Poesias de Luis de Camoes Liberdade
Meu cérebro vazou, e eu não consegui enxugar todos os pensamentos que escorreram pelo meu rosto.
Você já não ocupa mais 50% do espaço que eu tenho no meu peito
E o mais triste é que você não fica triste com isso, soa mais como um alívio.
Eu já entendi! Agora é só internalizar e digerir.
Nomes escritos no box do banheiro, eu to bem!
Aprendi que superar é esquecer, e esquecer é a perca de algo.
Já estou perdido!
Eu passei a vida toda fugindo, até dos amigos.
Os sinais de vínculo e aproximação que surgem das pessoas, pra mim são bizarros.
Se vejo que posso começar a sentir algo por alguém eu me afasto e sumo, dependendo da pessoa eu sinto falta e acabo voltando.
Pareço problemático pra você? Imagina pra mim que sou eu de verdade.
Em um mundo repleto de caos e stress, como manter o mínimo de sanidade para alcançar a felicidade ?
Não adianta soprar, que não passa
Se as dores fossem curadas assim não teria o porque de estarmos aqui, considerando o fato de que a vida é uma passagem.
Não podemos apenas soprar a dor, como a mãe que alivia o ralado do filho.
Temos que sentir sozinhos e muitas vezes calados.
A vida a dois
Não é um mar de petições
Nem de lamentações
Mas um mundo de partilha
De compreensões
E soluções.
O primeiro amor
Antes de tudo e todos, vem o primeiro
Encanto, beijo, paixão, ou amor talvez,
Uma flor que se dá ou não por inteiro
Ou o primeiro amor ou a primeira vez.
Pousa a borboleta na flor de um jeito,
Que no mel de seu ventre faz encosto,
Como o tolo coração, que fora do peito
Bate, antes de lhe bater um desgosto.
O primeiro beijo é tépido e desajeitado,
A prima paixão, tonta e sem medida
E a primeira vez é um céu estrelado!
Nada é eterno! Tudo é início e partida.
E o primeiro amor dura só um bocado
Até vir o primeiro desgosto da vida.
Profetas Papaloni
Certas tolas manadas de burlados credores
Carregam profetas ilusionistas em andores
Que amestram uma tal curvada humanidade
Num certo pasto d’uma reles fraternidade!
Dizem cuidar d’um tal rebanho espremido,
Da ovelha que lá foi e não devia ter ido,
Como a que não sabe por onde tem andado:
Se submissa, a pecar ou a roçar o pecado.
Papaloni é ser um tal pastor engenheiro
De questionável fé e duvidosa salvação,
Que através de um tal medo aduaneiro,
Cobra ao mundo uma certa contribuição,
Porque uns dão um desatento dinheiro
A uma irmandade atenta à desatenção.
Amo-te assim!
Amo-te assim, como o fogo ama arder
E arremessar calor e luz do seu ninho;
Quero assim como ele, amar-te e morrer
Contigo e assim arder devagarinho.
Amo-te assim meu amor, e lá mais adiante
Quando formos pó, poeira e coisa nenhuma,
Debaixo da terra, serei teu amigo e amante,
Serei teu mundo, até que ele nos consuma.
Amo-te assim, tão-só e simplesmente,
Que tão certo é Deus ser fé e piedade
Como a minha boca que não te mente
Ou estrelas e astros terem gravidade!
Perca eu a voz, o chão e tu e de repente,
Se este soneto não é, todo ele verdade.
O céu, o inferno e uma história
Antigamente
Éramos unha e carne;
Bebíamos tudo do mesmo copo,
Suores, lágrimas e um afável vinho;
Eras a totalidade de todas as coisas,
Eu era o teu universo
E todas as gravidades
Nos puxavam à nossa cama;
Palavras eram plumas que voavam,
Quando não se estavam a beijar;
Éramos provação e teoremas
E tu lias os meus poemas
Que eram todos para ti;
Rezávamos a Deus, que nos deu
O infinito, um lar e asas, e assim
Íamos em parelha à mercearia
Flutuando como passarinhos;
Era no tempo
Em que Deus respondia a orações
E prometia o céu e uma história.
Anos escarpados depois…
Somos garras que ferem carne;
Cada um tem o seu copo
Por onde bebe a retaliação do outro;
A totalidade de tudo o que éramos,
Esfumou-se no universo
E todas as gravidades
Nos afastam dos nossos centros;
Palavras são agora
De arremesso ou caladas;
Desaprendemos o perdão,
A paciência, a cumplicidade e a beijar;
Somos pétalas caídas de uma flor
De um poema que cheira a bafio;
Já não há mercearias nem passarinhos,
Só corvos, a depenarem-se uns aos outros,
Como nós.
Ainda rezamos, mas em vão!
Deus desistiu, como nós, de ambos.
Mentir o amor
A mentira severa que dura
Engana a boca que a profere!
É lobo sem lei nem bravura!
É cordeiro em pele de engodo
Que a todos dor confere.
Vai cavando a sua sepultura
E conspurcando de mágoa,
O algodão que tinha no princípio.
A língua ensanguentada
É limpa depois com tintura,
Pra desinfetar culpas e aflição!
E nas entrelinhas do seu errar,
Vai pedindo ao amor,
Perdão!
Mentir,
Quem não usou já dessa pomada?
O problema da mentira
É a sua incontinência!
Quando já nada a segura!
Quando ela vira gente
E mente, mente, mente!
Esqueça que os dinossauros existiram...
Esqueça que os macacos evoluíram
Esqueça que o homem, [dentro da sua concepção evolutiva, ainda..]
Nunca existiu !
“Casas comigo?”
És um oceano salgado e proibido;
Um cabo bojador de contradições;
Um grito vão, um choro reprimido,
Que me leva a um mar de emoções!
Se bravura fosse condição minha
E dela não ficasse sempre aquém,
Dar-te-ia o mundo numa caixinha,
O céu, o sol, a lua e mais além.
“Casas comigo?” era o que eu então
Diria, pra que percebesses que tu
És a fonte da minha inspiração!
E deste modo encabulado e cru,
Eis-me aqui entre caneta e papel
A oferecer-te um improvável anel.
Tenebrosos segredos
São noites cálidas, escolhidas a dedo
Em que a lua curiosa, depois floresce,
Porque enxerga o tenebroso segredo
Nosso, e que o mundo desconhece!
Somos tal avidez e vontade cobiçada,
Como culpados que imploram perdões,
Enquanto carne fraca é entrelaçada,
Comungando sigilo e firmes ereções!
Ó tempo, reduz à noite a velocidade,
Pra que entre o pôr e nascer do sol,
Todas as ganas e sedes da saudade,
Sejam acolhidas por baixo do lençol.
Ó tempo, sê nosso amigo e amante
Até c'o dia brote e luz se levante!
O poeta é que sabe!
Ele é dono do que num poema cabe:
Belicosas metáforas ou não, ou então
Atalhos, fina ortografia ou alto calão!
O poeta é dono! O poeta é que sabe!
Enquanto um poeta tem de a sentir,
Um tolo tem de a perceber e explicar!
Poesia é como o rio, a chuva e o mar,
Há que molhar pés para depois sorrir!
Tanta tola criatura que uma razão dá
À poesia que lê, e diz que ela requer
Um preceito, que por vezes não há!
Enquanto versos o poeta compuser,
Ilustre e tola gente nunca entenderá
Que poesia, é o que o poeta quiser!
Amor, desalento e solidão
Queria, quem já não me quer seu,
Que por sua vez não quer ninguém
E quem me quer eu rejeitei também
Por não ser de quem não é meu!
Quantas portas ao amor eu não dei!
De o querer, quantas se fecharam?
Quantas solas e aparas se gastaram?
Quantas poemas e ruas atravessei?
Mas que desalento chato e redondo,
Que se o tento cantar a um canto,
Ele não os tem, e eu lá vou pondo
Nós engasgados num calado pranto!
Não podendo ao amor cantar então,
Vou indo e dando, espaço à solidão.
Amor é antítese
Amo-te porque não sei bem porquê!
Talvez este não sei das quantas amor
Nos veja como quem não sei como vê
Em nós, um vaso a casar c’uma flor!
Amo-te sei lá de que maneira e como,
Se as noites em que te quero amante
São dias em que não sei se nos tomo
Por coisa sólida ou por alarmante!
Amo-te assim e não sei por que raio
Te quero desta invulgar maneira,
Em que não sei se do amor ensaio
O hastear d'alguma bandeira!
Amor é antítese. O amor é assim:
Ora diz que não! Ora diz que sim!
Borboleta iludida
Os teus olhos escondem diamantes
Nas retinas com olhares mortais
Que arremessam flechas ofuscantes
Como se fossem notas musicais!
A lua cheia, num mar de euforia
E eufórica rotação constante
Faz uma escura noite ser dia
E o amoriscado, coisa ofegante.
O coração, de cego, então insiste
No timbre perfeito, que não existe,
Como se o amor lhe desse a mão.
Mas tal como a borboleta iludida,
Que tão curto é seu ciclo de vida
Como o fado duma breve paixão!
Deixe-me só
Uma verdade é cinzenta,
Outra verdade é cor de planeta;
Mas todas as verdades, desde o chão até o chão,
Não valem a verdade sem cor das verdades,
A verdade ignorante de como o homem costuma
encarnar-se na neve.
Quanto à mentira, basta dizer "quero"
Para que brote entre as pernas
Sua flor, que em vez de folhas brilham beijos,
Espinhos no lugar de espinhos.
A verdade, a mentira,
Como lábios azuis,
Uma disse, outra disse;
Mas nunca pronunciam verdades ou mentiras
seu segredo torcido;
Verdades e mentiras
São pássaros que emigram quando os olhos morrem.
Não dizia nada
Não dizia nada,
aproximava apenas um corpo interrogante,
Porque ignora ser o desejo uma pergunta
Cuja resposta não existe,
Uma folha cujo ramo não existe,
Um mundo cujo céu não existe.
A angústia abre caminho entre os ossos,
Remonta pelas veias
Até romper-se na pele,
Provedores de sonho
Feito carne em interrogação volta às nuvens.
Um roce de passagem,
Um olhar fugaz entre as sombras,
Bastam para que parta o corpo em dois,
Ávido de receber em si mesmo
Outro corpo que sonhe;
Metade e metade, sonho e sonho, carne e carne,
Igual em desenho, iguais em amor, iguais em desejo.
Mesmo sendo apenas uma esperança,
Porque o desejo é uma pergunta cuja resposta ninguém sabe.
Alguns corpos são como flores
Uns corpos são como flores,
Outros como punhais,
Outros como fitas de água;
Mas todos, cedo ou tarde,
Serão queimaduras que em outro corpo se engrandecem,
Convertendo em virtude do fogo uma pedra em um homem.
Mas o homem se agita em todas as direções,
Sonha com liberdades, compete com o vento,
Até que um dia a queimadura se apaga,
Voltando a ser pedra no caminho de ninguém.
Eu, que não sou pedra, mas caminho
Que cruzam ao passar os pés nus,
Morro de amor por todos eles;
Dou-lhes meu corpo para que o pisem,
Mesmo que lhes leve a uma ambição ou a uma nuvem,
Sem que nenhum compreenda
Que ambições ou nuvens
Não valem um amor que se entrega.
Encontre algo que nunca perdeu...e encontraras algo que sempre esteve por perto !
-A sua insignificância-
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