Poesia Morena Flor de Morais
Quando olho para o meu passado, vejo uma jovem cheia de sonhos e muitos desejos. Amores, roupas lindas, viagens, àquela sandália de pedrinhas. Os bolos e doces da padaria da esquina, um olhar neles e outro nas poucas moedas da palma da mão.
Naquela época pouco sabia, pouco saia, pouco podia, pouco comia, em contraste com esses poucos, tinha muitos irmãos, muito trabalho, muitos risos e um colo de mãe. Hoje muitos sonhos e desejos foram realizados. Muitos bolos e doces esquecidos na geladeira.
Amores que vieram e outros que se foram. Irmãos que partiram e outros por aí...ausentes ou presentes, mas sempre no meu coração.
Nesse cenário envolvente como um raio de luar ou uma estrela cadente, vieram as minhas "flores", que me levam a viajar nos rascunhos dos meus versos e nas asas da poesia. 🦋
Trabalhe, sorria, descanse,
porque tudo tem a sua hora,
a vida é isso, caminhar,
esperar, ousar, viver o aqui e agora !
PENA DE MORTE
Tenho pena de morte,
De negro, de pobre,
De gente sofrida.
Daqueles que nasceram,
Cresceram e morreram
Sem uma sentença de vida.
ELEITORAL
O debate é um deboche,
Nunca tem nada de novo,
O de baixo nunca sobe,
O de cima nunca soube
Sentir as dores do povo.
IN CANTOS
Canto nu, uirapuru
Canto lá , sabiá
Canto não, azulão
Canto, embaraço, sanhaço
Canto sim, papa capim
Canto mal, ó cardeal
Galo da campina
Minas, esquinas
Passarinho em sua sina
Canto só, sem voar mocó
Sai do peito, Assum preto
Canto otário, me salva o canário
Belga ou da terra
Do céu e das nuvens
Bel canto em esperanto
Canto nu, urubu
Versos emplumados
D’alma inquieta
Espinha não ereta
Que jaz em uma cama
Um quarto
Assobio sem sucesso
O espólio do das penas
Pena.
Luciano Calazans. Serrinha, Bahia. 22/12/2017
MILAGRES À GRANEL
Há quem não acredite em milagres
Há quem tenha certeza que é só uma miragem
Há quem duvide do quase não difícil
Há quem acredite no impossível
Há quem creia que o passível é o mesmo que passivo ou permissivo
Há quem acredite que o incrível não é crível!
Vejam vocês: o impossível é passível de possibilidades
O possível, por sua vez, é repleto de impossibilidades
O sol não se põe no horizonte, pois o horizonte é nada mais nada menos que uma miragem; uma ilusão.
Mas é impossível e crível não existir o esplendor aos olhos da poesia.
O milagre está aí(ou ali) tão longe e tão perto.
Cabe aos olhares crentes — e até não crentes
Que a luz coexiste com a escuridão e
Que o sim coexiste com o não em suas mais difíceis entranhas.
Observo uma bola de fogo, uma gema, um ovo cercada por por cores qual um imenso afresco celestial
pintados por elementos naturais que fazem parte do nosso corpo e consequentemente da nossa breve existência.
Que poder esta obra-prima mutante tem sobre os que fitam com muitos sentimentos guardados ou soltos
Retos ou tortos
Vivos ou mortos
Há quem acredite em milagres...
Sou um deles
Você, Idem
Então viva os incríveis, críveis, impossíveis, passíveis com permissividade e regozijo
Os milhões de milagres que estão à sua volta, no alto e debaixo da terra.
Você é um milagre!
Felizes Anos Novos!
Luciano Calazans. Salvador, Bahia. 28/12/2017
DÁ NÃO DÁ
A cidade quer a noite
A cidade quer o dia
As baladas querem ritmo
Não importa a harmonia
O menino quer poder
A menina também quer
O sagrado é profano
Bem me quer ou mal me quer?
Somos sós quando queremos
Somos brasa em pleno inverno
E no verão quase Dezembro
A alegria é eterna, terna!
"Vamos a la praia"
É o refrão mais que mais se ouve
Bichos e bichas num só grito:
Queremos mais amor
Seja como for
Seja o que for
Sentimento não se mede
Queremos mais calor
Queremos sol e mar
Sentimento não se pede
Queremos celebrar
Um segundo é importante
Depois vemos no que dá
Luciano Calazans, 10/08/2017
O que tanto esperei(cria minha)
Quando vejo você dormindo
seu sono é o doce grito da paz
Beijo o silêncio vestido de música
Que emana dos anjos que te cercam
Quando vejo você sorrindo
Um sorriso que desconstrói qualquer traço de tristeza
A mente vai ao momento em que esteve dentro de mim, só meu.
É assim...Você nasceu daqui...
Daqui, do esperar sem fim.
Foi assim...Você devolveu a luz
Que em um grito, pude também ofertar
A primeira vez, o primeiro mês
Sem desmantelo, sem as regras
Boas novas se fizeram em um só dia
Convertendo essa mulher em outra...
Mais vívida, boba e completa
A lacuna que faltava agora preenchida
Ah! Meu melhor presente ao futuro.
Tempo...Você nasceu de mim
Horas...De um esperar sem fim
Foi, enfim, você que trouxe a luz
Luz essa que guardei só para ti
É menino ou menina?
Não importava o masculino ou feminino
O esperar da plena saúde
Era o único verbo a me guiar
Semanas que não passavam, dias oscilantes
De humor e nãos
Inseguranças e certezas
Valeram a pena, pois hoje sou forte
E você meu norte, quando falta exatidão
Nasceu uma canção, o choro mais lindo
Composição de dois destinos em uma só beleza – que agora observo dormir
Criatura, és o estribilho da minha vida.. hit, refrão..sei lá.
Só sei que em ti enxergo e, do meu ventre
Desse ventre que tanto lhe esperou
Se fortalece a cada segundo o meu cantar
A ti...Toda manhã que houver
É assim...de onde eu estiver
Assim, o amor concretizou
Em mim, o que o destino traçou
É tanto amor e comunhão
Que não cabe só em uma canção
Mas acredite, pessoa celestial
Que minha alma hoje é sua
Sua dor é minha
O meu sangue é seu
O amor é o teu nome
Para toda a minha jornada
Luciano Calazans. 14/07/2017
LU- Curas
Essa coisa que trago e que me traga
essa desmesura de luz que aporta
Em meu cais aberto às embarcações
vindas do nada, trazendo sua mercadorias
Catraias, saveiros, navios mercantes
diferentes idiomas, trazem consigo
Variados fusos e confusões diárias
esquecendo o silêncio profundo da alma
Sim, me tragam, sugam e devoram
parte dos restos em entropia latente
naus perdidas em águas, como gente
Num ato antropofágico e ambivalente
num vai e vêm interminável e angustiante
Ah! Que saudade de um novo Dante
Do Estige, hoje, paraíso revisitado
de círculos que poderiam não girar
Nessa coisa que traga, engole, rumina
Labaredas de um fogo eterno e nuclear
que só jaz quando o silêncio solitário
Traz a paz para uma reflexão
Que a vida me trague e me traga, então.
Luciano Calazans.
ANÓDINAS
O que sou?
Sou um cão
Um grão
Um não
Um tudo
Um nada
Nada é talvez
Tudo é talvez
Mal-passado
Passado o mau
Peço anódinas
Quentes, frias, mal-passadas
Mas que cheguem depressa
Pois a depressão inútil e controversa
Está aqui, latente
Dentro de mim ou em forma de gente
Cercando minha casa de palha
Meu jardim de plumas
Meu viver de sonhos.
O que sou?
Um fruto de um ventre
Um soprar de um vento leste
Uma ponta de icebergue
Uma semibreve
Preliminar de uma vida seca
Linha torta desenhada pelo tempo
Que caleja e que ensina
Que somos o que não querem
Que fomos o que queriam
Seremos uma pergunta [sempre]
Quem sou?
A tépida face que gargalha
A funesta sílaba de uma fala
A sábia águia a voar
Na vastidão de mil tormentos
Em segundos, meses, momentos
Que voam em uníssono
Em diferentes cores e firmamentos
O grão germina
É da sua natureza
Quem enxergar tal grandeza
Há de ser sempre a tal águia
A grandeza de um grão está em sua morte
A grandeza do sim é suportar
Um simples não
Com ou sem anódinas
Passado mau
Leite derramado
Mal-passado.
Quem é você?
O que é você?
Outra luz a acender...
IN-SONE
Insônia
Única companheira que chamo também
De refúgio da criação
Invólucro dos pesares
Caixa de Pandora aberta
Em um eterno-efêmero momento de solidão
O estar perto e longe do firmamento particular
Uma algoz que atormenta o tormento
Uma sombra iluminada por idéias que se misturam
Em um liqüidificador de sons imaginários e reais ou solidificador de imagens de sons.
Vêm me buscar
quando não preciso
Me abandona quando o sim encontra o não
Paredes e arrebóis carregados de uma leve frustração
De quem quer o que tem e não pode ter o que quer
Penso! Penso! Penso...
Criação? Às vezes não.
A respiração predadora da alma inquieta
Não levanta sua flâmula, seu pendão branco.
E resta-me a réstia de um novo amanhecer.
Gratidão,
todos que são
tudo aquilo que dão
como o sol e a terra
e tudo quanto produz
e colhe além da vida.
Pudesse eu ser bondade
E em tua vontade seres a minha própria cruz.
Simplesmente
Simplesmente seja o amor no meio de tanto desamor.
O abraço que tira a saudade.
O sorriso que traz paz.
Seja o agora,
E não o depois.
Seja a flor do jardim.
Seja você também no fim.
Vento:
fundamenta o acalento.
Inspiração pra Saramago
Tipo
os afagos e abraços.
Quem? Tu
Carinho fluído,
cuido.
Além do romântico
Afeto,
atlântico.
Melhor assim:
maldade cordial
com
chuva torrencial.
- ana almeida
Pássaros?
Passarinhos:
ninho, cuida,
fluída.
Faz o tempo passar
dá nem pra ver, isso que é amar (?)
Energia, analogia.
Quando encostam
Prestam, existam e impressionam
Renoir
Livre, leve
faz voar
Sem problemas
meu ecossistema,
entrega,
agrega.
Fica, incentiva,
me identifica.
- ana almeida
Sigo o caminho do vento
junto com as folhas que ele carrega,
escrevo palavras ao tempo,
perpetuando a poesia, em entrega...
Cinamomos eram companhia constante,
espargindo perfumes sutis,
sob as sombras deles
o abrigo repousante
onde em sonhos,
galgando as nuvens ou voando em asas de bem te vis,
era simplesmente a criança,
que dos verbos,
sabia conjugar
apenas um tempo: sou feliz!
Podemos gritar, gritar para o amor; te amo, te amo.
Mais nunca saberá se não o ter a certeza de amar.
Pelo seus olhos, comecei a construir a face do seu rosto e
espalhei tinta pelo seus cabelos, fiz a sua boca e me declarei
te amo meu amor.
Ha muito já te esqueci
e nem sei se te amei
a realidade logo vi
quando de ti precisei
És apenas da ilusão
do sonho sem sentido
não doas de fato o coração
só queres um harém bem sortido
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