Poesia Carinho Machado de Assis
E pensar que ela gostava do gosto da minha boca,
com aquele aroma de cigarro misturado com uísque barato.
não bebo muita água durante o dia,
fumo em média sete cigarros
um deles é pela minha vontade de fumar.
um ator em decadência.
é assim que sempre me senti.
entretanto, não duvides.
enquanto restar minha pele,
esta que habita em mim,
ou,
esta que me habita.
que tanto me ocupa,
que tanto me consome.
estarei atuando.
e quem não?
viva a decadência.
e me deixe viver com as minhas ilusões,
pois,
se eu as criei,
foi por precisar delas.
e mais,
e me deixe viver,
pois,
enquanto vida,
sou eu quem vive.
A inexprimível saudade
tem eterna conexão
por meio de versos d`alma.
Entre soluços e os ais,
e sem pensar numa rima
pra palavra nostalgia,
talvez, cristalize- se
na voz de uma poesia.
Posso sentir os anos atravessando meus dedos feito uma lâmina cortante, rasgando minha carne até o osso. E te vejo indo embora, igual a uma faca cega ambulante tentando cortar um arame. Da qual não sabe a hora de parar de passar pelo mesmo lugar, e não causar efeito algum.
Deixando o estrago ainda maior.
Como uma cerração grossa
se dissipou no meu para-brisa.
Apagou qualquer vestígio que havia passado por essa vida.
As noites são traiçoeiras,
e as luzes nostálgicas.Me lembra dos leds no bar, vermelho.
Piscando igual a um vaga-lume morrendo
no meio das vinhas geladas.
A infância de Herberto Helder
No princípio era a ilha
embora se diga
o Espírito de Deus
abraçava as águas
Nesse tempo
estendia-me na terra
para olhar as estrelas
e não pensava
que esses corpos de fogo
pudessem ser perigosos
Nesse tempo
marcava a latitude das estrelas
ordenando berlindes
sobre a erva
Não sabia que todo o poema
é um tumulto
que pode abalar
a ordem do universo agora
acredito
Eu era quase um anjo
e escrevia relatórios
precisos
acerca do silêncio
Nesse tempo
ainda era possível
encontrar Deus
pelos baldios
Isto foi antes
de aprender a álgebra
Inscrição
o brilho é o leve
júbilo
que sustenta os versos
ainda que sejamos obscuros
e nenhum nome
sirva jamais para dizer
o fogo
Revelação
Meu o ofício incerto das palavras
a evocação do tempo
o recurso ao fogo
Meu o provisório olhar
sobre este rio
o fascínio consentido das margens
sitiando a distância
Meus são os dedos que em tumulto
modelam capitéis
de sombra e arestas
Mas oculto na brisa
és Tu quem percorre o poema
despertando as aves
e dando nome aos peixes
Os dias de Job
Às vezes rezo
sou um cego e vejo
as palavras o reunir
das sombras
às vezes nada digo
estendo as mãos como uma concha
puro sinal da alma
a porta
queria que batesses
tomasses um por um os meus refúgios
estes dedos
inquietos na ignorância
do fogo
pois que tempo abrigará
os anjos
e que dia erguerá todo o sol
que há nas dunas
por isso
às vezes chove quando rezo
às vezes quase neva
sobre o pão
Epitáfio para R.M. Rilke
quando as palavras
buscarem amparo
em teu secreto canto
serás ainda
o único pastor
do meu silêncio
A casa onde às vezes regresso
A casa onde às vezes regresso é tão distante
da que deixei pela manhã
no mundo
a água tomou o lugar de tudo
reúno baldes, estes vasos guardados
mas chove sem parar há muitos anos
Durmo no mar, durmo ao lado de meu pai
uma viagem se deu
entre as mãos e o furor
uma viagem se deu: a noite abate-se fechada
sobre o corpo
Tivesse ainda tempo e entregava-te
o coração
Um amor mais além do amor
Por cima do rito do vínculo
Mais além do jogo sinistro
Da solidão e a companhia
Um amor que não necessite regresso
Porém tampouco partida
Um amor não submetido
As chamas de ir e de voltar
De estar despertos ou dormidos
De chamar ou calar
Um amor para estar juntos
Ou para não está-lo
Porém também para todas as posições
Intermedias
Um amor como abrir os olhos
E talvez também como fechá-los.
Você surgiu do nada, ...
Difícil explicação
Que só ao amor se aplica;
O amor é primavera que não passa.
O centro não é um ponto.
Se fosse, seria fácil acertá-lo.
Não é sequer a redução de um ponto a seu infinito.
O centro é uma ausência,
de ponto, de infinito e ainda de ausência
e somente se o acerta com ausência.
Olha-me depois que tenhas ido,
ainda que eu recém tenha partido.
Agora o centro me ensinou a não estar,
porém mais tarde o centro estará aqui.
Todo salto volta a apoiar-se.
Mas em algum lugar é possível
um salto como um incêndio,
um salto que consuma o espaço
aonde deveria terminar.
Cheguei às minhas inseguranças definitivas.
Aqui começa o território
aonde é possível queimar todos os finais
e criar o próprio abismo,
para adentrar desaparecendo.
palavra do homem não é uma ordem:
a palavra do homem é um abismo
O abismo,
que arde como um bosque:
um bosque que ao arder se regenera.
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