Professor Carlos Drumond de Andrade

A opinião pública é sempre respeitável, não pelo seu racionalismo, mas pela sua omnipotência muscular.

É mais fácil perdoar os danos do nosso interesse que os agravos do nosso amor-próprio.

Há mentiras que são enobrecidas e autorizadas pela civilidade.

O louvor que mais prezamos é justamente aquele que menos merecemos.

É falta de habilidade governar com tirania.

Quando um pensamento é fraco demais para vestir uma expressão simples, isso é o sinal para rejeitá-lo.

Dói tanto a injúria publicada como a ferida exposta ao ar.

Poucas máximas são verdadeiras sob todos os pontos de vista.

O trabalho involuntário ou forçado é quase sempre mal concebido e pior executado.

Somos muitos francos em confessar e condenar os nossos pequenos defeitos, contanto que possamos salvar e deixar passar sem reparo os mais graves e menos defensáveis.

A quem trata com Deus, nada falta.

O que há de melhor nos grandes empregos é a perspectiva ou a fachada com que tanta gente se embeleza.

O erro é a noite dos espíritos e a armadilha da inocência.

Os homens enganam-se miseravelmente quando esperam encontrar a sua felicidade, mais na forma dos seus governos que na reforma dos seus costumes.

A mais bela das raparigas só pode dar aquilo que tem.

Os velhos ruminam o pretérito, os moços antecipam e devoram o futuro.

A falsa ciência não aumenta o nosso saber, agrava a nossa ignorância.

É triste a condição de um velho que só se faz recomendável pela sua longevidade.

Nas revoluções dos povos a insignificância é a maior garantia de segurança pessoal.

A obstinação nas disputas é quase sempre efeito do nosso amor-próprio: julgamo-nos humilhados se nos confessamos convencidos.