Pouco

Não existe maior indício de ser pouco filósofo e pouco sábio do que desejar uma vida inteira de sabedoria e filosofia.

Quando eu era jovem e tinha pouco dinheiro, fiz vários planos para a vida adulta. Um deles: que teria sempre, depois do jantar, um pouco de conhaque acompanhado por um bom e caro charuto. Foi um dos poucos projetos da juventude que realizei.

Em cada um de nós existe um pouco de nós todos.

Há homens para nada, muitos para pouco, alguns para muito, nenhum para tudo.

Para se ser completamente Homem, indispensável se torna ser um pouco mais e um pouco menos do que homem.

Ninguém aqui morre só a sua morte; / é um pouco de nós todos que se vai / e naquele que nasce há um pouco de todos nós / que se torna outro.

Deseja tudo, espera pouco, não peças nada.

Para agir corretamente no governo de um Estado, é preciso ouvir muito e falar pouco.

Para suportar a sua própria história, cada um acrescenta-lhe um pouco de lenda.

Mas a bela juventude é como um sonho frágil, / que dura pouco: sobre a cabeça do homem / logo pende a funesta, a horrível velhice, / que o torna, ao mesmo tempo, disforme e desprezado, / envolve os olhos e a alma, destrói-os e ofusca-os.

Muito poucas pessoas quiseram verdadeiramente sequer um momento só da sua vida, como tão-pouco amaram.

Se acrescentas pouco ao pouco, / mas com frequência, logo esse pouco passará a ser muito.

O néscio pode associar-se a um sábio toda a sua vida, mas percebe tão pouco da verdade como a colher do gosto da sopa. O homem inteligente pode associar-se a um sábio por um minuto, e perceber tanto da verdade quanto o paladar do sabor da sopa.

O muito torna-se pouco com desejar um pouco mais.

Fala-se pouco quando a vaidade não faz falar.

Com o amor dá-se o mesmo que com o vinho. Perdoem-me as leitoras o pouco delicado da confrontação; mas bem vêem que ambos embriagam.

Um pouco de insensatez de vez em quando é apreciado pelos homens mais sábios.

Quando o criador é original por natureza, pouco importam os meios de que se vale para fixar seu pensamento.

Em matéria de propriedade, o direito do primeiro ocupante é incerto e pouco seguro. O direito de conquista, pelo contrário, assenta em fundamentos sólidos. Ele é respeitável porque é o único que se faz respeitar.

A experiência que não dói pouco aproveita.