Quanto mais me Conheco Fernando Pessoa

Cerca de 252513 frases e pensamentos: Quanto mais me Conheco Fernando Pessoa

De vez em quando choro. É bom chorar. Eu não tenho vergonha, mas em todos os momentos existe a certeza de ter feito uma escolha acertada, de estar caminhando em direção à luz. Não nego nada do que fiz, também não tenho arrependimentos ou mágoas: eu não poderia ter agido de outra maneira — mesmo em relação a você — levando em conta o quanto eu estava confuso naquela época. Também já não tenho aquelas queixas infantis, na base do ‘tudo dá errado pra mim’, ou autopunições como ‘eu sou uma besta, faço tudo errado’. Nada é errado, quando o erro faz parte de uma procura ou de um processo de conhecimento. Gosto de olhar as pedras e os desenhos do vento na superfície da água, gosto de sentir as modificações da luz quando o sol está desaparecendo do outro lado do rio, gosto de sentir o dia se transformando em noite e em dia outra vez, gosto de olhar as crianças brincando no corredor de entrada e das palmeiras que existem no meio da minha rua — gosto de pensar que vou sempre ter olhos para gostar dessas coisas, e por mais sozinho ou triste que eu esteja vou ter sempre esse olhar sobre as coisas. Não sei muito, também não tenho muito, também não quero muito, mas estou aprendendo a respirar o ar das montanhas.

Boas e bobas são as coisas todas que penso, quando penso em você.

Caio Fernando Abreu

Nota: Carta Anônima, do Livro Pequenas Epifanias.

Divida essa sua juventude estúpida com a gatinha ali do lado, meu bem. Eu vou embora...

No Brasil, como se sabe, o verdadeiro dia primeiro de janeiro é a quarta-feira de cinzas - à tarde.

O que hoje é drama, sempre, amanhã estará quieto na memória.

Culpa de ninguém, só da vida. Mas barra não é qualquer um que segura, certo?

Ninguém te ama, ninguém te quer, ninguém te conhece, ninguém tem acesso à tua alma. Tuas neuras são só tuas, e parece que nada nem ninguém preenche esse vazio.

Dessa vez não vou querer tudo de uma vez, porque sempre acabo ficando sem nada no final. Estou apostando minhas fichas em você e saiba que eu não sou de fazer isso. Mas estou neste momento frágil que não quer acabar. Fiquei menos cafajeste, menos racional, menos eu. E estou aproveitando pra tentar levar algo adiante. Relacionamentos que não saem da primeira página já me esgotaram, decorei o prólogo e estou pronto pro primeiro capítulo.

Quem nos faz falta acerta o coração como um vento súbito que entra pela janela aberta.

Tem dias que não existem emoções, nem pensamentos: só dor!

Esta coisa terrível de não ter ninguém para ouvir o meu grito. Esta coisa terrível de estar nesta ilha desde não sei quando. No começo eu esperava, que viesse alguém, um dia. Um avião, um navio, uma nave espacial. Não veio nada, não veio ninguém.

(...) Ouvir umas histórias. Contar algumas também. Botar a conversa em dia… Falar sobre nós um pouco, talvez. Contar umas estrelas. Fazer uns pedidos. Quem sabe realizar alguns meus. Rir um pouco. Sentir-se leve. Esquentar um pouco os pés frios… O coração vazio. Se não quer sentar e relembrar o passado. Matar essa saudade. E essa vontade. Quem sabe sentir alguma vontade. Não sei…

Tem um poema da Florbela Espanca que diz assim: "As coisas vêm a seu tempo/ quando vêm, essa é a verdade". Um dia a coisa sai. E eu acredito no mecanismo do infinito, fazendo com que tudo aconteça na hora exata.

Ama mas não cuida. Gosta mas não fala. Beija mas não sente. Diz que vem mas mente.

Você se doou tanto quando eu não pedia, e no momento em que pela primeira vez eu pedi, você negou, você fugiu.

Mas sempre me pergunto por que, raios, a gente tem que partir. Voltar, depois, quase impossível.

E esse vazio que ninguém dá jeito? Você guarda no bolso, olha o céu, suspira, vai a um cinema, essas coisas. E tudo, e tudo, e tudo.

Se você quiser me amar, esteja a gosto, coração.

É esse seu bloqueio de aço encouraçando o silêncio, eu não consigo entender.

E eu quero ver, rever, trasver, milver tudo que não vi.