Porque Existe Maldade no Mundo
'BARCO'
Mundo sem continentes,
Fumaças de verbos.
O barco veleja sem linha de chegada.
Ventos sopram abrigos inexistentes,
Embriagando direções,
Satirizando lágrimas,
Velas chamuscadas...
Navegações sob escombros,
Tempo cerrado.
Razão devastada no entardecer.
À procura de tantos mares,
Terras submersas.
Sem tempo presente,
Sentidos microscópicos...
E o barco navega perpetuamente,
Sempre desvairado.
Levando os poucos homens solventes,
Sem almas,
Já cansados.
Á procura de abraços,
Uma ilha qualquer...
'Sou
//Mudo//
//Mundo//
//Confuso//
//Patético//
//Hermético//
//Concomitante//
//Escuridão//
//Horizonte//
//Imensidão//
...'
'UMA VÍRGULA'
Uma vírgula,
e o mundo muda tudo.
Abraços se perdem.
Por-do-sol não aquece.
Sorrisos revelam,
aquarelas sem manhãs...
Uma vírgula,
e pareço rude.
Ausência de lareiras,
frio no café da manhã.
Sem amplitude,
dias gélidos...
Uma vírgula,
e os olhos na janela.
Imensidão nos dias clichês.
Futuro olhos sem você.
Procurando os porquês,
sentimentos de espera...
'24 HORAS'
Eu tinha 24 horas e apenas isso! Não dava para mudar o mundo, lógico! Mas tinha tempo de sobra nos bolsos. E com um pouco de atitude, espalhei grãos de gentilezas. Plantei algumas árvores para que futuramente, meus filhos sossegassem à sombra. Até corri atrás de borboletas que vinham ao meu encontro...
Visitei uma tia que morava próximo, mas que não visitava há anos. Fiz bolhas de sabão e deixei que o vento os levassem. Cantei canções de ninar, tinha deixado de fazer isso já há algum tempo. Voltei a regar as plantas que estavam secas pelo sol de verão. Fiz lembrancinhas para minha querida mãe e irmãos. Inventei uma chuva e esbocei um enorme sol para que ela parasse...
24 horas podem durar uma vida toda, ou apenas alguns segundos! Pode ser apenas uma questão de escolha. Mas temos tempo de sobra para fazermos o inacreditável. Quem sabe não vivamos durante uma vida e consigamos fazer isso em apenas poucas horas. Se soubéssemos que poderíamos transformar o nosso mundo interior, talvez seria fácil cena...
Eu não mudei o mundo, mas o resumi como gostaria de tê-lo feito durante as milhares de horas que tive. Os reflexos nas bolhas de sabão, perdurarão por muito tempo. Minha tia até chorou quando viu-me inesperado num abraço. As pequenas lembranças, serão guardadas e lembradas, talvez por décadas. Nas poucas horas que tive, esbocei tantas outras realidades/abstrações. E corri muito de encontro ao vento, igual a uma singela criança, momentânea e feliz por seu pedaço de doce...
Pena, o mundo não parou e Deus era apenas mito. Retratos degeneraram-se e o tempo destruiu significados. Incógnitas apareceram mas não tinham a luminosidade do A.
A graciosidade dos acidentes da vida me fazem crer que o mundo é um poço esbaldante de conhecimento e aventura. E que sem esses, nossa vida não teria o recheio do aprendizado brutal, tão necessário para nosso crescimento diário.
'Vejo cada absurdos nesse mundo. Nesses meus anos e anos de vida, nunca compreendi os reais propósitos de Deus
'O MUNDO QUE SONHAMOS'
É antiletárgico.
Circunflexo em tonalidades.
Infinito nos olhos,
Nas mãos,
No tempo/rio que corre.
Paira janelas infinitas de possibilidades.
Ar puro mesclando vida tenra e longínqua...
Tem quadros atenuados que aquece/arrefece o coração nas noites frias e Incandescentes.
Pontes flamejando paz e tranquilidade.
Acolhedor,
Abrasador nas suas inquietudes e harmonias...
Suspiros vigorosos brotam flores nos seus jardins aromáticos,
Jesuíticos.
Córregos reluzentes em algodão-doce espalham reflexos criando sombras nos dias de sol...
Há pássaros,
Animais silvestres.
Só não há órbita do 'tirano bicho-homem',
Trancafiando-se no inumano.
Na predisposição de autodestruir-se.
Furiosos e alheios ao mundo que se fantasia no travesseiro,
Desarmonizando a neblina dos dias sutis e pungentes...
O pouco que tenho é maior que o mundo. É maior que os campos em redemoinhos. É maior que a calmaria. É maior que a brisa suave.
'O PEQUENINO'
Todas as pessoa que veem ao mundo,
escondem uma parte de si.
Um segredo que só ela conhece e
que leva consigo por toda a vida.
Houve um menino no mundo dentre os milhares.
Precoce por natureza.
Prematuro de futuro e
pequeno de gestos.
O olhar íngreme e chamuscado,
muito falou aos que lhe deram as boas vindas.
A probabilidade de sobrevivência era escasso,
exceto pelo poder que trouxera na alma.
A euforia abrasadora de saltitar,
de apagar os dias escuros era colossal.
Mudar seu reflexo,
era rumo certo,
quando o mundo tentava-lhe sufocar.
Também descobriu que o dom da vida,
não tinha nada de dom.
E, em meio aos tantos entraves,
ele seguia,
com sua infância promíscua.
Porém,
houve tempos em que pensara ser imortal.
Os sentimentos de conflitos não aliciavam.
E seus dias,
em meio as tantas turbulências,
era um verdadeiro éden.
Não conhecera a palavra esperança e
pouco se importara com ela.
A preciosidade do tempo que se demorava,
apagava suas lembranças escassas.
Não conhecia o fracasso,
tampouco o sucesso.
Não sabia do desperdício da vida,
nem como aproveitá-la.
Era tudo tão lúdico e sem importância.
Suas esperanças permanecera nas árvores e
o meio termo, o meio termo era apenas distração.
Nunca se sentira sozinho,
havia luz nos seus longos caminhos.
Os fracassos que lhe rodeavam,
importância nenhuma tinha.
Pouco falava.
Os discursos sobre Deus,
ele o ignorava sem reflexões.
Perder, ganhar,
vocabulário desconhecido,
tudo parecia atraente,
pouco preciso.
A palavra 'adeus' era-lhe rápida,
logo caía no esquecimento.
O seu choro,
tinha aparência de luz,
sem tormento.
Ele nasceu em meio a escuridão,
mas a escuridão pouco lhe importara,
porque no seu coração,
havia esperança.
Aquela esperança que conservamos,
não importa a idade:
a de sermos verdadeiro na infância,
de construirmos o amor na juventude
e a de fazermos planos na velhice.
Não tinha maldades.
Porquê não volta e decifra o segredo de outrora?
Restitui a saudade imensa que sinto de ti!
Levaste de mim as luzes que tanto brilhavam.
Quando resolveu desamparar-me,
o meu mais precioso extinguiu-se.
Desvenda a porção que aflige o meu coração.
Ah pequenino!
Agora somos dois que não mais existe.
Constelações procurando galáxias.
Saudade diluída,
renovando esperanças,
deixando feridas.
Ah pequenino!
Porque foste embora tão cedo e me deixaste sozinho?
Sem identidade, se tivesse alguma, seria servil, oprimido, lacunas. Desenhei meu mundo: metáforas! Só entra os ilusionados, patéticos, sem fortunas.
'DESENHO'
Cogito o mundo dos vernizes,
obra de arte,
teu corpo.
Sou breve em rasuro,
representações,
embaralho.
Fragmento telas,
borracho novos quadros.
Fito o linear dos olhares.
Pinto álgebras em giz,
cenários.
Amplificações de afeições,
Painéis,
compassos...
Traço esboços diários,
tuas curvas,
retratos.
Infinito novos dramas.
Torturo faces,
mãos,
papéis,
panoramas.
Inspiro geometricamente tua forma,
incorporo métodos,
desejos...
Nos quadrângulos/côncavos,
sussurro prospectivas.
És partículas,
com seus ângulos moldados à grafites,
tintas,
cores,
sulfites.
Sínteses de contornos harmoniosos,
fictícios,
provisórios.
Tentações...
'O TEMPO DO MUNDO'
Acordo às seis da manhã,
e quando olho p'ro mundo,
já é madrugada nas horas que passam...
O relógio pouco importa.
Raios já ultrapassaram-me.
Estou sem cordas vocais...
Sempre pela manhã.
Dou um abraço no filho pródigo p'ra que ele não se perca nas veredas.
O abraço ficara pendurado no caminho...
Olho para os lados,
e sempre vejo ela,
cabelos brancos no tempo...
E a vontade é sempre abraçá-la.
E falar-lhe do amor que explode na alma.
Mas não tenho...
Sou arte mal acabada.
Que pragueja as rotinas que vêem ao despertar.
E o grito sempre ecoa calado...
No rio o grito abafado.
Com suas tralhas penduradas.
Sem peixes para alegrar o sorriso...
Apaguei os fogos que surgira.
E adociquei a salada de alecrim.
Com certa pitada de paixão...
Mas o tempo escorrega pelas mãos.
Como o rio inerte passando à minha frente.
O mundo vai ficando propenso...
Desmedido quando a vontade é amá-lo.
Desbrotar-lo-ei ao extremo.
Se seguir estrelas vãs...
Temos todo o tempo do mundo.
Mas a vida é passageira.
Tinha dez anos e agora sessenta...
Nem tudo se sustenta como desejamos.
Tínhamos tantos planos.
E um amor na janela...
E agora só dores sequelas.
A porta sempre aberta.
O vento trazendo as cinzas...
Lembrei-me quando menino.
Subindo montanhas.
Pegando pescados...
Sem medo dos rios.
Ou do tempo distante.
Sendo abraçado por todos os lados pela mãe...
As esperanças terminam.
Como as relvas queimadas.
Não há brotos nas terras disfarçadas...
Apenas o tempo que se perdeu.
Não se sabe como.
Talvez na escassez...
Ou na breve lucidez de se tornar imortal.
Na falta do pão para alimentar a alma.
Nas palavras não ditas ficadas p'ra trás...
O amanhã será passado.
Perdido na criança que se alegra.
Serei pó nos nascimentos que virão...
Imortalizado nos filhos.
Não mais a figura que poucos viram.
Talvez a roda não deveria ser dentada...
Espalhando águas.
Jorradas pela manhã.
Nessa ilusão que um dia morrerá...
O CHORO QUE NADA SENTE....
Sou estranho ao mundo, e aos que me veem. Em caminhos tortuosos que só eu entendo, a dor será provisória. Não quero remeter ninguém ao sofrimento de ter vindo ao mundo pelo choro...
A verdade é que, o choro é reconfortante, sempre faço-o escondido, como se tivesse roubando algo que sempre me pertenceu. O tempo passa e mais mantenho-me sozinho, por mais que centenas estejam ao meu lado...
--- Risomar Silva ---
A acídia é uma rebelião interna contra a tirania da liberdade sem direção. Diante de um mundo onde “tudo é possível”, o ser humano experimenta o vazio de não saber o que vale a pena, e isso o esgota espiritualmente.
Quem não gosta de trabalhar pode estar no melhor lugar do mundo que sempre dará nó em pingo d'água.
Anderson Silva
Se cada pessoa que passou por este mundo teve uma digital diferente, medito e chego à seguinte conclusão: Deus é onipotente, onisciente e imensurável.
