Poetas Brasileiros

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⁠Órion

A primeira namorada, tão alta
Que o beijo não alcançava,
O pescoço não alcançava,
Nem mesmo a voz a alcançava.
Eram quilômetros de silêncio.
Luzia na janela do sobrado.

⁠Bacanal

Quero beber! Cantar asneiras
No esto brutal das bebedeiras
Que tudo emborca e faz em caco…
Evoé Baco!

Lá se me parte a alma levada
No torvelim da mascarada,
A gargalhar em douro assomo…
Evoé Momo!

Lacem-na toda, multicores,
As serpentinas dos amores,
Cobras de lívidos venenos…
Evoé Vênus!

Se perguntarem: Que mais queres,
além de versos e mulheres?
– Vinhos!… o vinho que é o meu fraco!…
Evoé Baco!

O alfange rútilo da lua,
Por degolar a nuca nua
Que me alucina e que não domo!…
Evoé Momo!

A Lira etérea, a grande Lira!…
Por que eu extático desfira
Em seu louvor versos obscenos,
Evoé Vênus!

Manuel Bandeira
LIMA, Alceu Amoroso. Poesia: Manuel Bandeira. Rio de Janeiro: Agir, 1983.

⁠Surdina (em Alma Inquieta)
No ar sossegado um sino canta,
Um sino canta no ar sombrio...
Pálida, Vénus se levanta...
Que frio!

Um sino canta. O campanário
Longe, entre névoas, aparece...
Sino, que cantas solitário,
Que quer dizer a tua prece?

Que frio! embuçam-se as colinas;
Chora, correndo, a água do rio;
E o céu se cobre de neblinas...
Que frio!

Ninguém... A estrada, ampla e silente,
Sem caminhantes, adormece...
Sino, que cantas docemente,
Que quer dizer a tua prece?

Que medo pânico me aperta
O coração triste e vazio!
Que esperas mais, alma deserta?
Que frio!

Já tanto amei! já sofri tanto!
Olhos, por que inda estais molhados?
Por que é que choro, a ouvir-te o canto,
Sino que dobras a finados?

Trevas, caí! que o dia é morto!
Morre também, sonho erradio!
- A morte é o último conforto...
Que frio!

Pobres amores, sem destino,
Soltos ao vento, e dizimados!
Inda voz choro... E, como um sino,
Meu coração dobra a finados.

E com que mágoa o sino canta
No ar sossegado, no ar sombrio!
- Pálida, Vénus se levanta...
Que frio!

⁠Redundâncias

Ter medo da morte
é coisa dos vivos
o morto está livre
de tudo o que é vida.

Ter apego ao mundo
é coisa dos vivos
para o morto não há
(não houve)
raios rios risos.

E ninguém viver a morte
quer morto quer vivo
mera noção que existe
só enquanto existo.

⁠Talvez um dia se saibam
as verdades todas, puras.
Mas já serão coisas velhas,
muito do tempo passado...
Que me importa o que se diga.
o que se diga, e de quem? (...)
Direi quanto for preciso,
tudo quanto me inocente...
Que alma tenho? Tenho corpo!
E o medo agarrou me o peito...
E o medo me envolve e obriga....

⁠A todo momento o vejo...
Teu corpo... a única ilha
No oceano do meu desejo...

Teu corpo é tudo o que brilha,
Teu corpo é tudo o que cheira...
Rosa, flor de laranjeira...

Manuel Bandeira
Manuel Bandeira: Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985.

Nota: Trecho de Poemeto erótico.

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⁠Tudo vai sendo jamais,
tudo é para sempre nunca.

Cecília Meireles
Poemas escritos na Índia. Rio de Janeiro: Livraria São José, 1961.

Nota: Trecho do poema Zimbório.

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⁠Nosso Amor

No brilho dos teus olhos me perco apaixonado,
Teu sorriso encanta, meu coração acelerado.
És a luz que ilumina meu caminho sem fim,
Te amo profundamente, és tudo para mim.

No compasso do meu coração, dança a emoção,
Teu amor é a chama que aquece minha solidão.
Nas estrelas do céu, escrevo nosso destino,
Te amo infinitamente, és meu porto seguro, meu abrigo divino.

Mesmo distantes, nossos corações se encontram,
A saudade aperta, mas o amor não se desmonta.
A distância é apenas um obstáculo passageiro,
Pois nosso amor é eterno, verdadeiro e inteiro.

⁠Talvez a divindade das mulheres não fosse específica, estivesse apenas no fato de existirem. Sim, sim, aí estava a verdade: elas existiam mais do que os outros, eram o símbolo da coisa na própria coisa.

Clarice Lispector
Perto do coração selvagem. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

⁠A mulher era o mistério em si mesmo.

Clarice Lispector
Perto do coração selvagem. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

⁠As jovens mulheres saberão, então, que delas se espera o cumprimento do grave dever de ser feliz.

Clarice Lispector
Outros escritos. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

⁠"Todos os dias são uma oportunidade para alcançar nossos objetivos e realizar nossos sonhos. Mesmo diante dos desafios, lembre-se de que a força que você precisa está dentro de você. Acredite no seu potencial, mantenha o foco e a determinação, e nunca subestime a sua capacidade de superar obstáculos. Cada passo dado na direção dos seus sonhos é uma vitória, e cada desafio superado é um aprendizado. Mantenha a fé, a coragem e a persistência, pois o sucesso é a recompensa daqueles que não desistem. Você é capaz de conquistar tudo aquilo que almeja. Acredite em si mesma e siga em frente com determinação!"!

Quanto ao meu meio sucesso me perturbar, às vezes ele me deixa saciada e cansada. Às vezes, embora possa parecer falso, me desanima, não sei por quê.

Clarice Lispector
Todas as cartas. Rio de Janeiro: Rocco, 2020.

Nota: Trecho de carta para Lúcio Cardoso, escrita em março de 1944.

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Eu espero nunca exigir de mim nenhuma atitude. Isso me cansaria.

Clarice Lispector
Todas as cartas. Rio de Janeiro: Rocco, 2020.

Nota: Trecho de carta para Elisa Lispector e Tania Kaufmann, escrita em 19 de agosto de 1944.

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A coisa melhor da vida é ter irmãs. Não há ninguém que as substitua.

Clarice Lispector
Minhas queridas. Rio de Janeiro: Rocco, 2007.

Nota: Trecho de carta para Tania Kaufmann, escrita em 31 de janeiro de 1949.

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Há muita coisa bonita no mundo. Ser irmão é uma delas.

Clarice Lispector
Minhas queridas. Rio de Janeiro: Rocco, 2007.

Nota: Trecho de carta para Elisa Lispector, escrita em 20 de abril de 1945.

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[Um amigo é] uma pessoa que me veja como eu sou. Que não me mistifique. Que me trate de igual para igual. Que me permita ser humilde.

Clarice Lispector
Gotlib, Nádia B. Clarice: uma vida que se conta. São Paulo: Ática, 1995.

Nota: Trecho de entrevista com Ziraldo, em 1974.

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Sim, ela era alegrezinha dentro de sua neurose.

Clarice Lispector
A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Fiquei sozinha um domingo inteiro. Não telefonei para ninguém e ninguém me telefonou. Estava totalmente só. Fiquei sentada num sofá com o pensamento livre. Mas no decorrer desse dia até a hora de dormir tive umas três vezes um súbito reconhecimento de mim mesma e do mundo que me assombrou e me fez mergulhar em profundezas obscuras de onde saí para uma luz de ouro. Era o encontro do eu com o eu. A solidão é um luxo.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Cada coisa é uma palavra. E quando não se a tem, inventa-se-a.

Clarice Lispector
A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

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