Poesias que Falam de Amor do Seculo Xix
Tu, sentimento
Queres fazer sonetos, agitado
Sofrente, insistes em fazê-los
Redize versos de um passado
Tediosa rima, pávidos apelos
Os versos de um vício penado
Que, nos quartetos, só flagelos
E nos tercetos, o vazio ao lado
Todos em concretos pesadelos
Assim, por fim, pobre, estrutura
Põe-se na métrica triste figura
E vai trauteando por aí a esmo
E tu, sentimento ocioso, expele
Vaidades vans, a flor da pele
Dando sensações a ti mesmo!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
25 agosto, 2023, 14’05” – Araguari, MG
Noutro dia...
Num verso sentido, na poética, figura
Sussurrado da emoção em um talvez
A saudade que sente a dor sem cura
De outrem. Uma sensação de nudez
Enquanto na prosa ao acaso procura
O otimista verso suspirado, e que fez
Dantes a poesia sem aquela tristura
Incessante agrura e sem ter a rudez
Então, surge a madrugada, ritmada
A ilusão, sobre o chão, desfolhada
Guiando a trova, criando-a especial
Ó esperança de atraente formosura
E, ante ao escrito vazio de aventura
Traz noutro dia, inspiração virginal...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
27 agosto, 2023, 13’26” – Araguari, MG
Terra natal (Araguari, MG)
Nasci em Minas, o meu chão
Araguari, orgulho das Gerais
Sertão de serra na imensidão
Das flores perfumadas e mais
Da mocidade, aparatos especiais
Que me viu nascer, doce paixão
Que faz aos sentidos, divinais
Do meu bem querer, és coração
Cá para as bandas do cerrado
Em explosão de cor, estrelado
O céu, terra natal, tom maior
Pois, longe de ti, és só saudade
Que na lembrança a dor invade
Araguari, não se esquece, amor!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28 agosto, 2023, 06’28” – Araguari, MG
*135 anos de Araguari, MG
Sonatina
É mau que eu viva areado, e sem prumo
Posto numa solidão daquele que não crê
Que já está acostumado, ao léu, à mercê
Prosando lembranças, poesia sem rumo
Mas, lá no fundo, a esperança, presumo
Tenha a compaixão deste pobre crupiê
Do amor, sem sorte, e cheio de porque
Pois, a boa sonatina a paixão é insumo
E, se insistir com a poética nesta saga
Deixando a poesia com a emoção vaga
Não serão somente versos de soledade
Será também a alma cheia de lamento
Porque no vazio há sempre sofrimento
E a dor o verso imerso numa saudade!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
29 agosto, 2023, 15’56” – Araguari, MG
Nos Passos
Nos passos da trilha da felicidade
Buscados pela humanidade
Me vi um peregrino de verdade
“Mochilando” pelos caminhos afora
Me vi sonhador, real e com dor que chora
Nas coincidências desta caminhada
Idealizei muitas, muitas jornadas
Caminhei com muitas lembranças
De atormentadas emoções, e desejada esperança ...
Ah! Incansável busca
Que o tempo não ofusca
Estacionada na maturidade
Na calmaria da experiência
Que chama ao chão a consciência
Com as proezas do prazer
Aconchegadas no viver!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
11/09/2008 – Rio de Janeiro, RJ
[...]desabrochar
ao acordar destramelo a janela
lá fora o silêncio empoeirado
e cá adentra a alva donzela
num frio do julho do cerrado...
desabrocha... e a vida se revela!
© Luciano Spagnol -poeta do cerrado
16 de Julho de 2020, Triângulo Mineiro
CAIR DA TARDE ...
O céu do cerrado está tão imenso
Todo dum vermelho compassado
O vento lhe rodeia, incerto, tenso
Na vastidão do azul, árido e alado
O horizonte mais rubente, intenso
No aparato carmim que é tomado
Em nuances no celeste suspenso
Em reza, num oratório imaculado
Quanta ilusão, quanta, no parecer
Do entendimento, fica a embalar
A imaginação, perdidas no viver
Ah! grandioso, de infinita beleza
Aos olhos não se pode desvendar
Os mistérios ocultos na natureza! ...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
23/02/2021, 18’28” – Triângulo Mineiro
O Poeta e a Poesia
Quis saber do poeta
Donde vem a poesia
Disse: duma secreta
Arca maga e luzidia
Duma paixão direta
Onde tem a melodia
E a magia donde vem?
Do vento da primavera
Que sensação contém
E também a quimera
Onde tem e vai além
Do prazer que impera
E, o poeta e a poesia
Mais que imaginação
É em uma só sintonia
É em um uno coração
Da alma em sangria
Pra cantar a emoção!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
20, outubro, 2021, 14:50 – Araguari, MG
dia do poeta
PÔR DO DIA
Na hora silenciosa do sol poente
Na fleuma do cessar em melodia
Encenava a voz da prosa reluzente
Que no ocaso do cerrado ali jazia
No olhar, a divagação presente
Na sensação, a imaginação ardia
E a ilusão em um tom crescente
Rezava no horizonte uma litania
E o depois, sei lá do que o depois
Pois, fiquei comovido, e nós dois
Eu e a noite, admirados, bramia
E na incitação maior do agreste
Apenas sei que o que me deste
Evidente, foi um belo pôr do dia
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
21/10/2020, 09’29” – Araguari, MG
Cidade do pequi, do cerrado, do pôr sol de 50 tons...
Terra dos sons sertanejo, artesanato, do biscoito de queijo.
Agui no Goiás - Goiânia!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
cerrado goiano
SONETO LÉS A LÉS
Ainda que não seja, assim, poético
Que falte o olhar, o afago, a beleza
És tu, poetar, ao meu olhar estético
Bem, sem importar com a grandeza
Não temo se me acharem cético
Cada verso tem a minha certeza
Das rimas e do cântico profético
Do amor, a mais pura candideza
Outras vezes soneteio sem preito
Ah, tão em vão, tão sem emoção
Tão fantasiosos e, tão imperfeito
Mas, certo é que na sensação
Tudo se torna o versar estreito
Quando se é ausente de paixão
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
26/10/2020 – Triângulo Mineiro
PRA DEPOIS (soneto)
Vou chorar depois. Hoje estou disposto
Quero instante, sensação, seja qual for
Vou enxugar as lágrimas do meu rosto
Pois, não desejo um sentimento feridor
Já eu vou estar evidente sem desgosto
No versar próprio de convite ao amor
Na prosa ter felicidade. Quero o gosto
Sem pudor, amargor, somente primor
O tempo passa, a hora sai pela porta
A poética com agrado o que importa
Quero o essencial, e de nada perder
Afinal, o choro é pra ter a alma leve
E aos desencontros o meu até breve
Vou deixar o porvir e, hoje vou viver.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
19 julho 2025, 19’51” – Araguari, MG
HÁ TEMPO PARA TODO PORÓSITO (soneto)
Quero poetar-te assim, num pôr do sol
Cantos dos pássaros e um céu azulado
Inspirado num poético e airoso arrebol
Com retórica cheia de tom apaixonado
Igual ao cântico cadenciado do rouxinol
Quero, também, com emotivo significado
Um olhar intenso tal a um lustroso farol
Quero poetar-te com o sentimento alado
Minha poesia pra te quer mandar flores
Ter teu cheiro impregnado com sabores
Em cada toada, e que não a deixe ao leu
Então, com o aformoseamento na trova
No certo que o amor se refaz, se renova
Lanço estes enamorados versos pro céu.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
20/07/2025, 19’50” – Araguari, MG
FEIÇÃO DA POESIA (soneto)
Amo a poesia pelo que é a poesia
Pela ilusão que há no teor a dizer
Sem importar com a reta simetria
Se tem paixão e na prosa a dor ter
Amo a imaginação, a vária surpresa
O deparar, quando sentimento há
Enchendo o versar com gentileza
Sem se preocupar de como será
A poesia é bela, só saber cantá-la
Pois, a sua soada na alma badala
E a sedução se põe a nos arrastar
Pôr a chorar se o pesar atormenta
Sorrir, caso a magia se apresenta
Afinal é provar, apreciar e delirar...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
21/07/2025, 16’21” – Araguari, MG
ÍMPAR FUNERAL (soneto)
Fui vigilar as minhas ilusões
Torno, versado, e tão servis
No compor, duras sensações
Das versificações que eu fiz
Também, contentei, então sigo
No delírio de uma imaginação
Ah! e a tristura chorou comigo
Lagrimejando do meu coração
Criei trova tosca, árida, escura
Ali enterrei suspiros e loucura
E na saudade, aquela vastidão
É ventura deste ímpar funeral
Cheios de emoções nada igual
Pulsando sentimento e paixão.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
21/07/2025, 20’214” – Araguari, MG
SERTÃO CERRADO (soneto)
Este amarronzado árido de se ver
Que o cerrado tem no seu cerro
Nos dá sensação de mais querer
No espaço variado, sem encerro
No sertão, a vida, deixa se correr
Em uma magia, num desemperro
Sem pressa, o que tem de suceder
Será. Perder o tom é um fatal erro
Nessa lentidão mirrada, o incrível
Tudo assim, chapadão disponível
Juntado... mais isto, mais aquilo...
A cada canto o encanto acridoce
Tudo é muito como se nada fosse
E tão magnificente em seu estilo.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
22 julho, 2025, 14’44” – Araguari, MG
Ternos, eternamente Avós (soneto)
É o dia aos Avós consagrado
Doces, intensamente sempar
Dentro do amparo um olhar
O amor pelos Avós é legado
Acalanto traz no vosso viver
Tanto! Mais, muito esperado
Estar... sobremaneira amado
Vô e Vó, de paixão és teu ser
São duas vezes paternidade
Entusiasmo, a fraternidade...
Sempre lembrança querida
Chegada, partida há emoção
Do genitor a soberana versão
Ternos, eternamente na vida.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
24 julho, 2025, 14’44” – Araguari, MG
*dia dos avós 26 julho
CABELOS BRANCOS (soneto)
Já, cabelos brancos me são notórios
Cobrem as frontes tão inteiramente
Total. E embuçá-los, feitos ilusórios
Então, deixo-os assim, conducente
Cabelos brancos, ah, insatisfatórios
Sejamos francos, pouco atraente
Cheios de espantos, merencórios
Quando os percebi, me vi silente
O andamento com os seus paralelos
A tal surpresa ingênua da mudança
Pois, flavo realçava os meus cabelos
Agora, o outrora tornou lembrança
E no espanto, branquejados vê-los
Conferi que a vida tem ordenança.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
27 julho, 2025, 14’37” – Araguari, MG
VERSOS DE SAUDADE (soneto)
Vou de versos em saudade, sofrente
As trovas choram lágrimas, suspiram
Soluça. A solidão e o pesar, inspiram
Vertente. Nublando o verso da gente
O poetar de nostalgia, uma serpente
Ondeando o ritmo com um amargor
Envenenando o verso com sua dor
E na versificação uma dor clemente
Adeus, uma poesia que estrangula
Adeus, agonia que o pesar formula
Enfeitiçando a prosa tão cruelmente
Aperto, enjoo, o verso sem medida
Nesta saudade poética tão abatida
Enchendo o soneto de rima ardente.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28 julho, 2025, 13’51” – Araguari, MG
O bem-estar chega sorrateiro
Chegando sem aviso
Chegando em silêncio
Em silêncio se instala
E naturalmente se espalha
Espalhado o vemos
E até partir o acolhemos.
