Poesia Morena Flor de Morais
Apenas em teus olhos
Eu enxergo a vida
Na tua presença vejo um futuro
Na tua ausência compreendo
O valor do amor
Em meio aos teus cabelos crespos
Passeio os meus dedos
Como quem passeia pelas nuvens
Sua saliva é mel para mim
Quantos segredos esconde em ti?
Quantos mistérios cativa
Em teu olhar enigmático?
Quantos pensamentos guardas contigo?
Conte-me teus segredos mais profundos
Deixe-me desvendá-la
Que eu te deixarei desvendar
a minha alma.
MEU VOOU
Como piloto...
Eu vou abordo de um voou,
no qual eu voou todo dia...
Voou sem asa, sem pena,
sem lacunas de sentimentos...
Voou de roda, rota e radar,
voou mais que os ventos
voou pelo ar, p'ra lá, p'ra cá,
vou voando por ai...
Com esse jeito estranho, de voar.
Voou de linhas aéreas traçadas ao tempo,
editado pelos controladores de voou
eu posso voar...
voou pelo alto, acima das nuvens,
quase que, lá no firmamento
vou de motor ou de turbina
como manda os mandamentos.
Quando voou estou rodando...
Pelo asfalto pela linha,
abordo estibordo, vou voando
espezinhando o ar...
Com motores e fumaça,
que pulmão, não podem respirar.
Voou quilos e quilos!
Da minha carne, da sua carne
até mesmo dos nossos animais...
Nossos empecilho de corpos,
nossos ossos com os ofícios,
das nossas entraves, e nossas...
Bagagens sentimentais.
O voou, é da forma que eu posso,
que você possa,
primeiro ele nos enche de felicidades
logo mais, ele nos enche
com o fedor de nossas fossas.
Antonio Montes
PANFLETOS
P'ra defender o seu inteiro
o panfleteiro sai pelas ruas
da noite, e da madrugada
com panfletos que não são seus
e vão panfletando... Frestas,
portas, janelas e calçadas.
E os panfletos com suas falas mudas
... Mudas que falam, que movem
os sentimentos e os instintos,
e como, se tivesse zonzo embebido,
pelo cálice do vinho tinto, resvalam.
Olhem a promoção!
venham ver e apreciar o preço
nesse ínterim, expõem o marido
da barata... Tudo barato!
lá vai o fogo citado na queima...
Queima de estoque, porque não
ao sotaque do norte, quem sabe...
Vá moço vá, vá antes que se acabe.
Antonio Montes
MANDO POSTO
De repente o imposto grosso
apontou para o meu posto
e apertou o tempo torto.
A firma com seu arrocho
mandou embora o seu moço
antes mesmo do aborto.
Tão logo o senhor doutor
no outro dia bem cedo
em segredo trabalhador.
Deu de cara com esse fato
no saco cheio desse ato
em um mato cheio de horror.
E de cara, mandou o cara
com a cara deslavada
e a vergonha que não sobrou.
Depois um outro mandou
e a coisa toda escapou
pelo que o moço falou...
Eu fui fera em minha hora
mandou-me embora agora
pelas coisas que não sou.
O que farei na verdade
com essa minha velha idade
e os atos que horrorizou.
Antonio Montes
INTERESTELAR
Nos da terra, estamos indo pra marte...
Exceto eu é claro! Se eu não posso,
passar com os meus passos, então passe.
Quem dirá, quem diria, quem dera!
Eu sair desse impasse...
Todavia o tempo, quando passa, me bate.
Estão fazendo guerra, e eu... Eu não tenho
culpa nem uma dessa estupidez estranha,
mas nesse telha de aranha, que queira, que
não queira, vou pagando tudo, que tenho,
e mesmo assim, se eu não pagar imposto,
nesse mundo, nada é meu, nada é seu.
Estão fazendo guerra, e eu que nunca tive
arma, nem nunca treinei para isso...
Terei que lutar pra ganhar, talvez medalha
porque vida... Eu nunca tive, nunca terei
e talvez, nem tenho.
Não sou dono de nada, e para esse
embaralhado baralho, pago imposto, tachas
aluguel, pedágio das minhas estradas pagas
... Pago, luz água, IPTU da minha casa
pago tudo que me cerca e até o rodar desse
meu carro, eu pago, pago com o soado
grosso do soldo do meu trabalho.
Antonio Montes
O VOOU
O pássaro, voou, voou...
Sem plano de voou
sem rota transada...
Sem linhas paralelas,
meridiano... Nada, nada!
Voou solto pelo ar,
com seu instinto desconfiado
voou, voou... Vou por aqui,
por ali, voou por todos os lados...
Voou como voa um Pássaro alado,
lado a lado com sua amada
planado em seu navegar, voou...
Voou pelo passado, pelo futuro
pelo presente, condenado
e pelos planos tortos desajeitados.
Voou pelos rios sobre serras
sobre vales sobre as relvas...
por cima das casas e serras,
voou sobre ventos, como palmas
... Batendo as asas sem oração
navegando sob o tempo
articulando as válvulas do coração
... Correndo sangue pelas veias, meias
lua cheia, nova, quarto crescente
pela seca pelas enchente d'água
e de gente, voou, voou...
Na mais perfeita circulação.
O pássaro as vezes, faz do meu varal
um aeroporto sem sinais e posa...
Pousado caga, caga, caga...
Caga toda hora, caga no agora
logo mais, sem controladores de voo..
salta para o tempo, e vai embora.
Antonio Montes
DIGO NÃO DIGO
Não diga o que não quer dizer...
Enquanto não diz, a palavra é sua
uma vez dita essa palavra cai na rua
... Mas se vai dizer diga...
Me diga logo, pois eu já estou
querendo saber e dizer, aquilo que
você ainda não me disse.
Eu sei, eu sei... Eu sei que vai me dizer
e eu, é claro, assim que ouvir
vou sair por ai, e dizê-lo a alguém...
Alguém que me dirá que não liga
... Vai me dizer, se quer dizer, diga
ele fingirá não ligar, e n'essa historia
de ligo, não ligo... Digo não digo!
Passara para frente com perigo
ou sem perigo, é claro que se não é meu...
Eu não ligo, e é por isso que digo!
Antonio Montes
ESTRADA DAS FLORES
As flores da nossa estradas
já foram sorriso alegre,
felicidade cheia, maré cheia...
prata sobre telha, lua cheia
Toda cheia de integre.
... Visão de passos seguros
sem ter cercas, sem ter muros
Foram passadas com abraços
de braços, e as mãos dadas
carinho com pulsar de coração,
amanhã... Nunca! Não, não.
As flores da nossa estradas...
já inspiraram confiança
hoje são pétalas marcadas
pelos tempos das lembranças.
... Sorrisos atirados ao chão
como se fossem folhas caídas
um sonho do coração
hoje vagando sem vida.
São hastes murchas sem água
ressequirão do deserto
são como contos de fada
que um dia teve tão perto.
As flores da nossa estrada
sem nosso brilho se acabou
hoje não resta mais nada
d'aquele colorido amor.
Antonio Montes
O DITO
No disse digo da vida
eu decide a partida
dizendo como dizer.
Foi editando o digo
que o dito disse aquilo
que não queria saber.
Esses ditos são dizeres
que ao dizer fica o dito
que disseram de você.
No dito por não dito
permeando meus gritos
tento eu compreender.
Antonio Montes
Uma parte de mim precisa de você e a outra também.
As vezes eu preciso de você.... Em outras preciso muito.
Então não abandone quem nunca abandonaria você.
Foi apenas uma coisa de momento
Como uma chuva de verão
Então me esqueça
Você não pode me amar
Você não sabe quem eu sou
Nem eu sei quem eu sou
Então você não deve me amar
Você tem que me esquecer
Siga em frente
Pois o que nós tivemos
Foi uma coisa de momento
Foi como uma chuva de verão.
Nós dois juntos
Vendo as luzes da cidade
Vendo as luzes das estrelas
Só nós dois juntos
Foi uma noite bonita e passageira
Como uma chuva de verão.
OVO SEM COELHO
Se a Páscoa é pra pascoar
com patacoadas e bombons
se pode pascoar pascoa
se não pode... Coração
com toda essa patacoada
pascoar, pascoa acuada
pascoa simples da nação.
Se os coelhos de bombons
na Páscoa pascoarão doce
maioria do mundo pascoa
nesse dia de marrom
as portas em seus carnavais
todas portando sinais
do rascunho da paixão.
A pascoa já quase tosca
coelhos, ovos sem bombons
pelos montes e pela praça
há muitos sem aptidão
pra vários pirraça ou não
pra outros, água na boca
e lágrimas sem opção.
Pascoaria se pudesse
nesse meu mundo pequeno
pascoarei sim, com prece
pra escoar o meu veneno
um dia talvez pascoarei...
Coelhos no meu terreno.
SECURA SEQUIOSA
Sequiosa a secura, como é frágua
o chão ressequido árido secou
Posso ter sede de mais água
mas do craquelado, o cerrado eu sou
E na cremação dos meus versos
saudades, magia e seca maresia
Rimando no cerrado, diversos:
O abrandar da noite, a azia do dia...
Fria está sequidão, ardida e fria!
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Abril de 2016
Cerrado goiano
UNHAS E DENTES
Quando eu arranco
as cutículas das minhas unhas...
Elas não me unham,
assim como não me unhava antes
... Com seus cotocos cortados
e seus cortados cutucados!
Mesmo assim...
Tão logo vem a anciã
e as dentadas desenfreadas
desencadeiam uma serie de tique
e com eles, as cutiladas nas unhas,
como se quisesse mantê-las na linha...
De uma, acabrunhada rua.
Para a ansiedade da anciã...
As unhas são como se fosses impunes
e como castigo da inquietação...
Cortam as unhas, já cortadas!
Pelos os tique das suas trivelas
e suas, incorrigíveis dentadas.
Antonio Montes
ILUSÃO MOMENTÂNEA
A noite acabou....
Ressaca, ressaca de cachaça
foi o que ficou na lembrança
do nosso amor.
Agora, com a casa vazia...
e na sensação de liberdade,
a solidão abraçou o tempo
e ébrio... Eu me enterro
no sol dos meus sentimentos.
Antonio Montes
O vazio que sentimos,
não é falta de sentimentos...
É o excesso transbordando,
deixando vago por dentro.
O amor é maior,
do que qualquer tentação.
E a maior lição...
É provar pra todo mundo,
que o verdadeiro amor...
Supera tudo!
Amar,
tem que ser divulgado,
enquanto
somos vivos...
É deixar,
marcas em alguém,
de um sentimento
exclusivo.
UNHAS RUÍDAS
Unhas ruídas sem vida
foram ruídas, pela mordida
de uma vida, prensada, ruída.
Cutículas atiradas ao léu
por ansiedade contorcida
um voou, entre terra e céu
em tíc, tác de uma vida.
Unhas ruídas, sem vidas
por ato de compulsão
com desculpas das cutículas
mordem a paz do coração.
Antonio Montes
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