Poetas Brasileiros

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A recordação é uma cadeira de balanço embalando sozinha.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

Vivo nas estrelas porque é lá que brilha a minha alma.

Por enquanto há diálogo contigo. Depois será monólogo. Depois o silêncio. Sei que haverá uma ordem.

Clarice Lispector
Água viva. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Para onde vou? e a resposta é: vou.

Clarice Lispector
Água viva. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Só que dessa não se morre. Mas tudo, menos a angústia, não? Quando o mal vem, o peito se torna estreito, e aquele reconhecível cheiro de poeira molhada naquela coisa que antes se chamava alma e agora não é chamada nada. E a falta de esperança na esperança. E conformar-se sem se resignar. Não se confessar a si próprio porque nem se tem mais o quê. Ou se tem e não se pode porque as palavras não viriam. Não ser o que realmente se é, e não se sabe o que realmente se é, só se sabe que não se está sendo. E então vem o desamparo de se estar vivo. Estou falando da angústia mesmo, do mal. Porque alguma angústia faz parte: o que é vivo, por ser vivo, se contrai.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Crônica Angina pectoris da alma.

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O pior é que sou vice-versa e em ziguezague. Sou inconcludente. Mas é preciso me amar como involuntariamente sou. Apenas me responsabilizo pelo que há de voluntário em mim e que é muito pouco.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Frases que lhe saíam fáceis e incolores mas que em mim se cravavam, rápidas e agudas, para sempre.

Clarice Lispector
A bela e a fera. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Nota: Trecho do conto Obsessão.

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Ela era branca, branca. Dessa brancura que não se usa mais. Mas sua alma era furta-cor.

E todos os dias ficarei tão alegre que incomodarei os outros, o que pouco me importa, já que eu tantas vezes sou incomodada pela alegria superficial e digestiva dos outros.

Clarice Lispector
Minhas queridas. Rio de Janeiro: Rocco, 2007.

Nota: Trecho de carta escrita em 29 de janeiro de 1945 a Elisa Lispector.

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A modéstia é a vaidade escondida atrás da porta.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

Numa experiência pela qual peço perdão a mim mesma, eu estava saindo do meu mundo e entrando no mundo.

Clarice Lispector
A paixão segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

EXPLICAÇÃO

O pensamento é triste; o amor, insuficiente;
e eu quero sempre mais do que vem nos milagres.
Deixo que a terra me sustente:
guardo o resto para mais tarde.

Deus não fala comigo - e eu sei que me conhece.
A antigos ventos dei as lágrimas que tinha.
A estrela sobe, a estrela desce...
- espero a minha própria vinda.

(Navego pela memória
sem margens.

Alguém conta a minha história
e alguém mata os personagens.)

Cecília Meireles
MEIRELES, C. Antologia Poética. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2001.

É melhor viver do que ser feliz.

Quando me surpreendo ao fundo do espelho assusto-me. Mal posso acreditar que tenho limites, que sou recortada e definida. Sinto-me espalhada no ar, pensando dentro das criaturas, vivendo nas coisas além de mim mesma. Quando me surpreendo ao espelho não me assusto porque me ache feia ou bonita. É que me descubro de outra qualidade. Depois de não me ver há muito quase esqueço que sou humana, esqueço meu passado e sou com a mesma libertação de fim e de consciência quanto uma coisa apenas viva. Também me surpreendo, os olhos abertos para o espelho pálido, de que haja tanta coisa em mim além do conhecido, tanta coisa sempre silenciosa.

Clarice Lispector
Perto do coração selvagem. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Falar

A poesia é, de fato, o fruto
de um silêncio que sou eu, sois vós,
por isso tenho que baixar a voz
porque, se falo alto, não me escuto.

A poesia é, na verdade, uma
fala ao revés da fala,
como um silêncio que o poeta exuma
do pó, a voz que jaz embaixo
do falar e no falar se cala.

Por isso o poeta tem que falar baixo
baixo quase sem fala em suma
mesmo que não se ouça coisa alguma.

É que o mundo de fora também tem o seu “dentro”, daí a pergunta, daí os equívocos. O mundo de fora também é íntimo. Quem o trata com cerimônia e não o mistura a si mesmo, não o vive, e é quem realmente o considera “estranho” e “de fora”. A palavra “dicotomia” é uma das mais secas do dicionário.

Clarice Lispector
Rocha, E. Clarice Lispector. Série encontros. Rio de Janeiro: Beco do Azougue, 2011.

O destino de uma mulher é ser mulher.

Clarice Lispector
A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Tu Que Me Deste o Teu Cuidado...

Tu que me deste o teu carinho
E que me deste o teu cuidado,
Acolhe ao peito, como o ninho
Acolhe ao pássaro cansado,
O meu desejo incontentado.

Há longos anos ele arqueja
Em aflitiva escuridão.
Sê compassiva e benfazeja.
Dá-lhe o melhor que ele deseja:
Teu grave e meigo coração.

Sê compassiva. Se algum dia
Te vier do pobre agravo e mágoa,
Atende à sua dor sombria:
Perdoa o mal que desvaria
E traz os olhos rasos de água.

Não te retires ofendida.
Pensa que nesse grito vem
O mal de toda a sua vida:
Ternura inquieta e malferida
Que, antes, não dei nunca a ninguém.

E foi melhor nunca ter dado:
Em te pungido algum espinho,
Cinge-a ao teu peito angustiado.
E sentirás o meu carinho.
E setirás o meu cuidado.

Viver me deixa tão impressionada, viver me tira o sono.

Clarice Lispector
A paixão segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer.

Clarice Lispector
Correio feminino. Rio de Janeiro: Rocco, 2013.

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