Poesia de Pureza
O perdão está dado;
O traidor está curado;
O amor sentou-se
de pernas abertas
diante de mim.
Vem cá, morena.
Ele é brega.
Vá, são todos iguais,
mas uns são mais.
Lamento,
mas, se virar poema,
já é vantagem.
Melhor que virar
pura bobagem.
Peças de madeira em pau-marfim
A linha dos olhos
faz flechas da cor de futuros
As mãos formam conchas
de pegar contentamentos
Os pés são grandes como
as telas holandesas realistas
O corpo inteiro é um tabuleiro
de jogar jogos de azar
As costas quadriculadas
As coxas quadriculadas
A boca quadriculada
Onde eu me finjo
de dama
Trágica
meu galego
não conhecia minha ira
era dono do meu corpo
meu espírito de porco
sabia minha ginga
minha pletora, minha míngua
conhecia cada fresta
cada trinca, cada aresta
cada vinco, furo, fissura,
mau humor, amargura
mas da minha ira
condenada ira
ira da maldita
ira de mulher
fêmea exata
ana saliente
uterina, enfezada
ele não sabia nada
(meu galego dorme esta noite num cemitério improvisado)
EU NÃO TENHO A ALMA DE UM CORRIMÃO
Eu sou mais elo, de liga e do laço.
Respeito para mim é coisa fina,
assim como o abraço.
Mais do que as transas e os beijos,
as mãos dadas me parecem mais sinceras.
Tão ruins quanto as promessas
são as esperas.
Somos a terra e a semente
carne de aluguel em alma de rainha
as submissas as bacantes
as que procriam e as que não
Somos as que evitam o desastre
as que inventam a vida
as que adiam o fim
mulher
multidão
Todo corpo é uma casa
cada corpo é um frasco onde se lê: frágil
onde se lê: força
onde se lê: entre sem bater
Há entre nós silêncios confortáveis
e conversas transparentes
palavras feitas de dedo e vapor
palavras que só acordam com o calor
Netuno
Crê em trilhas,
insólitos anéis,
luas diversas.
Adagas sustentam
frágeis
estalactites.
Entre o gélido
e os ventos
o corpo filtra:
o meio.
Nem grande,
nem pequeno,
Nem perto,
nem longe,
o mais pesado:
o centro.
Tracionada a ferrugem dos ferrolhos
reage ao sol
e rescende o cheiro dos carvalhos
no escorrer das ocras:
o ferro a menstruar no tempo.
Transversa
a luz revela o desenho das teias:
colcha prateada de neurônios
– esses nervos da vida.
Firmes ali sem mais estar
mãos invisíveis no ensaio do tear.
Cachimbo de domingo
Cadê o gado?
Buscar na Índia.
E o pasto?
Derrubar árvore, plantar capim.
E o capim?
Braquiária: buscar na África.
E a fome?
Come carne, toma leite.
Vila verde
fome saciada.
Escorre água,
mareja areia.
Pasto pisado de gado.
Casa de capim.
Rio doce assoreado.
Calores!
O coração como engrenagem
Uma passarinha voava
Um passarinho olhava
A gravidade do ar acabou
Passarinho ficou flutuando
Passarinha caiu de amor.
Quero porque te quero
Nas formas do bem-querer.
Querzinho de ficar junto
que é bom de fazer doer.
Eh Pagu eh!
Dói porque é bom de fazer doer.
Tapuia
As florestas ergueram braços peludos para esconder-te
A tua carne triste se desabotoa nos seios
recém-chegados do fundo das selvas.
Pararam no teu olhar as noites do Amazonas
mornas e imensas
E no teu corpo longo.
ficou dormindo a sombra das cinco estrelas do Cruzeiro.
O mato acorda no teu sangue
sonhos de tribos desaparecidas
- filha de raças anônimas
que se misturam em grandes adultérios!
E erras sem rumo assim pelas beiras do rio
que os teus antepassados te deixaram de herança
O vento desarruma os teus cabelos soltos
e modela o vestido na intimidade do teu corpo exato.
À noite o rio te chama.
Chamam-te vozes do fundo do mato.
Então entregas à água
demoradamente
como uma flor selvagem
ante a curiosidade das estrelas.
Sim
Sim. Chega o tempo.
Que dores e tristezas,
Diminuirão. Mas não
Agora. O sonho acaba
De começar.
A infinidade o universo
Conhecido terá mudado,
Os paradigmas de conhecimentos.
A educação dos desejos.
E a reafirmação da inteligência.
Frente aos desejos e forças instintivas.
Mas não agora. O agora é o começo.
O agora. É como entendemos o tempo
Passar. O agora é; como internalizamos;
Nossos sentidos. E extintos; de realizações.
Muitas coisas; realmente não fazem sentido.
E buscamos não ver. Não por egoísmo?
Mas por ignorância e medo.
Um mundo. Não se muda assim tão rápido.
Evoluir, involuir. A mente não consegue
Captar essas transformações e torná-las
Conscientes no tempo e espaço.
Mas as descobertas ocorridas nos últimos
Anos. Potencializou a capacidade de alcançar
E melhorar o estado aumentado de bem-estar.
Sem muitos choques de pensamentos e medos.
Razão e coração caminhando juntos.
Para novas descobertas, desafiadoras.
Sim. O Amor venceu.
Apesar de tantos desaforos, as incongruências
Dos seres Humanos, só encontrarão contendas,
Nos universos digitais. E a consciência encarnada.
Triunfará reinante nesse e noutros planetas.
Refletindo o sol que carrega todo o alimento
Para o Universo. E tudo chegará.
Onde precisar chegar.
Passam passarinhos
Verdes
Azuis
Amarelos
E pretos
Enfeitam o céu
de tudo que é jeito.
Verdes falam pelos cotovelos.
Azuis pintado de céu nos seduz.
Amarelos cantam e encantam como versos.
Pretos, oh coisa mais bela.
O que seria de nós sem a escuridão
Enfeitada de estrelas!
Então vamos saudar
nossa linda natureza.
Tudo que é belo tem a sua
sutileza!
Autoria: #Andrea_Domingues ©
Todos os direitos autorais reservados 16/02/2020 às 20:00
Manter créditos de autoria original #Andrea_Domingues
Ao pé dum calvário
De uma rosa, uma pétala pendia inerte
E, incerta, murmurava então: "Será que vou?"
Súbito veio o vento, e a pétala lá voou,
Abandonada às dúvidas que o medo verte.
Dir-se-ia que, naquele terrível cenário,
Repousara ela, tímida, ao pé de um calvário.
"Eu era tempestade, você veio, sou calmaria.
E hoje? Sou tempestade.
Eu era frio, você veio, sou calor.
E hoje? Sou frio.
Eu era tristeza, você veio, sou felicidade.
E hoje? Sou tristeza.
Eu era escuridão, você veio, sou luz.
E hoje? Sou escuridão.
Eu era solidão, você veio, minha companhia.
E hoje? Sou solidão.
Eu era algo sem rima, você veio, sou poesia.
E hoje? Não tenho mais rima.
A saudade é minha sina.
Ah, aquela menina.
Você veio, você se foi.
Hoje só me resta na memória as lembranças do que eu era antes de nós dois..."
Poesias, textos, frases em bares, mares
Copo cheio, coração transbordante, instante
Sonhos, realidade planejada
Vida que segue dirigida, digerida
Vírgula, ponto, pronto
Sobre nós? Parei de escrever
Espero o agora, o momento de ver, viver
25
Tocado
o coração logo se agita
e arqueja 'Amor'
um peixe alucinado que tenta
tirar seu fôlego da carne do ar
E não há ninguém ali para escutar sua morte
no meio das moitas tristes
por onde o mundo passa em riste
numa efusão de atrasos e de asfalto
Oh era uma primavera
de folhas de peles selvagens e flores de cobalto
enquanto cadillacs caíam como chuva entre as árvores
encharcando com demência os relvados
e de cada nuvem de imitação
escorriam multidões múltiplas
de sobreviventes de nagasaki desasados
E ao longe perdidas
flutuavam xícaras
repletas com nossas cinzas
Em toda a minha vida jamais deitei com a beleza
confidenciando a mim mesmo
seus encantos exuberantes
Jamais deitei com a beleza em toda a minha vida
e tampouco menti junto a ela
confidenciando a mim mesmo
como a beleza jamais morre
mas jaz afastada
entre os aborígenes
da arte
e paira muito acima dos campos de batalha
do amor
- Relacionados
- Poesia de amigas para sempre
- Poesia Felicidade de Fernando Pessoa
- Poemas de amizade verdadeira que falam dessa união de almas
- Frases de Raul Seixas para quem ama rock e poesia
- Poesias para o Dia dos Pais repletas de amor e carinho
- Poesia de Namorados Apaixonados
- Primavera: poemas e poesias que florescem no coração
