Poeta Viver Sozinho Solidao

O homem solitário é uma besta ou um deus.

Há momentos infelizes em que a solidão e o silêncio se tornam meios de liberdade.

A verdadeira liberdade é um ato puramente interior, como a verdadeira solidão: devemos aprender a sentir-nos livres até num cárcere, e a estar sozinhos até no meio da multidão.

A pior solidão que existe é darmo-nos conta de que as pessoas são idiotas.

Solidão: um lugar bom de visitar uma vez ou outra, mas ruim de adotar como morada.

Solidão é quando o coração, se não está vazio, sobra lugar nele que não acaba mais.

Todo o inferno está contido nesta única palavra: solidão.

A consciência é uma pequena lanterna que a solidão acende à noite.

Enquanto não atravessarmos a dor de nossa própria solidão, continuaremos a nos buscar em outras metades. Para viver a dois, antes, é necessário ser um.

Sou só e tenho que viver uma certa glória íntima que na solidão pode se tornar dor.

A Solidão e Sua Porta
Quando mais nada resistir que valha
a pena de viver e a dor de amar
E quando nada mais interessar
(nem o torpor do sono que se espalha)
Quando pelo desuso da navalha
A barba livremente caminhar
e até Deus em silêncio se afastar
deixando-te sozinho na batalha

Arquitetar na sombra a despedida
Deste mundo que te foi contraditório
Lembra-te que afinal te resta a vida

Com tudo que é insolvente e provisório
e de que ainda tens uma saída
Entrar no acaso e amar o transitório.

Sei que me arrisco a solidão, se é isso que me perguntam. Mas, eu sei viver assim!

Não há ninguém, mesmo sem cultura, que não se torne poeta quando o amor toma conta dele.

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

AUTOPSICOGRAFIA

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.

Todo homem é poeta quando está apaixonado.

O louco, o amoroso e o poeta estão recheados de imaginação.

O historiador e o poeta não se distinguem um do outro pelo fato de o primeiro escrever em prosa e o segundo em verso. Diferem entre si, porque um escreveu o que aconteceu e o outro o que poderia ter acontecido.

Se um poeta consegue um dia expressar as suas dores com toda a felicidade como é que poderá ser infeliz?

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!