Porque as Pessoas nos Deixam Tristes
TODOS UM
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Diferenças não fazem diferença,
porque todos as temos em comum;
isso não nos nomeia especiais,
entre ter algo menos, algo mais,
esse ter e não ter nos torna um...
ÚTERO SECUNDÁRIO
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Teço minhas versões dissimuladas,
porque temo saltar no teu escuro,
e me deixo comer pelas beiradas
da promessa longínqua do futuro...
Este sonho me guarda sobre o muro;
faz calar minha carne chamuscada;
um empréstimo a juro sobre juro,
que no fundo me faço para nada...
De repente me devo nem sei quanto
e não posso pagar, cheguei a tanto,
pois o sonho contínuo virou vício...
Só preciso escapar da minha mão;
meu olhar vê a nódoa no colchão
e me faz entender o desperdício...
ARQUIVO MORTO
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Dou ao tempo a coragem dos meus passos,
porque tenho a missão de ser quem sou,
crio laços e driblo a solidão;
não me dou ao vazio que se oferta...
Quero apenas o quanto está pra mim;
vou pro mundo que vem ao meu olhar,
lá no fim se desenha o que já é
neste mar de verdades pré-moldadas...
As receitas estão no arquivo morto,
há um porto em que todas as sucatas
contam suas histórias pra ninguém...
Forjo a rota, o destino, crio a fé
sem correr, pois a vida me acomoda;
tenho muita preguiça de morrer...
A ESTRIPULIA DO REX
Demétrio Sena, Magé - RJ.
O Rex é um vira-lata. Quase de raça, porque é filho de um também vira-lata com uma poodle. Um belo, talvez terrível dia, o pai sumiu no mundo, como um bom vira-lata que era ou ainda é, mas a mãe poodle não o abandonou, enquanto viveu. Deu-lhe todo amor, atenção e cuidados, como poucas mães humanas contemporâneas fazem.
Depois que a mãe, de nome Sofia se foi, o Rex passou a ser cachorro único, naquela casa. E como todo bom filho único, é cheio de mimos e vontades. Uma peste, mas no bom sentido, pois as suas travessuras agradam a todos. Nem sempre na hora exata, mas acabam por agradar. Principalmente às crianças, que fazem farra o dia inteiro com o amiguinho hiperativo e sem vergonha.
Dia destes o Rex inventou de comer o sofá, quando todos estavam distraídos. A turma decorava o quintal para uma festinha de aniversário, e a casa ficou inteiramente vazia. O danado parou em frente à peça caríssima, comprada em parcelas nas Casas Bahia. Olhou atentamente pra fora; depois pra dentro; novamente pra fora; novamente pra dentro. Quando viu que o momento era propício, não perdeu tempo: botou os dentes para funcionar.
Só muito mais tarde, bem depois do bolo e dos parabéns, foi que a família viu o estrago: um buraco enorme no sofá e farelos de espuma por toda a sala. O Rex estava escondido. Sabia o que tinha feito, e não queria dar as caras. Com isso, a raiva pela estripulia do bicho teve que se juntar à preocupação, pela ideia geral de sua fuga.
Horas depois, a turma deu por si: toda vez que aprontava, o Rex buscava exílio embaixo do velho fusca esquecido nos fundos do quintal. Já sorridentes e totalmente esquecidos do sofá, exatamente como Rex planejara, foi que os meninos o acharam... lá estava ele, cheio de manhas, olhando para todos com aquela cara de filho da poodle.
IMPORTANTE
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Quem é muito; muito importante mesmo, é porque não tem nada; nada mesmo, para exportar.
SOLIDARIEDADE REAL
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Não dê porque é dando que se recebe, e sim, porque alguém precisa do que você tem para dar.
CARÁTER NATO
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Agrada-me a ideia de que uma pessoa é íntegra porque é; por natureza. Não porque obedece às leis, aos mandamentos, teme a justiça humana, divina, ou porque isso abre as portas do mundo e do paraíso.
PAIXÃO EM GUERRA
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Sei tão bem o que pensas, porque vivo aí;
moro em teus pensamentos; povoo saudades;
quando mentes verdades muito além das tuas,
vejo vãos reticentes; lacunas em branco...
Teu afeto negado é meu filme contínuo,
pois estou na plateia da tua emoção,
sou expectador que não sai da poltrona
desse teu coração que já faliu no meu...
Finges bem, mas nem tanto para quem já sabe
quem é quem desde o fundo à fina flor da tez;
fez um ninho durável nos teus devaneios...
Tenho todas as cotas das tuas ações,
emoções, fantasias, verdades ocultas
pela guerra forjada; raiva de festim...
GENTE VIVA
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Gente viva me atrai porque tem luz,
não há peso nos traços, na expressão,
seu olhar não tem sombra nem capuz
ou algemas; ranger de assombração...
Muita gente se priva da emoção
de sonhar e se abrir ao que a seduz,
tem um tom de flagelo e contrição
como quem se corrói ao pé da cruz...
Quero laços com gente sem amarras;
que se atira, se doa, mostra garras,
não parece viver atrás da porta...
Nunca mais interajo com granito;
quem não tem atitude; só tem rito;
já me canso de gente meio morta...
A FORÇA DO NADA
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Tenho medos que o mundo jamais intuiu,
porque minhas coragens me pedem fachada,
minha estrada requer esse misto insondável
de verdades que servem pra se desmentir...
É que a vida não sabe o que fazer de mim,
por não ser o destino, este sim, é que faz,
tem a voz de comando e de assalto constantes
onde jaz a certeza que ostento e não trago...
Vim ao mundo pra ir, apesar dos entraves,
tomo naves de sonhos, o tempo as combate,
mas também auxilia com sua passagem...
Tudo quanto não tenho me chama pra lá,
pois o nada me ataca, me rapta e lança
em alguma esperança que ainda respira...
A BOLHA
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Tive muitas saudades de passados,
isso é bom porque tive meus presentes,
minha história, meus entes, umas vidas
numa vida que até valeu a pena...
Chego ao ponto em que chega de lembrar,
pois o mundo comeu as próprias tripas,
ficou oco em redor dos meus sentidos,
feito pipa que há muito está sem vinho...
Houve um rio de límpida esperança,
uma doce criança envelhecida
numa bolha de simples boa fé...
Hoje tenho saudades de saudades,
cada vez que me lembro do futuro
das verdades que o sonho não manteve...
EM CONSTRUÇÃO
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Já não tenho certezas; isso é bom,
porque são as certezas que nos secam;
que nos tornam estátuas do saber;
tábuas frias de leis petrificadas...
Foi difícil saber que nada sei;
quanto mais incertezas, mais ação;
sei que morro, mas depois de viver
e levar os meus tombos por aí...
Era tanta certeza, que os meus braços
não queriam senão ficar cruzados;
os meus passos romperam com os pés...
Por não ter mais certezas digo sim,
vou ao fim que não vem pela metade,
quando minha verdade se constrói...
VIAGEM PERDIDA
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Copiar os poderes apodrece a alma,
porque há nessas fontes uma lama imunda,
quem afunda seus passos nos mesmos caminhos
não encontra verdade pra se nortear...
O que há nos poderes é toda mentira
sobre cada esperança que se tem no ser,
onde chega o poder toda honra se avilta
ou escapa e se abriga em outros habitats...
Exercite o poder de zombar dos poderes
com seu dom de ser livre para ser alguém
que não vê no que tem o seu próprio valor...
Imitar os poderes é falir essência,
diluir a decência num poço sem fundo
e perder todo ensejo de se tornar gente...
DEPOIS DO TEMPO
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Segure a fé
que tem na vida,
porque de fato
a vida é
um sempre nunca...
um nunca mais...
futuro eterno...
Passado o tempo,
o que se ganha
de presente,
não é senão
olhar pra trás,
pois isso é tudo
que há na frente.
III. Quando o grito se disfarça de silêncio
Há gritos que ninguém ouve porque se disfarçam de silêncio. E há silêncios tão densos que carregam em si o estrondo de mil tempestades internas. A mente, quando já não suporta traduzir a dor em linguagem, recua. Fecha as janelas. Apaga as luzes. Cria mundos paralelos onde, mesmo distorcida, a realidade se torna suportável.
Nem sempre a loucura é ruído. Muitas vezes, é ausência. Ausência de conexão, de resposta, de chão. É o exílio interior de quem ainda está presente no corpo, mas já não habita a lógica comum. E nesse exílio, o tempo não segue sua ordem. As palavras não obedecem significados. O real se dissolve em fragmentos que só fazem sentido para quem ali está.
A sanidade, do lado de fora, observa, mede, intervém. Mas nem sempre compreende. Porque compreender exige mais do que escuta técnica, exige atravessamento. E poucos suportam atravessar a dor do outro sem se perder de si mesmos.
Talvez a maior ponte entre a lucidez e a ruptura esteja na empatia profunda, que não tenta apagar o delírio, mas se ajoelha diante dele como quem respeita um altar de sobrevivência. Porque ali, naquilo que chamamos loucura, ainda pulsa a centelha de quem resiste, não por desordem, mas por excesso de verdade que o mundo não conseguiu conter.
Solidão é bom a dois
Em linha curva ou plana
Porque aí vem depois
O êxtase e o nirvana.
Gélson Pessoa
Santo Antônio do Salto da Onça RN
12/06/2025
hoje é uma bela páscoa
preciso de nada
para encontrar o prêmio
nem mesmo um mala
até porque achei uma beleza nata
por acaso, eu já te informei?
creio que nem te contei
mas lindeza que me refiro é a tua
nunca te vi sem maquiagem
mas mesmo "crua" deve ser linda
do tipo que Da Vinci pinta
Prisao mental
Porque ainda te prendes ao passado?
Invariavelmente relembramos nossas atitutudes menos felizes do passado, ofuscando o futuro promissor que nos espera.
Achamos indignos de ser ilumimados, sendo nós mesmos nosso maior obstaculo.
Pois bem : a reecarnaçao sendo a misericórdia divina ja nos mostra que Deus nos proporciona novos recomeços , oprtunizando nossa renovação.
Porque nós ,criaturas divinas, ainda não nos perdoamos e avançamos para o alto?
Deixemos de ser nós, os nossos maiores obstaculos e não percamos mais tempo em comentarios inuteis sobre o que passou ,e nos concentremos daqui pra frente no que podemos fazer de melhor, para nós e para os outros..
Tl 18/02/25
Me perguntam se sou roqueiro, mas não sei responder, porque o rock, não tem explicação, então fique com seus preconceitos para você, poupe-me por gentileza, calando a boca.
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