Preguiça

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Contemplação

Acordei mais cedo hoje só para vê-la despertar.
E aos pouco, num bocejo preguiçoso o brilho dos teus olhos eu pude contemplar.
Num olhar discreto e um sorriso meio sem graça lançou teus olhos sobre mim,
Feita enamorada surpreendida pelo amado no embaraço de um tímido desarranjo.
Ajeitou-se como pode e arrumou no improviso os cabelos.
Deixou nossos lenções e envolveu-se em uma toalha já de saída para as águas matinais.
Desejei entrar contigo no chuveiro, mas aquele momento era só de contemplação.
E no anseio ao seu retorno eu quase enlouqueci quando a vi voltar.
A toalha, já umedecida, ditava os contornos do teu lindo corpo.
De fronte ao closet lançou mão do que lhe cobria atiçando em mim o instinto mais carnal,
E um a um, ia sobrepondo as vestes ao teu corpo.
De cada escolha, voltava-se para mim como quem busca minha aprovação.
Enquanto eu ainda a admirava,
Lentamente dirigiu-se para a penteadeira e lançou mão da caixinha de cores e batons.
Em suaves movimentos circulares, levemente, cobriu de tons sua pele clara e macia,
E como se pudesse, esforçava-se em embelezar-se ainda mais.
Num toque final, contornou de maneira suave e provocante os lábios com batom.
E para mim, embora a tua beleza natural dispensasse acessórios, outra face ali se fez,
Quase tão bela quanta aquela que encantou os meus olhos ao amanhecer.
Nem por um instante desviei meu olhar de você.
Despediu-se com um beijo e partiu levando consigo meu coração.

Edney Valentim Araújo

Eu cheguei numa fase que eu tenho preguiça de contar o meu lado da história.

⁠Cheguei à fase da serena desistência,
De explicar-me em vão, de buscar aceitância.
Deixo aos outros a trama da minha história,
Pois sou além do que enxergam em minha glória.

Que pensem o que quiserem, que julguem à vontade,
Minha essência resplandece além da superficialidade.
Quero é que todos sigam seu próprio destino,
Enquanto trilho meu caminho, sem me deter no desatino.

Nada me é dado, mas tudo é conquistado,
Com suor, lágrimas e cada passo ousado.
Sou autor da minha saga, protagonista do meu enredo,
E na calma da aceitação, encontro meu maior segredo.

⁠⁠A sedução do Arlequim

Malandro, preguiçoso, astuto e dado a ser fanfarrão: eis a figura do Arlequim. Ele surge com sua roupa de losangos no teatro popular italiano (commedia dell’arte). Sedutor, ele tenta roubar a namorada do Pierrot, a Colombina. Vejo que meu texto começa a parecer marchinha saudosista de carnaval...

Há certa dignidade na personagem. Cézanne e Picasso usaram seu talento para representá-lo. O espanhol foi mais longe: retratou seu filho Paulo em pose cândida e roupa arlequinesca. Joan Miró criou um ambiente surrealista com o título Carnaval do Arlequim.

Ele seduz porque é esperto (mais do que inteligente), ressentido (como quase todos nós), cheio de alegria (como desejamos) e repleto de uma vivacidade que aprendemos a admirar na ficção, ainda que um pouco cansativa na vida real. Como em todas as festas, admiramos o palhaço e, nem por isso, desejamos tê-lo sempre em casa.

Toda escola tem arlequim entre alunos e professores. Todo escritório tem o grande “clown”. Há, ao menos, um tio arlequinal por família. Pense: virá a sua cabeça aquele homem ou mulher sempre divertido, apto a explorar as contradições do sistema a seu favor e, por fim, repleto de piadas maliciosas e ligeiramente canalhas. São sempre ricos em gestos de mímica, grandes contadores de causos e, a rigor, personagens permanentes. Importante: o divertido encenador de pantomimas necessita do palco compartilhado com algum Pierrot. Sem a figura triste deste último, inexiste a alegria do primeiro. Em toda cena doméstica, ocorrem diálogos de personagens polarizadas, isso faz parte da dinâmica da peça mais clássica que você vive toda semana: “almoço em família”.

O ator manhoso sabe que podem existir algumas recriminações diante de uma piada feita com a tia acima do peso ou com o tio falido. Todos queremos nos imaginar bons e incentivadores da harmonia familiar. Todos amamos encontrar um bode expiatório e o Arlequim é um especialista neles. O tipo ideal de vítima apresenta alguma fraqueza física, financeira ou intelectual. A ferida narcísica alheia é um deleite. A hemorragia em chaga de terceiros pode ser sedutora. Claro, isso não inclui você, querida leitora e estimado leitor, apenas as estranhas famílias do seu condomínio; nunca a sua.

O Arlequim é engraçado porque tem a liberdade que o mal confere a quem não sofre com as algemas do decoro. O pequeno “menino diabo” (uma chance de etimologia) atrai, sintetiza, denega, ressignifica e exorciza nossos muitos pequenos demônios. Aqui vem uma maldade extra: ele nos perdoa dos nossos males por ser, publicamente, pior do que todos nós. Na prática, ele nos autoriza a pensar mal, ironizar, fofocar e a vestir todas as carapuças passivo-agressivas porque o faz sem culpa. O Arlequim é um lugar quentinho para aninhar os ódios e dores que eu carrego, envergonhado. Funciona como uma transferência de culpa que absolve meus pecadilhos por ser um réu confesso da arte de humilhar.

Você aprendeu na infância que é feio rir dos outros quando caem e que devemos evitar falar dos defeitos alheios. A boa educação dialogou de forma complexa com nossa sedução pela dor alheia. O que explicaria o trânsito lento para contemplar um acidente, o consumo de notícias de escândalos de famosos e os risos com “videocassetadas”? Nossos pequenos monstrinhos interiores, reprimidos duramente pelos bons costumes da aparência social, podem receber ligeira alforria em casos de desgraça alheia e da presença de um “arlequim”. Os seres do mal saem, riem, alegram-se com a dor alheia, acompanham a piada e a humilhação que não seria permitida a eles pelo hospedeiro e, tranquilos, voltam a dormir na alma de cada um até a próxima chamada externa.

A astúcia do ator maldoso depende da malícia da plateia. Falamos muito do fofoqueiro, por exemplo. É rara a análise sobre a voz passiva daquele que não faz a fofoca, mas que dá espaço e ouvidos para ela. Deploramos o piadista preconceituoso, poucos deixam de rir diante do ataque frontal a outro.

Lacan falava que o limite conferia a liberdade. Sem a placa de velocidade máxima, eu não seria livre para ultrapassar ou ficar aquém do patamar máximo. Da mesma forma, ampliando a ideia, o Bem é cronicamente dependente do Mal. Sem a oposição, nunca serei alguém “do governo”. Batman e Coringa fazem parte de um jogo consentido de vozes. Bocas que fazem detração necessitam de ouvidos aptos. Criminosos dependem de cúmplices. A violência do campo de concentração necessita, ao menos, do silêncio da maioria. Pierrots, Colombinas e Arlequins constituem um triângulo amoroso, uma figura estável porque possui três ângulos visíveis. A perda de uma parte desequilibraria o todo.

Olhar a perversidade do Arlequim é um desafio. A mirada frontal e direta tem um pouco do poder paralisante de uma Medusa. Ali está quem eu abomino e, ali, estou eu, meu inimigo e meu clone, o que eu temo e aquilo que atrai meu desejo. Ser alguém “do bem” é conseguir lidar com nossos próprios demônios como única chance de mantê-los sob controle. Quando não consigo, há uma chance de eu apoiar todo Arlequim externo para diminuir o peso dos meus. O fascismo dependeu de “alemães puros”; as democracias efetivas demandam pessoas impuras, ambíguas, reais e falhas. O autoconhecimento esvazia o humor agressivo dos outros. Esta é minha esperança.

Leandro Karnal
Estadão, 26 dez. 2021.

⁠⁠Meus pontos fracos são arrogância, teimosia, egoísmo, preguiça e inflexibilidade.

Quando a ociosidade
não gera um revoltoso,
gera um preguiçoso.

O preguiçoso inventou a desculpa; o malandro, a saída; o inteligente, o meio; o sábio, a paciência.

A força de vontade não escolhe idade, não culpe-a pela sua preguiça.

⁠Deixa de preguiça
E faça exercícios
Seja AMOR com você.
Corpo e mente, lembre-se
Um depende do outro.
Levar uma vida sedentária o
Prejuízo será só seu.
Ame-se, cuide-se agora!
Saia das distrações e pare com as…

FIM SEM FIM

Demétrio Sena, Magé - RJ.

É um fim arrastado, preguiçoso e lerdo...
desistiu até mesmo dessa desistência...
fez a cama no beco do seu tanto faz
e se fez reticência que não tem mais fim...
Um adeus esticado, sonolento e turvo...
que se deu e no entanto não deu a partida...
uma ida que fica pra mostrar que foi,
mas não sai do que foi, como se fosse ainda...
O passado é presente na versão dos olhos,
temos corpos presentes que já não se têm,
porque somos ausências, apesar de corpos...
Este fim infinito, rebuscado e tenso
no silêncio acuado que refina o grito,
é um mito que paira sobre o que morreu...

Quando o grande pensador despreza os homens, é a preguiça destes que ele despreza, pois é ela que dá a eles o comportamento indiferente das mercadorias fabricadas em série indignas de contato e ensino.

⁠Uma das características do preguiçoso que salta aos olhos, é o seu hábito de transferir responsabilidades aos outros!

Distante dos seus olhos os dias passam lentos, as horas preguiçosas se arrastavam sem pressa alguma, para uma noite que não tem fim.

Nem todo silêncio é ausência de sentimentos ou desconhecimento dos sons, às vezes, é só preguiça de se desgatar para explicar o que já sabemos que não vai ser entendido.

SONETO DA SEGUNDA FEIRA

Por seres o primeiro dia útil da semana
O dia da tal preguiça a tu entitulada
Por seres tão lenta a manhã raiada
És indesejada, ao despertar tirana

Por seres ao mau agrado condenada
Num trato pequeno, de simples fulana
Por seres mais que um início traquitana
És evitada, e tão pouco mais celebrada

Como a coirmã, sexta, tão aplaudida
Querida, e esperada. És desanimada
Como um fim de festa, ali, chicana

Por não ter outra ou qualquer saída
És encarada como anódina estrada
E nesta pendenga és outra semana...

Luciano Spagnol
Junho de 2016
Cerrado goiano

Muitos ignorantes não querem aprender de preguiça;
preguiça e ignorância andam juntas para o fracasso.

Aos preguiçosos nem o Espírito Santo auxilia na interpretação das Escrituras, assim como o estudante relapso desejar passar no vestibular sem estudar.

Se o seu coração tiver várias gavetas ocupadas pela idolatria, impurezas, preguiça, fracassos, compromissos inúteis, propósitos vãos e pensamentos maus, jogue tudo fora, antes que o diabo faça dele uma oficina da morte.

A cura para a preguiça é o trabalho

Inserida por claudemirlima

O abraço é uma preguiça sem pecado.

Inserida por frasesdetirinhas

O nível mais profundo da preguiça tem sempre um caráter multidisciplinar.

Inserida por luiselza