Renato Russo Poemas sobre a Vida
Carestia
Prazer sou o desgraçado
Pelo jeito que me falam as palavras
Como os olhos que quero, me fogem
Como acordo sem feromônios e azarado
Mas ao inferno todas as doces línguas que não me vem
De toda maneira que se tem
Sou só e assim mais feio que o disforme
E meu andado destoa, pois a rua parece que morde.
Sacra constituição
Cravei com Deus
Umas novas leis
Pros meus sonhos
Ai ele me deixa sonhar,
Do jeito certo
Funciona assim
Eu sou só pele
E pra flutuar
O que tenho por dentro
É o que pensam almas notívagas
Delas me vem um tanto de malícia
Que atravessa e respinga paixão
Ai vou longe sobre o urbano e o rural
E nada de sentir dentes caindo
Ou o susto de cair de um arranha-céu no colchão
Assim furto de todo o resto pra ir te visitando!
Arrefecer
E depois do fim, do frio na barriga
De quem cai de amores
Eu volto pra casa com músculos doloridos
E então o sangue esfria, e os espasmos correm
E a dor de hoje cobre a de ontem.
Anti- horário
Espera conheço esse sabor!
Já vi esse olhar derreter e empedrar
Vivi essa tarde nessa mesma cor
O azedo já ferroou minha boca, deu a volta e adocicou
Me vieram espíritos violentos nos melhores perfumes
E usei de meios lascivos, para os fins mais carinhosos
Tudo errado, contrariado
De cá pra lá!
Feito das tripas coração.
O Estro
Por um olhar, e os traços o contornando
Como as madeixas descem
E suavemente ascendem
Como pergunta
Na testa, nuca e orelhas
Enrubrescem minhas bochechas
Esmurram-me o estômago.
Pra que eu volte aos olhos me perfurando.
Onisciência
Deus tu que sabes bem
Aos pés de quem, e de que cama quero estar
Por favor distorça meu pobre caminho
Tu que conhece os corredores por vir
E a mão que escolho pra me puxar
Dentre as ironias nos deixe passar
Pois um tanto por ela e outro pelo paraíso
É que o inferno ruge e se contorce.
O Anatômico
E foi dito que ele se mudou
Para os grânulos de fordyce dela
Lá nos risquinhos daqueles lábios
No abismo e nas raízes daquelas íris
Agarrado aos poros de sua pele
Um encosto regozijado e assustador.
O frascário amor
Forasteiro, vermelho, cru que assanha!
Dá um tanto de hiena
Leva um pouco de cidadão
Grito uníssono aterrador,
Lá de onde vem
Mas sensual aqui
Nos segue e o seguimos,
Desde a infância a sequidão dos seios da morte
Por vezes só pela pureza e realidade em um beijo.
Foragir
Ah eu já não sei o tanto de dor que tem que doer!
Que encruzilhada e aperto de mão eu busco pra lhe esquecer
Na vastidão que esse mundo tem, ninguém me esconde de você.
Emancipada
Nesse município beleza nenhuma alcança a dela
Descendo a rua, como faca que risca a nata sobre o leite
Até o meio dia se intimida, nubla e segue em seu encalço.
Arcaica Alma
Ai de minh'alma velha destituída de par
Que faz minha carne sentir o que está
Onde os idiomas não vão
Solta meus olhos do trânsito
E os arremessa ao horizonte
Sem nada querer ou precisar.
Sra. Solidão
Oh posso sentir no tutano de meus ossos!
Como estalos de chamas lambendo capim seco
Do cerrado que me pariu
Como chuvas que sobre fazendas vão mais violentas
Ou pior, a geada velha, caquética, incomum
De flácidos braços que me constringindo, me constrangem.
Quando saturno
retornar espero
que tudo já esteja
no lugar
e você aqui do lado
para que eu possa
te orbitar.
De frente ao mar,
ventos a soprar,
na calmaria do mar
ela continuava a sonhar...
pele branca
cabelo solto ao ar,
meiga dona de um sorriso
de encantar,
de sua boca as boas
novas vinha a pronunciar,
aos olhos do criador
era como uma flor
que Ele vivia a acariciar.
Ela é livre e leve
perto dela até a monotonia
desaparece com o espirito
aventureiro segue,
seu sorriso no rosto
sua beleza enaltece,
todos os dias sua alegria
prevalece com seus pensamentos
elevados assim ela permanece,
ela tem um riso branco como a neve
é mais linda que o pôr-do-sol
ou o dia que amanhece.
divagações
Sou a torrente de águas bravas, margeando uma luz no fim,
Na pergunta a resposta, eis que já cheguei mas talvez seja tarde pra vislumbrar a imensidão do todo
beijei seus lábios doces e incertos como meus sonhos inseguros,amor? talvez, para sempre talvez?
Me deixei a seus pés, e fiquei a esperar a sua volta, mas a demora calada, silenciosa de dias e mais dias, aos poucos sucumbindo
Na incerta certeza da dúvida, meu coração ... se fez fraco e como no ultimo suspiro de vida, se fez vivo, a procurar - te
Mas nas veredas da vida cair, e passado longo tempo seus olhos aos meus não se encontram mais,
No agora desapercebido das horas enquanto velejo em minhas reminiscências,
fica a espreita dos sentimentos uma lágrima que jorra, ao cair da tarde de mais um setembro...
Quando nos encontramos, tudo se tornar eterno.
Seus beijos são tão quentes que quanto mais tenho mais os quero.
Você diz à mim que se pudesse me daria o mundo.
Então à digo que o mundo não quero.
O que que eu quero é só você.
Você me responde da maneira mais linda.
Que meu mundo é você e o nosso amor é o universo...
Lembre-se que "O Universo conspira a favor, de quem não conspira contra ninguém"...
Simples Assim...
_________ By Renato Maia
Suas palavras não tem lastro, poucos foram os sentidos dos meus passos.
Desinformações vazias que demorei a descobrir. Inverdades verossímeis, em sua mão já comi.
Malícia na ponta da língua. No seio da mentira nenhuma semente vinga.
Nunca desejaria tamanho mal a ti, meu capital era o que mais desejava em mim.
Mulher irracional, inspirada em "Racionais", assisti de camarote a modernidade destruir muitos casais.
Escravidão consentida ainda é escravidão. Enganado, mesmo assim me sentia o vilão.
Desentendida, entendida na arte de ser vítima. Tantas lágrimas não podem ser falsas. Quem não acreditaria?
Frivolidade incontestável sua maior aptidão. Cinismo niilista não faz competição.
Camaleão do sentimentalismo, deusa inexata. Meu ego foi reduzido a pó enquanto o seu além do céu rumava.
Fugaz rota que leva ao típico regresso da vida. Não esperava que a flor mais bonita seria a que mais me machucaria.
Ciclo vicioso de amor e desamor. Minha letargia não supera seu rancor.
A pequena voz em minha cabeça se torna uma epifania. Difícil viver sabendo que seu amor não tem valia.
Trazendo a memória muitas inconveniências. Tempos sombrios de uma conturbada existência.
Citando todos os contras ignorados. Cego, atingido por dados inflamados de um cupido desocupado.
O precipício a minha frente é profundo e mal assombrado.Tenho que seguir como diz o ditado: Melhor sozinho que mal acompanhado.
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A amizade sincera é um santo remédio
É um abrigo seguro
É natural da amizade
O abraço, o aperto de mão, o sorriso
Por isso, se for preciso,
Conte comigo, amigo, disponha
