Sinto falta do meu Passado

Cerca de 172811 frases e pensamentos: Sinto falta do meu Passado

região

chão árido cascalhado
de tradição e moda de viola
à alma consola
coração do Brasil
- Goiás do cerrado...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

ANOITECER (soneto)

Desmaia o dia no árido cerrado
Num adeus de luz e esplendor
É Deus com o seu recompor
Do céu azul ao negro estrelado

E eu, aqui num mero espectador
Sob este tão espetáculo, admirado
Não sei se rio, choro ou fico calado
Inerte... no âmago belo do criador

É um rosário pelo encanto desfiado
Conta a conta, infinito e acolhedor
D'amor, benção, no tempo denodado

Está hora, do ângelus, do cair multicor
Enteando saudades, dor ao enevoado
Vem a noite, para vida por ela transpor

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Dezembro, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Linha

Eu poeto de mim, daqui
nesta câmera surreal
por este fio vocês dai
numa transmissão corporal

por esta linha dual, agruras
em diversas camadas
solidão sem gravuras
felicidades sem risadas

assim, nesta comunicação
de passa e repassa, a voz
camuflada de significação
em versos mansos ou feroz

que se imprime da emoção
num linguajar em cadência
lembranças e boa paixão
na alma em total evidência

em cada trova um avesso
do reverso do meu daqui
cada verso o meu confesso
para vocês daí...

Instantâneos do meu poeta imerso...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Tua lembrança

Tua lembrança foi um sonho deletado
Um e.mail na lixeira do computador
São literárias de um ignoto passado
E apenas memórias de um antigo amor

Tua lembrança é gemidos e soluços
No meu poetar respingado de lágrimas
Já lavados dos meus vários embuços
E das liras de murmúrios e lastimas

Aqui do cerrado te digo que prossiga
Que mesmo sem o teu prazeroso olhar
Teu nome não mais escreve cantiga
Pois o meu verso árido pôs a ressecar

Aqui do cerrado te digo que esqueça
Não te soletro mais em noites de luar
Pois mesmo que meu pranto aconteça
No peito ficou só saudade de te amar

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Bagagem

Não sei quantos chãos tenho
Cada instante um sob os pés
Continuamente não me retenho
Nunca me achei, sempre revés
De tanto ser, só sou um lenho
Em borralho de alma, ao invés
De só vê que ruim é ser inhenho
Vejo o que sinto não é o que és
Uma vontade de ter empenho

Atento a cada tal lugarejo
Me torno eles e não a mim
Metamorfoseado no desejo
Sou eu, outro, neste jardim
E assim tão distinto cenário
O meu ser piorra sem fim
Diversos, só e questionário
Julguei o que sinto, enfim
Os chãos são o meu plenário

Deles levo um bocado, deixo
Um bocado, enfim, vou indo
Pois o que segue não queixo
Nem prevendo, nem provindo
Vou assistindo à passagem
Nesta de chegando e partindo
Vou lendo, escrevendo a paragem
Sem rever o conteúdo advindo
Em cada estória faço a bagagem

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO DO CERRADO

Se falas que o cerrado é torto
Também falas sem ter razão
Tem belos vales no árido sertão
Não há porque do ver boquitorto

O pôr do sol é infinito em oblação
As flores rastejam num viver lindo
Sempre vivas no seu vai e vindo
Num vento ganindo verso e canção

Se o espanto aborta com tanto encanto
É porque o cerrado tem o seu encantar
Nele o grotesco é airoso no quebranto

Logo bem vês que admirado é o olhar
Cada desalinho alinha um tal recanto
Por Deus traçado tão contrastado lugar

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Abril, 2016, 10'28"
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Escorre no cerrado

Arrastam-se as manhãs
nos sulcados do cerrado
como verdadeiros titãs

Horizonte empoeirado
deitado no árido divã
lânguido e ressecado

Escorrem pelo ramalho
melancolia
.
.
negalho
.
.
dia
.
.
cascalho
.
.
poesia.
.
.

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

versos do cerrado

chão agastado
ressecado poema

canto empoeirado
ventos em trema
no estro grudado

do cascalho sangrado
inspiração extrema
dum pôr do sol encovado

num horizonte com fonema
e galhos tortos poetado
no sertão árido com dilema

num cântico sulcado
dum poético ecossistema

choram os versos do cerrado

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Inspiração

Uso a poesia para falar de meus silêncios
Para a magia das palavras ter companhia
Em cada rima o hospício de meus suplícios
Assim, falo e ouço, escrevo o real e fantasia
Dou importância na simplicidade do fictício
Vivendo na levitação da imaginação, do só
Que possa vir e me trazer algum auspício
Assim, somos fadados, na matéria e no pó
Tudo na sorte com os seus diversos vestígios
E nos desperdícios das palavras dou um nó
Me perco no desenrolar de cada emoção
Pois cada trova no meu poetar é um cipó
Onde eu gangorro solitário na inspiração

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Desejo

Quem me dera ter vivido poeta
Ter olhos que veem a emoção
Mãos pra cantar a canção certa
Fazendo poemas da inspiração

Ah, quem me dera!
Saber rimar frases de amor
Compor rimas com quimera
E na quimera lapidar a dor

Quem me dera, ah!
Ter a estrofe certa pra paixão
Na quadra ter a sublime forma
E doces versos para o coração

Ah! Sonhador de ser poético
E neste sonho muito quisera
E o pouco que faço é sintético
Ser poeta? Ah, quem me dera!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Poetizando o cerrado

entre arbustos, secura, a poesia escorre
pela inspiração viscosa da vida, no cerrado
os dedos empoeirados, no papel morre
pra ressuscitar no pôr do sol encarnado

e em cada degustação, mais é mais criação
invencionice dum poeta ávido em poetar
sem biografia, cá um forasteiro na ilusão
a estilhar poema nos dias da terra sem mar

entre troncos tortos, torta emoção, todavia
o fado me pôs nesta sangria, chão sulcado
onde escavo entre pedregulhos a arritmia
do coração: saudoso, murmurante, calado

e nas madrugadas amarfanhadas, despertam
as manhãs numa mesmice e numa tal inação
me pondo no esquecimento que me apertam
a solidão do selado e árido chão do sertão

nas sombras da noite sem sono, ao relento
a ternura do vento enxuto, seca as lágrimas
guardadas nas tralhas do esquecimento
em pesados e brutos passos, de lástima

(entre os outonos meu poetar foi estacionado...
no cerrado!).

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
06 de abril de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

abril

(mirras)
folhas anunciam abril sem cor
vem vindo nas asas do vento
pássaros em gorjeios de louvor
metamorfoseando ao relento

acorda abril nas manhãs de outono
a natureza no ventre é transformação
espera o inverno pra ceder seu trono
assim vai o tempo em sua concepção

noites mais longas de melancolia
mais um abril passando por mim
suas árvores nuas escrevem poesia
transmudando e nunca pondo fim

(abril, mês de antúrio e estrelitzia.)

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
01/04/2016, 20'20"
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

TUDO MUDA (soneto)

Muda tudo, o tempo passa, quereres mudam
O ser mutante, metamorfosea a confiança
Virtudes, vontades compostas de vil dança
Tudo é variante, que as virtudes nos acudam

Nas novidades, sempre se tem esperança
Continuamente o moderno nos saúdam
A felicidade, se tiver, sempre nos ajudam
Pois, do danoso, pouco é a lembrança

Os desejos são de transparente manto
Nos cobrem de prazer e de bonança
Que comuta n'alma em choro e canto

E, no alterar-se o ter é ser abastança
Que se convertem em mor espanto
Se, não para o "ás", evite a mudança

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Janeiro, 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO DO PLANALTO CENTRAL

Ressequido, a luz do sol alumiado
Sobre o sulcado e arbusto sinuoso
Reclina o planalto central grandioso
Entre as nuvens do céu do cerrado

É percurso do diverso e encantado
Pela maré poeirada, o audacioso
Sertão, de flores e ramo veludoso
Que banha o entardecer encarnado

De grossa casca e, fruto gomoso...
Forma bizarra no leito cascalhado...
Flora ipês, pequi e o buriti viçoso...

Não te rias do planalto, és enganado
Nele, o amanhecer é mágico e vistoso
Nele, o anoitecer é místico e imaculado

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
janeiro de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SORTE (soneto)

Na minha má sorte, a boa é pendente
Eu nunca inferi por que. Não entendia
Nos prados do fado estava ausente
Indaguei a vida por que era. Não sabia

Na quimera do meu dia, fui inocente
De uma tal timidez íntima e correntia
Que o passar do tempo foi em frente
E as venturas pouco tiveram cortesia

E assim, o sonho se fez bem distante
O vario momento me foi um instante
E por eles pouco soube dessuar valor

Sinto, sem, no entanto, ser dissonante
Que se fiquei ou se eu passei avante
O importante é que fui e serei amor...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Janeiro de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

UM SONETO

Canta na alvorada o sabiá canta
Um cantar suave e tão contente
Que nostalgia o encanto da gente
Saudosamente, e os males espanta

E na tal quimera sonora, consente
Que nesta manhã de beleza tanta
A alma transude numa magia santa
Exibindo a alegria que a vida sente

Assim, em uma fortuna reluzente
O canto nos põe frente a frente
Com a felicidade e com a emoção

Então, neste encontro presente
Desta ventura, aí, tão somente
A boa sorte, regi toda a canção

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO TRANSVERSO

Nosso amor, é amor que não conheço
Teve começo nas quimeras do coração
Tal qual numa quadrilha de São João
Que no luar, o enredo nele foi expresso

Sem bilhete, ou ao violão uma canção
O nosso amor no rumo foi perverso
Sem adeus e, nem o perdão confesso
As palavras na palavra ficaram um não

Se choro aqui no soneto transverso
Choras aí na distância da separação
Assim, na saudade, tudo é submerso

É um vazio tão cheio de imensidão
Que não posso negar, este vil verso
Ainda cego da mais vesana paixão

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Janeiro, 14 de 2017
05'30"
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO DO AMOR AO PRÓXIMO

De tanto variar no amor, não mais julgo
Sem nenhum julgamento, sem opinião
Rotular os bons e maus, não é exatidão
Somente o roteiro de quem quer indulto

As fraquezas e virtudes apenas as são
Se não... é quem quer grassar tumulto
Espelhando suas críticas do ser oculto
E se desenrugando em tola conclusão

Então, no ter harmonia deixei o insulto
Desenformei toda a minha limitação
Tentando no falível não ter berro inulto

E na aceitação, olhei com o coração
Em injustiçar, me despi do seu volto
Assim, no amor ao próximo, fui irmão...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Janeiro, 16 de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO EM MOVIMENTO

De tudo um pouco fiz, e não te esqueço
O pensamento é movimento relutante
Na sofrença eu vivo então agonizante
Tal forma, que o poetar está do avesso

À espera é de um, vã gemido, sonante
Que já saiu dos ventos do meu senso
São fragmentos de dor que não venço
De amarga profunda frustração, dante

E neste vazio de um vadio descenso
Dispenso o amanhã num novo avante
De rude ação, de esquecer, e tão tenso

Não estou propenso a nostalgia gigante
Sei que o depois é outro dia, pretenso
Pois, na solidão, no render sou levante...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2017, 18 de janeiro
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

VERÃO NO CERRADO (soneto)

Lá fora o vento em agonia e rebeldia
Redemoinhando o taciturno cerrado
Do silêncio carrascal, fez-se agitado
Sob a chuva nua, acordando o dia

Na vastidão do chão, o tempo arado
Da sequidão para o sertão em urgia
Molhado da tempestade em romaria
Empapando o alvorecer enovelado

E neste, porém de tão boa harmonia
O horizonte na ventura é amansado
Enxurrando na procela a melancolia

Assim, vai-se avivando o árido cerrado
Do acastanhado que ao verde, barbaria
Ao rútilo encarnado do verão variegado

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Janeiro de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

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