Poesias do Leonardo da Vinci
abril
(mirras)
folhas anunciam abril sem cor
vem vindo nas asas do vento
pássaros em gorjeios de louvor
metamorfoseando ao relento
acorda abril nas manhãs de outono
a natureza no ventre é transformação
espera o inverno pra ceder seu trono
assim vai o tempo em sua concepção
noites mais longas de melancolia
mais um abril passando por mim
suas árvores nuas escrevem poesia
transmudando e nunca pondo fim
(abril, mês de antúrio e estrelitzia.)
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
01/04/2016, 20'20"
Cerrado goiano
TUDO MUDA (soneto)
Muda tudo, o tempo passa, quereres mudam
O ser mutante, metamorfosea a confiança
Virtudes, vontades compostas de vil dança
Tudo é variante, que as virtudes nos acudam
Nas novidades, sempre se tem esperança
Continuamente o moderno nos saúdam
A felicidade, se tiver, sempre nos ajudam
Pois, do danoso, pouco é a lembrança
Os desejos são de transparente manto
Nos cobrem de prazer e de bonança
Que comuta n'alma em choro e canto
E, no alterar-se o ter é ser abastança
Que se convertem em mor espanto
Se, não para o "ás", evite a mudança
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Janeiro, 2017
Cerrado goiano
CRISTO (soneto)
Quando a teus pés oh Cristo Amado
Desces da cruz e pende no meu peito
Ungindo de amor, luz num tal respeito
Que fazes do meu cigalho imaculado
Eu, pecador e, um tanto imperfeito
Sinto-me nos teus braços, levado
Orando consolo em ti crucificado
Arrebatado no amor, eu a ti preito
Mas quando me vejo, enevoado
De pouca fé, um coração estreito
Perdão! No abatido envergonhado
Fraquejado, pouco ouvi o preceito
Me empanturrando no vil pecado
Só em ti Cristo! És o acaso perfeito!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Janeiro, 2017
Cerrado goiano
SONETO DO PLANALTO CENTRAL
Ressequido, a luz do sol alumiado
Sobre o sulcado e arbusto sinuoso
Reclina o planalto central grandioso
Entre as nuvens do céu do cerrado
É percurso do diverso e encantado
Pela maré poeirada, o audacioso
Sertão, de flores e ramo veludoso
Que banha o entardecer encarnado
De grossa casca e, fruto gomoso...
Forma bizarra no leito cascalhado...
Flora ipês, pequi e o buriti viçoso...
Não te rias do planalto, és enganado
Nele, o amanhecer é mágico e vistoso
Nele, o anoitecer é místico e imaculado
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
janeiro de 2017
Cerrado goiano
SORTE (soneto)
Na minha má sorte, a boa é pendente
Eu nunca inferi por que. Não entendia
Nos prados do fado estava ausente
Indaguei a vida por que era. Não sabia
Na quimera do meu dia, fui inocente
De uma tal timidez íntima e correntia
Que o passar do tempo foi em frente
E as venturas pouco tiveram cortesia
E assim, o sonho se fez bem distante
O vario momento me foi um instante
E por eles pouco soube dessuar valor
Sinto, sem, no entanto, ser dissonante
Que se fiquei ou se eu passei avante
O importante é que fui e serei amor...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Janeiro de 2017
Cerrado goiano
SONETO SEM SORTE
Amor, quantos espinhos há na tua haste
Arranhando a solidão aqui no meu peito
Errante nos sóis e chuvas, sem ser eleito
Entre estações sós, num triste contraste
Saudades passam, e não passa o efeito
Porém, tu e eu, amor, no mesmo engaste
O fado faz que a desventura nos arraste
Por outonos, num desfolhamento do leito
Pensar que custa tanto, tanto desgaste
Quando poderia ser diferente, ser feito
Com companhia, desde que chegaste
Mas tu e eu simplesmente sem preceito
Ali onde o passado no remorso choraste
Semeamos a sorte sem nenhum proveito
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Janeiro de 2016
Cerrado goiano
UM SONETO
Canta na alvorada o sabiá canta
Um cantar suave e tão contente
Que nostalgia o encanto da gente
Saudosamente, e os males espanta
E na tal quimera sonora, consente
Que nesta manhã de beleza tanta
A alma transude numa magia santa
Exibindo a alegria que a vida sente
Assim, em uma fortuna reluzente
O canto nos põe frente a frente
Com a felicidade e com a emoção
Então, neste encontro presente
Desta ventura, aí, tão somente
A boa sorte, regi toda a canção
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano
SONETO TRANSVERSO
Nosso amor, é amor que não conheço
Teve começo nas quimeras do coração
Tal qual numa quadrilha de São João
Que no luar, o enredo nele foi expresso
Sem bilhete, ou ao violão uma canção
O nosso amor no rumo foi perverso
Sem adeus e, nem o perdão confesso
As palavras na palavra ficaram um não
Se choro aqui no soneto transverso
Choras aí na distância da separação
Assim, na saudade, tudo é submerso
É um vazio tão cheio de imensidão
Que não posso negar, este vil verso
Ainda cego da mais vesana paixão
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Janeiro, 14 de 2017
05'30"
Cerrado goiano
SONETO DO AMOR AO PRÓXIMO
De tanto variar no amor, não mais julgo
Sem nenhum julgamento, sem opinião
Rotular os bons e maus, não é exatidão
Somente o roteiro de quem quer indulto
As fraquezas e virtudes apenas as são
Se não... é quem quer grassar tumulto
Espelhando suas críticas do ser oculto
E se desenrugando em tola conclusão
Então, no ter harmonia deixei o insulto
Desenformei toda a minha limitação
Tentando no falível não ter berro inulto
E na aceitação, olhei com o coração
Em injustiçar, me despi do seu volto
Assim, no amor ao próximo, fui irmão...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Janeiro, 16 de 2017
Cerrado goiano
SONETO EM MOVIMENTO
De tudo um pouco fiz, e não te esqueço
O pensamento é movimento relutante
Na sofrença eu vivo então agonizante
Tal forma, que o poetar está do avesso
À espera é de um, vã gemido, sonante
Que já saiu dos ventos do meu senso
São fragmentos de dor que não venço
De amarga profunda frustração, dante
E neste vazio de um vadio descenso
Dispenso o amanhã num novo avante
De rude ação, de esquecer, e tão tenso
Não estou propenso a nostalgia gigante
Sei que o depois é outro dia, pretenso
Pois, na solidão, no render sou levante...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2017, 18 de janeiro
Cerrado goiano
VERÃO NO CERRADO (soneto)
Lá fora o vento em agonia e rebeldia
Redemoinhando o taciturno cerrado
Do silêncio carrascal, fez-se agitado
Sob a chuva nua, acordando o dia
Na vastidão do chão, o tempo arado
Da sequidão para o sertão em urgia
Molhado da tempestade em romaria
Empapando o alvorecer enovelado
E neste, porém de tão boa harmonia
O horizonte na ventura é amansado
Enxurrando na procela a melancolia
Assim, vai-se avivando o árido cerrado
Do acastanhado que ao verde, barbaria
Ao rútilo encarnado do verão variegado
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Janeiro de 2017
Cerrado goiano
arrogância
arrogante, foi fatal te deixar no quintal
exproba ferida
que uma sentença faz aqui infernal
ruminando a vida?
sem essencial, e tão brutal
querendo me por de partida
que não me pertence, não me é casual
querida!
(arrogância)
a tu o meu desprezo final.
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Janeiro de 2017
Cerrado goiano
SONETO PELO CAMINHO
O meu fado pôs a me versejar
Pelas trilhas do destino nefando
Me fez chorar, rir, foi interrogando
Acerca do amor pôs a ignorar
Subi e desci, e a vida foi forjando
Desafinei certamente ao disciplinar
E pude segredar na noite de luar
Assim, estórias foram desfiando
Por vielas, ruas e, becos a andejar
Andei, e ele comigo foi andando
Pelos caminhos o diverso a poetar
Agora, o canto maduro, no comando
Lembranças, tudo tem tempo e lugar
Na estrada, continuo caminhando...
(até Deus chamar!)
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
20/01/2017, 14'00"
Cerrado goiano
SONETO TRISTE
Hoje acordei com meu verso triste
Escorrendo pelo papel só inclinação
Cabisbaixa a inspiração e, pelo chão
Querendo lira na sorte que não existe
Pois, cada cisma, na cisma consiste
E o prazenteiro é em vão, e assim são:
Desferrolha fagulhas infeliz do coração
Petrechando a consternação em riste
As minhas angústias querem expansão
Minha dor, está ali sozinha, é imensidão
Tão calada, não entenderão o que sente
Aí quem me dera, não a ter! Pois então?
A tenho!... E pouco cabe na solidão...
Quando caberia aqui: - verso contente!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Janeiro, 2017, 05'55"
Cerrado goiano
SONETO DE "ÁS" DE COPAS
Pra encontrar amor de verdade
É preciso ter no coração vector
Onde o prélio de sinceridade
Tem dupla, não um só jogador
Senão deixa de ser paridade
Pra ser unitário espectador
Sem sorte e possibilidade
Onde não existirá amador
Claro, amizade é qualidade
Com respeito, se assim for
Senão: - blefa a felicidade!
Na afinidade, trocas de amor
Na soma dos pontos, unidade
Nos “ás” de copas, o amor vencedor...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
25, janeiro de 2017
Cerrado goiano
ventania
talvez a gente se esbarre
numa destas confusões do sentimento
onde o tempo no tempo nos agarre
nas lembranças, e nos carregue no pensamento...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano
SONETO DO IMAGINÁRIO
Às vezes imagino a imaginação ter
Então, fica no imaginário faiscante
Perdidamente o meu querer dante
Do tempo, sorte, do poético viver
Às vezes silêncio, e outra cantante
Porém, a imaginação é de puro romper
De uma quimera a nos surpreender
No imaginário que esvai do instante
Aí, o imaginar vem e traz o oferecer
No suposto totalmente incessante
Da imaginação dum vasto aperceber
E no vário dum imaginante alucinante
Fecundante é a imaginação de conceber
Pois, o imaginário é sempre navegante
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Fevereiro de 2017
Cerrado goiano
SONETO ABARROTADO
Cá estou neste um lhano afável poetar
No estribo da rima, "eu te amo", tramo
Porque nos meus versos eu te clamo
E na poesia és meu constante venerar
Não deixes o encantamento no escamo
Nem no peito a fascinação então secar
Grite aos ouvidos desejos atirados ao ar
Pois uma paixão não resiste ao reclamo
E neste soneto abarrotado a sublinhar
Então poderei lhe dizer: - eu te amo!
Sem que o silêncio nos faça ultimar
Vim aqui fazer este breve invocamo
Onde cada sentido busca o teu olhar
Assim, firmar que no amor és reclamo!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Fevereiro de 2017
Cerrado goiano
SONETO AGONIADO
Agonio de ti, ó silêncio, do cerrado
Diz coisas que a sorte não vai entender
Da tua brisa saudades tu pões a trazer
Nas brumas, com suspiro empoeirado
Do teu torto cenário bruto, fustigado
Ascende lembranças no entardecer
Tão pálidas na tua secura, vão haver
Solidão, que o meu sonho fica calado
E nos teus murmúrios do alvorecer
O meu ao teu então fica encarnado
Largando lágrimas na face a perecer
Talvez um dia eu entenda o teu agrado
Por agora, o que faz é meu entristecer
Porém, todavia, és âmbito do meu fado
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Fevereiro de 2017
Cerrado goiano
contraste
o cerrado é melancólico
no igual do seu irregular
o horizonte é eólico
no vento a lhe soprar
mas tão diverso e assistólico
que faz a admiração pulsar...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Fevereiro 2017
Cerrado goiano
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