Poesia de Pureza
Esta vida, é uma crónica sala de aprendizagem.
Quem já disser que sabe tudo, ou não pensa ou, mesmo vivo, já morreu para a vida.
Tudo em mim, é um projeto inacabado.
Só peço ao artífice, ao escultor sem gosto que talhou o meu perfil de vida, que me restitua os meus lindos olhos de menino, na estatueta imperfeita que me quis oferecer, mas que eu, orgulhosamente, rejeitei.
ALELUIA DA MANHÃ
Nasceu, chama-se dia,
Que alegria!
Ou será o meu sonho de rebeldia
Gerado nos travesseiros
Sem que ninguém descobrisse?
Talvez a noite o parisse,
Enquanto contava carneiros...
Horas rápidas, sol com cio
Como gatos ao desafio
Nas telhas da noite fria.
Canário amarelo que não canta
Nem encanta:
Só pia!
Sino que toca em nostalgia,
Gente que desabrocha
Como a luz de uma tocha
Num milagre de alegria.
Que belo é viver
O prazer,
De um novo dia!
Na vida, uns têm muito dinheiro por um preço vil.
Outros, só têm valores humanos, que são muito mais valiosos.
Parto sempre em vantagem em relação aos meus opositores, porque eu,
sou sempre eu, e eles, não sabem o que são.
Se as bocas comessem tanto como comem os olhos, este mundo afundar-se-ia com o peso dos obesos.
(Carlos De Castro)
O PRESÉPIO
Este presépio, saibam todos, é meu!
Ergui-o dos alicerces ao telhado,
Talhado em casca de sobreiro enrugado
Tal como este rosto que Deus me deu…
Já mo quiseram comprar, confesso eu:
Mas não cedo nem que castrado!
Ia lá vender um tesouro amado
Que é um bocado do corpo meu!?...
Que diria S. José, ali mesmo ao pé
Virado para Nossa Senhora, até !?...
E os animais e a estrela que reluz!?..
Meu presépio, obra minha, filho meu!
Não vendo o lar onde alguém nasceu
Com o nome de Menino Jesus!
Aproveito ao máximo as fases da lua da minha vida para retribuir aos que me fazem bem.
Aos demais, ignoro-os, esqueço-os tão fácil, pura e simplesmente.
Filhos...
Serão sarilhos
Cadilhos!?…
Eu sei que não!
São apenas estribilhos
Dos coros afinadinhos
Inspirados, rebeldinhos
Da nossa mais bela canção.
Sempre que estou só, parece que tenho toda a gente do mundo ao meu redor.
Outras vezes, basta-me a companhia de duas pessoas, para me sentir o homem mais infeliz e solitário que alguma vez existiu.
Uns, adoram ser a fotografia.
Outros, contentam-se em ser apenas a moldura.
Por vezes, é difícil escolher.
Um dia, perguntei à solidão:
- Quem te acompanha mais?
E, ela logo me respondeu:
- Tu!
(tu... que sou eu, este, o cujo dito.)
Afirmam que a idade verdadeira da gente mede-se pelo cérebro de cada um.
Peço perdão às doutas opiniões:
Eu, pela medida do meu cerebelo já velho como árvore de vida, nesse raciocínio, ultrapassei os cento e trinta, há longos anos.
As guerras, sobretudo as maiores das outras demais guerras, nascem inexoravelmente da miópica cegueira dos soturnos cérebros desmiolados, os tais que se consideram ser iluminados pelos deuses com pés de barro.
Que nojo, que náuseas e dó me metem todos aqueles que nesta sociedade em declínio vertiginoso, ainda não arranjaram uma unha de vergonha em irem à missa de tais sumidades tirânicas.
Sete dias de paz em todos os dias, semanas e anos do mundo e é só
multiplicar, pelo dobro, pelo menos.
A jactância, a fanfarronada, a vanglória de alguns galifões de crista baixa, geralmente é só e felizmente bem absorvida, assimilada, por seres de memória curta e nada dada ao sentido do pensar.
Depois, é só ler como vai o pensamento, a reflexão, a atuação em palco da vida de tanta massa humana que preenche espaço deste século XXI e que pensaríamos ser o futuro mais risonho da humanidade terráquea.
Como a gente boa, sem querer, se engana.
A estabilidade da paz no mundo de hoje, é quase como um bolsa de valores.
Agora, em alta; passados milésimos, em baixa profunda.
Desde tenra idade que o som de um piano me encanta, seduz e acalma.
Há dias, num sonho, tive a revelação de tão gozosa predileção:
- Noutra vida, eu fui um homem de forja que batia ferozmente no ferro quente com o martelo em ritmo compassado na bigorna feita instrumento, como se estivesse a matraquear com os dedos calosos e inchados no suave teclado de um piano desafinado.
ERA
Como se fosse hoje, minha mãe partiu
Num treze de maio que o Maio sentiu
Como se fosse a mãe dele a fugir
Para outro maio de sentir
Como ele sentiu.
Era Fátima no altar do mundo
Era esse o mundo de minha mãe
Deixando os que amava em horror profundo
E a Fatinha dela, pequenina, também.
Era o desabar de vidas coloridas
Entre flores vivas, vividas
E num relâmpago destruídas
Por um raio de vidas partidas.
Era, como se fosse hoje, treze de um maio
De há quarenta e cinco idos, falidos
Nos gemidos de minha moribunda mãe
Ao ir-se sem o primogénito ver...
Meu Deus, que razão de sofrer !?
Que castigos!
Só depois de tu ires, ó Cristo é que foi a tua mãe!
Eu que tanto queria partir em vez da minha
Choro agora e sempre, pela manhãzinha
A dor que só sente quem a não tem...
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