Shakespeare sobre o Amor Soneto 7

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SONETO AMEDRONTADO

O medo amedrontado está em mim
Poetando sombras de uma tristura
É um vazio cheio duma vil amargura
Num silêncio: mudo, surdo, sem fim

E neste vácuo sem a essencial figura
Entrajam faltos ornados de serafim
Dum temor com seu satírico festim
Assestando o poetar na ossatura

Então, do medo se alimenta, assim,
Cada vez mais tétrico fica, e procura
Um tal arrimo, sem doçura, carmim

E a ousadia onde fica? E a ternura?
Se o medo no medo, é trampolim!
E o fado sem medo, é vã ventura...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Fevereiro de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

INVERNO (soneto)

Inverno, gélidas manhãs e noites
Dias curtos, saudades em açoites
Sentimento coroado de melancolia
Acanhamento do sol, nublado dia

Flores embaçadas e transfiguradas
Trovejantes são as luas nas madrugadas
Embaladas pelos ventos e seus uivos
Aos sentimentos, os brilhos ruivos

Quem és, que trêmula o afeto assim
Nos pingos crepitantes do confim
Das estrelas, dos céus e seus querubins

É o convite aos odores enamorados
Aos amores nos lençóis entrelaçados
Calefação a alma, ao amor, apaixonados.

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
12 de junho, 22’45”, 2012
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO EM REVERENCIA

Evocar o tempo, e nesta saudade em rudez
as lembranças são qual suspiros de tua ida
o silêncio invasor na casa após a tua partida
pra morte, igual, desfolho outonal em palidez

Fatal e transitório, a nossa viveza é vencida
pelo sopro funesto, ao sentimento a viuvez
Julho, agosto, setembro, vai-se mês a mês
ano a ano e outro ano a recordação parida

Da saudade filial, que dói numa dor doída
de renovação amarga e de vil insipidez
que renasce na gelada ausência sofrida

No continuar, o vazio, traz pra alma nudez
chorada na recordação jamais esquecida...
Neste soneto solene: - sua bênção outra vez!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
13 de julho, 2016
Cerrado goiano
morte de meu pai

Naquela madrugada, o seu silêncio escreveu saudades e com ele sua morte trazia...
Acordaste do sonho da vida, e tuas lembranças, nos acolhia.

copyright © Todos os direitos reservados.
Se copiar citar a autoria – Luciano Spagnol

Inserida por LucianoSpagnol

CÉU DO GOIÁS (soneto)

Agiganta as nuvens no alvo encarnado
Do céu do Goiás, da vontade de gritar
O horizonte longínquo tal qual o do mar
Se estende em rede por todo o cerrado

O sol no amanhecer rubra de encantado
Mantém-se altivo após o confidente luar
Desfolhando em quimera pro nosso olhar
Tingindo o entardecer dum avermelhado

No breu da noite a céu se veste estrelado
Cintilando na escuridão e nele a poetizar
Poemas tão singelos num silêncio calado

Então, a alma ao testemunhar, põe a chorar
Um choro portento dum puro e só agrado
Onde o poeta das Gerais aprendeu a amar...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Agosto de 2018
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

A SOLIDÃO QUE INQUIETA (soneto)

A solidão que inquieta, pesar repicado
Da distância, que a lamentar me vejo
Não basta o choro por estar separado
São infortúnios do fado que lacrimejo

Tão pouco é saber que sou amado
Nem só querer o teu olhar: o quero
Muito. Este sentimento tão delicado
Onde os versos rimam no teu beijo

São saudades que no peito, consomem
Que não me acanham, e é tal pobreza
Do vazio, por eu não ao teu lado estar

Mas eleva o afeto dum piegas homem
Ser de erros sempre e, na maior pureza
Existir no amador e humanamente amar...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, agosto
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

MATER (soneto)

Como quisesse voltar a poder outrora
Aos tratos maternais, carinhos tais,
Suspensos, e eu sentado no cais,
Da desdita, vendo a saudade a fora.

Abriu as asas e partiu pra jamais
Reaver. Longe céus, perto agora,
A dor na recordação então chora,
Chora e chora, muito, mais e mais.

E logo, o pesar então poeta aturdido,
A condolência saudosa de carinho,
Ímpar, mãe, eterna doce habitação.

E por um largo espaço andei perdido,
No capricho de ter de novo o ninho,
Ver-te, e tomar-te a divinal benção!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, agosto
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

LONGE DE TI (soneto)

Longe de ti, se lembro, porventura
Do teu olhar, que outrora me fitava
O teu afago na sede é de só tortura
E ter-te agora da saudade é escrava

Tal aquele, que, escuta e murmura
O teu cheiro, que a poesia escava
Já uma sorte maviosa e tão pura
Tristemente, a expectativa forjava

Porque a inspiração tem seu nome
Nos versos com a parva alma calada
Cuja a recordação só me consome

E como o desejo assim não quisera
O destino riscou uma penosa cilada
E aqui, ainda, o meu amor te espera!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

OCASIÃO (soneto)

A coerência lá se foi tão espantada
por um tropel de vândalos da rudeza
E mesmo o depois de tanta clareza
quedam robóticos, sem mais nada...

No escarcéu disperso, contos de fada
O veras, sem exatidão, e sem defesa
expõe toda a burrice e a estranheza
do revelado na dada outra jornada...

Sobra “Inania verba”, nenhum intento
ao mourejar hercúleo do lhano cidadão.
Indiferentes, só importa o seu contento!

Mas não é meu. Se afasta da tal meta
de parceiro, de irmão, fazer a ocasião
Cria-se curvas, e não a essencial reta...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

MESSALINA (soneto)

Lembro, ao ter-te, as épocas sombrias
Dum outrora. A saudade se transporta
À tempos de prazer, e não dor à porta
De meninices, abarrotadas de alegrias

E nestas felicidades de glórias luzidias
Que a mostra era viço, não ilusão morta
O pouco era muito, e no pouco importa
O estorvo, a mais valia, eram as orgias

Tolas, e não só imaginação em ruína
De quimeras incolores e, assim impura
Num cortejo de recordação messalina

Ó saudade, acostamento de loucura!
Suspirando nostalgias tão cristalina
Tinta de tristura, que no peito segura...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro, 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

PROFISSÃO DE FÉ (soneto)

Sempre, uma crença mal afamada
Vives na letargia, duma farsa matula
No eco do inferno que ali especula
Só a sorte, sem querer mais nada

E neste amar que referve e ulula
A alma sem sonhos vai na estrada
De dores, egoísmos, invejas e gula
Devorando a piedade em derrocada

E assim, a vida abominanda, chora
Implora aos céus por este hórrido
Vazio, por um sustento sem demora

E nos íncubos e súcubos agarrido
A profissão de fé, é que faz a hora
Sem que faça ter o crédito iludido.

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

OS SESSENTA (soneto)

Os sessenta anos duma alma inquieta
Cabelos brancos, a face vivida, poente
Os olhos no qual se trova inteiramente
Bagatelas, onde mora a emoção poeta

Um sonhador de sentimento profeta
De palavras que falam, inda inocente
Versos que do peito saem de repente
Docemente, em uma parição secreta

Uma determinação tão só, tão largada
Que o silêncio urge, no invento venta
A sorrir, e ou a chorar, lhe é camarada

E se na parada se senta, pouco tenta
Aquieta, numa má sorte da derrocada.
São os encantos de se ter os sessenta...

Inserida por LucianoSpagnol

A VOZ DA POESIA (soneto)

Em uma imaginação onusta e calada
Refúgio ignoto e sacro da inspiração
A ampla magia da ilusão em sedução
Sangra o verbo de uma agrura velada

E quando a privação se faz desvairada
Se embebe às vezes de total solidão
Dela rompe uma voz, arcana, um tufão
Que murmura quimeras entrecortada

É a voz da poesia, que, assim falando
Na audição da criação em manuscritos
Narra as histórias dos distintos causos

E traz com eles, atuardas e infando
Amores sumidos, sucedidos aflitos
Vendavais de sensações e ausos...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2019, 05 de fevereiro
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

ÉS O CERRADO COM UM LAMENTO TRISTE (soneto)

És o cerrado com um lamento triste
escorre o entardecer na melancolia
e tua alma bela no encanto insiste
na ilusão tens uma banzar alegria

se o gemido dos sons angustiados
e desafinados, tonteia o teu ouvido
toque com os olhos os feitiços alados
deixes o prazer, então, ser nascido

Vê que o diverso há sedução, também,
e ambos se fazem de encantamento
num ordenamento de bem e paz

que todos, num, são congraçamento
É música sem letra, e afoito audaz
uníssono: do feio e do belo vai bem além

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
fevereiro de 2019
cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

OLHO-TE: (soneto)

Olho-te - o espanto de meus olhos salta
- Da tua boca o beijo num delicado cheiro
De tuas mãos aquele cuidado prazenteiro
Tudo de tua poesia sinto uma grande falta

Toda a nossa estória: - aqui nesta pauta
Do meu primeiro: - olá, o nosso primeiro
Encontro; - me completando por inteiro
Tudo neste poema é som de doce flauta

Sinto o palpitar no peito não mais calado
Quanto mais escrevo, mais de te anseio
Mas olho-te, em ti o meu destino amado

Ouço nas lembranças cada tal passeio
Cada sorriso, sempre aqui ao meu lado
Incitando comigo cada desejo que freio

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Fevereiro de 2019
cerrado goiano, 05'20"
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

CHOVE... (soneto)

Chove... que sussurro no humedecido
Cerrado molhado. O cheiro se enleva
Em nubladas nuvens, o temporal leva
O dia, perfumado, no chão lânguido

É a poesia! Palpita a vida num alarido
E nos meus versos a saudade eleva
Na chuva, e que vai caindo em treva
A melancolia de este tempo chovido

Chuva, lá fora, cá dentro um roteiro
De solidão. Encharcando a emoção
Doudejante, em um silêncio inteiro

Entre os tortos galhos nus, troveja
E a enxurrada numa doce canção
De um latente gotejar, a terra beija...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, 9 de novembro
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

AURORA NO CERRADO (soneto)

Admirar-te enlevado na tua hora
És parida no horizonte do cerrado
És tu oh virginal e formosa aurora
Silenciosa no céu titã e encarnado

Entre nuvens forasteiras, senhora
Alavam-me pensamentos tão alado
Na áurea nascente que me aflora
Anuindo devaneio pro encantado

Num arpejo de harpa por ti sonora
Aos olhos, num observar alumiado
Surgis em glórias e sem penhora

E a emoção neste plural batizado
Saúda, pois ufanar lhe é anáfora
No teu fulgor angelical pavonado

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, 17/05, 04'35"
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

ATO (soneto)

A felicidade que ventura, ao teu lado
Juntinho, no bem que a sentir me vejo
Basta neste simples afeto e sagrado
Com que nos sonhos aqui eu solfejo.

Como é bom saber que estou amado
Que neste desejo do teu amor, desejo
Poder estar nos teus laços, acordado
E assim cercado no teu adusto beijo.

Ter-te nos abraços que me consomem
Delicada sensação duma doce beleza
Não há prazer maior do que te amar.

E mais eleva a paixão de um homem
Ter emoção no olhar, olhar de pureza
Que deixa o coração sempre a desejar.

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
03/06/2019
São Paulo, SP
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

ACHANAR (soneto)

Deixe que a dor da saudade enfim passe
Soltando d'alma o que é teu maior enfado
Deixe-a nas entranhas secas do cerrado
Para que nos maçantes reclamos se cale

Em um grande pesar não se é prolongado
Basta! Se todo afeto que sentes se sovasse?
Desafie os medos, e os ponha face a face
Com coragem, e os tenha como teu agrado

Sabe: eu já cansado! Ando tão com receio
Na ventura, que o meu amor se consome
E o encantamento no revés submerso...

Sinto em tudo está ilusão... Tudo custeio!
E, derreado de embatucar este cognome
Achanando este infortúnio do meu verso.

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
30 de julho de 2019
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

SER QUEM SOU (soneto)

Ora (direis) ser quem sou! Exato.
Me perdi no caminho, me achei, no entanto
A cada passo, erro e acerto, vários o relato
Vou andando, o atrás se desfez por encanto

E o tempo vai passando, veloz, enquanto
O pensamento recusa ser apenas um ato
Cintila. E, saudoso, o trovar é um pranto
Na solidão de ser, em um poetar abstrato

Direis agora: Incoerente e louca quimera!
Que não quero ser quem sou? Que sentido
Pois ser quem sou, deixei de ser o que era...

E eu vos direi: Amando o amor sou valeria
Pois se amei, o meu afeto não terá partido
Assim, pude ouvir e entender minha poesia

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
agosto de 2019
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

REMORSO II (soneto)

Às vezes, um poetar me espera
E os amores e temores infando
Me padecem, doem, até quando?
E assim, em branco vai a quimera

Inspiração, emoção, vou sufocando
N'alma, sem a doce ventura sincera
Oh! Como este gozo no poetar quisera
Mais suspirar, viver e amar trovando!

Ah! Quão dura é a vera realidade
Desespera, ao encarar a vetustez
Te traz remorso e tira a suavidade

Das paixões que deixei por talvez
Da timidez do olhar na oportunidade
E dos versos quererem só a lucidez!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
28/08/2019, 06'55"
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol