Se Eu Morrer Amanhã
SE EU MORRER AMANHÃ...
Vilma Oliveira
Se eu morrer amanhã
Ninguém irá se lembrar
Nada de mim irá restar
Nem a caridade cristã!
Irão todos festejar...
Ao lado do meu caixão
Num festim quase malsão
Irão sequer lamentar!
E, num acre deletério,
Levar-me-á ao cemitério,
Para o corpo enterrar;
Numa cova funda e fria,
Qual funerária sombria,
Para sempre irei ficar!
Até que se complete inteira
Degeneração putrefata
O verme psicopata
Dessa terra carniceira...
Mastiga, engole, come,
Com apetite voraz...
Roendo os ossos, quer mais!
Mata a sede e a fome...
Na sombra dessa ossatura,
Jaz a treva mais escura,
Permanece a agonia;
Embora com a alma liberta,
Com a sepultura aberta,
Abraço a monotonia!
O mundo é grande de mais para nascer e morrer no mesmo lugar. E o tempo muito curto para esperar o amanhã
"Não sabemos se iremos morrer amanhã no entanto, continuamos a viver do mesmo jeito.
Aqueles que resolvem se aventurar é porque descobrem que o amanhã é muito pouco."
A vida é uma constante
Como as ondas desse mar
Para não morrer na praia
Você vai ter que nadar
Maré vai e maré vem
E não deixe que ninguém
Lhe impeça de avançar
Pior que morrer é viver,
viver é um exercício massante ,
vivemos por curiosidade,
aquele que não tem curiosidade no amanhã, morreu ontem
Cansado...
Cansado de pensar
De pensar o amanhã, que nunca chega;
De pensar o passado que não posso apagar.
De pensar no presente que parece não passar.
De pensar a mente fervilha.
Cansado de olhar...
De olhar o mundo, que muda a todo instante;
De olhar gente que passa, que não para;
De olhar gente na praça
Desocupada
De férias
De folga
Procurando o quê fazer.
Cansado de escutar
De escutar ruídos da rua;
De escutar gritos de lamentos,
De escutar gemidos...
Cansado de ouvir alegres cantos.
Cansado de ser vaidoso
De contar dias vantajosos, sopros...
De viver como não fosse morrer,
De esperar a noite chegar
De desejar o amanhecer...
Cansado da guerra...
Cansado da paz
Do sossego, do apego as coisas
Cansado da liberdade
Cansado, cansado...
É a hora de voltar pra casa.
Viva como se irás morrer amanhã, e sonhe como se não fosse morrer nunca. Assim conseguirás aproveitar a plenitude da sua vida
O que mais me dói ao saber que vou morrer
é pensar que o amanhã já não é meu
e que o mundo há-de continuar a correr
como se eu 'inda fosse eu!
O que mais me dói ao saber que vou morrer
é pensar que a madrugada nunca mais
há-de chegar, só porque não a irei ver,
nesse mundo onde só existem vendavais!
O que mais me dói ao saber que vou morrer
é ter que me esquecer do cheiro a terra molhada,
não ouvir os regatos pelos campos a correr
ou a chuva que bate levemente na vidraça!
Nunca mais hei-de falar dos meu Poetas!
Nunca mais hei-de sentir ou hei-de ler
os seus Poemas, suas palavras de profetas.
Só por isso e nada mais terei pena de morrer!
Afinal o que me pode mais doer do que não
ouvir o som da poesia?! Não a ver!!!
Não sentir no corpo o toque da sua mão!!!
O que me pode mais doer ao saber que vou morrer!