Rua
Meia noite trava no relógio, um pingo incessante na pia da cozinha, pneus de carro cantam na rua, um bebê no quarto ao lado não para de chorar, mas não me incomodo. Fico com a caneta na mão, mas estou digitando num teclado. E aquele papel destinado para a minha nova música está em branco. Já não tenho a insônia como uma vilã. Sigo num ciclo vicioso entre sofá-geladeira-cama. Estou em algum tipo de transe causado pelo seu ultimo pedido. Ainda sinto o calor do seu sussurro em meu ouvido. Mas o arrependimento de não ter feito nada, de ter ficado ali como uma mosca lerda, anestesiada pelo seu poder em mim, corrói meus pensamentos. Tento entender como você consegue ter tanto poder sobre mim, mas envergonhada eu também digo que nunca tentei sequer me esquivar desse poder. Estou no papel que um povo tem em uma democracia. Tenho todo o poder, mas prefiro deixa-lo com você sem fazer qualquer objeção, mesmo sabendo que você é como um governo com muitas outras prioridades, egoísta, sacana e forjado.
Escorreguei os olhos para o asfalto da rua e me prendi às formas pitorescas do espaço que me envolvia. Ao mesmo tempo, fiz uma espécie de contemplação interior e dispus minha atenção às pequenezas e assim consegui me encontrar naquele silêncio que falava comigo!
RES NULLIUS
na rua um vira-lata morde flores
– socorro!
Gritam as rosas, os cravos, as papoulas
os girassóis... apavorados
– cadê a jardinagem?
... um vira-lata morde flores
– o problema é grave
as flores já sentiram nas próprias pétalas
SE ESTA RUA FOSSE MINHA...
Se esta rua,
ah! se esta rua fosse só minha...
Eu mandava colocar pedrinhas de brilhantes,
e convidaria todos os meus amigos
para passear por ela...
Se esta rua fosse minha,
convidaria você a vir dar as mãos comigo e brincar...
Convidaria você para morar aqui bem perto,
e todos os dias poderíamos trilhar a sarjetas,
pular amarelinhas,
contar quantos carros passam,
sentar e brincar de passa-anel...
Se esta rua fosse minha,
seria sua também!
Você poderia brincar o quanto quisesse,
lhe daria todos os dias um novo esconderijo
no esconde-esconde.
Lhe contaria as palavras do telefone-sem-fio.
Lembraria você os nomes de flores na brincadeira de "STOP".
Ah! Se esta rua fosse minha!
Seria de todos os amigos que por aqui passassem,
e pularíamos corda contando o "ABC"
e quando alguém errasse, saberíamos pela letra que parou,
quem seria o próximo namorado...
Como seria bom ter esta rua só para lhe oferecer,
brincar, pular, contar, inventar e sorrir...
E ao cair da noite, começaríamos a contar as estrelas que fossem nascendo,
e cada uma delas, fazermos um pedido especial...
Pediria a cada estrela,
que esta rua fosse só minha...
e eu lhe daria de presente...
Se esta rua fosse minha...
Meu amor nasceu numa gota de chuva
Numa nota bonita
No barulho da rua
Meu amor descobriu que brotou de repente
Que caiu do espaço
Que nadou com a corrente
Meu amor já surgiu sem saber esperar
O passado era fogo
O futuro era mar
RUA DA MINA
A fonte termal
de água alcalina
Hidrata as mulheres,
hidrata homens
A favor de todos
Para a boca com sede
Onde as que bebem,
pedem mais
Sou rua de mina
Sou a Rua da Mina
e um parque de águas minerais
Sou salutar
Sou Salutaris
Nos lábios das africanas
e dos africanos
Molhando a seca do Brasil
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Homenagem à Paraíba do Sul, Bairro Lavapés, ou seja, Rua da Mina!
Espero que tenha feito a sua casa... A casa mais linda dessa rua. Que tenha colocado terra suficiente para sua casa amanhã ou depois não correr o risco de desabar, ou alaga. Que tenha feito uma fundação perfeita, pois sua casa precisa de uma "raiz" forte para se manter em pé! Que as vigas de piso esteja bem feita, e a alvenaria esteja tudo ok, para você poder colocar a sua laje. E que tenha feito ótimas instalações, e que o seu tanque não te deixe na mão, que nunca lhe deixe faltar água. Espero que tenha feito uma boa entrada para sua casa com um lindo jardim, e as pilastras que ficam ali na frente não seja as primeiras a caírem no chão... Quando a bomba explodir!
Se eu tivesse tomado um atalho, uma rua estreita qualquer, que tipo de pessoa eu teria me tornado? Não sei. Mas gostaria muito de saber. Passo nas ruas e vejo todas as pessoas que eu poderia ter sido e não fui.
FOLHETIM
Poesia
Quem és tu?
Que não és minha
Poesia
Vejo-me na rua
Vejo-te na lua
Poesia
Devora as folhas brancas
Sobe nas tamancas
Poesia
Teu corpo poema é música
Teu poema corpo é dança
Poesia, poesia, poesia...
Quem sou eu?
Sem você no dia-a-dia...
Se o Vem vamos prá rua, não conseguir nos despertar,vamos passar mais cem anos cantando Eu quero tchú..Eu quero tchá!
CRôNICA DE UMA PASSEATA
Preso à minha classe e a algumas roupas, vou de branco pela rua cinzenta. Melancolias, mercadorias espreitam-me. Devo seguir até o enjoo? Posso, sem armas, revoltar-me? Preso à minha classe vou pela rua sem pensar nesses versos de Drummond. Não estou só, vou bem acompanhado. Se não posso me despir das minhas roupas, trato de me despir do pronome singular. Vamos pela rua aos milhares, às dezenas ou centenas de milhares, não sabemos quantos somos. Vamos a passo lento, entoando cantos esparsos, escassas palavras de ordem, entregando-nos por vezes a um silêncio involuntário, carregado de indizíveis vontades. À minha frente, uma imensidade de dorsos se funde numa massa amorfa cujo início me foge aos olhos. Às minhas costas, cartazes e faixas atravessam a paisagem e não se adivinha onde a turba pode acabar. Noto que o silêncio me devolveu a mim, me distanciou da coletividade. Só quando um grupo grita que tomamos as principais avenidas de São Paulo, que ocupamos o centro do Rio, só quando ouço esses alardes eufóricos me dou conta de que formamos um único e enorme corpo, um corpo que parou o país.
TEMPOS DE RUA
Nesta semana, meu filho Gabriel, 18, me telefonou informando que estava organizando os amigos da universidade para uma manifestação em Macapá. Empolgado, ele me contava da expectativa de a passeata "bombar" e do ânimo da sua geração na rua. Não resisti e, segurando as lágrimas, respondi: "Menino, aguardei 20 anos para que a sua geração chegasse, ainda bem que esperei". Reportava-me aos episódios do ano de 1992. Ainda estava engatinhando a mobilização para retirar Fernando Collor de Mello da Presidência da República, e eu estudava na Universidade Federal do Amapá. Eu, com outros estudantes, lutava para retirar do cargo a reitora da universidade, devido a posturas profundamente autoritárias. Após a primeira manifestação contra a reitora, o vice declarou: "Estes meninos estão malucos, querem tirar a reitora. Daqui a pouco vão achar que podem tirar o presidente". Paralelamente às mobilizações contra a reitoria, caminhava a luta pelo impeachment aprovada no 42º Congresso da UNE, ocorrido em Niterói no julho anterior. Em 29 de setembro de 1992, a Câmara dos Deputados aprovou o impeachment de Collor.
Passas por mim na rua e não me vês.....
Sonho acordada no teu sonho ..
E vou a sorrir para ti....
Acordo e nada mudou.... ..
Nesse sonho eu acordei...
Quero abraçar-te ...
Quero que gostes de mim...
Que eu te ame como tu me amas....
quero ser para sempre Tua ...
Faz de mim amor,o que faria por ti ..
Quero ser os teus olhos perdidos....
E tão sofridos,de quem se perdeu na vida...
Simplesmente amo a vida !
Um pouco de história; começou com a propaganda da Fiat (Vem prá Rua) e tá terminando com a da Sadia (Agora todo mundo vai saber que o Brasil se escreve com S e não com Z )
Você vê que todos são melhores que você pelo jeito de te olhar.
Você vai pra rua querendo estar invisível pra qualquer pessoa.
Você sente um alivio quando está sozinho, você gosta do escuro, alias você compara a escuridão com sua vida.
Uma sombra vazia e intensa, cuja visão noturna não tem limites, não tem nada além de nada.
Você não vê você não senti, não tem ninguém ali apesar de sentir que há alguma coisa.
Educação ganhamos de berço, mas também aprendemos muito na rua. E essa rua também soube dar muita educação. Que agora tenho em minha vida. Sou um estudante sonhador. Quero muitas coisas. Um amor, um romance, uma peça pra se encaixar e meu Lego de 19 anos. Escrever é um hobbie. Mas escrevo pra mim. Muito pouco para os olhos da humanidade. Tenho medo dessa 'Humanidade'. Ela é estranhamente assustadora quando solta as suas garras.
A vida continua, a gente segue em frente
Algumas coisas são deixadas para trás, esquecidas pela rua
E quem sabe daqui a pouco mais, assim de repente
Um certo alguém...
Que nos faz ver o mundo de uma maneira diferente
Capaz de transformar o brilho do sol, no reflexo da lua
Que nos faz tão bem