Porque Existe Maldade no Mundo
Sentimento do Mundo
Tenho apenas duas mãos
e o sentimento do mundo,
mas estou cheio de escravos,
minhas lembranças escorrem
e o corpo transige
na confluência do amor.
Quando me levantar, o céu
estará morto e saqueado,
eu mesmo estarei morto,
morto meu desejo, morto
o pântano sem acordes.
Os camaradas não disseram
que havia uma guerra
e era necessário
trazer fogo e alimento.
Sinto-me disperso,
anterior a fronteiras,
humildemente vos peço
que me perdoeis.
Quando os corpos passarem,
eu ficarei sozinho
desfiando a recordação
do sineiro, da viúva e do microcopista
que habitavam a barraca
e não foram encontrados
ao amanhecer
esse amanhecer
mais noite que a noite.
Eu antes vivia de um mundo humanizado, mas o puramente vivo derrubou a moralidade que eu tinha? É que um mundo todo vivo tem a força de um Inferno.
Todo mundo está querendo ser tão justo e tão defensor do direito de tudo, que está esquecendo que as pessoas também têm o direito de ter opiniões diferentes!
Não tem jeito de ser verdadeiramente notável neste mundo. Estamos todos impalados nas curvas da condição.
Sentimos que toda a satisfação de nossos desejos advinda do mundo assemelha-se à esmola que mantém hoje o mendigo vivo, porém prolonga amanhã sua fome.
Eu, que jamais me habituarei a mim, estava querendo que o mundo não me escandalizasse.
O mundo do sonho é silencioso como o mundo submarino. Por isso é que faz bem sonhar.
Neste mundo em que toda a informação,
música, cinema e poesia
dão a volta ao mundo em questão de segundos,
sucessos efêmeros aparecem todos os dias,
e por isto nunca foi tão salutar seguir a caminhar
como os mais velhos e mais sábios:
devagar e sempre.
Hoje... a minha sede de infinito é maior do que eu, do que o mundo, do que tudo, e o meu espiritualismo ultrapassa o céu.
Tomara que a gente não desista de ser quem é por nada nem ninguém deste mundo. Que a gente reconheça o poder do outro sem esquecer do nosso. Que as mentiras alheias não confundam as nossas verdades, mesmo que as mentiras e as verdades sejam impermanentes. Que friagem nenhuma seja capaz de encabular o nosso calor mais bonito. Que, mesmo quando estivermos doendo, não percamos de vista nem de sonho a ideia da alegria. Tomara que apesar dos apesares todos, a gente continue tendo valentia suficiente para não abrir mão de se sentir feliz. As coisas vão dar certo. Vai ter amor, vai ter fé, vai ter paz – se não tiver, a gente inventa.
Nota: Trecho adaptado do texto "Tomara", muitas vezes erroneamente atribuído a Caio Fernando Abreu.
...MaisMas nenhum desses silêncios chega perto
Do som que é viver ouvindo o mundo se locomovendo
(...)
Estar no centro do barulho nunca foi realmente uma solidão.
Se as pessoas convivessem umas com as outras em paz sem conflitos o mundo não estaria tão perdido e se desenvolveria.
