Shakespeare sobre o Amor Soneto 7
CAMINHANTE (soneto)
Há no tempo um momento de grandeza
que é o de espera e de um saber bendito
tudo passa, e a alma não mais fica presa
voa, e o sentimento regressa ao infinito
Um tal mistério do viver e de surpresa
estala a felicidade, do outrora tão aflito
rasga-se o amanhecer em ventura acesa
e da dor sentida, esvaem-se em um grito
Há no amor outra chance aos amantes
cada dia é mais um dia a um novo dia
e a sensação de perda se torna em vão
porque, entre desencontros soluçantes
terá aquele olhar tão cheio de harmonia
que irá trazer o esquecimento ao coração...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
29/01/2020 – Cerrado goiano
DÚBIO (soneto)
Falei tanto de tristura!... de solidão
Silêncio, tortura, nas rimas negaça
Ou ninharia fugaz, que vem e passa
Na brisa breve que veio, duma ilusão
O verdadeiro valor, é cheio de graça
Simplicidade, afago, farto de emoção
Todos lavrados e vindos do coração:
O abraço certeiro, passeio na praça
Falei tanto de melancolia! baixinho
Ou até mesmo em um alto vozeirão
Se bom era poetar somente carinho
E nas tais rimas de delírio e barulho
Só sofreguidão, me fiz pequenininho
Na poesia infeliz, sem amor e orgulho...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
31 de janeiro de 2020 - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
INSPIRAÇÃO (soneto)
Foste a prosa melhor do meu poetar
Ou talvez a desejada... sonho e agrado
Contigo a inspiração me fez apaixonado
Contigo o amor pôde a paixão rascunhar
Chegaste, e o meu querer foi só amar
Queima-me o pensar, tão enamorado
Faz de meus versos um estilo dourado
E da escrita, suspiros, de essencial ar
Poema maior, meu prêmio e alegria
Obra divina, de firmamento delirante
É do teu gosto que alimento a poesia
Sinto-te em cada estrofe, que escuto
Está presente em mim a cada instante
Na criação, na alma, és poético fruto...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
01 de fevereiro de 2020 - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
POR AMAR (soneto)
Por tantos caminhos, aflito e perdido
Imaginei nas venturas ter firmamento
Que inda agora mesmo, neste sentido
O soneto, insiste tê-lo no pensamento
Tudo aquilo que trovo, na rima cabido:
Pranto, sorriso, quando acaso: - bento!
Se aqui ou infinito, até mesmo divertido
São falas do senso advindas do momento
Piedosa inspiração, que minha dor sente
Poetada ao léu, e tantas vezes ao relento
Se lastima, contigo vou também lastimar
E sobre este poetar, se triste ou contente
Rompendo as variedades de um talento
Se com lágrimas, suspiros: é só por amar!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
06/01/2020 - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
VERSOS GENUINOS (soneto)
Não me devaneei na quimera... Perdi-me
Na indecisão, entre os amores. E descobri-o
Junto de ti, vivo, bem vivo... E tão gentio!
E na escolha do querer, ao coração sublime
E há mais do que galgar, sem ser íngreme:
Há o que no desejo, ao tocar, tem arrepio
E no olhar, o tal brilho, aquele que é luzidio
Que faz histórias, e aos sonhos não oprime
Ah! Como é bom contigo estar, ó prenda!
Tão ansiada. Onde a paixão não é fugitiva
E entenda: - és tu a mais feliz das alegrias
Se é uma terna ilusão, ou talvez uma lenda
Assim possa, então, à inspiração ser cativa
E ao amor, os versos genuínos, das poesias
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
09/01/2020, 06’35” - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
ACORDO (soneto)
Alegro... vejo a ventura em aclive e rama
Toda a sorte, que contenho na alma boa
Abarca-me em glória, e nada me atraiçoa
Pois, estou como os felizes: - sem drama!
Ama! Amo!... que seja pra qualquer pessoa
Sem o desdém que humilha, e que infama
Que põe a destruição como trágica chama
Tisnando a satisfação em ter fé. - Perdoa!
Perdoo... no bem, na piedade, amor e prece
Sem a irrisão que traz ao espírito penúria
Dor, e nenhum consolo... - então esquece!
Espinhos, que na maldade então escorre
Despreze, pois sem piedade se tem fúria
Nada leva. Na certeza da vida: - se morre!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
12 de janeiro de 2020 - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
ROUPA NOVA (soneto)
Muita vez houve tristura dentro da emoção!
Peito aberto, de sentimentos tão cristalinos
Sobre os desejos: maiores e os pequeninos
No idear do florescente e amoroso coração
Então, um dia veio, árido, o aspeito da ilusão
Mudar tudo: anunciando os caminhos divinos
Com vibrantes trombetas e badalar dos sinos
Proclamando que o amor não é só de paixão
E a alma, de quimera de asa solta, os sonhos
Pôs-se a sonhar com os devaneios revoando
E planou entre a dura realidade e a fantasia
E, nesta de só ficar em pântanos medonhos
Foi por aí... e de se perguntar: até quando?
Saiu de roupa nova, cerzida com alegria...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
16/02/2020, 07’13” - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
FALEI (soneto)
Falei tanto de dor!... de sofrência
Ilusão e solidão. O tempo e bagaça
Ou os amores, que vem e que passa
No trovar em que veio de aparência
Falei tanto de má sorte, vil desgraça
Chorei no suplício, de áspera essência
Fechei o horizonte para a existência
E, vi o tempo, passar pela vidraça...
Não pude olhar nos olhos. Sozinho
Blasfemava! e ainda tenho infernais
Conflitos, em querer apenas carinho
Quando sofro, sofro por demais
No silêncio. Ali me calo e definho
Infeliz poesia... não poeto mais!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Fevereiro de 2020 - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
UM CORAÇÃO (soneto)
Conheço um coração, tão apaixonado
Toca lira constante, e em que perdura
A amizade, presença do amor ao lado
Que ao senso vive declamando ternura
Evadido da paixão do estar enamorado
Num tatalar do peito cheio de loucura
Contente! Onde tudo vai bem, obrigado!
O acaso... ah! este tão cheio de aventura
E em seus corredores o gozo e o prazer
Circulam.... Os sentimentos são tantos
Sem avejões, sombras, só cândido lazer
Conheço um coração, se um dia sofreu
Não mais sofre, não poeta nos recantos
Este coração: - feliz e radiante é o meu!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
20 de fevereiro de 2020 - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
PENAR (soneto)
De outras sei que já não sou a ti importância
Tu, querendo menos do que o querer parece
Tu, amando pouco do que o amor quisesse
E entre lágrimas e preces... a dura distância
De modo que a paixão perdeu a fragrância
O olhar sem o desejo... a melancolia tece
Um coração frio, como se nos polos tivesse
Certo, amor, já é outra a real circunstância
Então, da minha atenção um vazio fazes...
Silencioso, e tão repleto de entretanto
Que nas linhas da afeição só tolas frases
Já não mais ouves o poetar em pranto
Nem mais voga a dor que assim trazes
Essa, dor doída que no peito dói tanto!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
22 de fevereiro de 2020, Cerrado goiano
Olavobilaquiando
TROVANDO COM ESPINHOS (soneto)
Sofrência sem tempo, dor com agonia
Que suspira e sufoca a emoção no peito
Que cala mais do que a solidão queria
E com tanto aperto ainda não satisfeito
Amor, que a boa sorte assim repudia
Em uma ação de azar e sem proveito
E tanto... sorriso para a cruel arrelia
Fica inacabado, ficando imperfeito...
Poema, sem sintonia, que consome
Musicando das mágoas só lamento!
Cego sempre o poetar que desanimas!
E eu tenha sempre, paixão: - com fome
O coração, gelado no cálido sentimento
Com espinhos trovando as áridas rimas.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
25 de fevereiro de 2020 - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
SONETO DE ARVERS
Tradução de Guilherme de Almeida
Autor: Felix Arvers (1806/1850)
Tenho na alma um segredo e um mistério na vida:
um amor que nasceu, eterno, num momento.
É sem remédio a dor; trago-a, pois, escondida,
e aquela que a causou nem sabe o meu tormento.
Por ela hei de passar, sombra inapercebida,
sempre a seu lado, mas num triste isolamento.
E chegarei ao fim da existência esquecida,
sem nada ousar pedir e sem um só lamento.
E ela, que entanto Deus fez terna e complacente,
há de, por seu caminho, ir surda e indiferente
ao murmúrio de amor que sempre a seguirá.
A um austero dever piedosamente presa,
ela dirá, lendo estes versos, com certeza:
— "Que mulher será esta?" — E não compreenderá.
SONETO
Ao pesar
Eu poderia imaginar
No tamanho da saudade
Que sinto do seu olhar
Queria estar com você
Até ao amanhecer
Tenho vontade em te ver
De manhã até ao anoitecer
Contigo quero viver
Pois tu es o meu bem querer
Pois com você, eu quero florescer
Te amo mais que tudo
Com todo amor deste mundo
Te amo, e isso e tudo.
Soneto do sofrer materno
Nuvens de sofrer: dentro do peito gritam”.
E nos olhos, em forma de lágrimas, crescem.
As inumeráveis gotas pela face enternecem,
Minuto a minuto aumentam, às vezes se limitam.
(...)
Soneto dos Apaixonados
Aquela que nunca imaginara
Ser chamada pra uma dança
Talvez jamais pensara
Que teria tal lembrança
Então Dança menina, Dança
Enquanto você ainda não se cansa
dança menina, dança
Porque a noite é uma criança
Essa noite de céu estrelado
Que tudo se realiza.
Como algo que já fora planejado
Enquanto a menina que dança
Se perde no reflexo
De um olhar apaixonado
SONETO:
NAS ASAS DA SAUDADE
No sopé daquela serra passa um rio, riacho
Casinha de sapé na margem, um candeeiro, e um pavio
Apagado na escuridão,
Olhos de gato Incendeia à noite
E as estrelas também acendem,
Vento gelado, que me causa arrepio,
Nesta penumbra da noite,
Meu açoite,
É lembrar-me de nós dois,
Que, quão felizes fomos!
E por muitas vezes amamos!
Doce é meu delírio, que nutre esta solidão.
Das lembranças de meu bem, minha paixão!
Vejo-me sonhando acordado perante esta imensidão!
GRETA ELLEN
SONETO DO ENCONTRO
De repente ali, eu e tu, numa colisão
O coração disparado tal doce jornada
Os olhos então calados, a mão suada
E o peito sussurrando toda a emoção
Aí uma voz fez saber da tua chegada
E neste silêncio seco, uma explosão
De um olá! Então me vi num turbilhão
Pouco se fez o tempo, na veloz toada
Busquei descerrar minh'alma fechada
Para devorar-te numa franca devoção
Tal qual a paixão no cerne encarnada
E então neste soneto a minha canção
Pra celebrar a quimera aqui cantada
De amor, que é possível, que é razão...
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Fevereiro de 2017
Cerrado goiano
SONETO DA PAIXÃO
Há que bom seria, poder tocar-te
Enrolar as minhas mãos no carinho
Entrelaçar o meu olhar no teu linho
Das carícias, assim, então amar-te
Há se eu pudesse trilhar o caminho
Dos sonhos que te fazem à parte
Dos ardentes desejos, ó doce arte
Bebida no afago, em taça de vinho
Onde andas tu ó cálida paixão baluarte
Venha e da solidão arranque o espinho
No vitral do sentimento és estandarte
Te quero no peito, coração, no verde ninho
Te espero no tempo que a demora reparte
Qualquer hora, não seja tarde, aqui sozinho!
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Fevereiro de 2017
Cerrado goiano
SONETO DO CORAÇÃO
Ah, coração de sentimento involuntário
Pulsa avido quando quer e, bate forte
Se otário, apenas ingênuo num importe
És continuamente um aprendiz estagiário
Na saudade, aperta, da dor, faz reporte
Mas também alivia no correto itinerário
Porém, urgi quando o fluxo é o contrário
Porque é liberdade e do afeto transporte
Se apressado, pode ficar sem destinatário
Se incontrolado, o fado é sempre a morte
Assim caminha, assim atua no seu cenário
Sábio foi quem disse que o coração é sorte
Na desilusão, e suporte sempre necessário
No amor, pois vai além de ser só consorte
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Fevereiro de 2017
Cerrado goiano
TAL PROBLEMA (soneto)
Está paralela entre nós é tal problema
O silêncio do teu olhar é dor em mim
A falta do teu cheiro me tira do coxim
Sonhar-te solitário, não é esquema
Qualquer distância entre nós, é assim
Meu peito uiva em um estranho dilema
De ter-te numa canção ou num poema
Quando a saudade só escreve folhetim
Fico te esperando em um telefonema
E o minuto é mais que a hora, enfim,
Se mudas de quimera, vira pocema
Então venha para perto, saia do motim
Se tudo está incerto, o certo não é lema
E o nosso amor desconhece querer o fim
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Fevereiro de 2017
Cerrado goiano
