Poesia Felicidade Drummond

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[Do Bobo da Corte]

Real não é minha realeza,
Pois é artificial e só é por beleza
Por dentro só é tristeza
E Sua boca borbulha besteira
De real é sua impureza

A pálida luz da manhã de Inverno,

A pálida luz da manhã de Inverno,
O cais e a razão
Não dão mais esperança, nem uma esperança sequer,
Ao meu coração.
O que tem que ser
Será, quer eu queira que seja ou que não.
No rumor do cais, no bulício do rio
Na rua a acordar
Não há mais sossego, nem um vazio sequer,
Para o meu esperar.
O que tem que não ser
Algures será, se o pensei; tudo mais é sonhar.

Fernando Pessoa
Livro Poesias Inéditas (1919-1930)

As Meninas

Arabela
abria a janela.

Carolina
erguia a cortina.

E Maria
olhava e sorria:
"Bom dia!"

Arabela
foi sempre a mais bela.

Carolina,
a mais sábia menina.

E Maria
apenas sorria:
"Bom dia!"

Pensaremos em cada menina
que vivia naquela janela;

uma que se chamava Arabela,

uma que se chamou Carolina.

Mas a profunda saudade
é Maria, Maria, Maria,

que dizia com voz de amizade:
"Bom dia!"

Na chácara do Chico Bolacha
o que se procura
nunca se acha!

Quando chove muito,
O Chico brinca de barco,
porque a chácara vira charco.

Quando não chove nada,
Chico trabalha com a enxada
e logo se machuca
e fica de mão inchada.

Por isso, com o Chico Bolacha,
o que se procura
nunca se acha.

Dizem que a chácara do Chico
só tem mesmo chuchu
e um cachorrinho coxo
que se chama Caxambu.

Outras coisas, ninguém procura,
porque não acha.
Coitado do Chico Bolacha!

Agosto (bem vindo!)

Bem vindo agosto
que seja lindo
do desgosto oposto
no amor luzindo
a gosto, com gosto
nas realizações infindo
ao meu, ao teu
avindo
num apogeu
Agosto... Seja bem vindo!

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, julho

Ninguém sonha duas vezes o mesmo sonho
Ninguém se banha duas vezes no mesmo rio
Nem ama duas vezes a mesma mulher.
Deus de onde tudo deriva
E a circulação e o movimento infinito.


Ainda não estamos habituados com o mundo
Nascer é muito comprido.

O utopista

Ele acredita que o chão é duro
Que todos os homens estão presos
Que há limites para a poesia
Que não há sorrisos nas crianças
Nem amor nas mulheres
Que só de pão vive o homem
Que não há um outro mundo.

Se eu soubesse exatamente porque a castanheira
parece estar a ponto de flamejar ou morrer, suas pirâmides

tremulam, eu te contaria? Talvez não.
Nós devemos manter o interesse por selos estrangeiros,

horários de trem, placares de baseball, e
psicologia anormal, ou tudo se perde. Eu

poderia te contar além do que eu e você
suportaríamos, e eu suponho que você responderia

com gentileza. É uma coisa terrível se sentir como
quem faz um piquenique e esqueceu o almoço.

" Primeiro alguém mente
somente unicamente sem querer
depois novamente
inconsequentemente
não contente mente outra vez
tranquilamente
nesse ponto a mentira já é realmente opção
infelizmente...

Eu não entendo a distância
nem as dores que ela traz
não entendo o adeus
toda vez que parti
deixei um pedaço para quando voltar
e não aceitei a solidão
o vento alegra os pássaros
toda a natureza se faz feliz
o encanto está nos olhos de quem sabe ver
há um mistério na vida
nunca partirei, você sabe muito bem
como a noite espera pelo dia
esperarei, esperarei, pois sei que você virá.

Ela é daquelas
Que tem o cabelo ondulado
Estilo aurora boreal
Dos cabelos que escorrem
Pelos teu rosto.
Ela é daquelas
Que tem teus dias de flor
Que tem teus dias de caos.
Ela é daquelas, que o mundo desaba
Mas ela não.

Constelações

Não quero ser o sol
Pois de perto não podes me ver
Prefiro sempre estar distante
Do que poder prejudicar você
Pois sou uma estrela menor
Sim, eu sou uma estrela menor
Bem, bem longe do meu viver


Mas há um problema
Ainda te quero por perto
Por isso vivo um dilema
Talvez eu não esteja certo
Pois tua distância me algema
Sim, me algema
E me obriga a ficar coberto

Você

Vês, vês, vês a última quimera,
meu sono adormecido da vida,
e meu ser abandonado na espera,
de você, apenas você sem despedida,

O amor é ausente, é sol quente,
a espera de água mijada de chuva,
é boca rachada e dormente,
é sua voz que não mais se escuta.

E o sol irá despontar no horizonte,
com estrelas e lua em um céu incolor,
e seu beijo na madrugada se esconde,
a procura de você, amor!

Éramos apenas um
Não havia nenhum defeito
Até você me trair
Nosso amor era perfeito

Me pego imaginando
O que te fez fazer isso
Será que meu amor não bastava
Valeu a pena correr o risco?

Se fiz algo de errado
Por que não falou pra mim?
Eu poderia até te entender
Faria um esforço sim

Se te faltava alguma coisa
Você poderia ter dito
Que eu faria com que
Teu desejo fosse atendido

Hoje não existe mais nós
E sim eu e você
Pois suas metas são outras
E eu não posso conhecer

Tu aos poucos foi se distanciando
Tendo outros olhares
Tendo outros planos
Frequentando outros lugares

Fica com quem tu escolheu
Peço-te que não me procures mais
Que essa outra te faça feliz
Já que não fui capaz.

Sísifo

Vai e volta, vinda e partida, recomeço
Aí é o tal preço, nesse caminho duro
Da vida, afinal se não for com apreço
A angústia, o medo, inundam o futuro

Recomeça, se desejares, sem pressa
No passo o compasso do passo dado
Na liberdade doada, que a razão meça
Os alcances, pois, o desejado é alado

E enquanto, ainda, tu não alcances
Não descanses na ilusão da metade
Se saciares com os poucos lances
A sorte não lhe será uma realidade

Sonho tem sempre parte de loucura
Onde a lucidez reconhece cada azar
E nesta queda livre que é a aventura
Não esqueças jamais do vetor amar

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Mês de maio, 2017
Cerrado goiano

ENTRE SOMBRAS (soneto)

Ao pé de mim vem o entardecer sentar
No cerrado, a noite desce, sombreando
Vem ter comigo hora pensativa, infando
Em uma visão das saudades a lamentar

Pousa tua mão áspera em mim, causando
Nostalgias no coração dolorido a chorar
São suspiros vaporosos ecoados pelo ar
Tão tristes, ermos, do vazio multiplicando

Na noite há um silêncio profundo a orar
Exalando a secura da dor impactando
No peito, que põe os olhos a lacrimejar

Eu a escuto imóvel, apático, sem mando
No vago da solidão, e me ponho a urrar
Às estrelas, que no céu voam em bando

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, maio
Cerrado goiano

Sobre sentimentos:
A pessoa acha ruim receber pouco,
Mas esquece que não está dando quase nada.
E, por mais que existam caminhos diferentes,
A minha vida é feita de reciprocidades!

Eu não sei fingir, esconder o EU nem mudar feições.
Sou assim, se estou bem, deixo florir;
Se não, amargo é o jardim. Não tem “mimimi”!
É visível o que se passa aqui: ♥!
Não tenho medo de sentir, me dou o direito de sofrer e ser feliz.
É bem simples!

eu me perco nos braços de quem não sei
enquanto estou casado com a solitude

admirando a luz barroca
que ilumina o meu corpo
e o resto do nada

o espelho no canto da sala
reflete o meu rosto melancólico
e a saudade de quem me deixou
a mercê do isolamento

projeto você
na minha frente
várias e várias vezes

[na ausência da solidão
eu quase cometi um adultério
com a tua presença ilusória]

mas você se esvai
junto com a luz amarelada
que adentra meu peito.

"" Ouvir o som do piano
notas dedicadas ao amor
ouvir o vento em seus cabelos
lhe dar uma flor
os cachorros na sala
olhando-nos desconfiados
parecem saber, podem prever
o amor está no ar
no perfume
no lume dos nossos olhos
outra vez...

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