Poesia Completa e Prosa
MISÉRIA POÉTICA
Vi-a, erodente trova, chorã, fustigada
Vãs rimas, mesmo assim, com melodia
Em seu lânguido versejar, desvairada
Queixar do amor, qualquer, na poesia
Sensível, miserável. Verso apaixonado
Duma emoção, que assim, me seduzia
Escorrendo na trova ardor enamorado
Num prelúdio divino de afeto e agonia
Me feriu. Em cada cântico a dor ecoava
Do poeta golpeado, então, resvalava
Da poesia: pranto, sussurro e clamor
Suspirei. Gemia o verso num lamento
De inquietação, sensação e sentimento
Da miséria poética sofrente de amor...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
29 julho, 2022, 14’33” – Araguari, MG
VIDA DO VERSO
Sempre a sussurrar sentimento incerto
O poema à sensação se faz aventureiro
Ao poeta deixa aquele gostinho aberto
Sempre, em busca dum sonho certeiro
Da paixão ao amor, tem trova em alerta
Mas, nunca deixando de ser por inteiro
Na prosa que tem aquela medida certa
De poética, vem o sentimental primeiro
Na rima, a imaginação como fronteira
Do seguro a ilusão, a pluralidade beira
É inspiração, pois, do destino escorre
Enquanto, na prosa tem aquela batida
Tudo é só encanto, abrandando a vida!
É arte, narração, senão, o verso morre...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
15 de agosto, 2022, 13’13” – Araguari, MG
*dia de NS D’Abdia da Água Suja, Romaria, MG
RETRATO DE MÃE
Mãe... tens o amor primeiro
O colo tão cheio de atenção
Sublime o teu doce coração
Com o teu carinho certeiro
Tens o puro nome: missão
Resignação, apoio certeiro
És tu Mãe, teor verdadeiro
Que oferta toda a devoção
Teu olhar o olhar de Deus
Bom, amigo, tão presente
No esmero dos tinos teus
És o sermão com jeitinho
Aquele amor inteiramente
Alento no nosso caminho!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30 de agosto, 2022, 19’03” – Araguari, MG
EM TI QUE A ALMA AQUENTA (soneto)
Inverno... de prosas macilentas
Cheia de saudade, melancolia
Tão triste as trovas friorentas
Carregadas de soturna poesia
Pardo inverno de horas lentas
Sempre iguais, densa melodia
Ó versar, por que te apoquentas?
Não soluces mais, adoce, alivia!
Tudo é pressa, passa, é correria
Dos dias invernados do cerrado
Vai-se na poética que acalenta
Verás sim, soneto de invernia
Que canta o canto orvalhado
É em ti que a alma aquenta.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
16/06/2025, 14’45” – Araguari, MG
A VIDA
Que não me falte a ilusão
De ver a vida bonita
Qual fases da lua que a gente admira
Mesmo sabendo que é a Terra que gira.
Que não me falte emoção
De ver quem ainda acredita
Em contos de amor, fantasia
Em trova, canção, poesia.
Que não me falte ambição
De ter que mostrar com alegria
Sempre que achar quem duvide
Que a magia em mim não reside.
Espero mesmo encontrar
Sem nem precisar procurar
Quem acha que a vida é bonita
Quem crê nessa fé infinita.
"É bonita, é bonita e é bonita!"
"Ralouin" não é festa tupiniquim
Mas a gente festeja mesmo assim
Também comemora-se hoje
(com menos alegria)
O Saci Pererê e a nossa Poesia!
Menino mais levado, desconheço
Se te pega te vira pelo avesso
Não pede balinha ou qualquer gostosura
Gosta só de fazer travessura.
Desmundo humano desumano
A natureza ruge atroz
o passo feroz, o calcar dos pés,
a multilação do homem que é seu próprio algoz.
Cada passo desmedido sem amor
ameaça a paz do mundo seja onde for.
Querem nova ordem a fórceps,
rompendo as noites num raiar de luzes
e bombas.
A paz ameaça o incompetente,
o ingerente e o usurpador.
No chão que cabe a semente
não cabe a destruição.
Choro a Palestina que colhe a semeadura do terror.
Choro as esquinas do abandono, as ruas vazias, as sirenes e os corpos que a Vida não viu vencerem o amanhã.
Toda guerra é um não a humanidade.
Toda guerra nasce da explosão da maldade.
Toda guerra, em toda parte, é um servilismo ao deus da morte.
O amor chegou em uma tarde de inverso — ou era primavera! Não me lembro bem. Aqui no espaço a gente não tem muita noção de calendário. Ele chegou e foi se assentando perto da lareira. Perguntou-me se já o conhecia pessoalmente ou só tinha ouvido falar. Respondi que algum tempo atrás eu o tinha visto de longe.
— Foi rápido — disse. Você sorriu para mim e passou como um vendaval.
Falei ainda que aquele sorriso havia me provocado um turbilhão de pensamentos e que imediatamente cai doente de paixão por uma pessoa que sorria igual. E que até guerra eu havia declarado por aquela paixão.
O amor me olhou com cara de quem não gostou do que tinha ouvido. Seria ciúmes da paixão ou realmente o amor era da paz? Aí eu disse para ele ficar tranquilo porque isso já fazia tempo e eu tinha me curado da cegueira da paixão.
— Ainda bem — disse ele se ajeitando próximo ao fogo. E de olhos cansados, ainda sorriu lindamente: — É porque sou muito ciumento, se é isso que você quer ouvir. E adoro guerras também...
Percebi que o Amor também tinha senso de humor. Não era aquele sentimento chato que eu achava que conhecia. Era tímido. Educado. Distraído, mas de uma inteligência de outro mundo. Falava doce e de vez em quando, gargalhava-se, trazendo todas as estrelas para dentro de seu olhar. Ficou a tarde toda comigo conversando, sorrindo e dizendo poesia. Isso mesmo, o amor só fala em poesia.
Leandro Flores
Julho de 2013
REQUISIÇÃO: DEIXE OS POETAS PASSAREM
E, se de repente, no estoque da vida, faltassem também os sonhos, o amor, o conhecimento, a poesia? Será que alguém entenderia que, assim como os caminhoneiros, o poeta é um incomparável condutor de sentimentos? O que seria, por exemplo, do coração sem aquele combustível essencial que nutre qualquer paixão? Os livros, a melodia, as histórias, como ficariam se nos faltassem as palavras? Se não tivessem, de repente, mais poetas para conduzi-las aos nossos olhares... Se não houvesse mais inspiração para traduzir todos os momentos?
Ouso-me dizer que até o amor, este nobre sentimento, não resistiria pela falta do que falar... Acho mais ainda, que não resistiria pela falta do que ouvir... Não dá para subestimar o poder daquele que sabe como ninguém entender as dores e as delícias de um coração que não sabe fazer outra coisa senão existir e compreender a vida e tudo que ela nos traz.
Portanto, peço encarecidamente, deixe o poeta passar, escolte-o, dê-lhe matriz para que possa fazer com amor aquilo que mais sabe: traduzir poesia e transcrever os sentimentos.
Leandro Flores
Maio de 2018
(Durante a greve histórica dos caminhoneiros).
Vamos encher este mundo de amor
Vamos esvaziar todo estoque de mau humor,
De ódio, de falta de esperança, de azar, de pessimismo;
Vamos sabotar a mentira, o preconceito, o racismo,
A falta de empatia, o egoísmo;
Vamos abastecer os olhos de poesia,
O coração de melodia, o ar de alegria…
Vamos transmitir somente os bons sentimentos,
As boas notícias, o que realmente faz sentido;
Fazer de nosso jeito;
Espalhar o amor,
Viver as nossas diferenças
E respeitar o que não nos diz respeito.
Vamos, todos juntos, fazer diferente,
Reconstruir dessas ruínas da fatalidade,
Um mundo sem o instinto primitivo da maldade;
Agora é hora,
O universo nos dá uma nova chance
De viver com dignidade
Para construir um futuro diferente,
Sem olhar os erros do presente
E reconstruir uma nova realidade.
Depois da vacina...
Vou aí te ver...
Tenho feito muitos planos.
Sonhado com dias normais.
Em que a gente
podia se ter.
Sem preocupação,
Sem medo do que possa acontecer.
Te quero assim, de cara limpa, sem máscaras,
Não por negação
Mas, por não ter razão
mais de usá-la...
FLORES, Leandro, 2021;
Ela mexe nos cabelos com tanta graça que não quis fazer mais nada naquele momento, senão observá-la. Era quase um gozo vê-la, graciosamente, tocando seus cabelos... a delicadeza de um gesto, coisas simples, naturais, mas com a elegância de mulher, de menina...
Fiquei, então, com uma vontade sublime de traduzi-la em versos e desenhar suas curvas no coração da poesia.
No atual estágio, todo mundo é suspeito. Até eu, em substrato, desconfio de mim.
Nada contra quem conta. Mas a rota é sempre a mesma. Seguir na direção contrária ou bater de frente com o absurdo.
Eu decidi pular antes que a corda aperte o meu pescoço.
Acorda!
As pontas se encontram e se desfazem em nós... talvez ainda dê para escapar antes que o circo se feche!
“Carta à paixão”
Quem me dera se não fosse nada além de eterno,
Ó situado em mim, em si, em tudo que me é belo.
Tu, em maldade absoluta, não permaneces;
Só me tentas de desejo e desapareces.
Culpado! Culpado!
Te acuso por me fazeres sorrir,
E depois me derrubares em prantos!
Como pudeste, ó meu réu?
Além de sorrir minha face,
Chorar meu riso,
Fazes de coitada quem me deseja…
És mau! E ponto.
Se destruíres meu desejo,
Será bom, e pronto!
Um dia
Um dia...
Um dia tudo terá fim
Esses olhos não mais verão
Esses dedos não mais tocarão
E esse coração que hoje bate por ti
Não irá bater...
Nem por ti e nem por ninguém mais
Ele irá perecer
Será decomposto
Pelo verme que come
Os míseros restos
Que sobrarão do meu ser
'Que morbidez!'
Você pode dizer...
Mas apenas escrevo
O que vai acontecer
Porque um dia tudo terá fim
Ao vento será deixado
E tudo que há em mim
Será apenas pó espalhado
é tão difícil começar uma frase com algum que você não tem intimidade nenhuma parece perda de tempo é difícil explicar em palavras o qie a gente sente em momentos específicos o que passa na nossa cabeça naquele momento tipo um flashback é difícil escrever emoções só quem viveu sabe.Elogiar é fácil quando se está encantando os nossos sonhos muitas das vezes estão bem longe da realidade é o tempo passa,passa,passa é depois se arrependemos pr nada ter feito o nervosismo às borboletas no estômago à insegurança que bate na gente é nivamente o sonho ataca como é complicado dizer o quanto a gente se importa e como se importa a maneira de como se vê é perfeita mais como se vê é perfeito demais chega a ser tão perfeito que nem da coragem de tocar só da coragem de elogiar é de olhar a si mesmo é ter um choque de realidade é saber que nunca vai conseguir tocar que era melhor nem ter começado mais lá no fundo se tem uma esperança muito pequena mais ela existe é se ela for real teria dado certo mais se não acabado o que nem tinha começado
Todo palhaço tem um pouco de criança: Ele brinca,pula,canta, dança...E ri até mesmo do que não existe . Mas na verdade O que ninguém sabe É que todo palhaço é triste. Às vezes ele leva alegria ao picadeiro E chora no camarim. Às vezes ele é um tipo de anjo mensageiro Que entre a alegria da brincadeira anuncia o seu próprio fim...
INDAGAÇÃO (soneto)
Indago se sou só criação
Se sou de fé ou um ateu
Pergunto mais, sou são
Mais e mais, se sou eu?
Nesta túrbida indagação
Não sou coração proteu
Isto sei. Sou afirmação!
Porém quem eu sou eu?
Se ideio na sorte em vão
Finjo da causa não ser réu
Então, cadê minha moção?
Aí pergunto ainda, ao céu
Sou só solidão ou comunhão?
Na dúvida sigo meu cordel...
OSCULAÇÃO
Beijo-te, deliciosamente teus lábios carnosos,
São puro néctar dulcificado,
Beijo-te como as borboletas beijam a tez da flores,
Não são beijos corriqueiros,
São beijos inabitual,
São beijos recheados de censuras,
Nossos lábios aderidos pela saliva amam-se,
Não são preciso palavras, porque o beijo fala,
Fala pelos nossos pensamentos amantes,
Falam pelo esquentar de nossos temperamentos ocultos,
Beijo-te afogueada pelo teu hálito antropofágico,
Beijo-te como se teus lábios fossem meu égide de prazer profano…
ALICE MEIRELLES
02/08/2020
" CARACA "
Caraca! Vá ser linda assim no espaço!
Como é que cabe tanta formosura
na dama que desperta-me a fissura
e que, se bobear, cai no meu laço?!
Beleza tanta assim é uma loucura!
Se der bobeira, cerco, abato e traço
e, se quiser amor, promessas faço
e ainda dou paixão por minha jura.
É deusa, fera, gata, assim, perfeita
e não há de fazer-me uma desfeita
se recusando, enfim, ao meu convite…
É toda linda, sim… Caraca, mano!…
Tu podes constatar: não há engano.
Tomara que por mim também se excite!
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