Poesias sobre Velhice

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“Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teu ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança”.

(Trecho dos versos publicados originalmente no livro "Sentimento do Mundo", Irmãos Pongetti - Rio de Janeiro, 1940. Foram extraídos do livro "Nova Reunião", José Olympio Editora - Rio de Janeiro, 1985, pág. 78.)

Cresça
É triste quando chegamos a uma certa idade, não na velhice, mas numa idade de maturidade e olhamos para traz e não vemos nada de valor construido. Não vemos uma historia vivida, mas uma vida disperdiçada com tolices e imaturidades.
Quando acordamos nos damos conta de que não foi uma vida vivida, mas disperdiçada. É triste.
Acardar no começo de nossas vidas é essencial para construirmos uma hostoria.
Acorde agora antes que disperdice sua vida com tolices e imaturidades.

Todo filho é pai da morte de seu pai.
Ou, quem sabe, a velhice do pai e da mãe seja curiosamente nossa última gravidez.
A casa de quem cuida dos pais tem braços dos filhos pelas paredes.
Nossos braços estarão espalhados, sob a forma de corrimões.
Pois envelhecer é andar de mãos dadas com os objetos, envelhecer é subir escada mesmo sem degraus.
feliz do filho que é pai de seu pai antes da morte,
e triste do filho que aparece somente no enterro e não se despede um pouco por dia.

Fabrício Carpinejar

VELHO CHICO CARRETEIRO

Velho Chico carreteiro pela estrada empoeirada,
Com as marcas da velhice com suas mãos calejadas,
Com os seus cabelos brancos com a visão ameaçada,
Chico velho trabalhou tanto mas não conseguiu quase nada,

Velho Chico Chico velho que ainda era solteirão,
Que vivia tão solito num ranchinho de torrão,
Passando todos esses anos alimentando ilusão,
Hoje está velho e tão pobre nunca passou de um peão,

Velho Chico carreteiro que nos sonhos se perdeu,
A mocidade se foi na vida nunca venceu,
Carreteando pelos rincões foi assim que ele viveu,
O coitado não aguentou assim o Chico morreu....

“Muitas vezes a juventude é repreendida por acreditar que o mundo começa com ela. Mas a velhice acredita ainda mais frequentemente que o mundo termina com ela. O que é pior?”
―Friedrich Hebbel

Uma fealdade e uma velhice confessada são, a meu ver, menos velhas e menos feias do que outras disfarçadas e esticadas.
-- Michel de Montaigne

O homem tolo
acredita que viverá para sempre
se ele evitar a batalha;
mas a velhice não lhe dará
nenhuma paz,
ainda que as lanças o poupem.

Quando um homem atinge a velhice
Cumprida sua missão
Tem o direito de confrontar
A idéia de paz.
Não necessita de outros homens;
Conhece-os e sabe bastante a seu respeito.
Necessita é de paz.
Não é bom visitar este homem ou falar-lhe
Fazê-lo sofrer banalidades.
Deve-se desviar
À porta de sua casa,
Como se lá ninguém morasse.

UMA DICA DO JAZZ

"O que há de belo na velhice é a poesia da inutilidade." É claro que esta ideia ou ponto de vista não é de um velho, mas pode bem ser de uma jovem que tenta interagir com um velho em profunda decadência física e mental...
Contudo, o velho tem a seu favor a experiência, conhece os atalhos por onde teve que passar, atalhos estes que certamente um jovem ainda não trilhou e nem conhece...
Sempre há uma justificativa para o absurdo, uma causa, um efeito e, a despeito do que podem pensar o velho e o jovem, ambos estão trilhando a mesma estrada, escrita pelo caos. Todavia, como no Jazz, aproveita melhor a falta de harmônia aquele que souber improvisar. A propósito, sou velho e toco jazz.

Evan do Carmo 14/12/2016

Platão provoca nosso pensamento com a seguinte frase:


"Deve-se temer a velhice, porque ela nunca vem só. Bengalas são provas de idade e não de prudência."


Assim viva sua vida, aproveite ao máximo sem medo, e quando enfim a velhice chegar, descanse.

⁠Velhice é como uma conta
Bancária só de lembrança
Que a gente depositou
Alegria e confiança,
Pra quando idoso estiver
Sacar tudo o que puder
Pro saldo da esperança.

⁠Páscoa

Velhice
é um modo de sentir frio que me assalta
e uma certa acidez.
O modo de um cachorro enrodilhar-se
quando a casa se apaga e as pessoas se deitam.
Divido o dia em três partes:
a primeira pra olhar retratos,
a segunda pra olhar espelhos,
a última e maior delas, pra chorar.
Eu, que fui loura e lírica,
não estou pictural.
Peço a Deus,
em socorro da minha fraqueza,
abrevie esses dias e me conceda um rosto
de velha mãe cansada, de avó boa,
não me importo. Aspiro mesmo
com impaciência e dor.
Porque sempre há quem diga
no meio da minha alegria:
‘põe o agasalho’
‘tens coragem?’
‘por que não vais de óculos?’
Mesmo rosa sequíssima e seu perfume de pó,
quero o que desse modo é doce,
o que de mim diga: assim é.
Pra eu parar de temer e posar pra um retrato,
ganhar uma poesia em pergaminho.

Adélia Prado
Poesia reunida. Rio de Janeiro: Record, 2015.

⁠A velhice não me assusta
quando aumenta a minha idade
porque nela se degusta
o bom vinho da saudade

⁠A INFÂNCIA, A JUVENTUDE E A VELHICE

Na INFÂNCIA
O ser humano ainda é um ser inocente
E a vida não passa de uma diversão
Tudo vem fácil na mão por um presente
Pois em sua mente não existe preocupação
E vive sempre com um sorriso na face
Que é um dos meios que tem, para nos transmitir alegria
Na JUVENTUDE
tudo começa a mudar aos poucos
Pois já não carrega em seu coração, toda aquela inocência
E aí cada vez mais, a vida perde um pouco daquela diversão
Pois se tem o inicio a caminho da sobrevivência
E logo se encanta com o primeiro amor
E a partir daí, se tem o início da primeira experiência de vida mais madura
Nascendo a primeira lágrima
E com sua primeira perda, sentindo seu primeiro momento de dor
Um dia cai mais logo se levanta
E começa a entender que a vida tem seus altos e baixos
Mas ele nunca deixa morrer suas esperanças
Pois sabe que tem que aprender cada vez mais
Já na VELHICE
Sua mente vive com mais tranquilidade
E aquele fogo de amor tão forte
Começa a diminuir como o pisar de um freio
Procurando o descanso do corpo, em uma cadeira de balanço
Esperando o chegar de sua hora para poder partir em paz
No seu descanso eterno
Mas antes de partir, olha seus filhos já bem crescidos
E vê no olhar de seus netos
A felicidade de um Pai que hoje é um Avô
Mas ele sabe que a vida continua
E que esta profecia irá sempre se repetir
Pois aquela criança um dia crescerá
E mesmo que os anos continuem a vir
A mesma história sempre se repetirá

⁠O velho que pensa
Um velho pensando
Pensando a velhice
O ser velho....

O velho na mente
A mente velha
O velho pensando
A certeza de ser velho

O velho que pensa
O coração cansado
Cansaço de ser velho
De viver pensando

O Velho pensante
Um ser incessante
Pensando a velhice
O prazer do ser ....... velho.

O Velho na vida
A vida no velho
A velhice constante
O direito de estar velho!

NUNCA!
Nunca a velhice deve ser sinônimo
De sala de espera para a morte.


( Autor: Poeta Alexsandre Soares de Lima )

⁠Na velhice da alma

Eu não escolho sonhar; os sonhos que vêm sobre mim
Algum velho e estranho desejo por ações.
Quanto à mão sem força de algum velho guerreiro
O punho da espada ou o capacete usado desgastado pela guerra
Traz vida momentânea e astúcia longínqua,
Então para minha alma envelhecida -
Envelhecida com muitas justas, muitas incursões,
Envelhecida com nomear de um aqui-vindo e daqui-indo -
Até agora eles lhe enviam sonhos e não mais deveres;
Assim ele se incendeia novamente com poder para a ação,
Esquecido do conselho dos anciãos,
Esquecido de que aquele que governa não mais batalha,
Esquecido de que tal poder não mais se apega a ele
Assim ele se incendeia novamente em direção ao fazer valente.

Ezra Pound

Nota: Tradução do poema In The Old Age Of The Soul.

Na velhice

Já são anos escrevendo;
As histórias de uma face;
Já são dias escurecendo;
Desejando que me abrace.

São os dias de beleza;
Os que vens a encontrar;
E me vejo sem destreza;
E só falta te amar.

Um amor que é diferente;
Um que veio do infinito;
Um amor que faz contente;
Um do rosto mais bonito.

É uma bela que é fera;
É um rosto que se rende;
É uma força que é mera;
É uma força que a mim prende.

O abraço que não solta;
O beijo que não desfaz;
O caminho que não volta;
O amor que satisfaz.

Já são anos escrevendo;
Sobre o amor que nasceu;
E me vou envelhecendo;
E esse amor ainda é meu.

VELHICE ADIADA
Ombro a ombro, ele mais alto
Que ela, baixa de baixo salto
Numa amarração de vidas
Vividas,
Sentidas
Consentidas,
Que mesmo após a velhice,
A idade da rabugice,
Na cidade aperaltada
No passeio da fama do nada
Lembrando suas paixões,
Lá iam os dois amarrados,
Mirrados,
Num abraço de emoções.
Ei-los, chegados ao lar:
Dois jovens apaixonados
Em tempos de namorados
De corpos novos em brasa,
Lembraram a velhinha casa
Na mais louca das razões,
Os seus beijos de ilusões,
Trocados no seu amar.
A paixão andava no ar,
Já com pouco respirar,
Mas com um louco desejo,
Trocaram um longo beijo,
Ainda por cima,
Sem rima.


(Carlos de Castro, in Há Um Livro Muito Triste Por Escrever, em 16-11-2025)

O mais triste de quando amadurecemos e ficamos com experiência de vida (isso se dá na velhice), descobrimos que passamos quase toda nossa vida no meio de serpentes peçonhentas, num covil de lobos!!!
Aí podemos separar o joio do trigo, e constatar que se ficarmos com um só AMIGO de verdade, temos que dizer: AMÉM!!!