo.

Não há dois tempos iguais de solidão porque nunca se está só da mesma maneira.

Aqui não andam só os vivos - andam também os mortos. A humanidade é povoada pelos que se agitam numa existência transitória e baça, e pelos outros que se impõem como se estivessem vivos. Tudo está ligado e confundido. Sobre as casas há outra edificação, e uma trave ideal que o caruncho rói une todas as construções vulgares. Debalde todos os dias repelimos os mortos - todos os dias os mortos se misturam à nossa vida. E não nos largam..

O instante só tem um lugar estreito entre a esperança e o desgosto, e esse é o lugar da vida.

A cólera dos amantes é como as tempestades de verão, que só servem para deixar mais verdes os campos.

Quase se poderia dizer que só existo na medida em que existo para o outro e, no limite: ser é amar.

Nós, os pobres, somos como o algarismo zero, que por si só nada vale e faz valer a cifra que a ele se junta - tanto mais quanto mais zeros lhe forem acrescentados.

A riqueza só vai para as mãos de quem já a possui.

Só aquele que despreza a felicidade terá o conhecimento.

Um provérbio só pode nascer num estádio da língua em que ela ainda é capaz de silêncio.

No dia da morte, para o homem parece ter vivido um só dia.

Nós só vivemos contradições e para as contradições; a vida é tragédia e luta perpétua sem vitória e sem esperança de vitória; ela é contradição.

Certamente, existem atos que só acontecem porque os tememos. Se o nosso medo não os convidassem, não viriam.

Não há fealdade na natureza. Ela só existe nos nossos olhos.

Não se ensina aquilo que se quer; ensina-se e só se pode ensinar aquilo que se é.

Há pessoas que, da moral, só têm um pedaço. É um tecido de que nunca farão um fato.

Não te coíbas de repetir o que já disseste, porque és pequeno e só assim talvez será possível que te ouçam.

Vergílio Ferreira
FERREIRA, V., Escrever, Bertrand, 2001

Pouco vale a crítica que acredita só poder julgar uma obra de arte conhecendo as circunstâncias em que ela nasceu.

Só o que é de mais é que é bastante.