Se for Triste Carlos Drummond
Sentimos saudades de momentos da vida e momentos de pessoas.
Sempre necessitamos ambicionar alguma coisa que, alcançada, não nos faz desambiciosos.
Foi-se a Copa? Não faz mal.
Adeus chutes e sistemas.
A gente pode, afinal,
cuidar de nossos problemas.
Faltou inflação de pontos?
Perdura a inflação de fato.
Deixaremos de ser tontos
se chutarmos no alvo exato.
O povo, noutro torneio,
havendo tenacidade,
ganhará, rijo, e de cheio,
A Copa da Liberdade.
Carta
Há muito tempo, sim, que não te escrevo.
Ficaram velhas todas as noticias.
Eu mesmo envelheci: Olha, em relevo, estes sinais em mim, não das carícias (tão leves) que fazias no meu rosto: são galopes, são espinhos, são lembranças da vida a teu menino, que ao sol-posto perde a sabedoria das crianças.
A falta que me fazes não é tanto à hora de dormir, quando dizias "Deus te abençoe", e a noite abria em sonho.
É quando, ao desperta, revejo a um conto a noite acumulada de meus dias, e sinto que estou vivo, e que não sonho.
(Lições de coisas)
Meu amigo, vamos sofrer,
vamos beber, vamos ler jornal,
vamos dizer que a vida é ruim,
meu amigo, vamos sofrer.
Vamos fazer um poema
ou qualquer outra besteira.
Fitar por exemplo uma estrela
por muito tempo, muito tempo
e dar um suspiro fundo
ou qualquer outra besteira.
Vamos beber uísque, vamos
beber cerveja preta e barata,
beber, gritar e morrer,
ou, quem sabe? beber apenas.
Passagem do ano
Passagem
O último dia do ano
não é o último dia do tempo.
Outros dias virão
e novas coxas e ventres te comunicarão o calor da vida.
Beijarás bocas, rasgarás papéis,
farás viagens e tantas celebrações
de aniversário, formatura, promoção, glória, doce morte com sinfonia e coral,
que o tempo ficará repleto e não ouvirás o clamor,
os irreparáveis uivos
do lobo, na solidão.
O último dia do tempo
não é o último dia de tudo.
Fica sempre uma franja de vida
onde se sentam dois homens.
Um homem e seu contrário,
uma mulher e seu pé,
um corpo e sua memória,
um olho e seu brilho,
uma voz e seu eco,
e quem sabe até se Deus…
Recebe com simplicidade este presente do acaso.
Mereceste viver mais um ano.
Desejarias viver sempre e esgotar a borra dos séculos.
Teu pai morreu, teu avô também.
Em ti mesmo muita coisa já expirou, outras espreitam a morte,
mas estás vivo. Ainda uma vez estás vivo,
e de copo na mão
esperas amanhecer.
O recurso de se embriagar.
O recurso da dança e do grito,
o recurso da bola colorida,
o recurso de Kant e da poesia,
todos eles… e nenhum resolve.
Surge a manhã de um novo ano.
As coisas estão limpas, ordenadas.
O corpo gasto renova-se em espuma.
Todos os sentidos alerta funcionam.
A boca está comendo vida.
A boca está entupida de vida.
A vida escorre da boca,
lambuza as mãos, a calçada.
A vida é gorda, oleosa, mortal, sub-reptícia.
Eu sou forçada a contradizer Drummond.Só há uma fase boa de verdade na vida,a infância,em que a felicidade está numa caixa de bombons. A velhice porém só é considerada boa pelas lembranças das coisas que você fez na vida toda.
... e lembrar quantas caixas de bombons ganhou na vida.
Drummond disse que a vida necessita de pausas.
Mas há coisas que eu acho que precisam mesmo é de asas!
Graciliano, José de Alencar, Alvares de Azevedo, Machado ou Drummond, que seja Quintana ou Lispector, que seja ainda, meus simplórios textos. Suas leituras me encantam.
Quinta-feira
Depois de ler o poema “Cortar o Tempo” do meu amigo Drummond, me veio uma reflexão, a gente se vê em um momento da vida onde parece que algo novo não vai acontecer, caímos em uma mar calmo de acontecimentos repetidos, então cada dia que vai se esvaindo é apenas mais uma figurinha repetida para o nosso álbum incompleto. Na verdade parece que deixamos tudo para trás, deixando de buscar, conquistar ou almejar algo novo. Um sonho de mudanças diárias que não acontece que na realidade mais machuca o nosso verdadeiro eu. Nesse momento nos damos conta que a vida se tornou apenas rotina, onde os dias não marcados com lembranças, muito menos por bons sentimentos. Notamos que esses dias se passam e é só mais um numero ou apenas uma quinta-feira.
E, de repente, tudo o que preciso é segurar a mão dele mais do que já precisei de qualquer outra coisa na vida. Não apenas sentir que ele segura a minha mão, mas segurar a dele também.
Eu não estou certa de que este é o mundo em que eu pertenço. Eu não tenho certeza de que eu quero acordar.
(Mia)
O passado diz muito sobre quem somos e sobre o que podemos nos tornar. Seria ultrajante dizer que o passado nos molda, mas ele revela mais do que palavras são capazes de expressar.
Terminar um relacionamento não é fácil, ô, eu sei disso. O pior é quando terminam por você. Quando você não tem sequer uma escolha, uma opção, não tem a palavra final. Você não conseguiu olhar nos olhos do outro pela última vez e não houve uma despedida.
Percebo agora que morrer é fácil. Viver é difícil.
✨ Às vezes, tudo que precisamos é de uma frase certa, no momento certo.
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