Poesias de Poetas Famosos
Amanhã
Amanhã é outra história.
Amanhã é outro dia.
O descortinar é diferente.
Observe:
Difere dos outros dias
Das tardes
Dos céus cobertos
Ou encobertos
Simplesmente
É outro dia
Outra decisão
Outras palavras
E não foi tudo em vão
Não aconteceu nada
Mas é outro dia
Porque:
Nenhum dia pela manhã é igual
Nem você é igual
A todos os dias
E único.
Profundamente
Especial.
Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury
Preste Atenção:
Minha casa tem quatro janelas
Sopram ares de toda natureza
Primavera,
Verão,
Outono,
Inverno.
Minha casa tem três portas
Por onde ventam
Saúde,
Paz,
Prosperidade.
A casa tem quintal
Onde circundam muros centenários
Dentro deles,
Histórias ancestrais.
Nela tudo tem vida
Em cada canto e recanto.
ENTRE:
A cada tábua que range
Ao seu pisar
Preste atenção: a casa FALA.
Em cada prato dependurado na parede
Que se curva a sua passagem
Preste atenção: a casa te OBSERVA.
Em cada cortina que balança
Preste atenção: a casa RESPIRA.
E se o café perfumar e cheirar seus ares:
Preste atenção: ela é VAIDOSA.
Minha casa
"Encantada"
Espelho da minha intenção
É muito bom te receber.
Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury
Inundação
Naquela noite todos os planetas densos estavam alinhados. Dia de muita oração pela natureza.
O clima estava revolto e quando seu temperamento espalhava carregava tudo em seu caminho.
A refeição foi minguada pelo medo e no calor do fogão despejou uma acalorada discussão.
Todos escolheram vestimentas de bicho para embarcar na Arca do Patriarca Noé.
Uns vieram voando nas asas, águias, corujas e beija-flores.
Dos mares desafogados das ondas, os polvos, as pérolas, as dançarinas águas-vivas, de peixes coloridos, golfinhos, baleias e, das profundezas abissais, os moluscos.
Sem brigas, os impertinentes os insetos vieram de carona.
Os mais domésticos e disciplinados apareceram nos gatos, cachorros e nos elegantes cavalos.
Selvagens, indomados e desconfiados os macacos, as onças e os
lobos embarcaram sorrateiramente.
Se ficar alguém, Deus perdoa ou opera aparição nos milagres.
Quarentena.
Dias e noites.
Tormenta nos mares. E chuva cessou.
A nau encalhou no destino certo.
Todos desembarcaram aflitos e desapareceram onde a terra flutuava.
E alguém reclamou.
– Não desembarquei, me deixaram!
– Em que bicho se vestiu?
– De bicho feio.
– Qual?
– Urubu
– Mas por quê?
– Ninguém caça ou persegue o urubu, voa solto e livre pelos céus. E ainda faz a limpeza da carniça que deixaram pelo caminho, do que foi imaginado. O mundo não vai acabar hoje. Vamos jantar em paz.
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury
Vista Manhã
Silenciosamente, te olhei.
Admirei:
Seu perfil distraído.
Suas sobrancelhas arqueadamente atrevidas,
Sua boca decidida,
Suas mãos carinhosas.
Você, a minha melhor paisagem.
Sua companhia, a minha maior viagem
SEMPRE.
Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury
Na beleza de todos os trajetos
na ternura de jamais sermos sozinhos
na confiança que são, todos os passos,
adiante, precisos, e certos ...
o que lhe compreende a confiança de se estar certo?
A vida, tão imprecisa e incerta, mas ela é sem margem à qualquer dúvida: viva, certa... e nela, tudo é "certo"!
E lá vamos nós nesse barco, entre traços, linhas, letras, vagas, versos, além das entrelinhas e "entreversos". E talvez há tanto a se ampliar, "entretextos", "entresilêncios" e outros tantos "entres" nesse mar infinito. Mas, vamos... eu, você e eles, nós quem sabe ou ninguém, mas estamos indo ou ficando, sentindo e deixando o fluir acontecer ...
Que venham então, os ares que se abrem entre céus sem mais horizontes e algumas nuvens a dissipar-se!
Aceita o teu coração, porém, resguarda-o...
compreenda-o no silêncio de tua alma
acolha-o no recôndito dos mistérios
revela-o ao olhos desnudo de todo conceito;
preceitos sem razão de ser...
vasculhe todas as possibilidades de um gesto;
nem tudo que nos parece pedra o é
há nisso toda condição de ser o calço de nossos passos;
nem tudo que é doce é degustável
por vezes, os mais poderosos venenos são revestidos dos melhores perfumes e sabores...
cala-te no vigor do teu ser
seja-te vida no gestos que te renovam a cada manhã
renasça em si mesmo sem que precises nada dizer!
Caminharei pelos teus reinos porque já não bastam os cumprimentos e apertos de mãos...
Quero mesmo é saber que não sei!
Não basta ser pássaro
a vida pede mais
se faz orquestra
saúda-nos num coral
diversos tons numa tela
que nos convida
a semear!
As aparências enganam sim,
o roto retalho que somos,
fica entre as nuvens dos olhos
que nos alcançam.
É preciso mais que olhos,
é preciso alma,
é preciso ir além
desse "eu" recoberto
e encrustado na pele
já tingida por tantas máscaras!
Cala-te no instante e na hora
que se faz tarde, falar...
Não se desarvore diante do vozerio
que te grita dentro;
acolha-os em real sentimento
e veja-te ali recolhida(o),
silenciada(o) e tanto, tanto, tanto...
...de você, ali!
Sobre a verdade ...
Quero o aconchego desse abraço por onde sinto, firmada além desse pilar que me firma e me contorna, além desse barco que nas ondulações flutua, no aguardo e de mãos postas!
Que o dia não nos seja traço, risco, marco...
seja ele habitado pela abstrata insegurança
de um poema sem letras
E ali, ouça-se em magia o que nos é único,
inteiro ... faroleiro, oculto em poesia!
É preciso encanto no olhar
ao reino delicado da natureza,
lendo as sutilezas da vida,
vendo-se acolhido, entrelinhas
Eu tenho que trabalhar e pagar os boletos...
Não tenho tempo para ser poeta!...
Ser poeta é para os inúteis
Ser artista é para os vagabundos
Ser o que o mundo mais precisa
é para os crucificados!
DE AMOR E DE ESPERANÇA
"....no amor que flui em nós, água corrente ... "
Eu sei,amor, a vida está difícil
- o preço do feijão, a ausência de futuro,
a poluição, a falta de ternura,
a falta de verdade e de abertura,
esse medo do escuro...
O perigo maior,porém,é que esta vida,
este cansaço, esta ilusão perdida
destruam esse amor,fortuna que nos resta.
E,sem fazer versinhos cor-de-rosa,
eu quero neste verso,nesta prosa,
dizer que ha um caminho ,uma fresta.
Inda é possível,amor, esse milagre
de multiplicar o pão.
É só somar as coisas que nós somos,
é dividir as coisas que nós temos,
subtrair todo egoísmo e ódio
na matemática do coração.
Amor,vamos brincar de aventureiros,
vamos buscar em nós, na humanidade,
no amor que flui em nós, água corrente,
um tesouro escondido à flor da terra.
Um tesouro que existe,em que pisamos,
o qual não vemos,porque não olhamos,
um tesouro real e verdadeiro.
Vamos amor, me leve nos teus braços,
eu te levo em meus versos,que são teus
Vamos abrir estrada em nossos passos,
vamos abrir estradas para o mundo,
vamos falar com Deus..
( do livro " Canção pro Sol Voltar" , Editora do Escritor )
Castelo Hanssen é jornalista e escritor , membro fundador do Grupo Literário Letra Viva e da Academia Guarulhense de Letras.
POEMA MARGINAL
Poeta,eu? Eu não !
Meu poema não tem poesia
Não tem bandeira
Não tem corrente
Não tem escola
Tremula no meu terreiro poético
o mastro nú. Pau de sebo.
Meu poema é cheio de falhas
Meu poema é vazio
Meu poema mente.
Discretamente como o moço
lúcido no ponto do ônibus.
Meu poema não tem sentido
Não tem boca
nem ouvido
Vai como um rio sem direção
à margem da cidade acesa...
do livro "Licença Para a Vida " Editora do Escritor
aos filhos da arte
são muitos os fluidos que nos fornecem a inspiração..
perceber e captar esses fluidos é trabalho da
percepção
onde a sensibilidade é a mola mestra
traduzindo nossas impressões em expressões
somos filhos da arte, enlaçados na onda do bem-querer
da arte sábia de quem acredita na vida
e na luz que nos envolve e nos move a crescer
nossa existência é sinônimo de persistência
e crescimento interior
não dá prá fugirmos daquilo que somos
não dá prá negar ou ignorar a "voz do coração"
EU OUÇO UMA VOZ CANTANDO LÁ FORA
Na calada da noite, eu ouço, no silêncio,
Uma voz cantando lá fora...
Paro e escuto aquela voz melodiosa,
Cantando lá fora...
Parece-me a voz dela cantando,
Há muito tempo, para mim.
Não suporto escutar apenas.
Abro a janela do meu quarto,
E solitário, escuto aquela voz
Que, pouco a pouco, vai se distanciando,
Sumindo-se na distância sem fim,
Das longas encruzilhadas.
É a voz dela , eu sei, cantando
Para mim no tempo distante
Que a saudade, que nunca me deixou
Trouxe de longe, do passado
Que se perdeu no tempo
E nunca, nunca mais voltou
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