Sinto a tua Dor
A morte não é, e nunca será a maior perda de nossas vidas, a maior perda de nossas vidas é o que morre dentro de nós enquanto estamos vivos.
A morte ainda é um dos maiores mistérios da vida. É inevitável nos questionarmos o porquê de termos que nos despedir de alguém que amamos, ou mesmo temer o nosso próprio fim.
Há, no entanto, milhões de possibilidades de lidarmos e refletirmos a morte não apenas como um momento unicamente de dor, mas como parte incontornável da vida. Quem sabe, pensando e aprendendo sobre esse implacável acontecimento, podemos encará-lo de forma mais corajosa.
Felizes seremos e sábio teremos sido se a morte, quando vier, não nos puder tirar senão a tão valiosa vida.
COM VOCÊ
Abaixo de zero
Esperar-te-ei
Em polos Sul
Pra baixo sem tu
Estarei
Derreterei ao ver-te
Entrarei em ebulição
Quando lábios seus
Tocarem-me
Sentirei o gelo
Sem queimar
Ao tocarmos
Pele com pele
Acima de zero
Adimirar-te-ei
Em polos Norte
Pra baixo com tu
Nunca estarei
Confuso
Isso é o que você é
Eu estava em paz e aí você apareceu que nem um fantasma
Você me levou a lugares incríveis só com um olhar
Para depois você sumir do mesmo jeito que apareceu
Me diz, você era real?
Oi felicidade,
Que tal sorrir novamente para mim!?
Oi Sofrimento,
Vai embora, seu tempo já deu por aqui.
Felicidade vem me abraçar !
Quando a esperança se esconde do amanhã
Quando as flores param de desabrochar e o sol se recusa a brilhar
Quando as águas não querem mais correr
E o dia não vê mais porque nascer
Se é necessário tecer
Se nos cabe esperançar
Do contrário, tudo fica no mesmo lugar
Mudar, se ressignificar
Buscar vida na dor
Se escorar no amor sem pudor
Se você sentir vontade de chorar em público, então você deve chorar... A verdadeira coragem não vem da força externa mas sim daquilo que você cultiva dentro e se mostrar vulnerável é sinal de domínio próprio e aprendizado, afinal, amanhã será um novo dia certo?
Íntimo Dado (A Senha)
Cada vez que gritam: pobre!
me assusto. Recuo ao canto
mais perto do rés do chão.
Negro, fico sem cor.
Fúria, fico sem fala.
Pois sei que as balas dos patrões,
que as balas dos políticos, da polícia
correm atrás de mim sem-terra,
correm atrás de mim sem-teto,
correm atrás das minhas razões
por esses labirintos finitos
enredados de justiça e democracia,
só para eu sair nos jornais,
morto na foto,
sangue vazando pelos ouvidos.
Toda vez que eles gritam: pobre!
é a tortura, é o estampido, é a vala.
É a nossa dor que tranquiliza os ricos.
Alô rapaziada... tem de antenar o dia:
o vento que venta lá, venta cá.
Sentimos menos o tempo de Felicidade porque ela é o intervalo entre a Tristeza, o Tédio, o Sofrimento, a Dor.
SOLIDÃO INQUIETA
Inquieto no peito os soluços e os gritos
Do silêncio que rege uma tal despedida
Há choro, lamento, e tarares contritos
Para, infeliz, galgar o prosseguir da vida
Teu cheiro, nos meus dias viraram ritos
O meu capricho está sempre de partida
E os meus ineditismos estão proscritos
Sem tu, o coração é uma imensa ferida
Mas tua alma ficou, tatuada na poesia
E assim os sonhos confidencias pra lua
Das noites de devaneios, amor e magia
E nas trovas de solidão inquieta e nua
O poetar é de dor em forma de agonia
De quem vagueia despovoado pela rua
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
07 de junho de 2020, Triângulo Mineiro
Sertão da Farinha Podre
Olavobilaquiando
Oh, menina bela!
Onde é que eu me meti?
O destino enlouqueceu
Ou eu enlouqueci?
Por pensar que um caminho
Foi criado para mim
E para ti!
Assim que te vi,
Com certeza
Enlouqueci
Diria eu com grande paixão
O quão bela tu és
De vestes largas, invulgar
Qualquer ser é capaz
De t'amar...
Amor tão largo,
Que dói!
Não te poder falar
Chorar por t'amar
Dói
Assim que te vi,
Com certeza
Enlouqueci
Oh, menina bela!
Onde é que eu me meti?
Por ti, não por mim
Apunhalei um coração
Que doía por t'amar
Que chorava por te querer
Nos meus braços
Oh, doce mulher
O que fiz eu pra t'amar?
Amarga seja esta coita
Que só me faz chorar
Terrível e assombroso é estar a mercê de sua própria incapacidade de agir. De mãos atadas para sua própria vida. Prisioneiro algemado da sua própria existência, sem saber o que fazer entregando seu destino nefasto para a sorte, enfrentando seu futuro medíocre de mãos presas. Impotência sobre o próprio ser, incapacitado no seu próprio agir, vulnerabilidade a serviço da incapacidade, refém sobre sua própria vida e não tangência para suas dores.
A Psicologia Consciencial afirma que a busca da realidade profunda e essencial do Ser, além do ego, é uma forma amadurecida de se lidar com a vida, permitindo à pessoa responder a questionamentos profundos sobre quem ela é, por que está aqui, para onde vai, qual o sentido da vida, o porquê da dor etc.
Você me consome,
Me devora sem mesmo saber meu nome.
E o meu ser está preso em amarras,
Ansiando para que sejam Liberadas.
Me perco em tu,
Infinito.
"Tudo me fala e entendo : escuto as rosas
e os girassóis destes jardins, que um dia
foram terras e areias dolorosas
por onde o passo da ambição rugia;
por onde se arrastava esquartejado,
o mártir sem direito de agonia"
Dores das Primaveras.
Quando criança, há risos.
De doer a barriga, pois há tanta alegria inocente.
Ao crescer, há gargalhadas vazias.
Piadas hilariantes que os armagurados se agarram.
Se agarram tentando ser crianças novamente.
Pois dói.
Não a barriga.
E não de alegria.
Com certeza não mais inocente.
De doer a cabeça, pois há preocupações.
De doer os olhos, pois há lágrimas.
De doer o coração, pois já está cansado de ser magoado, ser quebrado,
ser entregue e devolvido.
Os risos eram dados com prazer
e ouvidos com deleite.
As gargalhadas são dadas com desespero
e ouvidas com terror.
Dói não ser criança.
Quero rir de novo.
