Coleção pessoal de clarismedeiros

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Você era a metade que faltava em mim. Ou melhor, tudo em mim é seu. Você me levou contigo no coração e esqueceu de deixar qualquer palavra tua. Agora eu me sustento em ti, e viro ti

Ajeitei meu chapéu, desamassei a farda apressadamente com tapas e me aprumei. Entrei naquele navio cheio de esperanças, apesar de saber que estava entrando para a guerra. Entrei sorrindo, coisa que a maioria dos outros homens não estava fazendo. Sentei-me e fiquei calado, admirando o mar sumir na linha do horizonte. Estava tudo indo bem até que um outro marinheiro - provavelmente a exceção daqueles homens que parecia estar feliz pela decisão tomada - sentou ao meu lado e deu uma palmada em meu ombro.
- Olá, homem! - Disse ele. - Vejo que você é o único que está animado como eu!
- Sim, marinheiro. Acho que eles só estão vendo o lado ruim de estar na guerra.
- Concordo com você… - Depois de alguns minutos, voltou a falar. - Estou aqui em busca de aventura.
- Aventura não é bem a palavra que me trouxe até aqui… - Falei, dando de ombros.
- E o que lhe trouxe aqui?
Pensei um pouco e o respondi: - Só quero servir a minha nação com honra.
O moço riu um pouco depois poi-se a olhar o mar.
- Só estou aqui por aventuras. Qualquer outro motivo, eu descarto.
- E quais “aventuras” você espera? - Perguntei curioso.
- Bom, - ele finalmente voltou a olhar para mim. - pretendo lutar até a morte com meus fiéis companheiros, e se sair vivo, achar um amor em meio a terras desconhecidas.
Agora quem estava rindo era eu.
- Amor? Isso é sério?
- Vejo que você não acredita nele, não é?
- Não é isso. Apenas não tenho um pensamento tão ingênuo assim. Se eu sobreviver, ótimo. Se não, foi pelo meu país. Não penso em amores…
- Não mesmo? Imagine como seria fantástico encontrar uma bela moça que lhe desse lindos filhos e amor verdadeiro? Nem sequer pensa nisso?
- Acha mesmo que é possível encontrar um amor em plena guerra?
Ele suspirou, sorrindo. Levantou-se, deu mais um tapa em meu ombro e falou antes de ir embora: - É só por um “a” e o mar fica maior.

Todo o coração sabe amar grande. O problema é que, nos corações machucados, o amor esvazia em meio aos buracos, e o amor passa a se tornar pequeno e duvidoso. É difícil encher algo que insiste em ficar furado, que insiste em derramar. Todo o coração sabe amar grande, mas amar pequeno não é questão de escolha, e sim de involuntariedade.

Remou
Re-amou
E se perdeu
Em um mar de confusão

Chorar rios
Sorrir mares.

Hoje eu escrevi teu nome no vidro embaçado do carro. Minha mãe viu, sorriu para mim e perguntou:
- É ele?
Suspirei, triste.
- Não mais

Tinha visto isso em um filme, mas de primeira, achei algo super clichê e descartei. De uns tempos para cá, vi o quanto aquela dinâmica do filme tinha sentido. Fui até minha estante e tirei de lá meu dicionário e cacei a palavra adeus. Peguei uma tesoura e tirei a palavra, depois a amassei e joguei no lixo. Na hora, ri de mim mesma: Parecia tão mais bonito e fácil no filme! A mãe havia recortado do dicionário a palavra desistir, e depois que ela morreu, seus filhos foram criados sem saber o que “desistir” significava. Infelizmente, eu sabia o que “adeus” significava. Eu já havia dito adeus, já tinham me falado adeus… A palavra nunca fora usada para dar uma notícia boa ou para fazer uma declaração de amor, era só para despedidas, em sua maioria, eternas. Queria ter crescido como os meninos, sem conhecer essa maldita palavra, mas agora já era tarde, mas mesmo assim, não deixei de fazê-lo. Algum dia, minha filha irá vir me perguntar o que significa a palavra adeus, e eu sorrirei para ela e lhe direi: “Para a sua sorte, essa palavra não existe, meu bem.

A vida não é só feita de coisas doces. Lembre-se que doce demais enjoa.

Ela dormia quietinha, com a cabeça encostada na janela. Estava encolhida por causa do frio, e abraçava os braços como se estivesse o acolhendo. De repente, ela sorriu, ainda dormindo. Parecia ser um sonho bom, daqueles que te deixa com vontade de sonhar de novo e de novo. Ela estava sonhando com ele, sem dúvida. A parada dela era próxima, o que a fez ter pouco tempo de sonho. Fiquei com pena dela. Ela parecia tão feliz! Mas logo isso mudou quando eu vi quem a estava esperando na tal parada: Era o pequeno dela, lhe dando um sorriso tão lindo! Depois que se abraçaram, ele a beijou com tanta paixão que me fez sorrir do nada. Lembrei de você, lembrei da gente. E naquele momento, uma saudade enorme me bateu. Me pus a dormir, e eu aposto que em algum momento da viagem, em pleno sono, eu sorri.

Hoje a professora brigou comigo de novo. Bateu em minha carteira com uma régua e pediu para que eu me concentrasse mais nos cálculos do que em meus pensamentos, mas eu não consegui. E não é só com cálculos, mas com tudo. Não consigo mais fazer pipoca sem causar um incêndio na cozinha e nem consigo mais assistir televisão sem cair no sono, pra poder sonhar com você. Tu me vem na cabeça o tempo todo, e fica grudado como chiclete nos cabelos. Isso chega a ser irritante, mas ai eu me lembro de que não é qualquer um, é você, e pensar em você me faz tão bem. Gosto de te relembrar sorrindo, fingindo estar com raiva, fazendo careta, sendo tão você… Eu amo você, amo mais do que ontem e amarei ainda mais amanhã. Eu amo você, mesmo zangado comigo, mesmo nem querendo me ver. Eu só penso em você, e está difícil até ir comprar pão na padaria da esquina, porque eu sei que vou esperar você lá, mesmo eu nem te chamando pra vir comigo. Eu só sei pensar em você, já nem sei mais porquê, só sei que você não sai daqui de dentro. Eu amo você, digo e repito, e pensarei em você a todo o momento, não importa o quanto reclamem. Pensarei em você sempre, meu amor. Sempre.

Sou muito mais do que um par de olhos ingênuos.

Pinta a cara de amarelo e sai na rua, grita pro inferno que o céu é o teu lugar, sorria em meio a prantos e encante quem te encanta, seja feliz ao som da dança. E o que vier, tu já aguenta.

Eu já fui dessas de me entregar a dores que não eram minhas. Chorava ao ver um amigo mal e fazia de tudo para colocar um sorriso em seu rosto, mesmo que, para isso, eu tivesse que me machucar. Entregava-me a tanto sofrimento que chegava a ser deplorável, mas chega um momento em que você deve aprender a ser egoísta, deve pensar na sua felicidade primeiro. É ruim ver pessoas que você tanto ama tristes, mas coloque-se em primeiro dentro de você. É preciso, antes de tudo, ver um sorriso enorme no espelho no que nas pessoas. Não se esqueça de que sorriso contagia, principalmente um sorriso verdadeiro, um sorriso forte. Se preencha de alegria e pense em resolver os seus problemas antes de tentar ajudar os outros. Seja egoísta, porque tem gente que só se aproveita da tua boa vontade. Se ame, antes de pensar em amar alguém.

Essas pessoas acham que sabem o que é o amor, e saem por ai criando conceitos, achando mesmo que o amor é aquilo o que elas dizem, e sinceramente: Acho isso muito irritante. Uma vez, uma garotinha que caminhava sozinha pelo parque sentou-se ao meu lado e perguntou-me o que era o amor. Quando retruquei a pergunta, ela disse que o amor era o pior sentimento que existia, que ele só fazia machucar. Passei a mão na cabeça daquela pobre pequena, que com aquela tão pouca idade, já tinha um conceito tão duro e ruim sobre o amor. Sorri para ela e lhe respondi com firmeza: “Amor é um sentimento lindo, querida. Nos faz sentir especiais e adoça o coração, e existem vários tipos de amor: Amor de mãe, amor de amigo, de Deus… Mas tem um tipo de amor que faz a gente se apaixonar até por um cara parado na esquina, e este, diferente dos outros, trás consigo um pequeno problema: Muitas vezes, o cara parado na esquina não sente o mesmo, e isso pode machucar muito, mas também não quer dizer que só por isso o amor em si é ruim! Nada disso! Quem faz o amor se tornar ruim são as pessoas que não sabem amar.” A menina sorriu, pediu obrigada e pulou do banco, voltando para seu caminho. E quando lhe perguntei para onde ela ia, me respondeu sorrindo: “Vou ensinar as pessoas a amar de verdade!”, e desde aquele dia, eu soube que nem todos vão pensar que o amor é o que inventam, e sim, que é o sentimento que adoça e amarga o coração. Tudo por causa da garotinha, eu espero!

Você sempre preferiu sorvete de morango, lembra? Toda a tarde tomando o mesmo sabor de sorvete, sem cansar. Sempre sentávamos no banquinho ao lado da enorme árvore e ficávamos lá por várias horas jogando conversa fora; Você falando sobre o quanto meu time estava ruim no campeonato e eu só rindo, porque não queria brigar com você. A gente ria do formato das nuvens, da sujeira que eu fazia em minha roupa por não conseguir tomar o mísero sorvete direito e você só de riso largo pra mim. Riso tão lindo, meu bem. Sempre atualizávamos nossas manhãs de notícias, até jornal nós líamos juntos. Como agora é tudo tão estranho, menino! Sento-me no mesmo banquinho todo santo dia, com o sorvete de morango que você tanto gosta na mão, com o jornal no colo, a espera do teu riso… Mas você nem aparece mais. Mudou-se sem deixar endereço, nem avisou que partiria. Deixou-me a esperar por tão perfeita rotina. Agora, começo a manhã sem disposição, nem me incomodo mais em guardar uma camiseta reserva, porque sei que não melarei mais a que visto. Nem fico mais procurando um animal que defina a forma das nuvens e nem me preocupo em sentir-me bem. Quando você foi embora, acabou esquecendo-se de me ligar pra pedir que eu me esforçasse para dar um sorriso sem ti por perto. Esqueceu de me dizer que foi amor e que continuaria sendo amor, ou até que me escreveria, mas nada me chega, a não ser o vento e as nossas lembranças. Eu estou sempre aqui, menino, dormindo pra embarcar em meus sonhos contigo, esperando tuas palavras, apelidos, todo teu amor em forma de carinho. Só espero de ti o mesmo riso largo de antes, e o mesmo “eu te amo”, enquanto tomamos o velho sorvete de morango.

- Aprendi a amar alguém muito mais importante, algo que realmente vale a pena amar. Que faz bem, que sabe me amar de volta, que jamais me decepcionará, que está comigo para toda a vida, que sempre me escuta e me retribui do jeito que eu mereço. Eu simplesmente o amo, muito mesmo!
- E quem é esse?
- Deus

Pelo o que ando percebendo, não nasci com sorte no amor.

E que minha vida se preencha de sorrisos, daqueles bem verdadeiros! Lágrimas já bastaram no meu passado.

Os teus braços, meu menino, já viraram uma espécie de abrigo, sabia? Antes, eu tentava me aquecer com os meus próprios braços. Era orgulhosa demais para aceitar outros, e fingia estar tão bem protegida… Só agora percebo como eu fui tola em fingir esse tempo todo. Mas sabe, o sofrimento acaba te deixando mais orgulhosa, a ponto de negar algo que você tanto precisa. Você não sabe o quanto foi difícil admitir primeiramente para mim que precisava de ti, mas do que já precisei de algo ou alguém. Eu tinha medo, sabe? Medo de me jogar em qualquer abraço e me sentir protegida demais, necessitando exclusivamente daquilo… Porém eu percebi que eu tinha de arriscar, tinha que tentar acertar… Felizmente, não errei. Felizmente, te escolhi. Você soube aquecer meu coração com calma e carinho, coisas que eu nunca recebera. Você me faz derreter, me faz dizer que sou toda tua. Corpo e alma. Sou grata a ti, meu menino, por ter me estendido os braços e por ter me dado todo o calor que eu precisava. Depois de muito tempo a procurar, finalmente achei o meu abrigo. Meu abrigo está em ti. Abriga-me, meu menino. Abriga-me em teu amor.

Passando a mão de leve em minha estante de livros, comecei a caçar por algum livro que me tirasse do tédio. Achei um, com a capa toda branca, sem nenhum detalhe. Sentei-me na poltrona e comecei a ler. O mocinho se apaixonava pela mocinha e a mocinha se apaixonava pelo mocinho. Ambos escondiam e fingiam estar nem ai para os seus sentimentos. Mas um dia, o mocinho e a mocinha tomaram coragem e trocaram beijos, abraços e palavras doces, e então, estava feito o casal! Foram caricias, brincadeiras, e tudo de bom no que um casal recém formado poderia ter e aproveitar, mas então, vieram as brigas, as lágrimas, a despedida e a saudade. A última folha do livro estava em branco. Peguei papel e caneta e sentindo um aperto em minha alma, escrevi: “[…] E então, a mocinha e o mocinho nunca mais se encontraram nem trocaram mais um bom dia. A mocinha acorda todas as manhãs, olha para o outro lado da cama e percebe que o mocinho não está mais la. E a mocinha chora e sente falta, muita falta. Um certo dia, a mocinha caçava um livro que a tirasse do tédio. Foi então que ela achou a história dela e dele, e percebeu que o final não tinha sido escrito. Poi-se a escrever, entre lágrimas, aquilo o que ela nem ninguém esperava para o fim daquela linda história: Um adeus