Poesia Morena Flor de Morais
REENCARNADO
Na próxima, quem sabe, virei gato
e bicho de madame, estimação,
acostumado aos luxos da paixão
com que me servirão em fino prato!
Chamegos, no xodó, não faltarão
e sei que viverei em fino trato
pois a carícia é parte do contrato
que humanos, sem ressalva, assinarão.
Quem sabe, tu não me serás por dona
e me farás, de amor, tombar à lona
por entre beijos fartos e carinhos…
Assim, eu, reencarnado no felino,
enfim, verei meu sonho de menino
juntar, pela paixão, nossos caminhos!
JOIAS
Foi quase! Faltou pouco! Um bocadinho
pro céu descer à terra em paraíso!
Arrebatou, no instante, o meu sorriso
pensando aqui na cruz do pecadinho…
Tá certo! Eu que não tenho, cá, juízo,
mas juro que rezei quieto, baixinho,
pra que se revelasse, no cofrinho,
um pouco do tesouro que diviso.
Só mais um bocadinho do recorte
pra que essa maravilha de decote
me revelasse as joias de valor…
Então, tu poderias vir a mim
que eu te daria, é certo, amor sem fim
em troca delas, dadas por penhor!
Eu observo tudo. Reparo nos detalhes, nas ações de todos à minha volta — cada um com suas ambições, seus objetivos. Alguns são movidos pelos próprios sonhos. Outros, pelo ego.
Quando encaro meu reflexo, percebo: sou movida apenas pelo medo.
O medo de fracassar me atormenta. Ele alimenta a minha obsessão — essa necessidade constante de ser perfeita, de me aperfeiçoar em tudo, de me destacar dos demais.
Meu medo me dá um desejo incansável de ser a melhor em tudo, de superar a todos.
Eu quero ser excepcional.
O amor é um monstrinho bom,
quando ele acorda e nos sorri de jeito perfeito,
a gente leva sim, pra casa do coração.
E quando se faz morador, ainda que se mude é eterno.
O espaço que ele ocupou...será sempre dele.
O melhor estado dos corpos, é a agitação,
a asa se faz casa, se deita na inspiração;
assim como o pensamento exercita o voar.
Quero fugir com os girassóis no inverno,
quero me aquecer em cada pétala
onde o perfume se deita comigo.
Eu amo
Tu amado
Ele não imagina como é sagrado
Nós somos amor e vento
Voz dos sentires e
Eles veem de dentro
Êh, vento!
Esse que pelo meu subterrâneo transita
Agita a minha saudade
que num levitar se negrita
E me arrepia os poros
e sótãos.
Silêncio tudo sabe,
é meu volume baixo em plenitude,
É meu barulho de porta trancada,
sem posse da chave,
São os meus eus presos em mim
e livres qual uma ave.
Eu não sou mais por ser exagerada,
É que eu sou infinita, sou intensidade
porque não me dou só um pouco,
porque quando me verto
espalho-me por toda a mesa
e corro pela abertura estreita do chão
só para inundar...
Quis fotografar a gente em sentimento;
a máquina só captava a carne.
A carne é exibida.
A carne é passageira.
Quis fotografar a nossa alma;
ela é tão fotogênica, eu sei.
Mas a lente não alcança.
Seu sorriso é um convite,
e dá a mão para a minha alma.
Rodopia meu ser em leveza;
deixando pegadas no céu e
esvoaçam os meus cachos...
Criamos “nós” sem vírgula e
sem interrogação.
Viramos a mais bela expressão.
O nosso conceito é et cetera
seguida de reticência
e não é só isso.
Nem é preciso levar tudo a ferro e fogo,
Nem tão pouco um faz de conta...
Melhor mesmo é ser criança,
verdades e brincadeiras...
E não carregar nenhum peso em vão...
Enquanto a cidade dorme
Eu acordado.
A madrugada é minha companheira
A mente repleta de pensamentos
Que fervilham
Como um vulcão,
Não durmo desde terça-feira
O corpo cansado
Tudo é tão difícil
Se pelo menos você
Tivesse aqui comigo.
O que me resta é só a poesia
E nela te escrevo
Como uma última lembrança.
Silêncio.
Antes do tempo, antes do som,
pairava o Espírito sobre as águas negras.
E então —
não trovão,
não espada,
mas Luz.
“Fiat lux,”
e foi luz.
Não luz do sol,
não chama que arde,
mas presença —
clara, pura, viva.
A terra gemeu, o abismo tremeu,
e do ventre do nada
nasceu a aurora.
Ó Luz do Altíssimo!
Tu que vês o que é oculto,
Tu que sondas os corações,
desce como rio sobre os mortos,
como bálsamo sobre os que choram.
Não temais!
Pois a Luz caminha entre os sepulcros,
e a morte se encolhe em sua sombra.
E aqueles que dormem no pó,
ouvirão a Voz,
e se erguerão —
olhos abertos, mãos erguidas,
envoltos de esplendor.
Et lux in tenebris lucet,
et tenebrae eam non comprehenderunt.
Ó Cristo, Luz do mundo,
tu és a lâmpada dos justos,
o fogo que não consome,
o sol que jamais declina.
Reina sobre as trevas do homem.
Reina sobre a noite da dúvida.
Reina sobre os ossos dispersos,
e dá-lhes carne,
e dá-lhes alma,
e dá-lhes cântico.
Pois viremos a Ti, Senhor,
com lágrimas nos olhos
e luz nas mãos.
E no último dia —
quando o véu se rasgar,
e o tempo cessar —
ouvir-se-á o canto dos anjos:
Lux aeterna luceat eis, Domine,
cum sanctis tuis in aeternum,
quia pius es.
E a Luz será tudo em todos.
Amém.
"Nada mais somos;
Que inquilinos da vida;
Esta nossa senhoria a quem ousamos;
Percorrer caminhos sem saída..."
Doce veneno D'alma
*
*
Sem rumo, o homem pôs-se a caminhos
Já saindo pro mundo, entreviu aqui-acola'.
Certamente que nem faria tanta diferença!
Pois de mala e cuia, sem crenças 'a tornar.
*
O mundo 'e terra de ninguém, disseram-no
Ainda que o ferissem, ao juízo não voltaria.
Transtornado com a vida, a surtar o espirito!
De tal forma o mesmo homem não aceitaria.
*
O mundo parece mesmo lugar inapropriado
Quem tanto falava bem, não vivia ao desdém.
Aos poucos e aos prantos; corajoso, valente!
Conseguia o quebrantamento da mente-refém.
*
Ao final de uma alma velha, com boas feridas
O espirito já não sucumbe a tão fácil ardor.
Agora tolerante, o coração da' vez 'a sabedoria.
Doravante... quem comanda 'e o pleno amor.
poeta_sabedoro
A lua borda em suave luz
sobre as paisagens e quintais,
à uma reflexão nos conduz
- que esta noite seja de paz
"Sorver da dor,
o sabor do aprendizado,
sem fazer disso um lenitivo,
tampouco um predicado,
exceto,
seu destino,
seu legado."
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