Principais Ideias do Nicolau Maquiavel
E se poderia num longo discurso para mostrar como são melhores os frutos da pobreza que os da riqueza e como uma tem trazido honra às cidades, às províncias e aos partidos, enquanto a outra os tem arruinado, se este assunto já não tivesse sido tratado muitas vezes por outras pessoas.
Todos os Estados bem governados e todos os príncipes inteligentes tiveram cuidado de não reduzir a nobreza ao desespero, nem o povo ao descontentamento.
Faça da solidão a sua melhor amizade, não a tema. No final você verá que ela sempre será sua melhor companhia.
O príncipe tem que ser virtuoso, mas no conceito grego pré-socrático, onde a virtude é vitalidade, força, planejamento, esperteza e a capacidade se impor e profetizar. O príncipe que tiver essa virtude vai ser dono do próprio destino, vai criar sua própria sorte, que para ele determinava somente metade dos acontecimentos na vida das pessoas; a outra metade é definida pela liberdade.
O desejo de conquista é algo natural e comum; aqueles que obtêm sucesso na conquista são sempre louvados, e jamais censurados; os que não têm condições de conquistar, mas querem fazê-lo a qualquer custo, cometem um erro que merece ser recriminado.
Mesmo que se disponha de poderosos exércitos, há sempre necessidade dos favores dos habitantes de uma província.
O desejo de conquista é coisa verdadeiramente muito natural e ordinária, e sempre que os homens capazes da conquista a realizam serão por isso louvados e não censurados; mas quando não a podem fazer e desejam fazê-la de qualquer modo, eis que estarão presentes o erro e a censura.
É inevitável que um homem que queira sempre agir como boa pessoa em meio a tantos que não o são acabe por se arruinar.
Em um conflito, aquele que não é amigo te solicitará a neutralidade, enquanto aquele que é te solicitará que tomes posição abertamente de armas nas mãos.
Quando abertamente se coloca a favor de alguém contra outra pessoa, é reconhecido como verdadeiro amigo e inimigo, opção que se revela sempre mais vantajosa que a neutralidade. Pois o vencedor não deseja amigos dúbios que deixam de apoiá-los nas adversidades, e o perdedor não te socorre porque não quiseste de armas em punho partilhar da sorte dele.
Se aquele a quem te uniste vencer, mesmo que seja poderoso e que fiques à sua mercê, ele se sentirá ligado a ti por uma obrigação e afeto; e os homens não são jamais tão desonestos a ponto de, com tal exemplo de ingratidão, te oprimirem. Mas se aquele a quem te uniste perde, serás amparado por ele, te ajudará enquanto puder e se tornará parceiro de uma sorte que pode ressurgir.
Deve reunir-se com o povo e dar exemplos pessoais de humanidade e generosidade, mantendo sempre firme a majestade e dignidade de sua posição, a qual não deve ser dispensada jamais, em circunstância nenhuma.
Deve conceder a poucos conselheiros a liberdade de se dirigir a ti dizendo a verdade e somente das coisas sobre as quias deles indagar e não outras; mas deve consultá-los acerca de tudo, ouvir suas opiniões e depois deliberar por si só e a seu modo.
Deve comportar-se de maneira que cada um destes conselheiros perceba que quanto mais livremente lhe dirigir a palavra, mais facilmente contarão com sua aceitação. Além deste não se deve ouvir mais ninguém, ater-se ao que decidiu e perseverar firmemente nessa sua deliberação, pois quando qualquer um puder dizer-te a verdade, te faltará ao respeito devido.
Há três tipos diferentes de mente:
uma compreende as coisas sem ajuda;
a segunda compreende as coisas demonstradas por outrem; a terceira nada consegue compreender, nem só, nem com a assistência dos outros...
